segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Alagoas - Professor sociólogo é preso e algemado por engano.

Professor Carlos Martins

Professor Carlos Martins foi posto como suspeito de ser um dos assaltantes do Banco Santander, da Fits.

O  sociólogo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Carlos Martins, sofreu constrangimentos ao ter a casa invadida por policiais do Tático Integrado Grupo de Resgates Especiais (Tigre), na tarde desta sexta-feira (10), no Loteamento Antares, na Serraria, ocasião que foi confundido com um assaltante. 

Os agentes procuravam cumprir mandado de busca e apreensão que resultasse na prisão dos assaltantes da agência do Banco Santander, ocorrido pela manhã na Faculdade Tiradentes (FITS). Eles confundiram o endereço, entraram, algemaram Martins e reviraram o imóvel.

Segundo Martins – que também é professor e integra o Núcleo de Estudo da Violência em Alagoas,  juntamente com a professora Ruth Vasconcelos – os policiais não apresentaram o mandado e nem pediram licença para entrar.

Professor recebendo homenagem na Câmara
“Eles arrombaram o portão e fui saber o que estava acontecendo. Aproximei-me e disseram que era a polícia e eu ainda fiquei em dúvida se não eram bandidos, já que não havia razão para a polícia ir à minha casa.

Aí eles entraram e mandaram que eu deitasse no chão, colocasse o braço direito para trás e me algemaram. 

Questionei o tempo todo a ação, queria saber a razão pela qual estavam na minha casa e me algemando e eles responderam que era para a minha segurança e também para a deles.  Falei que era sociólogo, mas não adiantou nada. Perguntaram se havia mais alguém em casa e eu disse que não”, relata Martins. 

O sociólogo se arrumava para ir à Ufal ministrar uma palestra. Depois de algemado, Carlos Martins foi colocado numa cadeira na área de serviço  com o rosto "colado" na parede. “Recebi a determinação, inclusive, de não olhar para trás. Dois homens fortemente armados ficaram nas minhas costas, enquanto o restante da equipe revirava a casa. 

Demonstrei tranquilidade, mas por dentro fiquei  em polvorosa. Todas as vezes que batiam em alguma coisa, achava que podiam está montando equipamento de tortura e piorava o meu emocional. Vez ou outra um policial se aproximava e perguntava pelo gol branco que tinha saído da minha casa e eu afirmava que o meu carro era um celta preto”, detalha.

De todas as formas,  conta o sociólogo, foi tentado o diálogo para que as coisas se esclarecessem. “Se tivessem me mostrado o mandado , tudo teria sido resolvido imediatamente. Mas, não me ouviam.

Sua residencia ficou revirada
Argumentei sobre os princípios que regem a força policial e que, por eles, não havia a necessidade de usar as algemas. Passei quarenta minutos sob tortura psicológica, sem eles apresentarem mandado algum. Os policiais não podem dizer que agiram dentro da legalidade. Eu fui supostamente visto como assaltante de banco”, ressalta Martins.

O equívoco teria sido percebido pelos policiais quando resolveram, já no final, apresentar o mandado pedindo que Carlos Martins assinasse. Ele argumentou ser impossível com as mãos algemadas e pediu para olhar o documento expedido pela 17ª Vara Criminal da Capital.

“Comecei a encontrar as falhas e apresentá-las. No documento só tinha o nome Antares e aqui tem o Antares um e o dois. Peguei as faturas da Eletrobras e outras em meu endereço para mostrar que o nome da rua não era também o da minha. No mandado tinha outro nome estranho de rua que nunca ouvi por aqui. Só sei que eles não verificaram o endereço antes de entrar na minha casa e fui submetido a isso. O constrangimento foi grande. 

Imagine um helicóptero sobrevoando a sua casa e um monte de homens encapuzados entrando e a vizinhança olhando tudo. Moramos aqui há dois meses. Um preto com a polícia invadindo a casa e uma movimentação desse porte podem achar, no mínimo, que sou um grande traficante. Vão pensar, olha o vizinho novo é bandido. E também há outro risco, caso haja um traficante na região pode deduzir que eu sou concorrente por conta da grande ação policial”, desabafa.

