domingo, 3 de março de 2013

Justiça do Trabalho condena montadora por fraude. Que feio, Ford!

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Montadora americana foi condenada num processo de R$ 400 milhões por forjar a contratação de deficientes físicos no Brasil; o objetivo era recolher menos impostos.


3 de Março de 2013 às 20:29

 

 

Governo financia entrega das infraestruturas do país a bancos e multinacionais .

Escrito por Paulo Passarinho.

Tudo indica, já entramos na fase antecipada da campanha presidencial de 2014. Neste mês de fevereiro, Dilma, Aécio, Eduardo Campos e Marina Silva claramente se movimentam com os olhos voltados para outubro do ano que vem.

Mas há substantivamente alguma novidade a ser destacada no discurso dessas figuras? Esta é uma indagação de difícil resposta, ao menos para a minha limitada visão. Razões para uma nova proposta não faltam. Apesar da propalada e badalada mudança nos rumos do país, nos anos Lula, o que mais assistimos é o mais do mesmo.

Estruturalmente, apesar da folga de nossas contas externas durante o período compreendido entre 2003 e 2007, não somente não aproveitamos essa oportunidade, como a partir de então voltamos à perigosa trajetória de crescentes déficits nas transações correntes do país. As bandeiras representativas para uma efetiva mudança nos rumos do Brasil, em relação ao projeto que se desenvolve desde os anos 1990 – mudança do tripé da política econômica; reforma tributária progressiva; reforma fiscal em prol da federação, das despesas sociais e da infraestrutura logística; reforma agrária e mudança paulatina do modelo agrícola, entre outras -, foram abandonadas.

O lulismo preferiu se fiar – além do apoio dos bancos, construtoras, multinacionais e agronegócio – na capitalização política dos efeitos das medidas compensatórias recomendadas pelo Banco Mundial – programas de transferência de renda aos mais pobres, reajustes reais do combalido salário-mínimo e ampliação dos mecanismos de crédito para a aquisição de bens de consumo.

Estas iniciativas tiveram, de fato, um importante efeito minimizador das graves consequências geradas e produzidas durante o segundo mandato de FHC (1999/2002). Isto propiciou, politicamente, efeito positivo que se traduziu na alta popularidade de Lula e na própria eleição de Dilma, em 2010. Mas somente os incautos ou oportunistas podem abstrair a perigosa trajetória que estamos trilhando.

Gigante rigorosamente adormecido, o Brasil de hoje é um país sem projeto próprio de desenvolvimento ou soberania. Sob o ponto de vista produtivo, temos uma economia desnacionalizada, uma indústria dominada pelas multinacionais, sem nenhuma autonomia científica ou tecnológica (excetuando-se, talvez, o setor de petróleo, graças à permanentemente atacada Petrobrás), e um modelo agrícola baseado na importação de insumos, defensivos e sementes, utilizadas sobremaneira em monoculturas extensivas, voltadas para a exportação de commodities. A expansão da renda e do emprego dos trabalhadores de baixa qualificação somente foi possível a partir de forte processo de endividamento do Estado, das empresas e das famílias.

A fragilidade do país é tamanha que até mesmo na área de serviços, tradicionalmente dominada pelo capital nacional, o avanço do capital estrangeiro é notório e abrangente. Diferentes setores são exemplos claros desse processo. Bancos, supermercados, estabelecimentos de ensino, hospitais, planos de saúde e outros serviços públicos essenciais ao dia-a-dia da população passam crescentemente às mãos de “investidores” externos.

Dentre esses serviços públicos essenciais, ganha destaque a infraestrutura logística do país. Em meio à ofensiva privatista do primeiro governo de FHC – e apesar de que já estivessem sendo entregues à iniciativa privada os setores de telecomunicações, empresas de distribuição de energia elétrica, água e saneamento, entre outros setores controlados por antigas estatais –, a promessa e justificativa para tão abrangente programa de desestatização era a necessidade de o Estado gerar recursos para serem investidos na redução da dívida pública, nas áreas sociais e na infraestrutura do país.

