São Paulo – Desde a primeira manifestação, no dia 6, o Movimento
Passe Livre (MPL) prometia parar a cidade de São Paulo caso não fosse
revertido o reajuste de R$ 0,20 que elevou as tarifas de ônibus, trens e
metrôs para R$ 3,20.
Com mais de 30 mil pessoas nas ruas, a cidade teve
hoje (17) várias de suas principais vias fechadas. Às 22h, as avenidas
Rebouças, Paulista e Doutor Arnaldo estavam com o fluxo praticamente
interrompido. Durante o protesto também chegaram a ser tomadas pelos
manifestantes a Marginal Pinheiros e as avenidas Faria Lima e Luís
Carlos Berrini.
O ato começou com uma concentração no Largo da Batata, zona oeste da
capital, e seguiu fechando a Avenida Faria Lima nos dois sentidos. Ao
contrário da última quinta-feira (13), quando o protesto foi acompanhado
por um contingente expressivo da Força Tática, Tropa de Choque e
Cavalaria, mal se notava a presença da Polícia Militar (PM).
Devido a um
acordo fechado entre representantes do MPL com o secretário de Estado
de Segurança Pública, Fernando Grella, o policiamento apenas interrompeu
o tráfego nas ruas por onde os manifestantes passaram.
A reunião entre o
movimento e o governo estadual foi agendada após a repercussão da
repressão ao último ato, marcada por denúncias de violência e prisões
arbitrárias contra os manifestantes.
Os manifestantes ocuparam as ruas tranquilamente cantando,
carregando flores e cartazes. Como o número de participantes era muito
grande, os organizadores optaram por incentivar a divisão do movimento. A
maior parte seguiu no sentido zona sul, indo até a Ponte Octávio Frias
de Oliveira.
Um outro grande grupo subiu em direção à Avenida Paulista.
Em muitos momentos a massa não sabia exatamente por onde seguir. Os
grupos de manifestantes se dispersavam e seguiam por avenidas de forma
quase aleatória.
A adesão de pessoas que não acompanharam os outros quatro protestos
conta o aumento das tarifas acabou também fazendo a manifestação perder
um pouco o foco. Muitos cartazes e gritos de ordem falavam de
reivindicações genéricas contra a corrupção ou as obras para a Copa do
Mundo.
Além dos “quem não pula quer tarifa” e “mãos para o alto, R$ 3,20
é um assalto”, foi incorporados ao repertório de gritos de guerra o
refrão “o povo acordou”. O clima festivo contrastou com as depredações
feitas nos outros protestos.
A mudança de perfil pode ser notada até na idade dos manifestantes.
"Tem muito jovens, mas eu acho que as pessoas mais velhas precisam vir”,
disse a agente socioambiental Mariangela Nicolelis, que foi ao ato
acompanhar os filhos de 20 e 24 anos. Somaram-se aos punks, anarquistas, sindicalistas e estudantes, muitas pessoas com a bandeira do Brasil que cantavam frequentemente o Hino Nacional.
O ato pacífico surpreendeu positivamente algumas pessoas que tinham
participado das manifestações anteriores. A estudante de comunicação
Maíra Moreno, que esteve nos outros quatro protestos, chegou a trazer
uma máscara para se proteger das bombas de gás.
Ela espera que, a partir
de agora, as manifestações ganhem cada vez mais força. “A minha
esperança é que isso não morra, tem muita coisa para a gente fazer.
Tinha que ter mais desse tipo de coisa”, disse que se sentiu justiçada
por ver uma manifestação ainda maior após os atos da repressão policial.
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