Depois de tudo esclarecido, o sociólogo Carlos Martins foi conduzido à Deic para prestar depoimento e liberado em seguida. “Eles deixaram claro que eu não estava sendo preso, apenas precisava ir prestar declarações. Quando já vinha embora, acho que para amenizar a situação, pediram meu e-mail para mandar as fotos dos criminosos que procuravam para que se os visse na região auxiliasse a polícia”, conclui.

Mobilizações
Cientes do ocorrido, alguns segmentos decidiram se articular para cobrar posição do Governo do Estado. Irão se pronunciar a respeito, conforme o sociólogo Martins, o Núcleo de Estudo da Violência da Ufal, a Fundação Zumbi dos Palmares, o Movimento Negro de Alagoas e a Ufal que pretendem confeccionar na segunda-feira (13) documento a ser entregue ao governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) pedindo seu posicionamento.

Além disso, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL) também se pronunciará. O sociólogo vai entrar com ação contra o Estado e um documento será confeccionado pedindo providências ao governador Teotonio Vilela Filho. Uma cópia será levada ao Ministério Público Estadual. Vários vereadores já demonstraram solidariedade a Martins e prometeram discutir o assunto em plenária na terça (14). 

Em maio deste ano,  Carlos Martins foi um dos homenageados com a Comenda Zumbi dos Palmares, prêmio recebido na Câmara de Vereadores perante várias autoridades. Ele é tido como um grande sociólogo, conhecido e respeitado também nacionalmente pelos estudos desenvolvidos.

O que gerou o equívoco
A ação policial foi desencadeada após um assalto ao Santander, na Fits. Os criminosos empreenderam fuga levando consigo um aparelho celular que permite rastreamento. O sinal estava no Loteamento Antares, mas segundo especialistas não é tão preciso. Ou seja, pode dá uma diferença de um raio de cem metros.

Os policiais tinham mandado de prisão contra dois irmãos identificados pelas câmeras do banco. Um deles identificado como Tiago, ambos filhos de uma mulher presa na operação conjunta da quinta-feira.


Fonte:http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-sociologo-preso-por-engano-em-alagoas

GREVES - Servidores prometem ampliar paralisações.

Protestos e adesão de outras categorias do funcionalismo federal visam pressionar o governo a decidir reajustes.

Junta orçamentária do governo se reúne hoje para discutir a situação; centrais sindicais criticam "autoritarismo".

13 Ago 2012 - DE BRASÍLIA. À espera de uma definição do governo sobre a política de reajuste salarial, servidores federais prometem subir o tom das manifestações e aumentar o número de adesões ao movimento grevista.

A Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal), que reúne mais de 30 categorias, programou um "acampamento da greve" na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

De amanhã até quinta, os servidores ficarão instalados em barracas, numa espécie de vigília. A entidade espera reunir mil servidores.

Para quarta, uma marcha com 5.000 servidores busca pressionar o governo a dar uma resposta nesta semana.

"É inaceitável que o governo, às vésperas do envio da lei orçamentária ao Congresso, diga que não tem que ter reajuste", afirma o diretor da Condsef e da CUT (Central Única dos Trabalhadores) no DF Ismael Cesar.

Ele rebate a justificativa do governo de que a prioridade é investir em infraestrutura. "O maior investimento para o governo é o reajuste dos salários dos servidores", diz.

APOIO

Em nota emitida ontem, cinco centrais sindicais (CTB, CUT, Força Sindical, Nova Central e UGT) afirmaram que a paralisação dos servidores é "legítima" e atribuíram o "descontentamento generalizado" dos trabalhadores à "falta de negociação entre as partes - postura adotada pelos governos passados".

As entidades criticam o corte de ponto e a substituição dos grevistas. "Repudiamos todas as formas de autoritarismo no trato com reivindicações legítimas dos trabalhadores", diz a nota.

Nesta semana, as paralisações devem ser ampliadas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e no STF (Supremo Tribunal Federal). A ideia é parar setores que afetam a tramitação de processos.

Até quarta, o Judiciário deve enviar ao Executivo a proposta orçamentária de 2013 com o pedido de reajuste para ministros e servidores.

Hoje, a presidente Dilma Rousseff e a ministra Miriam Belchior (Planejamento) se reúnem com os integrantes das chamada "junta orçamentária" para discutir a situação.

O governo deve fechar nesta semana as carreiras que serão contempladas. A Folha apurou que um reajuste unificado não está descartado.

Se acatasse todas as reivindicações, o governo federal teria que desembolsar R$ 92 bilhões - metade da folha atual de pagamento -, o que já foi rejeitado.