Apesar disso, o que hoje assistimos é a explosão do endividamento público – comprometendo quase a metade do Orçamento Geral da União com despesas financeiras -, a acelerada degradação da qualidade dos serviços sociais públicos e a total incapacidade do Estado em construir e manter adequadamente a infraestrutura logística do país.

Frente a essa situação, pressionado pelas reduzidas taxas de investimento da economia brasileira e o baixíssimo crescimento econômico nos dois primeiros anos de seu governo, Dilma resolveu lançar um ambicioso programa de concessões e investimentos, voltado para as áreas de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, hidrovias, geração e transmissão de energia elétrica, petróleo e gás.

Os números projetados pelo ministro da Fazenda, garoto-propaganda do pacote apresentado nesta semana, em Nova York, a investidores, chegam a um montante anunciado de US$ 235 bilhões. Para os interessados, além de uma taxa real de retorno que será superior a 10% ao ano (descontada a inflação), e de um prazo de duração dos contratos ampliado, variando de 30 a 35 anos, o governo oferecerá crédito subsidiado, em um montante correspondente entre 65% a 80% do valor dos investimentos previstos.

Esta chamada “alavancagem” será garantida pelo governo através do BNDES, e também através dos bancos privados. Desse modo, para tornar ainda mais atrativo o negócio, inclusive para os hiperlucrativos bancos privados brasileiros, o Tesouro Nacional repassaria diretamente a esses bancos os recursos a serem emprestados aos futuros interessados pelas concessões a serem feitas pelo governo.

Aos leitores que se encontrem espantados ou perplexos com tanta generosidade do governo brasileiro, há uma explicação adicional que é importante de ser conhecida. Para a chamada formatação dessas propostas de concessões, o governo criou, em 2009, uma empresa, a Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP), uma curiosa união do BNDES com oito bancos com atuação no país: Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Santander, HSBC, Citibank, Espírito Santo e Votorantim. É esta empresa, portanto, que estabelece essas condições, para a continuidade da entrega da área de infraestrutura do país a investidores privados e estrangeiros, sempre com a providencial transferência de recursos do Estado para esses insuspeitos interessados.

Infelizmente, nenhum dos quatro possíveis postulantes à presidência da República, em 2014, citados no início deste artigo, apresenta qualquer divergência relevante, em relação ao modelo econômico em curso no Brasil. Apesar, inclusive, das permanentes e artificiais alfinetadas entre tucanos e lulistas. Por isso, cabe a pergunta: qual a razão para tanta precipitação? O que se disputa, a rigor, é apenas a gerência de um projeto, pré-definido pelos interesses hegemônicos de bancos e multinacionais.

A urgência, com certeza, deve ser de outra natureza: a necessidade de um verdadeiro candidato à presidente da República, com um projeto e plano de governo, dignos da importância desse cargo e do real significado da palavra república.

Paulo Passarinho é economista e apresentador do programa de rádio Faixa Livre.

Matéria publicada originalmente em:

Brasil. Crise não teve impacto nas políticas sociais do Brasil, diz diretora do Banco Mundial .

Deborah Wetzel - Diretora do Bird.
Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil.

Brasília – Enquanto a crise econômica internacional fez a política social em diversos países regredir, o Brasil soube manter as melhorias para as camadas mais pobres da população e, ao mesmo tempo, preservar a estabilidade macroeconômica. A avaliação é da diretora do Banco Mundial (Bird) para o Brasil, Deborah Wetzel. 

Ela reconhece que o país ainda tem muitos desafios a superar, mas está mais avançado do que a maioria das nações emergentes e da América Latina no combate à pobreza e na redistribuição de renda.


No cargo desde abril do ano passado, Deborah Wetzel administra um orçamento de US$ 3 bilhões por ano para o país, dos quais metade está aplicada na Região Nordeste. 

