Advogados estão na P1 de
Presidente Venceslau – Foto: Edson Lopes Jr./Divulgação
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Por Josmar Jozino - PONTE.ORG*.
Ao menos 150 presos do
Comando Vermelho estariam confinados na mesma penitenciária que os advogados,
em Presidente Venceslau, no interior de São Paulo.
Os advogados presos pela
Polícia Civil em novembro do ano passado na Operação Ethos, acusados de
integrar o braço jurídico da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da
Capital), estão com medo de morrer na prisão.
Eles estão recolhidos há
dois meses no Pavilhão Especial da Penitenciária 1 de Presidente Venceslau. A
unidade fica localizada na região Oeste do Estado, distante 612 km da Capital.
O temor dos advogados
aumentou após os recentes massacres de presos nas penitenciárias de Manaus
(AM), Boa Vista (RR) e Natal (RN). Ao menos 118 detentos foram mortos, a
maioria decapitada, durante os conflitos nessas três unidades.
Os motivos da matança,
segundo autoridades do sistema prisional, foram brigas entre integrantes do PCC
e presos ligados às facções FDN (Família do Norte) e Sindicato do Crime RN,
aliadas ao CV (Comando Vermelho).
A expansão do PCC nos
Estados do Norte e Nordeste, em busca do controle da comercialização e
distribuição de drogas naqueles territórios, não vem agradando as facções
criminosas locais. Elas se uniram ao CV para tentar impedir esse avanço.
Por causa dessas alianças,
o PCC pôs fim a uma “parceria” de duas décadas com o CV. As duas maiores
facções criminosas do país estão em guerra. O saldo parcial desse conflito são
as 118 mortes de presos no Norte e Nordeste.
Em São Paulo, o governo
isolou em um presídio os integrantes do CV. Segundo agentes penitenciários, ao
menos 150 presos da facção fluminense estão confinados no raio 3 da P-1 de
Venceslau.
A transferência ocorreu
quase um mês antes da chegada, nessa mesma unidade prisional, dos advogados do
PCC presos na Operação Ethos.
Mesmo isolados no Pavilhão
Especial, os advogados temem pela integridade física. O medo é de uma possível
rebelião e, consequentemente, outra carnificina.
Na P-1 de Presidente
Venceslau, os 150 presos do CV têm como vizinhos, no raio 4, cerca de 200
integrantes do PCC.
Agentes penitenciários
disseram que no raio 3 as celas são individuais e no raio 4, os xadrezes são
ocupados por mais de um preso.
No raio 1 estão detentos
de outras facções criminosas, como Cerol Fino, TCC (Terceiro Comando da
Capital) e CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade). No raio 2
ficam os presidiários neutros, que não pertencem a nenhuma facção e aqueles com
direito ao regime semiaberto.
Pela lei, os advogados
presos acusados de integrar o braço jurídico do PCC deveriam ficar recolhidos
em sala de Estado Maior. Porém, segundo as autoridades prisionais, em São Paulo
não existe local compatível com essas instalações.
Os defensores dos
advogados presos alegam que seus clientes estão em cela forte. Eles entraram
com pedidos de habeas corpus na Justiça. Solicitam a liberdade dos
clientes ou a transferência para uma cela adequada. E advertem que os advogados
presos correm risco na prisão por causa da existência de grupos de facções
rivais na mesma unidade.
A Justiça mandou ofício à
SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) indagando se existem
ou não presos de grupos inimigos no mesmo estabelecimento prisional onde os
advogados detidos na Operação Ethos encontram-se recolhidos.
Ainda segundo agentes
penitenciários, no último dia 2, quando 56 presos do PCC foram mortos em um
presídio de Manaus, integrantes do CV souberam da matança e comemoraram a carnificina.
Agentes afirmaram que a
comemoração ocorreu no domingo, dia de visita. Contaram que os rivais do PCC
também foram informados sobre as mortes de seus parceiros e tentaram, em vão,
se rebelar para se vingar dos vizinhos do raio 3.
Assim como fizeram em
cadeias do Norte e Nordeste, os presos do CV buscam alianças com detentos de
outras organizações criminosas na P-1 de Presidente Venceslau.
A P-1 de Presidente
Venceslau já foi palco de duas atrocidades. Em setembro de 1986, 14 presos
morreram em uma intervenção policial após rebelião e tentativa de fuga. A
maioria foi espancada até a morte por policiais com canos de ferro e pedaços de
pau.
Em junho de 2005, cinco
presos foram mortos durante uma briga entre rivais. As vítimas foram
decapitadas e as cabeças acabaram fincadas em bambus colocados na laje do
presídio.
Link original desta matéria*: http://ponte.cartacapital.com.br/advogados-acusados-de-ligacao-com-pcc-tem-medo-de-morrer-na-prisao/
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