Fonte: http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha

Cisternas no NE apresentam defeito e ficam mais caras

As unidades compradas pelo governo demonstram problemas e o cronograma de instalação está atrasado.

Empresa responsável pela instalação em PE é doadora de campanha do filho do ministro da Integração Nacional.

DIMMI AMORA - ENVIADO ESPECIAL AO NORDESTE.

12 Ago 2012. Cisternas de polietileno compradas pelo governo para a região Nordeste ficaram mais caras, atrasaram, estão dando defeito e a instalação é realizada pela empresa de um doador de campanha do filho do ministro da Integração, Fernando Bezerra.

As cisternas de polietileno são alvo de polêmica na região desde 2011. Até então, o governo contratava ONGs para construir o tanque em alvenaria. Foram erguidas mais de 450 mil com recursos federais em oito anos.

Afirmando que era necessário agilizar a instalação, o Ministério da Integração Nacional comprou 60 mil cisternas de polietileno, uma espécie de plástico resistente.

Quem fez a licitação foi a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco), vinculada à Integração Nacional. Seu presidente à época era Clementino Coelho, irmão de Bezerra.

As entidades que construíram as cisternas de alvenaria protestaram alegando que as de polietileno eram mais caras, pouco resistentes e concentrariam os recursos na mão de grandes empresas.

A licitação para a compra das cisternas teve um único concorrente, a Dalka, subsidiária de uma companhia mexicana. Elas foram vendidas a R$ 210 milhões em novembro de 2011 e deveriam estar prontas até junho.

Mas, em julho, apenas 32% delas estavam prontas, e 21% haviam sido instaladas. Apesar disso, o governo permitiu um aditivo de R$ 3 milhões ao contrato, afirmando que era necessário incluir "dispositivo de alívio de água".

Segundo a Codevasf, 134 cisternas instaladas apresentaram defeito. Além delas, o governo ainda precisa comprar uma bomba ao custo médio de R$ 115 e pagar pelo transporte e instalação.

Os contratos de instalação foram repassados às superintendências regionais da Codevasf. A contratação em Pernambuco ficou a cargo da unidade de Petrolina, cidade em que Bezerra foi prefeito e que seu filho, o deputado federal Fernando Filho (PSB-PE), é candidato ao cargo.

Quatro empresas disputaram um pregão em novembro passado para a instalação e a Engecol venceu, com preço de R$ 1.249 por unidade para instalar 22.799 cisternas (total de R$ 28,4 milhões).

O dono da Engecol é Carlos Augusto de Alencar, irmão da presidente da Câmara de Petrolina, Maria Elena de Alencar (PSB), do mesmo partido de Fernando Filho. Desde 2004, ele e suas empresas têm feito doações para as campanhas de Maria Elena e Fernando Filho. No total, foram R$ 84 mil.

A Codevasf defendeu o uso das cisternas de polietileno dizendo que elas já foram testadas em outros países com sucesso. O órgão diz que é "uma tecnologia limpa e ecológica" e que o custo de instalação e montagem é compatível "com os benefícios auferidos". Sobre o aditivo, afirmou que "detectou-se a necessidade de realizar uma melhoria técnica" para aproveitar o excedente de água.

Segundo o órgão, a administração central fez só uma preparação geral da licitação das superintendências e houve concorrência por pregão eletrônico. O dono da Engecol, Carlos Augusto de Alencar, e a assessoria de Fernando Filho afirmaram que eles não tiveram interferência.

Fonte:http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha

domingo, 12 de agosto de 2012

VALE e a Estrada de Ferro Carajás. A Briga de David e Golias no Sertão Maranhense.


 

Desde o dia 26 de julho estão suspensas as obras do maior investimento da Vale para este ano. 

Veja, a seguir, a reflexão de Lúcio Flávio Pinto. "Essa busca pelo máximo parece ter impedido a Vale e o Ibama de atentarem para as pessoas que existem ao longo dos quase 900 quilômetros da ferrovia, em 20 municípios". 


A duplicação da ferrovia de Carajás deveria absorver 2,7 bilhões de reais no período. Esses recursos representam 20% do bilionário orçamento de investimentos da Vale para 2012. A mineradora é a maior empresa privada do Brasil e do continente, uma das 50 do mundo. Também é a maior exportadora do país. De cada 10 dólares depositados no caixa do Banco Central, US$ 2 resultam de vendas da ex-estatal.