Em entrevista à Agência Brasil, ela diz que considera o Brasil um grande exportador de políticas de proteção social, de segurança pública e de desenvolvimento sustentável. Em relação à sua gestão, a diretora destaca que pretende dar continuidade à ampliação do foco de atuação do Banco Mundial.

Em vez de se concentrar no financiamento a empreendimentos de infraestrutura, a instituição, nos últimos anos, tem passado cada vez mais a apoiar projetos sociais vinculados a metas e à gestão de resultados. A capacitação de gestores públicos, o atendimento a usuários de drogas, o aumento da produtividade agrícola e o combate à violência contra a mulher estão entre os projetos atualmente financiados no Brasil. Algumas dessas ações serão mostradas ao presidente do Bird, Jim Yong Kim, que chega amanhã (4) ao Brasil para uma visita de três dias.

Leia abaixo a entrevista com Deborah Wetzel:


Agência Brasil – Como a senhora definiria sua gestão? Quais são os principais projetos financiados atualmente pelo Banco Mundial no Brasil?

Deborah Wetzel – Nosso programa está alinhado com as metas e o objetivo do governo na redução da pobreza e da desigualdade. Temos US$ 3 bilhões de empréstimos por ano no Brasil, dos quais 80% estão investidos em parcerias com estados. O acesso à educação e à saúde, a inclusão social de mulheres e pobres, a mobilidade urbana e o apoio aos programas Luz para Todos e Brasil sem Miséria são alguns dos principais projetos financiados hoje. Ainda existem ações tradicionais, ligadas a investimentos em infraestrutura, mas o banco tem financiado, cada vez mais, projetos vinculados a resultados, em que as parcelas dos empréstimos são liberadas à medida que as metas sejam alcançadas.

ABr – Como o banco define os projetos a serem financiados? Que avanços já podem ser sentidos?

Deborah Wetzel – Olhamos as necessidades do Brasil e definimos onde aplicar os recursos. Proteção social, educação, saúde e combate aos efeitos das mudanças climáticas atualmente são nossas prioridades. Os avanços do Brasil são impressionantes. Desde 2010, o país cumpriu a Meta do Milênio [conjunto de ações propostas pelas Nações Unidas para serem alcançadas até 2015] referente à redução da pobreza. O Brasil está mais avançado do que a maioria da América Latina e dos países emergentes na distribuição de renda e nas políticas sociais.

O Brasil é um grande exportador de ideias. Experiências como o Bolsa Família, as UPPs [unidades de Polícia Pacificadora], o desenvolvimento sustentável em comunidades extrativistas e a melhoria da produtividade agrícola despertaram o interesse do mundo e dão voz ao país nas conferências internacionais. 
Enquanto muitos países regrediram [nas políticas sociais] com a crise econômica mundial, o Brasil manteve as conquistas sociais, ao mesmo tempo em que conseguiu preservar a estabilidade macroeconômica. Para crescer, é preciso tanto inclusão social como estabilidade. O Brasil está conciliando as duas coisas. Sem contar que o Brasil está conseguindo crescer cuidando do meio ambiente. O desmatamento está no nível mais baixo das últimas décadas.

ABr – Apesar dos avanços na distribuição de renda, o país ainda deixa a desejar na qualidade da educação, da saúde pública e está longe de fornecer saneamento para toda a população. O que precisa ser feito para progredir nessas áreas?

Deborah Wetzel – De fato, o Brasil ainda tem muito a avançar nessas áreas, mas os avanços podem ser observados. Em relação à educação, o país fornece acesso à escola para praticamente todas as crianças. Claro que a qualidade do ensino precisa ser trabalhada, mas o número de crianças em escolas integrais está aumentando, e as notas no Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Alunos] e no Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] estão melhorando a cada ano.
Em relação à saúde, os investimentos nas UPAs [unidades de Pronto-Atendimento] e no Programa Saúde da Família [de atendimento domiciliar] estão tendo resultados bem impressionantes e desafogando os hospitais. 
O Banco Mundial está trabalhando para melhorar o acesso aos medicamentos e ao treinamento de profissionais. 
No saneamento, realmente o Brasil está mais atrasado, mas os investimentos estão sendo feitos, e o país progride aos poucos. Financiamos muitos projetos nessa área no Norte e no Nordeste. Aliás, o Nordeste concentra 50% dos recursos investidos pelo banco hoje no país.

