segunda-feira, 4 de março de 2013

Petrobras em grave crise financeira desmonta o canteiro de obras da Refinaria Premium em Bacabeira.



Petrobras desmonta canteiro de obras da refinaria - Empreendimento estaria deixando o município com um calote de R$ 1 milhão no comércio.

Refinaria Premium - Desmonte do Canteiro de Obras em Bacabeira.
O canteiro de obras da refinaria Premium I, da Petrobras, em Bacabeira, apontado como o maior empreendimento do Maranhão, com a promessa de gerar mais de 200 mil empregos em sua fase de construção e milhares de outros na fase de operacionalização, começou a ser desmontado. 

As fotos obtidas com exclusividade pela reportagem mostram a retirada de equipamentos que seriam usados na construção do empreendimento, que não será mais construído por falta de investimentos da Petrobras.

Na última quinta-feira, dia 28 de fevereiro, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em entrevista a uma emissora de rádio, reconheceu que a Petrobras encontra “certa dificuldade financeira para concluir as obras da Refinaria Premium 1, no Maranhão”. Segundo ele, a presidenta da estatal, Graça Foster, está na China em busca de parcerias para viabilização do projeto.

Refinaria Premium - Desmonte do Canteiro de Obras em Bacabeira.
De acordo com Lobão, a construção dessa refinaria e de outras, como a de Pernambuco e a do Rio de Janeiro, é importante para a reduzir as importações de diesel e gasolina no país. “Esse projeto não pode acabar porque é uma necessidade para o país. Estamos importando gasolina e diesel em grande quantidade, não porque não temos petróleo, mas porque não temos refinaria.”

Apesar de reconhecer a dificuldade financeira da Petrobras, o ministro garantiu que a rodada de negócios na China ocorre a convite do país. “Ela [Graça Foster] recebeu convite para isso. Ela não está lá à procura de investidores”, destacou Lobão. Caso consiga fechar parceria, os recursos também podem ser usados nas obras da refinaria do Ceará.

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No início da semana, os comentários que se propagaram nas ruas de Bacabeira, davam conta de que o acampamento da Refinaria Premium I, estaria sendo desmontado, pois, segundo as informações, o empreendimento não será mais construído por falta de recursos.

O assunto ganhou repercussão ainda maior durante a sessão na Assembleia Legislativa na última quarta-feira (27), quando o líder do governo, César Pires (DEM), pediu explicações sobre a paralisação das obras. Ele disse que a instalação da refinaria vem sendo colocada como um dos carros-chefe do desenvolvimento do Estado, mas desconfiou da finalização da obra.

“Gritei pelo aeroporto, gritei pela estrada e estou falando agora pela refinaria de Bacabeira. Quem quiser silenciar que silencie”, declarou. “Temos que lutar por tudo isso, sob pena de um Ceará gritar e ser ouvido, de um Pernambuco conseguir gritar. Independente da posição política que ocupemos, nada pode nos levar a silenciar em ver a situação que se encontram as obras da refinaria. Estou errado como governista em dizer isso?”, completou.

Imagens revelam, dentre outras coisas, que a Petrobras não teria mais interesse em investir no empreendimento no município bacabeirense. Em crise, a estatal não teria dinheiro para bancar a construção da refinaria. Os investimentos são superiores a R$ 40 bilhões e, com os cofres vazios, a empresa precisa economizar, cortar despesas e se desfazer de refinarias que comprou fora do Brasil para equilibrar o caixa.

Refinaria Premium - Desmonte do Canteiro de Obras em Bacabeira.
Sem dinheiro, a Petrobras não tem como bancar a construção das refinarias no Ceará e no Maranhão. É uma triste notícia para a economia do Maranhão. A expectativa criada sobre a implantação do empreendimento foi grande e, na mesma proporção, está sendo a frustração com esse sonho que demora a se transformar em realidade.