A ferrovia tem 892 quilômetros de extensão. Vai da mina de Carajás, no Pará, ao porto de Ponta da Madeira, na ilha de São Luiz, a capital do Maranhão. Por ela trafega o maior tem de cargas do mundo. Com 400 vagões e quatro quilômetros de extensão, esse trem faz nove viagens diárias. Transportou no ano passado 130 milhões de toneladas, sendo 110 milhões de minério de ferro. Ao fim de cada dia, o minério que movimentou representa 30 milhões de dólares.

A Vale quer elevar esse volume para 230 milhões de toneladas. Para isso, tem que praticamente duplicar a linha. Os gastos com a ferrovia são os mais pesados desse projeto. Junto com a ampliação do porto, consumirão R$ 23,5 bilhões dos R$ 40 bilhões totais do empreendimento. Os outros R$ 16,5 bilhões serão aplicados na mina e na usina.

Em 2016 os trens serão maiores, a ferrovia não será mais singular, a produção atingirá um patamar recorde. Em três anos de implantação, será alcançada a meta estabelecida. Aos preços atuais, o faturamento em Carajás passará então de US$ 25 bilhões.

Prevê-se que essa seja a obra mais cara da segunda década deste século no Brasil. E das que maior faturamento – em moeda externa – proporcionará ao país. Carajás tem a maior jazida de alto teor do mundo de minério de ferro. Sua cotação está garantida, mesmo que haja variação em todo mercado siderúrgico internacional. Ninguém possui nada melhor.

No dia 26, porém, o juiz federal Ricardo Felipe Rodrigues Macieira mandou suspender as obras no Maranhão. No Pará, já foram realizados 30% dos serviços previstos. No Estado vizinho eles estavam começando. O juiz concedeu as medidas antecipadas de tutela requeridas em ação civil pública por três entidades: a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e o Centro de Cultura Negra do Maranhão.

A primeira surpresa vem da correlação de forças: como é que um único advogado, a serviço de ONGs de pequeno porte, conseguiu vencer a enorme assessoria jurídica da poderosa Vale?

Examinando o processo, alguém concluirá que não foi propriamente a consistência da petição inicial dos autores que levou o juiz federal a conceder a medida: em seu favor laborou com eficiência o outro réu na contenda, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Os que desejam parar a duplicação da ferrovia não fariam melhor do que ele.

Os representantes do Ibama reconheceram que o licenciamento da obra não seguiu o modelo completo, mas a forma simplificada. A Vale não precisou elaborar um EIA-Rima (Estudo de Impacto Ambiental-Relatório de Impacto Ambiental). Ela foi autoridade a realizar apenas estudos simplificados e isolados, como se estivesse fazendo reformas e consertos na linha férrea.

É espantoso que tenha sido assim diante de uma empreitada que vai tornar ainda maior o impacto da ida e vinda de uma composição com quatro locomotivas e 400 vagões, que leva quatro minutos passando em determinado ponto. E que criará o maior corredor de escoamento de minério do planeta.

O Ibama disse que se permitiu esse procedimento com base no seu poder discricionário, como o órgão ambiental do governo federal, autorizado por lei a assim agir. E foi além: está fazendo licenciamentos parciais, que seguem, por isso mesmo, rotinas pulverizadas. Não há uma visão global da obra nem a possibilidade de vislumbrar o seu significado. É exposta por partes, retalhada.

Esse tipo de visão parece se basear num simplório senso comum: o eixo da ferrovia já existe e ela está em funcionamento desde 1985. Só que o impacto inicial de Carajás foi gradual até o final do século passado. Sobretudo depois de 2001, entrou num ritmo frenético, com a abertura do mercado chinês.

Hoje, a China compra 60% desse filé-mignon ferrífero. O Japão fica com 20%. Em apenas três anos, a nova etapa de Carajás (batizada de S11D) fará o que, antes, exigiu três vezes mais tempo. A obsessão pela velocidade levou a Vale a inovar na tecnologia de extração do minério: na nova mina, no lugar dos imensos caminhões carregados de minério, o transporte será feito por esteiras rolantes. É a primeira mina de ferro com essas características no mundo.

