sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O que é sociologia?

Por Roniel Sampaio Silva

Toda palavra, antes que lhe conheçamos o significado, é um enigma formidável. (Manuel Bandeira)

Hoje vivemos no mundo marcado pela mudança. É comum nossos pais relatarem com saudosismo das coisas do tempo deles. 
 
Em contraponto a isso, temos as mais extraordinárias promessas para o futuro. 
 
Nosso tempo tem sido marcado pelas diversas divisões sociais, conflitos étnicos e relações sociais rápidas e fragmentadas. 
 
A tecnologia tem modificado radicalmente a natureza. Vivemos na era das incertezas num mundo turbulento onde cada vez mais se fala em crise. 
 
Quando esta crise surgiu? Por que alguns problemas são mais freqüentes que outros? Cada um de nós tem algumas formas de explicações particulares para estas crises.  
 
A sociologia em especial apresenta forma diferenciada de ver os problemas e busca fazer uma interconexão destes problemas com o contexto social, sem no entanto determinar o comportamento do indivíduo ao meio.
 
Para entender bem a questão da sociologia. Vamos analisar o exemplo do divórcio. Para muitos ele é considerado um “problema pessoal”. 
 
Entretanto, avaliando a estatística que mostra que o fenômeno tem crescido significativamente no Brasil, tomando grandes proporções, podemos concluir que não se trata apenas de um problema individual, trata-se de um problema social. 
 
Quais poderiam ser as possíveis interconexões de fenômenos que se relacionam a este fato? Explicar um fenômeno como este seria uma das preocupações da sociologia..
 
Agora que entendemos que a sociologia está preocupada com os aspectos sociais e não individuais podemos conceituá-la.  
 
Ela é um estudo que aborda como temática sociedade.  
 
Todavia, somente esta definição é insuficiente uma vez que a História também estuda a sociedade. 
 
Desta maneira sociologia é um estudo das relações sociais entre os indivíduos e grupos. 
 
Ou seja, preocupa-se com o comportamento social destes a partir de “influências sociais”.  Podemos exemplificar desde um encontro entre dois amigos até as relações globais como uma rede social como o facebook.
 
A maioria de nós vê o mundo a partir de características familiares às nossas próprias vidas. A sociologia mostra a necessidade de assumir uma visão mais ampla sobre o que somos. 
 
Ela nos ensina que aquilo que encaramos como natural, inevitável, bom ou verdadeiro, pode não ser bem assim e que os “dados” de nossa vida são fortemente influenciados por forças históricas e sociais. 
 
Entender os modos sutis, porém complexos e profundos pelos quais nossas vidas individuais refletem os contextos de nossa experiência social é fundamental para a abordagem sociológica.
Diferença entre sociologia e senso comum
Antes de problematizarmos esta relação vamos delimitar bem os espaços que estamos “pisando”. A maioria das explicações que temos do mundo são reproduzidas do senso comum e é baseado nele que manifestamos muitas de nossas opiniões. Este é um tipo de conhecimento. 
 
Dentre outros podemos destacar:
Tipo de conhecimento
Características
Senso comum           
Superficial - conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas.
Sensitivo - referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária.
Subjetivo - é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos.
Assistemático - a organização da experiência não visa a uma sistematização das ideias, nem da forma de adquirí-las nem na tentativa de validá-las.
Acrítico - verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica.
Teológico/Mítico
O conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as verdades tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em revelações da divindade, do sobrenatural.
Filosófico                   
A Filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano, buscando até leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.
Científico
A ciência baseia-se em fatos para fazer afirmações, as quais são refutáveis por meio de novas descobertas. Assim como a filosofia, precisa ter uma coerência racional. Além disto, busca a proposição de modelos gerais baseados em experiências empíricas.
Fonte:  http://www.puc-rio.br/sobrepuc/depto/dad/lpd/download/tiposdeconhecimento.rtf
O senso comum é um tipo de conhecimento dogmático o qual acaba por encerrar a discussão. “Lugar de mulher é na cozinha”. Ponto final. A principal diferença entre a sociologia e o senso comum e que o senso comum tende a dar um ponto final nos assuntos estudados e a sociologia, assim como os demais conhecimentos críticos, busca ampliar o debate, sem esgotá-lo. 
 
Como similaridade elas tratam de temas bem parecidos. Na maioria das vezes a explicação do senso comum precede à sociologia. Então esta precisa do senso comum para tentar oferecer uma explicação alternativa.
 