No último sábado, por exemplo, o que deveria ser um canteiro de obras virou uma espécie de brechó com vendas de produtos usados de tudo o quanto. Era caixa d’água, ar condicionado, vaso sanitário... os equipamentos estavam sendo vendidos a preço de liquidação. Um ar condicionado que custa em média R$ 900 reais, estava sendo adquirido por R$ 70 reais. Uma Caixa d’água de 3000 litros, que custa no mercado aproximadamente R$ 800 reais, estava sendo adquirida no canteiro de obras da Petrobras, por R$ 40 reais.
CALOTE NO COMÉRCIO -  Além da incerteza envolvendo a refinaria, empresários de Bacabeira acusam a empresa de engenharia elétrica Marza de dar calote no comércio motivando a instalação de processos na Justiça contra a empreiteira prestadora de serviços da Petrobras.
De acordo com as denúncias, as dívidas da companhia com funcionários e fornecedores somam R$ 1.000.300.000 (um milhão e trezentos mil de reais), e se acumulam desde maio de 2012, quando foram iniciadas as obras da Refinaria Premium I, a maior do Brasil e a quinta maior do mundo.
Registrada com CNPJ n° 00.961.981/0001-33, a empresa tem o nome fantasia “Marza” e funciona no número 252 da Rua João Thon, Condomínio Matarozo, no Centro de Jaguariaiva, no Paraná.
Ao registrar a “Marza Engenharia Elétrica Ltda” (nome que consta na razão social), o representante informou ao fisco nada menos que 09 atividades de atuação. Na atividade econômica principal, diz que atua com serviços de engenharia.
Na secundária, ela se apresenta como administração de obras; outras obras engenharia civis não especificadas anteriormente; instalação e manutenção elétrica; obras de terraplanagem, perfuração e sondagens; construção de estações e redes de distribuição de energia elétrica; comercio varejista de material elétrico; comercio varejista de material hidráulico.
1001 UTILIDADES - Foi com essa “mil e uma utilidades” que a Marza juntamente com a empresa Siemens, formaram o consórcio SIEMAR e viraram prestadoras de serviços da Petrobras para trabalhar construção da Refinaria Premium I, em Bacabeira.
Na época, o início oficial da obra, ocorrido em 31 de maio de 2012, foi marcado pela entrega do Código de Ética da Petrobras aos executivos da Siemens e da Marza, conforme foto publicada no site da Siemens.
Em Bacabeira, o Lava a Jato do Samuel; o Restaurante Serv-Bem; proprietários de imóveis alugados e caçambeiros estão entre os fornecedores que foram vítimas do calote. Os débitos da empresa no município ultrapassam os R$ 100 mil.
O QUE DIZ A PETROBRÁS?
Os empresários que foram vítimas do golpe levaram o caso à diretoria da Petrobras, mas a estatal informou que não tem como obrigar sua prestadora de serviços a pagar os débitos. No escritório da MARZA/SIEMAR em Bacabeira, ninguém quer comentar sobre o caso dos fornecedores lesados. Enquanto isso, os protestos contra a empresa vão se acumulando nos órgãos de proteção ao crédito. De maio a janeiro foram mais de 700 protestos.
02/03/2013 16h21 - Atualizado em 02/03/2013 19h05
redacao@folhamaranhao.com

MATÉRIA PUBLICADA ORIGINALMENTE EM : 

Cobrador de van pirata é executado com tiros na cabeça ao ser confundido com assaltante pela Policia Militar.


PM confunde cobrador de van pirata com assaltante e dispara tiro na cabeça. Isaías Monteiro - Publicação: 03/03/2013 18:53 Atualização: 03/03/2013 20:53.
 

O cobrador de uma van pirata foi morto com um tiro na cabeça disparado por policiais militares de Goiás na madrugada deste domingo (3/3) na saída do Jardim ABC, da Cidade Ocidental. Ironildo Pereira dos Santos foi confundido com um adolescente que havia anunciado um assalto no veículo minutos antes da interceptação da Polícia Militar de Goiás (PM-GO), de acordo com informações da Polícia Civil do estado.


 
Por volta de meia-noite, o menor abordou o motorista e o cobrador no transporte irregular e, armado, anunciou o crime. Após uma luta corporal, Iranildo conseguiu render o jovem com um golpe conhecido por mata-leão e tomou a arma do rapaz. O condutor, então, avistou uma barreira da PM, feita por uma equipe do 3º Comando Regional de Polícia Militar de Goiás (CRPM), e desceu do veículo para pedir ajuda.

Segundo a ocorrência policial registrada na delegacia, os militares exigiram que o homem deitasse no chão e, ao avistar o cobrador e o infrator dentro da van, pediram para que Iranildo abaixasse a arma duas vezes, pois o confundiram  com o assaltante. Por não atender o pedido dos policiais, os PMs atiraram duas vezes contra a dupla. Um dos tiros acertou a cabeça do cobrador e ele morreu no local. Os soldados estavam com com uma pistola .40 e uma submetralhadora de mesmo calibre. No Ciops, os PMs disseram não saber de qual arma partiu o tiro. Ambas as armas foram apreendidas, para serem encaminhadas para perícia.