Essa busca pelo máximo parece ter impedido a Vale e o Ibama de atentarem para as pessoas que existem ao longo dos quase 900 quilômetros da ferrovia, em 20 municípios. Índios, descendentes de quilombolas, camponeses e outros personagens viraram abstração, que acabou por se materializar na ação e na sentença do juiz federal.

Só não se materializou na grande imprensa nacional. Quem percorrer os jornais e circular pelos canais de televisão deixará de assistir a essa atração do momento: a luta entre David e Golias nos sertões do Maranhão. Como o programa não tem patrocinador, a imprensa não lhe dá atenção.

A Vale, dentre outros títulos, é também a maior anunciante privada do Brasil. Isso conta. E muito. Por isso, a empresa não se deu ao trabalho de explicar-se ao distinto público. 

Sua explicação deve ter sido em petit comitê, como dizem eles, os brancos, que. assim, sempre se entendem.

Por Lúcio Flávio Pinto, 04 de agosto de 2012

FONTE:http://www.justicanostrilhos.org/nota/1035

Uma política para a leitura e alguns problemas.

http://www.bn.br/proler
Nelson Patriota - Escritor
Cada vez mais jovens e até crianças incluem projetos literários em suas projeções de futuro. Ser autor, ter seu nome aposto ao dorso de um livro colocado na prateleira de uma livraria, ter seu livro comentado nos jornais, guarda para eles um sentido de autorrealização que parece não encontrar correspondência fora da esfera das letras.

De há muito se sabe o quanto nossas crianças leem pouco, o que produz um círculo vicioso incontornável: crianças que leem pouco se tornem adultos indiferentes ao livro, atitude que transmitem aos seus filhos, quando atingem a vida adulta e reprodutiva, e assim sucessivamente. Há alguma chance de se romper com essa corrente viciosa?

Essa velha discussão nunca é resolvida de todo, por isso é com frequência retomada, como sucedeu no recente Seminário Potiguar Prazer em Ler, já em sexta edição, e que mereceu ampla reportagem desta TN do dia 3 passado. Ali, a professora Cláudia Santa Rosa, coordenadora do evento e integrante da Rede Potiguar de Escolas Leitoras, alerta, entre outras coisas, para a falta de uma política pública para a leitura.

Uma ampla gama de questões está implícita nessa formulação, a começar pelos receios que invadem a sociedade sempre que se cogita da ação do estado na área cultural. 

A democratização da leitura não supõe por princípio uma ampla liberdade de escolhas por parte dos cidadãos? Como esperar que esses cidadãos façam boas escolhas nessa área, quando eles mesmos têm pouca ou nenhuma afinidade com os livros?

A solução poderia talvez vir da escola, quando dispondo de boas bibliotecas, formando uma geração leitora e, a partir desta, replicando-a nas seguintes. Mas essa ideia é facilmente desmentida pela realidade. As bibliotecas das escolas estão comumente defasadas, desatualizadas e negligenciadas e até fechadas pelos diretores, pouco lembradas pelos professores e raramente visitadas pelos alunos.

A isso vem se somar o agravante das novidades tecnológicas, como os tablets, os smartphones e outras plataformas de leitura. Em que medida a leitura gerada da necessidade de mais leitura se beneficia delas, se essas novidades disponibilizam, além disso, inúmeras outras possibilidades, como jogos, ingresso em redes sociais, compras online, troca de e-mails, atividades que podem ser feitas simultaneamente? Como imaginar um ambiente propício à leitura cercado por tantos ruídos?

Em entrevista dada à TN do dia 3 passado, o educador português José Pacheco, um dos convidados do Seminário Potiguar Prazer em Ler, levantou, talvez graças a sua condição de estrangeiro, algumas questões intimamente relacionadas com a da leitura em nosso país e que, por tão familiares, parecemos ignorar. Opondo leitura e analfabetismo, dilema ainda em processo aqui, ele argumenta: "Um país que conta de 24 milhões de analfabetos funcionais não é um país leitor, é um país de risco".

Tirante o efeito cênico desse "país de risco", o argumento do professor Pacheco, se não é capaz de nos escandalizar, com certeza estarrece qualquer cidadão europeu, continente no qual o analfabetismo não passa de uma "curiosidade histórica", debelada há séculos. 

Infelizmente não podemos afirmar o mesmo, embora estejamos sempre progredindo e a caminho de erradicar o analfabetismo, do mesmo modo como estamos a caminho de erradicar a dengue, a pobreza que hospeda a dengue, e outras mazelas próprias à pobreza, a desigualdade salarial entre homens e mulheres; entre brancos e pretos etc.