Desta maneira, a Sociologia estuda justamente o que parece ser óbvio pra nós. Por esta razão, ela precisa distanciar-se dos discursos do senso comum para ter o status de ciência. Para tal, ela precisa de mecanismos de controle.
 
São estas formas de controle que proporcionarão que aquele conhecimento seja “fiscalizável”. Podemos apontar como alguns mecanismos de controle da sociologia a estatística, a pesquisa histórica, entrevistas, vídeos e fotografias.
 
Embora o senso comum pareça inimigo da sociologia, é principalmente dele que ela se nutre, buscando analisar sobre outra perspectiva estes fenômenos. 
 
 Tal relação ciência e senso comum é inviável para outras ciências como astronomia uma vez que apenas os especialistas têm acesso a telescópios e outros meios capazes de apreender os astros.  
 
Ao contrário da astronomia, antes da “chegada” da sociologia, houve o preenchimento de sentido do senso comum.
 
A exemplo disto, antes mesmo do estudo de uma periferia, há vários sentidos daquele lugar que o cientista precisa considerar apenas como ponto de partida e não como resultado em si. 
 
Neste sentido, um dos impedimentos do entendimento da sociologia está no fato de boa parte do que está sendo pesquisada por ela já foi preenchida de interpretação dos próprios indivíduos e reafirmados pelo senso comum. 
 
Na medida em que a sociologia vai ganhando contornos de nosso entendimento ela vai proporcionando uma articulação com nosso cotidiano. O grande “barato” da sociologia está no fato da possibilidade da articulação da interpretação sociológicos à nossa experiência pessoal. Esta articulação o sociólogo americano Charles Wright Mills chama de imaginação sociológica.

Qual a diferença da sociologia para as demais áreas do conhecimento?
Ao ingressar na biblioteca você reparou que os livros de sociologia têm proximidade com os livros de História, Geografia e Filosofia você perceberá que isto tem um sentido. Implica que tais disciplinas têm algo em comum. 
 
Significa dizer que elas vão partilhar algumas vezes do mesmo tema, enfocando análises diferentes. Para que entendamos melhor a sociologia é preciso diferenciá-la destas outras.  
 
Vamos fazer uma comparação?

Ciência
Objeto de estudo
Exemplo de método
Particularidade
Sociologia
Relações sociais entre grupos e indivíduos
Observação sistematizada
Enfoca-se na sociedade capitalista
Psicologia
Comportamento individual
Entrevista Clínica
Surgiu no período próximo ao da Sociologia
Filosofia
Pensamento
Experimentações mentais, lógica
É a mãe de todas as ciências
História
Fatos históricos nas sociedades
Registros escritos e orais
Estuda as sociedades pré-capitalista
Geografia
As relações espaciais humanas e físicas na superfície terrestre
Interpretação cartográfica
Aborda elementos sociais e físicos do espaço
 
É possível perceber que a relação entre estas ciências é bem íntima de modo que em alguns momentos o tema será o mesmo, mas a forma de abordagem será diferenciada. É provável que nenhum destas disciplinas relatadas dê conta de explicar a realidade em si na totalidade. Todas elas precisam umas das outras para ampliar o entendimento sobre o assunto estudado na medida em que cada uma delas é uma forma de ver o mundo.
 
Desse modo, podemos concluir que o mundo não se distingue dos fenômenos em si. Não há um mundo sociológico, histórico, filosófico. O que há são formas de enxergar o mundo. Estas formas de ver o mundo se relacionam e se completam. E você está pronto para aprender como ter esta visão sociológica?
Questões para reflexão:
Como poderíamos resumir o que é sociologia em uma frase?
 
O que é senso comum?E qual a relação entre sociologia e senso comum?
 
Qual a diferença da sociologia para Psicologia, Filosofia, História e Geografia?
 
A frase “Qual a relação entre casamento e religião?” poderia ser um problema que cabe a sociologia. 
 
Cite outro problema sociológico envolvendo os problemas da sua cidade.
 

MATÉRIAS RELACIONADAS. 

Sociólogos divergem sobre criação de Conselho Federal de Ciências Sociais.

Dois dedos de prosa sobre a prostituição.

 
 Socializando conhecimento - III. Dica de leitura Coleção A história da Ciência.

