Portugal vive um dos maiores escândalos das últimas 
décadas, envolvendo os serviços secretos e a Maçonaria. Tudo começou com
 materiais publicados no jornal Público segundo os quais Jorge Silva 
Carvalho, ex-diretor do SIED  (Serviço de Informações Estratégicas de 
Defesa), um dos serviços secretos portugueses,  teria passado 
informações confidenciais indevidas ao grupo empresarial privado Ongoing
 para onde foi trabalhar após a demissão do SIED.
O 
Partido Comunista Português pediu audições parlamentares sobre os 
serviços de informações. De acordo com o deputado António Filipe, as 
audições provaram que existe promiscuidade entre grupos empresariais privados e altos cargos do SIED, nomeadamente, o seu ex-diretor Jorge Silva Carvalho.
Na
 primeira versão do relatório das audições surgem referências que 
indiciam ligações e suspeitas de envolvimento de Jorge Silva Carvalho, 
com grupos de pressão, nomeadamente, ramos da Maçonaria e conluios de 
poder com a ambição de ocupar cargos de poder, lê-se no site da rádio TSF.
Posteriormente,
 numa outra versão do relatório acordado entre os vários deputados, as 
referências à Maçonaria foram retiradas. O Partido Social Democrata, 
maioritário no Governo, afirmou que a retirada das referências à 
influência maçónica nos serviços foi devida às pressões conjuntas do 
Partido Socialista e do PP-CDS (Partido Popular).
Posteriormente,
 a imprensa publicou uma lista de conhecidas personalidades pertencentes
 à loja maçónica portuguesa Mozart. As últimas notícias dão conta de 
ligações entre maçons da Loja Mozart, da Grande Loja Regular de Portugal
 (GLRP), e o grupo Ongoing.
Daquela obediência 
maçónica e dessa loja, segundo vários órgãos de comunicação social 
revelaram nos últimos dias, fazem parte o líder parlamentar do PSD, Luís
 Montenegro, e um dos seus vice-presidentes, Miguel Santos, para além do
 presidente da Ongoing, Nuno Vasconcellos, e o antigo diretor do SIED e 
atual quadro daquela empresa, Jorge Silva Carvalho, escrevia o jornal Público no passado dia 7.
O Jornal de Notícias garante serem
 às dúzias os maçons presentes na Assembleia da República (Parlamento), 
sendo que, entre eles, estão os líderes parlamentares dos dois maiores 
partidos: Luís Montengro, do PSD, e Carlos Zorrinho, do PS, os quais, em conjunto, dirigem 182 deputados, ou seja, quase 80% do plenário.
Vários
 dos políticos referidos já assumiram nos últimos dias pertencer à 
Maçonaria, nomeadamente o líder parlamentar do partido governante (PSD) e
 João Cravinho, antigo ministro. João Cravinho admitiu que pertence a 
esta sociedade secreta, dizendo que todos os membros deviam assumir 
publicamente que o são. O ex-ministro diz que é filiado há 15 anos, mas 
frequentou poucas sessões.
A ideia de que o atual PSD está fortemente influenciado pela Maçonaria deixou o partido fortemente embaraçado, escreve o jornal Expresso.
Estas
 revelações têm provocado enorme perplexidade e polémica na opinião 
pública, havendo quem exija que todos os membros da Maçonaria com cargos
 no Estado se assumam publicamente.  
Não fico tranquilo por saber que há membros da Maçonaria nos serviços secretos, disse Miguel Sousa Tavares, jornalista e escritor, em entrevista televisiva.
Sendo secreta, esse poder /o da Maçonaria/ não está sujeito ao escrutínio público. E isso é perigoso para a democracia.
Mas
 a coisa fica bem mais grave quando percebemos que naqueles espaços 
se traficam, em segredo, os segredos do Estado. Ou seja, que estas 
organizações se apoderam, usando da sua obscuridade, de funções que a 
democracia reservou ao Estado. Ou que, como é o caso de Luís Montenegro,
 escondem incompatibilidades de funções.
Ficámos
 ontem a saber que o advogado e líder parlamentar do PSD, Luís 
Montenegro, pertence à loja Mozart (…) Montenegro é membro da Comissão 
Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Liberdades e Garantias, que tem
 investigado as irregularidades no SIED. Ou seja, investigador e 
investigado são colegas de avental numa loja que tem sido envolvida no 
tráfico de informações secretas, escreve o comentador Daniel Oliveira  no jornal Expresso.
Por
 sua vez, o grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL) – Maçonaria 
Portuguesa, Fernando Lima, considera que qualquer lei que obrigue os 
candidatos a lugares públicos a declarar a sua pertença a associações 
maçónicas é discriminação.
Quando já há quem diga que
 os próprios jornalistas também deveriam declarar se pertencem ou não à 
Maçonaria, outros defendem o direito das sociedades secretas.
As 
instituições democráticas devem ser transparentes, mas a sociedade pode 
ter organismos secretos, discretos ou exclusivos, sem paredes de 
vidro. Não podemos confundir instituições com a sociedade em geral. Na 
sociedade, x pode fazer um clube onde só entram pessoas ricas; y pode 
fazer um clube onde só entram brancos, e ninguém tem nada que ver com 
isso; w pode fazer um clube onde só entram crentes em Cristo, e a sua 
organização pode ser secreta ou discreta. Os maçons têm todo o direito 
ao seu clube interdito a profanos, e ninguém tem nada que ver com isso. 
Dizer o contrário é entrar numa lógica de perseguição, escreve hoje o comentador Henrique Raposo no jornal Expresso.
Fonte:http://portuguese.ruvr.ru/2012/01/10/63621716.html