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247 – Fortemente criticado pela mídia e pela
classe médica no ato de sua divulgação, o programa Mais Médicos do
governo Dilma conquistou adeptos de governos da oposição e agora recebe o
respaldo da mídia tradicional. O jornal Globo diz que iniciativa é uma
tentativa de melhorar o quadro de efetivo abandono que há na saúde
pública destinada ao pobre do interior e periferias e condena
corporativismo. Leia o editorial:
O que está em jogo - Há muito não se vê uma mobilização de uma categoria profissional como
a dos médicos. Ações foram impetradas na Justiça e, na semana passada,
houve paralisações em 16 estados.
O alvo da categoria é duplo: o programa Mais Médicos e vetos feitos
pela presidente Dilma na lei recém-aprovada que regula os atos dos
profissionais de saúde. Outros segmentos nesta atividade (enfermeiros,
por exemplo) se insurgiram contra o que consideraram um avanço dos
médicos sobre suas áreas e conseguiram os vetos do Planalto.
Há nas duas frentes da luta travada por sindicatos e entidades
representativas dos médicos interesses claramente corporativos. Nada de
mal nisso, contanto que não se descuide dos interesses públicos mais
amplos.
A insurreição contra o Mais Médicos é típica de situações em que é
preciso muito cuidado para, na linguagem dos teóricos de administração,
não se deixar o “cliente” em plano inferior.
No caso, a população de
renda mais baixa, aquela que depende do SUS. Ou seja, a maioria dos mais
de 190 milhões de brasileiros.
À primeira menção de alguém do governo sobre a possibilidade de
médicos estrangeiros serem atraídos para trabalhar no grande número de
cidades desassistidas no interior e periferias de cidades, houve uma
reação instantânea contrária.
Entende-se que existisse o temor de que alguém em Brasília quisesse
copiar o modelo da aliada Venezuela e entulhar favelas e vilarejos de
médicos generalistas cubanos, de formação não testada. Neste sentido,
foi positivo o primeiro grito de alerta.
Houvesse ou não este plano, a oposição se manteve mesmo quando a
“invasão” cubana foi afastada. Também pouco adiantou a apresentação de
estatísticas, até agora não desmentidas, que mostram um índice muito
baixo de médicos por habitantes no Brasil, indicador irrefutável da
falta física de profissionais.
Há mesmo o fenômeno da concentração de profissionais nos grandes
centros.
Como ocorre com engenheiros, economistas, jornalistas,
carpinteiros, etc.
Nada a estranhar. Mas, mostram os números, mesmo que
os médicos fossem redistribuídos, não seriam suficientes para atender à
demanda.
Um dado: na primeira rodada do programa de recrutamento do Mais
Médicos, 3.511 prefeituras, das 5.500 existentes, pediram 15.460
profissionais. Só 4.567 médicos se alistaram, dado que precisa ser
levado em conta pelo governo. Estrangeiros, estima-se 1.800.
O essencial em toda esta polêmica é que o Mais Médico pode precisar
de ajuste, mas é uma tentativa de melhorar o quadro de efetivo abandono
que há na saúde pública destinada ao pobre do interior e periferias.
Qualquer avanço que se fizer nesta área será um ganho. Claro que isso
não justifica equívocos. Mas interesses corporativistas também precisam
ser deixados de lado quando a saúde pública está em jogo.
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