Esta matéria foi publicada originalmente no "blog Café com Sociologia", segue o link da mesma abaixo:
 

Sociólogos divergem sobre criação de Conselho Federal de Ciências Sociais.

Sociologia

Enquanto a Federação Nacional dos Sociólogos defende um órgão único para acompanhar o exercício profissional de sociólogos, antropólogos e cientistas políticos, alguns sindicatos discordam da necessidade de um conselho interdisciplinar. 

Tema foi discutido em audiência pública na Comissão de Trabalho.

Para o presidente da federação dos sociólogos, Ricardo Antunes, a luta por um conselho voltado às Ciências Sociais tem mais força política do que um eventual encaminhamento por categoria. 

Antunes argumenta que a criação de um órgão único poderia auxiliar, inclusive, a regulamentação das profissões de antropólogo e cientista político. Hoje apenas os sociólogos têm o exercício profissional regulamentado e, mesmo assim, enfrentam problemas, segundo Antunes.

"Com a criação do nosso conselho, a gente quer a garantia e ampliação do nosso mercado de trabalho. Existe muito trabalho hoje de pesquisa e diagnóstico que está sendo feito por outros profissionais que não têm a competência, que não estudaram as disciplinas que orientam nosso curso e que nos permitem coletar dados, analisar informação, criar indicadores sociais."

Mas o presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado do Rio de Janeiro, Nilton de Souza Neto, discorda. Ele avalia que a criação de um Conselho Federal de Ciências Sociais diluiria a identidade profissional de cada categoria.

"A área de Ciências Sociais é uma área temática do conhecimento dentro da universidade. 

Não está identificada como profissão. (...) Você tem um momento em que a Sociologia está se consolidando como profissão no meio privado e estatal e não meramente universitário. E, nesse momento de consolidação, que seria uma oportunidade de discutir uma proposta de criação de seu próprio conselho, vem uma proposta sem base de discussão ampliada, em que se pode prejudicar e diluir a identidade da Sociologia para uma abstração chamada Ciências Sociais, que nem a Antropologia e acredito que a Ciência Política se veem representadas nessa proposta."

As associações brasileiras de Ciências Políticas e de Antropologia foram convidadas para o debate, mas não mandaram representantes.

O presidente da Comissão de Trabalho, deputado Sebastião Bala Rocha, do PDT do Amapá, informou que o colegiado tentará ajudar na construção de um consenso entre sociólogos, antropólogos e cientistas políticos. Ele avalia que a criação de conselhos não apenas fortalece as profissões como traz benefícios à sociedade, ao fiscalizar e cobrar o correto exercício profissional.

A criação de conselhos profissionais deve ser feita por projeto de lei encaminhado ao Congresso pelo Executivo. Ainda não há proposta nesse sentido. A Federação Nacional dos Sociólogos faz uma abaixo-assinado virtual para encaminhar ao governo a reivindicação.

De Brasília, Ana Raquel Macedo
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Tirando Duvidas
Bacharelado e Licenciatura - Perguntas Freqüentes:
Devo optar entre Licenciatura ou bacharelado?
Sim, ao ingressar no curso de Ciências Sociais, o calouro deve, no ato da matrícula optar por uma habilitação. É aconselhável que o aluno já tenha sua opção definida nesse momento.
Qual a diferença entre licenciatura e bacharelado?

O diploma de licenciado em Ciências Sociais habilita o aluno para o magistério no ensino médio na disciplina de "Sociologia", que se tornou obrigatória em 2006, e está sendo introduzida gradualmente nas rede pública e privada de ensino.
O diploma de Bacharel em Ciências Sociais, possibilita o aluno que ele tenha registro profissional no Ministério do Trabalho como "Sociólogo", profissão que foi regulamentada por legislação específica (Lei nº 6.888, de 10 de dezembro de 1980 - Dispõe sobre o exercício da profissão de Sociólogo e dá outras providências, e Decreto nº 89.531, de 5 de abril de 1984 - Regulamenta a Lei nº 6.888/80, que dispõe sobre o exercício da profissão de sociólogo e dá outras providências).
O curso de licenciatura e o de bacharelado tem a maior parte das suas disciplinas em comum.
A diferença entre os cursos reside no fato da licenciatura ter ao longo das suas etapas, disciplinas específicas voltadas para a formação de professores, como didática, psicologia da educação, sociologia, história e filosofia da educação, bem como a realiza cão de estágios de docência em escolas. No bacharelado, o aluno tem uma maior concentração de disciplinas teóricas e uma formação maior em pesquisa. Além disso no final do curso o aluno o aluno desenvolve uma monografia de conclusão do curso, que é um trabalho prático que envolve a realização de uma pequena pesquisa, análise de dados e a defesa deste trabalho em uma banca de professores.

