Foto: TASS |
O ano de 2012 bateu o recorde de jornalistas mortos, com 139 casos. Para
proteger os repórteres em regiões conflitivas, é preciso elaborar um
código de conduta do repórter em zonas de conflito, o qual deve ser
respeitado tanto pelos profissionais de mídia quanto pelas partes
beligerantes, afirmam especialistas.
Em 2012, o número de mortes de jornalistas no
exercício de suas atividades profissionais aumentou cerca de 30% em relação ao
ano anterior, atingindo um novo recorde desde a Segunda Guerra Mundial, com 139
casos.
Os números foram revelados no relatório da Campanha
Emblema para a Imprensa (PEC, na sigla em inglês), organização não
governamental junto à ONU.
Segundo o secretário-geral da entidade, Blaise Lampan,
o conflito sírio é o responsável pelo maior número de mortes entre jornalistas.
Pelo menos 36 jornalistas foram mortos no país. Desses, 13 eram estrangeiros. A
Síria é o país mais letal para jornalistas desde o início deste século.
O segundo país mais letal para profissionais de mídia
é a Somália, com 19 mortos desde janeiro de 2012. O Paquistão, com 12
repórteres mortos, fecha a lista dos três países mais perigosos para o
exercício da profissão.
Logo atrás seguem México e Brasil, cada um com 11
mortos, Honduras e Filipinas, com seis mortos cada, Bangladesh, com quatro, Iraque,
Eritreia, Índia, Nigéria, Faixa de Gaza, com três mortos cada, Afeganistão,
Bolívia e Colômbia, com dois mortos cada.
A Rússia está entre os países onde apenas um
jornalista morreu no exercício de suas funções profissionais durante o ano. O
jornalista Kazbek Gekkiev trabalhava no telejornal da rede de televisão russa
VGTRK e foi assassinado em 5 de dezembro em Nalchik, capital da
Kabardino-Balkária (república federada da Rússia no Cáucaso Setentrional).
Zona
de conflito
Um número crescente de vítimas fatais entre jornalistas
pode ser explicado pela falta de experiência de exercício das funções de
jornalista em regiões conflitivas e pela ausência de um código de conduta do
repórter em regiões explosivas, afirma o diretor do Centro de Jornalismo
Radical, Mikhail Mélnikov.
Segundo o especialista, esse conjunto de regras deveria
ser respeitado tanto pelos jornalistas quanto pelas partes beligerantes, sempre
que estas se cruzassem com jornalistas.
"Onde o jornalista deve estar e o que deve fazer,
deve ou não ter seguro de vida, estar perto da linha de frente ou entre os
combatentes para cobrir os acontecimentos de todos os lados? Até agora,
prevalece a opinião de que ele deve estar onde as coisas acontecem porque, por trás
disso, estão o prestígio do veículo para o qual trabalha, taxas de audiência, receitas
de publicidade etc.”, diz Mélnikov.
“Mas essa posição é muito duvidosa porque, por mais
sensacionalista que seja a reportagem, ela não vale uma vida humana."
De acordo com o presidente da UJR (União de
Jornalistas da Rússia), Vsévolod
Bogdanov, o problema é que as partes beligerantes tomam, não raro, jornalistas
por inimigos ou espiões.
A imprensa deixou de ser vista como fonte de
informação confiável por causa de guerras de informação e propaganda que geralmente
antecedem qualquer conflito armado.
"Com a globalização, tornou-se possível manipular
a opinião pública. Como resultado, as pessoas não confiam em seu governo, em outra
religião ou outra nação", adianta Bogdanov.
"Nós somos os olhos e ouvidos da sociedade e
devemos informá-la daquilo que realmente está acontecendo. Não podemos permitir
que nossa profissão vire um ofício sem escrúpulos", disse o presidente da UJR.
De acordo com a PEC, nos últimos cinco anos, a cada
semana, dois jornalistas morreram no mundo.
Nessas regiões, o número de vítimas fatais entre
jornalistas chega a dezenas, enquanto a Europa Ocidental e a Europa Central
registram apenas um caso de morte de jornalista, que ocorreu, aliás, por causa
de um acidente.
Para a versão na íntegra do artigo em russo, acesse: http://kommersant.ru/doc/2093186
Fonte: http://gazetarussa.com.br/articles/2012/12/19/numero_de_jornalistas_mortos_no_exercicio_da_profissao_atinge_novo_r_16969.html
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