ABr – Uma das críticas ao Bolsa Família é que o programa não fornece uma porta de saída. Boa parte dos beneficiários não consegue se inserir no mercado de trabalho e, segundo os críticos, passa a depender eternamente do governo. Como superar esse ciclo?

Deborah Wetzel – Esse tipo de questionamento é normal neste momento do programa, que completa dez anos. Ao mesmo tempo em que o governo fornece proteção social, precisa incluir essas pessoas na produção. Só que os críticos esquecem que os resultados levam muito tempo para aparecer. É um trabalho de gerações, até porque envolve mudança de comportamento e melhoria na qualificação profissional. Os filhos dos beneficiários vão à escola integral três vezes mais hoje do que antes do Bolsa Família e estarão muito mais preparados para entrar no mercado de trabalho. Mesmo assim, o Brasil sem Miséria tem componentes para dar esse tipo de oportunidade para a geração atual, como programas de microcrédito. Sem falar que o Bolsa Família eleva o consumo e os investimentos nas áreas mais pobres. O programa tem retornos crescentes no longo prazo, mas os resultados no curto prazo também são expressivos.

ABr – Outro problema social que explodiu nos últimos anos foi o consumo de drogas nos centros urbanos. O Banco Mundial também está atento a essa questão?

Deborah Wetzel – Apoiamos projetos de ajuda a viciados em três cidades: no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Recife. Os projetos oferecem atendimento médico, psicológico e, no caso do Recife, encaminham os pacientes para casas de apoio. Essa é uma das áreas novas de atuação do Banco Mundial. As drogas são um exemplo de como os problemas sociais são ligados e exigem respostas transversais. Precisamos trabalhar dos dois lados, dando tratamento e oportunidade econômica.

ABr – O que a senhora espera da visita do presidente do Banco Mundial ao Brasil?

Deborah Wetzel – Quero mostrar os sucessos das ações brasileiras de combate à pobreza e de enfrentamento aos mais diversos problemas sociais. O Brasil é um país descentralizado, com experiências de gestão que envolvem vários setores do governo e da sociedade. O Banco Mundial fez muito com o Brasil, mas também aprendeu muito com o país.

Veja aqui a galeria de fotos.

Edição: Juliana Andrade

Matéria publicada originalmente em:
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Acidente envolvendo Caminhonete S-10 de Vereador causa a morte de duas pessoas em Imperatriz.

Francivanio dos Santos Silva morreu no local.
 Um casal morreu na madrugada de hoje em um acidente acidente ocorrido no cruzamento da Rua Pernambuco com Avenida Bernado Sayão, os veiculos envolvidos no acidente foi a camionete S 10 preta de placa NHN-6560 do MUnicípio de Senador La Roque-MA, o veiculo é de propriedade do vereador Buzuca que seguia pela Avenida Bernado Sayão e colidiu com uma moto trax 50 vermelha de placa OIV-8156-Imperatriz-MA.
 
Francivanio dos Santos Silva morreu no local.
O motoqueiro Francivanio dos Santos Silva 39 anos morreu no local enquanto que Antonia de Jesus que estava na garupa da moto foi socorrida pela Samu não resistindo aos ferimentos teria morrido a caminho do Socorrão, no momento do acidente o parlamentar teria saido do local sendo localizado no Hospital. 

Francivanio dos Santos Silva morreu no local.
A Caminhonete S-10 do vereador, junto com a moto traxx encontram-se na Delegacia Regional de Segurança, o parlamentar encontra-se internado no Socorrão onde teria ficado com escoriações pelo corpo e ferimento no rosto, na colizão a moto traxx teria avançado o sinal e bateu na lateral direita da camionete.