O delegado plantonista do Ciops André Soares Veloso entendeu que os PMs se enganaram e os liberou, sem autuá-los. "Houve um erro, resta apurar se houve culpa dos policiais", afirmou. O caso seguirá nesta segunda (4/3) para o Ciops da Cidade Ocidental, onde a atuação dos militares será investigada.

Procurado em casa pela reportagem, o condutor da van preferiu não se pronunciar, por estar abalado. A reportagem tentou ouvir o comandante da equipe de plantão da região mas as ligações não foram atendidas. O adolescente foi detido e encaminhado à Delegacia da Criança e do Adolescente.
Matéria publicada originalmente em:

Reforma Agrária - Disputa por terra mata mais no país.


 

A tensão causada pela disputa por terras tem se agravado e elevado o número de mortos em conflitos agrários no Brasil. 

No ano passado, o total de líderes locais assassinados, entre sem-terra, indígenas e pescadores, cresceu 10,3% em relação a 2011, subindo de 29 para 32. 

As mortes aconteceram, em sua maioria, no Pará e em Rondônia, estados onde os conflitos por terras e as disputas em torno da exploração ilegal de madeira têm recrudescido nos últimos anos. 

Os dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostram que o Rio de Janeiro, onde a média de mortes era de uma por ano, contabilizou quatro no ano passado, maior patamar desde 1999, quando foram assassinadas cinco pessoas. 

No país, de 2000 a 2012, a violência causada por conflitos agrários provocou 458 mortes. 

Material publicado originalmente em:

domingo, 3 de março de 2013

Ciências Sem Fronteiras: breves considerações acerca do boicote às Ciências Humanas.

Por Roniel Sampaio Silva



O Programa Ciências Sem Fronteiras foi criado pelo Governo Federal com a finalidade de levar estudantes brasileiros à países estrangeiros para que pudessem ter acessos à conhecimentos que fomentam a inovação, ciência e tecnologia. 
Entretanto, a área de Ciências Humanas não foi contemplada pelo programa. A quem interessa isso? Este texto se propõe a fazer uma breve análise sobre este fato.


Em primeiro lugar há de se convir sobre a relevância oportuna que tem o programa. A mobilidade de estudantes de graduação, mestrado e doutorado em vários países detentores de tecnologia de ponta, o que pode proporcionar ao Brasil a inserção no ciclo científico internacional e também contribuir para o intercâmbio de tecnologias. 
Tudo isso a um investimento relativamente baixo. Por isso, o programa não deve ser descredibilizado, porém a forma como o qual tem sido encaminhado pode beneficiar um segmento do desenvolvimento científico em detrimento de outro.

O Ciência Sem Fronteiras contemplou apenas algumas áreas, sobretudo as de ciências naturais e engenharias. Daí surge a pergunta: Por que não inserir também as áreas de Ciências Humanas? Na ocasião, várias associações e grupos que representam o segmento de humanas ingressaram com pedidos judiciais para que esta área fosse inserida. Até onde tenho conhecimento todas solicitações judiciais foram negadas.

É fato que no Brasil o número de profissionais das Ciências Humanas é maior do que das demais áreas. Entretanto, o que está em questão não é a quantidade de profissionais e sim a qualidade decorrente da ampliação destas ciências por meio de intercâmbio internacional.

Outro argumento que tenta justificar o boicote às Ciências Humanas está na falácia: “São áreas estratégicas para o desenvolvimento do país”. Ora, a Sociologia e Educação, por exemplo, são áreas que nada tem a contribuir com este desenvolvimento? Acredito que quem faz tal afirmação não sabe a diferença entre desenvolvimento e crescimento econômico. Com isso, fica a impressão que o tecnicismo a serviço do lucro está acima de qualquer Projeto de Nação.

No período da Segunda Guerra Mundial, a CIA encomendou da antropóloga americana Ruth Benedict um relatório sobre a cultura japonesa. O resultado da sua pesquisa junto a imigrantes japoneses residentes nos EUA deu origem à obra “O Crisântemo e a espada: os padrões da cultura japonesa.” Nesse determinado contexto da história, as Ciências Humanas, em especial a Antropologia, serviu como ferramenta daquele país para um projeto de nação a serviço da guerra. A serviço da paz e do bem-estar social ela não serviria?