Posso me formar nas duas habilitações?
Pode, e isso é altamente aconselhável. Além de ampliar as opções profissionais do egresso, a habilitação nas duas áreas possibilita uma formação mais completa do cientista social.
Posso fazer as duas habilitações ao mesmo tempo?
Não, o aluno só pode fazer uma habilitação de cada vez. Após a conclusão de uma habilitação, o aluno pode solicitar permanência no curso e concluir a outra habilitação.
Mas atenção, pelo regimento da universidade, isto só é permitido para alunos que ingressaram no curso via vestibular. Os alunos que ingressaram por transferência voluntária, ingresso de diplomado, transferência externa, ou extra-vestibular, só podem concluir a ênfase na qual eles ingressaram. Para fazer a outra ênfase é necessário prestar um novo vestibular.

Posso mudar de habilitação ao longo do curso?
Pode, mas o aluno deve estar ciente que ao mudar de habilitação ele pode ser prejudicado no ordenamento de matrícula, ou seja pode não ter a mesma prioridade na escolha de horários e turmas que ele tinha na ênfase de origem. Isto ocorre pois o andamento dos dois cursos é diferente. Por exemplo: se no quinto semestre um aluno resolver mudar de bacharelado para licenciatura, ele vai entrar na nova ênfase com disciplinas de semestres anteriores não feitas, o que pode prejudicar também a compatibilização de horários de oferecimento de disciplinas.
Portanto muitas vezes não vale a pena mudar de ênfase no meio do curso.

  

MPMA oferece Denúncia contra policial por tentativa de homicídio.

10 de janeiro de 2013 às 14:53.
A 27ª Promotoria de Justiça Criminal de São Luís ofereceu à Justiça Denúncia contra o investigador Luiz Fernando Negreiros Cardoso, da Polícia Civil. O crime denunciado pelo Ministério Público é o de tentativa de homicídio duplamente qualificado contra Ítalo Dalessandro Vieira Silva.

De acordo com o inquérito policial, o crime teria ocorrido em 25 de agosto de 2012, por volta das 21h30, na rua Duque Bacelar, no Jardim Eldorado. Ítalo Silva e outros três vigias estavam trabalhando quando o policial teria passado de carro, observando-os, e retornado com os faróis voltados para o grupo.

Os vigias teriam reclamado do fato, o que levou o investigador Luiz Fernando Cardoso a sair do carro armado, ordenando que os quatro encostassem na parede. Os profissionais teriam retrucado, afirmando que estavam trabalhando com serviço de vigilância. Negreiros teria insistido, apontando a arma para Ítalo Dalessandro, que saiu correndo e levou um tiro pelas costas.

Depois do tiro, o policial teria ido até a vítima, revistando-a sem encontrar nada. Ele teria, ainda, dado dois chutes no vigia e dito aos outros vigilantes para deixar que Ítalo morresse ali mesmo. Socorrido, o jovem foi submetido a procedimentos cirúrgicos e, em razão das lesões, ficou paraplégico.

Na Denúncia, o titular da 27ª Promotoria de Justiça Criminal de São Luís, Willer Siqueira Mendes Gomes, afirma que o policial utilizou recurso que dificultou a defesa da vítima, atirando pelas costas "no momento em que a vítima não esperava que o acusado fosse tomar tal atitude e também não teve a oportunidade de se esquivar do projétil". 

Além disso, a motivação do crime foi considerada fútil: a mera insatisfação do denunciado com o fato de Ítalo Dalessandro ter pedido para que o policial baixasse os faróis do veículo.

De acordo com o promotor, a materialidade do crime está confirmada pelo exame de Corpo de Delito e a autoria ficou demonstrada pelos depoimentos de testemunhas, confissão do acusado e pelo exame de balística, que confirmou que a bala que atingiu a vítima foi disparada pela arma de Luiz Fernando Negreiros Cardoso.