   
FOTOS JESNEM MORAIS

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Acidente com o TREM da VALE. Sarney Filho pede explicações sobre acidente de trem que vazou óleo no Rio Pindaré.


O líder da bancada do PV na Câmara dos Deputados, Sarney Filho, solicitou ao IBAMA do Maranhão providências em relação ao acidente ocorrido no estado na madrugada de quinta-feira, 1° de marco, quando um trem operado pela Companhia Vale do Rio Doce, que transportava combustível, descarrilou na Estrada de Ferro Carajás (EFC) na altura do município Buriticupu (MA), provocando vazamento de óleo.
 
De acordo com informações preliminares do IBAMA, onze dos 30 vagões tombaram, obstruindo a ferrovia próxima ao Rio Pindaré, um dos mais importantes do estado. 

Cada vagão carregava cerca de 100 mil de litros de óleo ou gasolina. 


- Tão logo soubemos do ocorrido, entramos em contato com o IBAMA no Maranhão para verificarmos a extensão do problema e as providências adotadas. Não obstante as ações já realizadas,vamos continuar a acompanhar o assunto, inclusive, se necessário, com o envio de Requerimento de Informações, com o intuito de garantir, prioritariamente, que o rio não seja atingido e que os responsáveis sejam efetivamente punidos – afirmou Sarney Filho.

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Dep. Fed. Sarney Filho
Ainda de acordo com as informações do IBAMA, passadas ao deputado Sarney Filho, o vazamento ocorreu do lado contrário ao do rio Pindaré, fazendo com que a própria linha férrea se transformasse em uma barreira natural de proteção ao rio. 


No entanto, parte do óleo passou por canaletas de drenagem fluvial, alcançando o outro lado e se aproximando do rio (cerca de 30 m) em pequena quantidade. As barreiras de contenção necessárias e a sucção do local já foram efetivadas. A empresa será autuada e as providências de mitigação do dano e recuperação da área afetada serão definidas após o relatório final.


Em nota, a empresa VALE informou que “já tomou as medidas de segurança necessárias para evitar danos ao meio ambiente”.


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sábado, 2 de março de 2013

Entrevista ao cientista social, mestre em Sociologia e blogueiro, Pedro Jorge Chaves Mourão. . Noticias de ontem.


Pedro Jorge Chaves Mourão é mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará [2012]. Formou-se em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Ceará (licenciatura) em 2009 e se pós-graduou pela Universidade Federal do Ceará em 2012. 
 
Mourão vem se dedicando ao estudo dos “habitus políticos”, cujo objeto foi tema de sua dissertação de mestrado.
 
Pedro Jorge Chaves Mourão mantém, desde 2009, um blog voltado à Ciências Sociais. Nossa entrevista tem por objetivo conhecer um pouco mais desse blog, o Ciência Social Ceará (CSC).
 


1. Café com Sociologia: Embora traçamos uma brevíssima descrição de sua trajetória acadêmica, nos diga quem é o acadêmico e blogueiro Pedro Jorge Chaves Mourão.

Pedro Jorge Chaves Mourão:
Os dois são o mesmo homem. O blog CSC é uma ferramenta de divulgação da ciência local e regional. O blogueiro é uma extensão do cientista.  Sou um cara simples, filho de funcionária pública. Desde pequeno sempre fui muito curioso, e comecei a perceber que a Ciência respondia muitas das minhas perguntas.

2. Café com Sociologia: Além de acadêmico, você é blogueiro. Para você, qual o papel do blogueiro hoje?
Pedro Jorge Chaves Mourão:
Os blogs nasceram de um desse processo de individualização que percorre as sociedades contemporâneas. Eles servem basicamente para compartilhar ideias. O blogueiro e o blog vão ser os vetores dessas
ideias.