O professor Pacheco deve ter se dado conta de todas essas mazelas para sair com esse chiste: "país de risco". É possível até que a tenha emprestado do quadro político de seu país, às voltas com uma gravíssima crise socioeconômica traduzida em perdas de direitos adquiridos há longo tempo e graves preocupações com a sua caminhada rumo ao futuro. 

No quesito leitura, porém, seu diagnóstico é preciso: o quadro é de risco. 

Fonte:http://tribunadonorte.com.br/noticia/uma-politica-para-a-leitura-e-alguns-problemas/228539

182 presos são liberados. Feliz Dia dos Pais?

Foram liberados nesta sexta-feira (10), os internos do Sistema Penitenciário em São Luís, que passarão o feriado do Dia dos Pais, comemorado no próximo domingo (12), em casa.

No total são 182 apenados que saíram pela porta da frente do presídio para ficarem até a próxima quarta-feira (15), aproveitando o beneficio concedido pela Justiça.

De acordo com a Vara de Execuções Penais, os principais critérios para preso ter o beneficio é o bom comportamento, e está no regime semi-aberto.

A alegria dos detentos e seus familiares só contrasta, com a tristeza e preocupação da polícia, isto porque, toda vez que presos são liberados pelo sistema prisional, o trabalho deles aumenta consideravelmente.

Outra situação bastante comum com a concessão do beneficio, é que muitos deles não voltam para cadeia.

Fonte: http://www.gazetadailha.com.br/2012/08/10/feliz-dia-dos-pais-182-presos-estao-liberados/

"Musa da CPMI do Cachoeira". Denise: Com a corrupção, ninguém se escandaliza?

Demitida por aparecer em um vídeo de sexo, a ex-assessora do senador Ciro Nogueira desabafa, em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco: “É como se agora eu estivesse sempre pelada”.
Foto. Arquivo Pessoal - Denise, no dia em que recebeu sua carteira da OAB.
Vítima de uma exposição indevida, demitida, a advogada vive agora à base de remédios.
Há até poucos dias, quem chegava ao Senado por um dos dois acessos do “túnel do tempo”, corredor que liga gabinetes ao plenário, poderia deparar, nos arredores do gabinete do senador Ciro Nogueira (PP-PI), com uma loira bem vestida, de semblante sério, quase sempre ao celular.
Cabelos lisos e longos, 1,70 de altura, braços e pernas musculosas, mas não masculinizadas, a mulher invariavelmente deixava o gabinete 01 da Ala Teotônio Vilela sem olhar para os lados, em postura de sisudez que servia como mecanismo de defesa contra abordagens indesejadas.
Desde a instalação da CPI do Cachoeira em 25 de abril, a tal mulher de pouca conversa passou a circular em uma área maior àquela contígua ao gabinete de Ciro Nogueira, quarto-secretário do Senado e membro da comissão de inquérito. Sem a sua autorização, a publicação de um vídeo de sexo, no qual Denise é protagonista, fez com que ruíssem todos os mecanismos de defesa que a advogada de 28 anos usava para ter controle de sua vida íntima. 

Assistido por parlamentares e jornalistas que acompanham a CPI do Cachoeira, o vídeo fez com que Denise ganhasse a alcunha de “furacão” ou “musa da CPI”. Exposta de forma vil, Denise nada ganhou com isso, a não ser a companhia de fortes calmantes, sem os quais já não consegue mais dormir, e a sensação de que, aos olhos de todos, está sempre despida.

Para completar, vítima de um moralismo que não compreende, Denise foi demitida, perdeu o emprego que tinha como assessora de Ciro Nogueira. O senador encarregou assessores de comunicar a Denise sua exoneração.

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Sensação de nudez
Desde o vazamento do vídeo, que Denise diz ter sido feito há cerca de seis anos – dois antes de ser contratada por Ciro Nogueira –, a advogada tem a vida revirada, exposta em telas, páginas e ondas sonoras Brasil afora. Fotos que ela postava no Facebook, de biquíni, tomaram ares de catálogo erótico. 