INQUÉRITO - Dias após o crime, em 5 de setembro, a mãe de Ítalo Dalessandro, Antonia Silva Vieira, foi recebida pela procuradora-geral de justiça, Regina Lúcia de Almeida Rocha. Na reunião, a procuradora se comprometeu a designar um promotor de justiça para acompanhar as investigações sobre o caso.

No dia 11 do mesmo mês foi designado o titular da 6ª Promotoria de Justiça Criminal de São Luís, Justino da Silva Guimarães, que acompanhou todo o desenvolvimento do inquérito, em conjunto com a Polícia Civil.

CCOM-MPMA

  Esta matéria foi publicada originalmente em:

Daqui a 20 anos um planeta colidirá com cinturão de asteroides.

Espaço, Planeta, cientistas
© www.nasaimages.org

Um grupo de cientistas que trabalham com o telescópio Hubble descobriu que um dos planetas da estrela Fomalhaut tem uma órbita extremamente incomum.

Já daqui a 20 anos o planeta pode colidir com o cinturão de asteroides, informou o serviço de imprensa da NASA.

Fomalhaut é uma das estrelas mais jovens e mais brilhantes no céu do hemisfério Sul, localizada relativamente próximo da Terra. 

Em tamanho, ela é consideravelmente maior do que o Sol, é 18 vezes mais brilhante e mais quente em 3 mil graus Kelvin.

  Esta matéria foi publicada originalmente em:

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Dois dedos de prosa sobre a prostituição.


Escrevi isso há um tempo atrás.

                                  Dois dedos de prosa sobre a prostituição.


Por Ronaldo Silva. De 2006 a 2008 convivi intensamente com o universo da prostituição. Por causa de um trabalho acadêmico li bastante sobre o tema e freqüentei a Rua dos Guaicurus em Belo Horizonte e seus hotéis de batalha. Fui mais freqüente de janeiro a abril de 2008. 

Não, não fui lá em busca de sexo. Fui para observar o ambiente e entrevistar algumas mulheres sobre suas práticas informacionais (este é um assunto da ciência da informação e da biblioteconomia e diz respeito à busca e uso de informações pelas pessoas). 

Enfrentei estranhamentos fora e dentro da zona. Fora as pessoas não entendiam a importância e a relevância de pesquisar este assunto na ciência da informação e na biblioteconômia. 

No ambiente da zona o estranhamento vinha das mulheres que não estavam acostumadas a dar entrevistas para um estudante de biblioteconomia. Com estudantes e profissionais do jornalismo, da psicologia, da sociologia elas estavam acostumadas a falar.

No trabalho acadêmico procurei me despir dos valores morais e religiosos - fruto da minha vivência católica - e olhar de forma isenta o trabalho das prostitutas. Parti da premissa de que a prostituição não é uma atividade criminosa, embora tenha atividades subjacentes a ela que sejam (lenocínio, tráfico de pessoas, exploração sexual, etc.). 

Percebi o quanto é difícil desvencilhar-se dos preconceitos sociais, mesmo dentro da universidade. Ouvi de anedotas a grosserias. E críticas infundadas. A concepção da sociedade a respeito da prostituição é de desprezo e desinformação. 

A pergunta que mais ouvi (e ainda ouço), quando falo que a prostituição é uma atividade honesta, é: você gostaria (ou aceitaria) que sua mãe, irmã, filha, sobrinha, esposa (ou outra mulher próxima a você) fizesse isso? Respondo que não, não gostaria. 

Aceitar é diferente, porque trabalhar (isso mesmo, trabalhar) como prostituta é opção da pessoa, não caberia a mim aceitar ou não. Mas não gostaria. Não pelo preconceito contra a atividade. 

Não gostaria porque é um trabalho duro, difícil, estressante, desgastante e perigoso. Assim como não gostaria de vê-las cortando cana de manhã à noite, quebrando e carregando pedra, fazendo faxina doze horas por dia, de pé diante de um balcão quatorze horas por dia, ou trabalhando em qualquer atividade insalubre e mal remunerada.

A prostituição nas zonas de baixo meretrício é uma atividade insalubre (embora não seja tão mal remunerada, mas a alta remuneração depende de uma quantidade grande de programas por dia). Os hotéis de batalha da Rua dos Guaicurus (citados aqui como exemplo) são escuros, mal ventilados e sujos. 