3. Café com Sociologia: Como os blogs podem auxiliar no tocante ao ensino de Sociologia no Brasil?
Pedro Jorge Chaves Mourão:
Justamente por serem espaços informais de compartilhamento de informação.
Não há regras rígidas nos blogs, não há uma hierarquia forte como na escola. Nem horários rígidos.
No blog a linguagem pode ser a mais simples e direta possível, com vídeos, bate-papos, quadrinhos, músicas, etc. Ou seja, é o paraíso da metalinguagem e da educação informal que é a modalidade mais presente na sociedade. 

4. Café com Sociologia:  O que o levou a criar o blog Ciência Social Ceará?
Pedro Jorge Chaves Mourão:
“A necessidade é a mãe da invenção”. Eu crie esse blog porque queria muito que alguém tivesse feito ele. Eu precisava de um site com noticias, vídeos, entrevistas, dicas, artigos sobre as Ciências Sociais e os blogs e sites que existiam na época eram pouco atualizados.
 
5. Café com Sociologia:  Como foi a escolha do nome para o blog? Sempre foi “Ciência Social Ceará”? Por que esse nome?
Pedro Jorge Chaves Mourão:
Nome bem criativo não é?! (risos)
Sim, sempre foi. A área do conhecimento se chama Ciências Sociais e o blog é no singular, Ciência Social.
Coloquei esse nome no singular porque, pessoalmente, eu nunca consegui ver a antropologia, a ciência política e a sociologia como áreas tão diferentes assim. Essa segmentação das Ciências Sociais é mais uma estratégia metodológica para compreender a amplitude das realidades sociais do que de fato uma barreira entre essas ciências.
Um exemplo disso são os meus trabalhos e escritos. Neles eu mesclo as três ciências quase sempre, porque se eu não mesclar não vou conseguir dar conta de entender os fenômenos sociais. No mestrado eu pesquisei a política local, usando métodos clássicos da antropologia, e fiz uma análise sociológica. Se não tivesse feito isso não daria para compreender a política local na amplitude que queria.

6. Café com Sociologia: Como você define o blog e qual o foco ou objetivo do CSC?
Pedro Jorge Chaves Mourão:
O objetivo é fazer divulgação cientifica. Ciência não divulgada é ciência morta e não serve para muita coisa a não ser dar emprego para doutores. A divulgação cientifica é mais comum nas ciências exatas. Exemplos disso foram os trabalhos e grandes cientistas, Stephen Hawking com o livro “Breve História do Tempo: do Big Bang aos Buracos Negros”, Carl Sagan com o livro que virou série de TV “Cosmos”, os seus livros “Os Dragões do Éden”, “O Mundo Assombrado Pelos Demônios”. Qual trabalho famoso temos de divulgação cientifica nas Ciências Humanas ou Sociais? Não existe. Quando falamos em Ciências poucas pessoas conseguem associais isso a Sociologia, a Antropologia, a Ciência Política. Essa primazia da ciência como modelo exato é um engano criado em parte pelos cientistas das humanidades que negligenciaram a divulgação cientifica como uma parcela do seu trabalho. Essa negligência se dá em parte pelo fato de que a maioria das pessoas que fazem Ciência no Brasil são de uma aristocracia local que tem o privilégio de não se preocupar em dar uma resposta a sociedade do que está fazendo. Por outro lado as próprias agências de fomento a Ciência não buscam muito dar apoio a projetos de divulgação científica.
O seu blog provavelmente não tem apoio de ninguém exceto do seu bolso e de amigos mais próximos, o meu também não. Será que o CNPQ, a CAPES ou as agências de fomento local apoiariam nossos blogs? Duvido muito.  No Brasil, Ciência é feita por poucos para poucos e financiada por todos (com dinheiro público). O objetivo e o foco do blog são o extremo oposto dessa realidade que descrevi.
 