Telejornais chegaram a veicular cenas do tal filme de sexo, blogs e sites idem, imagens da advogada foram usadas à exaustão em reportagens ora mal intencionadas, ora eivadas de erros e falhas de apuração. Passando os dias dopada, em decorrência do estado de depressão a que chegou, Denise tem evitado dar declarações mais demoradas à imprensa.

Mas, por telefone, Denise aceitou falar ao Congresso em Foco mais detidamente, por duas vezes no transcorrer da última semana. Em outra ocasião, respondeu perguntas por e-mail. E, alternando momentos de desalento e saudosismo (ela diz que sua vida era o trabalho no Senado e os cuidados com a saúde), tentou definir como será, daqui para frente, sua relação com o universo parlamentar que a acolheu nos últimos quatro anos.

“Totalmente prejudicada. Eu vou passar, vão olhar… Eu vou cumprimentar os senadores, deputados, e vou achar que eles estão me vendo pelada. A impressão vai ser essa. Por isso estou indo ao psicólogo, ao psiquiatra. Estou tomando remédio e tudo…”, relata Denise, praticante de musculação e outras atividades físicas. O ex-namorado, as cenas de sexo, o falso moralismo de alguns colegas, o olhar enviesado de quem sabe quem ela é. E é com essa combinação deletéria, que pôs fim à sua incipiente trajetória no Parlamento, que Denise terá de lidar daqui em diante.

“Isso me desmoralizou, está acabando com a minha vida”, desabafa. Denise, porém, tem um alento: a esperança de que a sua história torne mais dura a legislação para quem divulga imagens íntimas de outras pessoas à sua revelia. “Do dia para a noite, vários deputados e senadores levantaram a bandeira. Mais de 70 projetos estão sendo discutidos por causa disso [divulgação de material particular em meio virtual]”. Logo, em seguida, porém, ela volta à sensação de profundo desconforto que a acompanha nos últimos dias. 

“Mas, no final das contas, quem é a exonerada? Isso vai continuar sendo discutido, a legislação sobre crimes cibernéticos vai continuar a ser discutida, mas eu sou a exonerada.”

Geni
Sobre a demissão, Denise lembra que recebeu apoio de parlamentares, amigos, servidores e até de gente desconhecida, por meio de mensagens na internet. Ela diz não entender por que Ciro Nogueira decidiu exonerá-la. “Não sei o que se passou na cabeça da pessoa, vendo que a opinião pública toda estava contra a demissão. Mesmo assim exonerou. Mas não posso dar um juízo de valor sobre ele”, lamenta a advogada, lembrando que, em um primeiro momento, o senador se disse “constrangido”, para depois mudar o posicionamento e dizer que Denise era “uma profissional excelente”.

Já sobre uma cirurgia recente da qual ainda convalesce, Denise diz que “não foi nada estético”, como se chegou a cogitar nas dependências do Senado. A ex-assessora disse ainda que aproveitou o início do recesso (17 a 31 de julho) para realizar a intervenção – a informação foi deturpada por alguns veículos de imprensa, diz Denise, que associaram seu afastamento ao vídeo de sexo. Por esse raciocínio, ela teria obtido com o vídeo notoriedade, e estaria fazendo uma reparação estética para posar para uma revista masculina.  “Não se brinca assim com a saúde dos outros”, protesta ela. “Porque se fosse de mãe, filho etc, ninguém, brincaria.”

Com a saúde abalada mental e fisicamente, Denise sente-se apedrejada como a Geni da canção de Chico Buarque. Ajuizou ação para responsabilizar quem vazou o vídeo, diz ter perdido cinco quilos, evita o pior tipo das aparições públicas – aquele sob o olhar condenatório de quem nada tem a ver com a sua vida. Caseira, como ela mesma se define, vai buscar na família e nos amigos de fato o amparo que não teve no gabinete do Senado.

Enquanto isso, a CPI do Cachoeira não avança, deputados envolvidos com o caso não deverão ser punidos, e o julgamento do mensalão acontece no Supremo Tribunal Federal sem merecer maiores atenções da maioria da população. “Criticam [o ato sexual]. Mas como é que todo mundo veio ao mundo? Tem coisa muito pior que acontece na Casa legislativa…”, comenta ela. Como na canção de Chico Buarque: “Ela se virou de lado, e tentou até sorrir /Mas logo raiou o dia, e a cidade em cantoria não deixou ela dormir”.


Fonte:http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/manchetes-anteriores/denise-com-a-corrupcao-ninguem-se-escandaliza