Não é privilégio dos profissionais das Ciências Humanas o exercício da criticidade, as demais áreas também dispõe de profissionais extremamente competentes nisso; porém há de se convir que as Ciências Humanas são eminentemente críticas em relação à aspectos sociais e políticos. É de interesse dos políticos profissionais, que ora temos, qualificar profissionais que poderão questionar suas ações no governo? Eis uma de muitas questões que poderíamos levantar. 



Já repararam que as propagandas que se dizem "sem fronteiras" deixam tanto a desejar?
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Assustada, Dilma determina controle sobre o Nióbio.

Dilma quer fixar critérios para concessões minerarias e a criação de uma agência reguladora para o setor, tal como no setor de petróleo.

“Diante da enorme repercussão causada com a série de reportagens de Novojornal sobre a exploração do Nióbio, a presidente Dilma resolveu investigar, punir e anular o que estiver errado e acima de tudo criar normas para impedir que novos fatos como este voltem a acontecer”, informou à nossa reportagem a assessoria da Presidência da República.

O governo brasileiro retomou também diálogo com a iniciativa privada para a finalização do novo marco da mineração, após pelo menos um ano de silêncio, afirmaram fontes que participaram de reuniões sobre o tema na Casa Civil.

A ministra Gleisi Hoffmann recebeu representantes da indústria de mineração em reuniões individuais nas últimas semanas, e uma nova rodada de encontros com as mesmas lideranças deve ocorrer nos próximos dias, disseram duas fontes à Reuters.

"Entendemos esta reaproximação como uma retomada do diálogo que estava interrompido desde a suspensão das outorgas de mineração, há mais de um ano", afirmou uma fonte, pedindo para não ser identificada.

O governo brasileiro congelou a emissão de outorgas de mineração em meio ao processo de elaboração do novo marco regulatório do setor, em medida que paralisava, até setembro, processos de 11 mil requerimentos de concessões de lavra e impedia o começo de produção de pelo menos 50 minas no país.

Um dos objetivos do governo brasileiro com a nova legislação é mudar o critério de aquisição de concessões minerarias, com a criação de leilões para áreas consideradas estratégicas. 

Até então, quem solicitava a outorga primeiro conseguia a licença, provocando filas nos escritórios do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) espalhados pelo país.

Outras medidas que podem constar do texto a ser enviado ao Congresso Nacional são a fixação de prazos exploratórios e a criação de uma agência reguladora para o setor, tal como no setor de petróleo. 

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que também participa do processo, afirmou no dia 4 de fevereiro que o governo enviará o marco ao Congresso em março.

Segundo as fontes que participaram das reuniões na Casa Civil, a ministra solicitou dados e informações a representantes da indústria, que ficaram de retornar com as respostas.

"Parece que o governo voltou a ouvir, e isso é ótimo", disse a fonte.   

Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e na Câmara Federal já existe um movimento para criação da Niobras.

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Especial 30 anos da CUT: Entrevista com Rosane Bertotti – Queremos as comunicações no Brasil democratizadas!

A Secretária de Comunicação da Cut, Rosane Bertotti, faz um balanço da participação das mulheres nos 30 anos da CUT, da luta da entidade pela democratização das comunicações e nos explica sobre as decisões da CUT de iniciar a partir de 1º de maio uma campanha nacional pela criação de uma ação popular a ser apresentada no Congresso Nacional para a conquista de um marco regulatório nas comunicações.


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Materia publicada originalmente em:

Petrobras compra Refinaria nos EUA e tem prejuizo de US$ 1,2 Bi, revista VEJA de 18/12/2012 - NOTÍCIAS DE ONTEM.

Negócio da Petrobras trouxe prejuízo de 1 bilhão de dólares TCU investiga compra e venda de refinaria da estatal de petróleo brasileira no Texas, um dos piores negócios já feitos na história da empresa


Desde que assumiu a presidência da Petrobras, em fevereiro, a engenheira Maria das Graças Foster, ou Graça, como é conhecida, já teve de vir a público admitir o fiasco em dezenas de perfurações de poços ao longo dos últimos oito anos e ainda dobrar-se diante da alarmante queda no nível de eficiência de suas plataformas. Agora, o incômodo é um daqueles esqueletos escondidos no armário pela gestão anterior que, uma vez descobertos, tiram o sono.