7. Café com Sociologia:  Normalmente o blogueiro tem uma idéia ou representação dos visitantes, qual o perfil que você imagina ter os visitantes do CSC?
Pedro Jorge Chaves Mourão:
Excelente pergunta. Mais sociológica impossível (risos).
Acredito que são estudantes na maior parte, jovens entre 15 e 30 anos. Que têm curiosidade de entender “as lógicas” da sociedade humana. Estudantes de ensino médio querendo saber um pouco mais sobre uma futura profissão de cientista social, estudantes de graduação e pós graduação querendo ver algo interessante e leve. 
 
8. Café com Sociologia:  Quase todos os interessados em Ciências Sociais que buscam blogs dessa área na internet conhecem o CSC. Como você vê a repercussão do blog? A que se daria tal repercussão?
Pedro Jorge Chaves Mourão:
Gentileza sua. Acho que a repercussão é fruto de três fatores: divulgação, atualização do blog e conteúdo interessante. Eu tento fazer os três, mas é difícil. Eu tenho uma vida pessoal e a manutenção do blog é feita praticamente só por mim. O que acaba dando ao blog faceta bem artesanal.

9. Café com Sociologia:  Qual o balanço que você faz do blog durante estes quatro anos de existência?  Fazendo uma analogia entre algumas fases de desenvolvimento humano, o blog estaria em qual delas? infância, adolescência, juventude, idade adulta ou melhor idade? Por que?
Pedro Jorge Chaves Mourão:
Não consigo enxergar dessa forma. Por mim ele deve permanecer com o mesmo espírito que o fundou. Ele nasceu sobre o signo da informalidade e da despretensão. É um projeto despretensioso, como uma garrafa contendo uma carta que foi jogada no mar.

10. Café com Sociologia:  Qual o principal desafio para manter um blog com esta temática hoje?
Pedro Jorge Chaves Mourão:
Tempo, e conteúdo de qualidade. Os leitores são vorazes e consomem informação como quem bebe água no deserto. Se não colocar postagens novas o blog vira relíquia de museu. Por isso às vezes eu coloco as chamadas “noticias frias”, aquelas que podem ser divulgadas hoje ou semana que vem que não fará diferença. Artigos científicos, ensaios, vídeos, livros, ensaios. Eu sempre busco deixar algumas postagens programadas para serem lançadas no blog.

11. Café com Sociologia: Ao longo desses 4 anos do CSC, certamente foram várias as experiências como blogueiro. Qual foi a mais significativa?
Pedro Jorge Chaves Mourão:
 Através do blog conheci vários colegas de diversos lugares, do Brasil principalmente. Pude trocar experiências valiosas com todos e também deixei um pouco do que aprendi com todos eles. Não posso eleger uma só. Todas elas deixaram marcas na minha trajetória pessoal e profissional.  

12. Café com Sociologia:  Para finalizar nossa entrevista, quais os próximos passos planejados para o CSC? E quais os seus planos acadêmicos?
Pedro Jorge Chaves Mourão:
Um poeta já disse uma fez:
“Nossos sonhos são os mesmos há muito tempo, mas não há mais muito tempo pra sonhar”.
Vou tentar fazer o que todo acadêmico no Brasil quer fazer: terminar o doutorado, prestar concurso para professor efetivo em alguma universidade pública, pesquisar, ensinar, e articular alguma ação na área de políticas públicas, a qual gosto muito.
No blog, eu gostaria de reformular o layout dele em breve e em um futuro não tão distante, quem sabe fazer um projeto para um programa de TV ou de internet, divertido, didático e informal aos moldes dos programas da TV Cultura.
Mas isso vai depender de muita coisa.  Obrigado pela entrevista, sucesso ao Café com Sociologia e aos seus integrantes.

13. Café com Sociologia: Nós que agradecemos pela entrevista e desejamos sucesso ao acadêmico e ao blogueiro Pedro Jorge Chaves Mourão.

O endereço do blog CSC é http://cienciasocialceara.blogspot.com.br/
 
 
Notícia publicada originalmente em:

Brasil - Criação da Guarda Costeira Nacional envolveria gasto bilionário.

