Zilda Maria Paula, mãe de Abuse, vítima da chacina, protesta ao lado da advogada Dina Alves. |
Juíza Elia Bullman chorou na hora de ler a sentença dos PMs Fabrício Eleutério e Thiago Henklain e o GCM Sérgio Manhanhã, depois de decisão do juri formado por quatro homens e três mulheres.
Texto de Maria Teresa Cruz e Arthur Stabile.
Depois de
cinco dias, juri popular condena os policiais militares Fabrício Eleutério e
Thiago Henklain e o guarda civil municipal Sérgio Manhanhã pela maior chacina
de São Paulo, ocorrida em agosto de 2015. Fabrício pegou 255 anos, 7 meses
e 10 dias; Thiago, 247 anos, 7 meses e 10 dias; Sergio, 100 anos e 10 meses.
Todos cumprirão as penas em regime fechado.
O trio era
acusado de ter envolvimento em 17 dos 23 assassinatos ocorridos entre os dias 8
e 13 daquele mês. A juíza Elia Bullman se voltou aos jurados antes de ler
a sentença. “A missão dos senhores foi muito bem cumprida, podem ter
certeza disso. Nós trabalhamos com a dor, dor da perda. Perda de uma vida igual
a minha”, disse a juíza sob forte emoção.
Com uma
bíblia nas mãos, Eleutério entrou no plenário chorando copiosamente. Ao lado,
Manhanhã e Henklain não demonstraram qualquer reação. “Cabeça erguida,
Fabrício, vamos reverter isso aí”, afirmou seu advogado, Nilton Nunes. A defesa
já disse que vai recorrer.
“Recebemos
com tristeza, já recorremos em plenário. Houve um voto só de diferença,
infelizmente contra os policiais. O recurso está apresentado”, afirmou Evandro
Capano, advogado de Thiago Henklain.
Para o
promotor Marcelo Oliveira, a justiça foi feita. “O Ministério Público cumpriu
seu papel de defender a vida humana e os direitos humanos. Era o que a família
e a sociedade esperava”, disse.
Para o
promotor, os jurados analisaram com muita profundidade o conjunto do processo.
“Espero que os maus policiais, que são a minoria, comecem a refletir o
resultado e entender que não se tolera mais justiça com as próprias mãos”,
declarou Marcelo Oliveira.
O
ex-secretário da segurança pública de São Paulo e atual ministro do STF,
Alexandre de Moraes, chegou a se manifestar em sua conta no Twitter: “Parabéns
Dr. Youssef, dra Sato e toda Polícia Civil. O tribunal do Júri reconheceu o
competente trabalho de investigação da Chacina de Osasco”.
Ainda há
outro PM acusado de participar da chacina. Victor Cristilder dos Santos será
julgado separadamente porque recorreu da decisão que levou os outros três réus
ao tribunal do júri. Não há data definida para seu julgamento.
Maior chacina da história de São Paulo.
No dia 13 de
agosto de 2013, uma série de ataques em Osasco deixaram 19 mortos na cidade.
Sorveterias, bares e bombonieres foram alvos de tiros, disparados por homens
encapuzados em carros.
Foram mortos (Chacinados):
1 - Rodrigo
Lima da Silva,
2 - Joseval
Amaral Silva,
3 - Deivison
Lopes Ferreira,
4 - Eduardo
Bernardino Cesar,
5 - Antônio
Neves Neto,
6 - Letícia
Hildebrand da Silva,
7 - Adalberto
Brito da Costa,
8 - Thiago
Marcos Damas,
9 - Presley
Santos Gonçalves,
10 - Igor
Oliveira,
11 - Manuel
dos Santos,
12 - Fernando
Luiz de Paula,
13 - Wilker
Thiago Corrêa Osório,
14 - Leandro
Pereira Assunção,
15 - Rafael
Nunes de Oliveira,
16 - Jailton
Vieira da Silva,
17 - Eduardo
Oliveira Santos,
18 - Tiago
Teixeira de Souza, e
19 - Jonas
dos Santos Soares.
Link original desta matéria: https://ponte.org/reus-da-chacina-de-osasco-sao-condenados-a-penas-de-100-a-255-anos-de-prisao/
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