O risco de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, por doenças “dermatológicas”, por doenças respiratórias é alto. O risco psicológico também. A exposição à violência, o preconceito da sociedade em relação à prostituição e as concepções morais e religiosas das mulheres que exercem a atividade (sim, elas também têm valores morais e religiosos) são fatores que podem desencadear depressões, pânicos e levar à dependência química. Ironicamente o conforto dessas mulheres costuma vir da religião, especialmente das leituras da bíblia e de livros espíritas.

Por tudo isso, trabalhar como prostituta não é fácil. Aliás, nada mais mentiroso que o rótulo “mulher de vida fácil”. Elas têm uma vida difícil, com jornada de trabalho acima de doze horas diárias e sem descanso semanal. 

E porque essa jornada tão opressiva? Tem vários motivos: porque a prostituta dos “hotéis de batalha” tem que pagar a diária do quarto (na época da pesquisa custava em torno de R$ 80,00 por meio período); porque a quantidade de programa varia de acordo com a idade e o físico da mulher (as mais jovens faturam mais); porque as mulheres estabelecem metas (como juntar uma quantidade de dinheiro, comprar uma casa, pagar um curso, montar uma pequena empresa) com prazo definido, geralmente de dois ou três anos.

Percebi que uma parte do preconceito em relação à atividade vem do desconhecimento dela. Já ouvi coisas do tipo: “ah, mas existem trabalhos honestos que elas podem fazer, elas podem fazer faxina, atender no comércio”. Sim, elas têm muitas opções de “trabalhos honestos”. Inclusive a prostituição, que é um trabalho honestíssimo. 

Das mulheres entrevistadas por mim, todas tinham experiências profissionais anteriores (balconistas, cozinheiras, caixas de supermercado, cabelereiras). Algumas chegaram até a se especializar em uma atividade. Outras cursaram (ou cursavam) faculdade. A escolha pela prostituição foi por uma razão lógica: no momento em que estavam desempregadas a prostituição foi vista como um meio para alcançar a independência financeira.

Quando ouço alguém criticando a prostituição e as prostitutas até desconsidero. Já entrei em muitas discussões que eu sabia que não ia mudar a concepção das pessoas. Agora não faço mais. Ouço e me calo. Mas sempre que vejo a possibilidade de falar abertamente sobre isso, com pessoas abertas ao diálogo, volto à carga. Porque foi gratificante fazer este trabalho. Aprendi muito e isso me ajudou a desfazer meus preconceitos. Enfim, é isso!".

Caso voce queira ler a dissertação do autor deste texto ela se é intitulada As práticas informacionais das profissionais do sexo na zona boêmia de Belo Horizonte, e está disponível para download no link abaixo. 


   Esta matéria foi publicada originalmente em:


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Prostituição em Rondônia. Vidas em trânsito: sexo, violência e ausência de órgãos públicos. http://maranauta.blogspot.com.br/2012/12/vidas-em-transito-sexo-violencia-e.html


Morte de estudante da UFPE cercada de mistério.

Falta uma explicação razoável sobre a morte de Raimundo Matias Dantas Neto, o Samambaia, estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Amigos e familiares do estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Raimundo Matias Dantas Neto, realizarão um protesto às 16 horas deste domingo para cobrar o esclarecimento sobre a morte dele. O rapaz saiu de casa na quarta-feira passada, dizendo que iria comprar um notebook no Centro do Recife para poder lecionar História e desapareceu.

Seu corpo foi encontrado na manhã da sexta-feira, na praia de Boa Viagem, em frente ao edifício Brigadeiro Eduardo Gomes, trajando apenas uma bermuda com a Carteira de Reservista no bolso. O caso está cercado de mistério.

samambaia estudante universitário ufpe
Raimundo Matias Dantas, o Samambaia, foi encontrado morto na praia.
A família questiona a falta de acesso para a identificação do corpo no Instituto de Medicina Legal (IML) e a liberação muito rápida. A Declaração de Óbito foi assinado pela médica legista Ana Dolores do Nascimento que identificou “asfixia por afogamento”. 

Irmã do estudante, Martinha Matias Dantas disse que o acesso foi proibido em duas visitas sob o argumento de que a Carteira de Reservista encontrada no bolso dele já o identificava.

Segundo familiares, a perita falou que o corpo não apresentava ferimentos ou escoriações e estava com roupa. Mas na segunda tentativa foram mostradas fotos nas quais o estudante estava sem blusa, parte dos seus dreads foram arrancados, existiam escoriações pelo corpo, a bermuda estava rasgada e seu pescoço parecia deslocado.

