Reflexão - O PT e o Rumo dos Indignados.
Todos
nós vínhamos avisando aos parlamentares do PT, que eles estavam tomando
o rumo dos partidos PSDB, DEM, PPS e os fisiológicos de sempre.
Como
'mauricinhos' chegavam no Congresso Nacional no meio da semana,
aceitaram todas as benesses dos corruptos, 15 salários anuais, ajudas
paletó, moradia, entre outras.
Tornou-se um partido sem propósito e
declinou da luta a favor do povo brasileiro.
Hoje, diante da revolta do
povo brasileiro, continua sem voz e se esconde como rato, pronto a
deixar o navio. Não se ouve suas vozes, estão calados, talvez mais do
que seus inimigos.
Muitas vezes tivemos que ouvir senadores e deputados
de outros partidos defendendo a presidenta. Dela só querem cargos e
mordomias. Diante do exposto, neste momento, os abandono.
Texto de Fernando Rodrigues. O Rumo dos Indignados.
BRASÍLIA - Recebi muitos comentários (alguns impublicáveis) por
meio de redes sociais por ter afirmado ontem que os manifestantes de rua
tendem a ficar "órfãos por algum tempo de um representante político".
Até porque rejeitam todo o establishment partidário atual.
Uma das críticas mais recorrentes foi sobre minha incapacidade de
compreender que os protestos são horizontais, sem líderes e fora das
convenções. Para os ativistas, se um outro mundo é possível, outra
mediação institucional também é.
A maioria dos ativistas rejeita os políticos e os partidos. Mas ainda
não ficou claro como seria uma outra forma de representação fora do
Congresso Nacional. Hoje, a Câmara e o Senado são as instâncias nas
quais as demandas têm de ser resolvidas numa democracia representativa
como a brasileira. A não ser que os manifestantes defendam o fechamento
do Poder Legislativo. É isso?
Se o Congresso se mantiver aberto, com todos os seus (imensos) defeitos
atuais, como serão encaminhadas as propostas que estão emergindo das
passeatas? Iniciativa popular é uma possibilidade, mas dá muito
trabalho. Além do mais, quem acaba votando são os deputados e os
senadores agora tão repelidos.
Outra saída para os ativistas seria propor democracia direta. Os votos
poderiam ser dados, quem sabe, por meio da internet. O Congresso seria
dissolvido. Só que o Brasil teria de passar por uma revolução para
alcançar esse estágio --os três Poderes são cláusulas pétreas da
Constituição e nenhum pode ser eliminado com uma canetada.
Faço essa reflexão para dizer que os movimentos de rua sem capacidade de
organização tendem a ser esvaziados pelos poderes constituídos na base
de concessões objetivas. Alguns prefeitos e governadores já aceitam
reduzir as tarifas de ônibus. Outros benefícios virão. Aí será testado o
grau de indignação real de quem hoje ocupa as ruas do país.
Fernando Rodrigues é repórter em Brasília. Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006). Escreve quartas e sábados na versão impressa Página A2.
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