P47 - Poder Naval

vinheta-clipping-navalHá uma década, a Marinha conseguiu vetar projeto de criação de uma Guarda Costeira, nos padrões norte-americanos. Agora, o projeto volta à tona, através do senador Vicentinho Alves (PR-TO), que se refere à Polícia Hidroviária Federal. Ao que se sabe, a Marinha está preocupada, pois as atribuições da nova polícia são próximas das atribuídas à Força Armada: patrulhamento ostensivo das hidrovias, cursos d”água, lagos, portos e costa marítima. A criação do Ministério da Defesa acabou com ministros militares; já a Força Nacional de Segurança é vista por alguns analistas como outro motivo de esvaziamento para os militares. Esses mesmos analistas afirmam que em breve poderá acabar o controle militar sobre o tráfego aéreo civil – o que, na verdade, é o que predomina no resto do mundo, o controle civil.

Para observadores, a transferência para a Atech S/A de todos os trabalhos de desenvolvimento genuinamente nacional, na área dos sistemas de Defesa Aérea e de Controle do Tráfego Aéreo, que foram produzidos pela antiga Fundação Atech, seria um dos passos para esta separação da parte civil da militar. Diz uma fonte: “Uma fundação, que não pode ser vendida, dificultaria qualquer tipo de mudança de controle. 

A venda da Atech S/A para a Embraer Defesa e Segurança (que é equivalente à venda desta área do conhecimento nacional) teria sido um passo imprescindível, inclusive porque esta atividade de Controle e Defesa Aérea não está incluída nas condições de segurança dadas pela golden share que o governo tem na Embraer. Acrescente-se a esta suposição o fato de a Atech S/A estar trabalhando com software Advanced Arrival Management System para Controle de Aproximação da Deutsche Flugsicherung (DFS), organização estatal alemã sem fins lucrativos, o que pode ser o início de uma mudança de postura em relação aos desenvolvimentos autóctones feitos no passado pela hoje extinta Fundação Atech”.

Segundo informações, a mudança proposta pelo senador Vicentinho poderia gerar contratos bilionários e muitos novos empregos públicos, como afirma outra fonte: “O Controle do Tráfego Aéreo é similar ao Controle do Tráfego Marítimo. 

Alguém consegue imaginar o quanto custará um sistema para patrulhamento ostensivo das hidrovias, cursos d”agua, lagos e portos da Amazônia? E do Pantanal? E da costa brasileira, com todas as baías, enseadas e portos? Quantas empresas nacionais e estrangeiras prestarão serviços ou venderão produtos? Quantos cargos e empregos serão necessários e distribuídos? Alguém consegue imaginar o quanto custará instalar (quase duplicar) um sistema de controle do tráfego aéreo (civil) independente do Controle da Defesa Aérea (parte militar)?”.

Gastos em excesso

Na verdade, se verbas forem efetivamente liberadas, os gastos para defesa seriam enormes. Há os projetos do Sisfron (Sistema de Monitoramento de Fronteiras); há o SisGAAz (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul); há o Programa de Obtenção dos Navios de Patrulha Costeira e de Patrulha Oceânica; há o Plano Nacional de Fronteiras do Ministério da Justiça; há a implantação dos Sistemas de Segurança para os grandes eventos em diversas capitais; e outros mais, tudo isso movimentando planejamentos de bilhões de reais. Quanto mais são os projetos bilionários, maiores os interesses políticos.

Se a Marinha perder os Grupamentos de Patrulha Naval e a DPC e seus adendos, ficará sem parte de sua capacidade operacional e ainda sem uma fortuna oriunda das taxas que são cobradas pela utilização de auxílios à navegação e para o ensino profissional marítimo. O mesmo acontecerá com o Comando da Aeronáutica que perderia a arrecadação de tarifas e poderá até mudar de nome, para Comando da Força Aérea, se passar a ser responsável apenas pelas atividades militares de defesa aérea.

FONTE: Monitor Digital – Primeira Linha