Abaixo, o relato de Bruna Machado Simões, amiga do estudante, sobre o ocorrido. Em seguida, a nota do departamento de Ciências Sociais da UFPE.

“Samambaia” – Raimundo Matias Dantas Neto, aluno do curso de Ciências Sociais da UFPE

Nosso querido amigo Samambaia saiu de casa na quarta-feira, dia 02/01 por volta das 19 h, informando a família que iria comprar um notebook. Nesse mesmo horário, um amigo dele entrou em contato para confirmar sua participação na “pelada” da quinta-feira, ele confirmou. Depois disso não se teve mais notícias dele. A família começou a procurar em hospitais, delegacias e nada. Na quinta-feira, a notícia do desaparecimento foi divulgada pelo programa “Ronda Geral”.
Na madrugada da quinta para sexta, o corpo dele foi encontrado na praia de Boa Viagem, na altura do posto 57. A família compareceu ao IML na sexta feira pela manhã, mas só tomamos conhecimento do desaparecimento dele depois da matéria exibida na TV, mais ou menos às 13:30 da tarde. 

A partir disso houve uma mobilização pelas redes sociais, até que de fato foi confirmado que o corpo dele já estava no IML. Quando conseguimos o telefone da família dele, entramos em contato e em seguida fomos ao IML. 

Chegando lá, conversamos com os parentes, e no atestado de óbito continha ‘ASFIXIA POR AFOGAMENTO’. 

Durante a conversa perguntamos se os parentes haviam visto o corpo, e eles disseram que foram PROIBIDOS, pois como a carteira reservista dele se encontrava no bolso, o corpo já estava “identificado”.

Questionamos e duas pessoas acompanharam o irmão dele em um nova tentativa de reconhecer o corpo, e mais uma vez lhe foi negado o direito de reconhecer o corpo do irmão.

“O por quê dessa agonia para vermos o corpo”? perguntou a perita que falou com a família de manhã. Segundo ela, havia relato que o corpo estava liso, sem nenhum ferimento ou escoriação, e estava de roupa. Achamos estranho pois, se foi por asfixia, haveria marcas no corpo. Nessa nova ida houve uma pressão para reconhecer o corpo estava notório o desconforto da pessoa que nos atendeu e sua constante tentativa de negar aos familiares o corpo de Samambaia.

Depois de muita insistência, foi mostrado um documento que contém fotos no momento em que o corpo chegou ao IML, nessas fotos foi visualizado que: ELE ESTAVA SEM BLUSA (a perita havia dito que ele estava vestido), PARTE DOS SEUS DREADS FORAM ARRANCADOS, HAVIA SIM ESCORIAÇÕES PELO CORPO, A BERMUDA DELE ESTAVA TOTALMENTE RASGADA, E O PESCOÇO ESTAVA APARENTEMENTE DESLOCADO.

Conseguimos uma advogada (mãe de uma aluna de pedagogia), ao relatarmos o caso para ela, ela começou a nos dar diretrizes. O IML queria se livrar do corpo sem ao menos esclarecer a morte. Na delegacia consta “morte a esclarecer”, no IML “asfixia por afogamento” e nada mais)… Quando se trata de uma asfixia se trata de um homicídio. Ao saber do caso a advogada nos orientou que o corpo não poderia sair do IML pois perderíamos as provas.

samambaia estudante ufpe
Raimundo Matias Dantas Neto, estudante universitário encontrado morto.
Hoje de manhã voltamos ao IML para falar com diretor, porém ele não trabalha nos finais de semana. Fomos pedir esclarecimento da causa morte, e ninguém soube dar explicação. 

Daí fomos com a família e a advogada, ao DHPP. Chegando lá depois de muita conversa, a delegada orientou que o corpo não fosse retirado do IML, pois como o caso não havia sido registrado como homicídio o DHPP não poderia instaurar o inquérito.

A delegada fez um ofício com pedido de URGÊNCIA que fosse feito um exame TOXICOLÓGICO. Voltamos com esse ofício para o IML, e mais uma vez houve um total descaso: primeiro não quiseram receber o ofício enviado pelo DHPP. Disseram que teríamos que esperar a perita que havia feito a perícia anterior. Isso era por volta das 11h, e essa perita chegaria às 13h.

Ficamos a sua espera, deu a hora e nada dela chegar e ninguém mais sabia onde encontrá-la. O perito que estava de plantão recebeu o ofício solicitando o exame e falou que haveria uma nova perícia.

É isso galera. Estão tratando o caso como mais um preto e pobre assassinado. Lá, eles chamam ‘ZÉMICIDIO’, apenas mais um na estatística. Queremos o apoio de todos. Quem tiver contato com a mídia, seja ela televisiva ou jornal impresso, por favor, que entrem em contato.

Tentaremos obter apoio da UFPE e do reitor para que haja um posicionamento da Secretaria de Defesa Social, não podemos deixar de cogitar a hipótese de crime racial.

Queremos justiça!

Nota do Departamento de Ciências Sociais e do Curso de Ciências Sociais da UFPE

Morte de Raimundo Matias Dantas Neto
SEGUNDA-FEIRA, 7 DE JANEIRO DE 2013
O Departamento de Ciências Sociais e o Curso de Ciências Sociais da UFPE, apoiados por vários Programas de Pós-Graduação e Cursos que compõem o Centro de Filosofia e Ciências Humanas desta Universidade, tentaram publicar nos principais Jornais do Estado de Pernambuco a nota abaixo. 

Um destes jornais chegou a cobrar de nossa Chefe de Departamento a soma de R$ 6.000,00 pela oportunidade de publicar o pequeno texto em sua íntegra… 

Pedimos, encarecidamente, aos leitores deste blog que divulguem a nota em suas redes, já que se trata de um fato e uma questão que nos dizem respeito como cidadãos.

O Departamento de Sociologia e a Coordenação do Curso de Ciências Sociais da UFPE, diante da trágica morte do estudante do Curso de Ciências Sociais Raimundo Matias Dantas Neto, encontrado morto na madrugada do último dia 04, em circunstâncias ainda não esclarecidas e que dão margem à suspeita de que não teria sido uma morte acidental por afogamento, vêm de público reivindicar das autoridades responsáveis pela investigação em curso uma apuração rigorosa das condições que provocaram seu trágico desaparecimento. 

Esta nota vem juntar-se às manifestações do corpo discente no sentido de um esclarecimento cabal dessas condições, de modo que à dor de sua perda tão sentida por seus colegas e familiares, a quem prestamos solidariedade, não venha somar-se o sofrimento, para o qual não há luto, de qualquer dúvida sobre as circunstâncias de sua morte.

Recife, 07 de janeiro de 2013.
Maria da Conceição Lafayette de Almeida – Chefe do Departamento de Sociologia
Eliane Maria Monteiro da Fonte – Coordenadora do Curso de Ciências Sociais

Também Subscrevem essa nota:
José Luiz Ratton – Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Lady Selma Albernaz – Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Patrícia Pinheiro de Melo – Chefe do Departamento de História
Maria do Socorro Abreu de Andrade Lima – Coordenadora do Curso de História
Gabriela Tarouco – Vice-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política
Daniel Rodrigues – Diretor do Centro de Educação
Ana Cristina Fernandes – Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Geografia
Cláudio Ubiratan Gonçalves – Chefe do Departamento de Geografia
Fernanda Torres – Coordenadora da Graduação em Geografia

(Acerto de Contas, Diário Pernambucano e Que Cazzo é Esse)

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Estudante ‘rejeitado’ da Unifesp comete suicídio dentro da faculdade. 
 
 UFPE de luto. Morreu o aluno do curso de Ciências Sociais, popularmente conhecido como SAMAMBAIA.

  Esta matéria foi publicada originalmente em:  Morte de estudante da UFPE cercada de mistério.
 http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/01/morte-estudante-ufpe-samambaia.html

Na China, foi executado "serial killer" Canibal. Cometeu 11 assassinatos.

china

Foi executado hoje, 10 de janeiro, na China, Zhang Iunming, assassino em serie, apelidado de “monstro canibal”, que em 4 anos assassinou 11 pessoas, informa The China Daily.

A agência France Presse cita o jornal chinês informando que os vizinhos de Zhang Iunming viram em sua casa sacos com objetos parecidos com ossos. 
O jornal afirma também que o assassino vendia os restos de suas vítimas no mercado aos clientes que não suspeitavam de nada, como “carne de avestruz”. 
O jornal escreve que a polícia detectou na casa do assassino os indícios de que ele comia fragmentos de corpos humanos.
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