O esqueleto em questão é uma refinaria comprada pela Petrobras em Pasadena, no estado americano do Texas. O negócio é um dos mais malsucedidos da história da estatal. Em 2006, a Petrobras comprou 50% da refinaria, ficando a outra metade com a trading belga Astra Oil. A parceria foi desfeita em junho passado depois de acirrada disputa judicial. A Petrobras, então, adquiriu as ações da Astra Oil e ficou como única dona da refinaria.


Não se entende por que pagou um preço tão alto por uma refinaria velha e defasada, que só dá prejuízo e dor de cabeça. 

A estatal brasileira já enterrou em Pasadena cerca de 1,18 bilhão de dólares. Quando, há seis meses, finalmente decidiu livrar-se dela, pondo-a à venda, entendeu o tamanho do rombo. A única oferta recebida - da multinacional americana Valero - foi de cerca de 180 milhões de dólares, pouco mais de um décimo do valor pago. 

Obviamente, Graça hesita em aceitar a oferta, o que a forçaria a assumir publicamente o rombo bilionário, mexendo em um vespeiro cujas reais dimensões estão sendo investigadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). 

Os detalhes do negócio, aos quais VEJA teve acesso, ajudam a esclarecer por que, dentro da própria estatal, pairam suspeitas de que o caso Pasadena pode não ser um erro de cálculo, um mau passo de gestão, a que todas as empresas estão sujeitas. Nada disso. A compra da refinaria tem o DNA para se tornar um escândalo.


A primeira a levantar dúvidas sobre a transação foi a presidente Dilma Rousseff, em 2008, quando era ministra da Casa Civil e comandava o conselho da Petrobras. A estatal e sua sócia belga divergiam sobre a condução da refinaria, e a Petrobras propôs comprar os 50% restantes. Por quanto? Setecentos milhões de dólares, quase o dobro do que a Astra pagara apenas dois anos antes. 

Havia até relatórios de consultorias avalizando as cifras. Mas a operação foi rechaçada pelo conselho. "Dilma atacou a proposta e criticou duramente Sergio Gabrielli (então presidente da estatal) diante de todos. Foi constrangedor", lembra um ex-diretor. Para esquivar-se dos ataques, Gabrielli fez circular a versão de que o acordo havia sido negociado pelo homem à frente da área internacional, Nestor Cerveró, sem o conhecimento de mais ninguém da cúpula, nem dele próprio. 

Nos corredores da estatal, ouvia-se falar de uma certa "carta do Cerveró", documento em que o diretor "entregava o ouro aos belgas". VEJA leu a carta. Ela se junta aos demais documentos que indicam que a diretoria comandada por Gabrielli agiu em benefício dos belgas e contra os interesses da estatal brasileira.


A história revista com os dados disponíveis hoje é assustadora. A Pasadena Refining System Inc. estava desativada quando foi comprada por 42,5 milhões de dólares pela Astra Oil, em janeiro de 2005. Além de antiquada e pequena para os padrões americanos (com capacidade para 100 000 barris por dia), tinha outra limitação mais grave. Ela não estava preparada para processar o petróleo brasileiro, o óleo pesado produzido na Bacia de Campos. 

Mesmo assim, o brasileiro Alberto Feilhaber, que depois de duas décadas de Petrobras havia se tornado executivo da Astra nos Estados Unidos, encontrou as portas abertas na estatal brasileira. Em janeiro de 2006, Feilhaber conseguiu um feito notável mesmo para a história de grandes e inexplicados negócios da indústria do petróleo. 

Vendeu metade da planta de Pasadena à Petrobras por 360 milhões de dólares. Uma valorização de 1 500%. "Foi um triunfo financeiro acima de qualquer expectativa razoável", comemorou a própria Astra no balanço daquele ano.


Mas não eram só as cifras que faziam da sociedade com a Petrobras um negócio atraente para a Astra. Ficou combinado que as empresas dividiriam o 1,5 bilhão de dólares necessário para adaptar a refinaria e processar o óleo produzido no Brasil. 

Em caso de divergência, a estatal se obrigava a comprar a parte da sócia.  

A Petrobras também garantiu à trading belga uma remuneração de 6,9% ao ano, mesmo em um cenário de prejuízo

Diz o procurador do TCU Marinus Marsico: "Tudo indica que a Petrobras fez concessões atípicas à Astra. Isso aconteceu em pleno ano eleitoral". Concluindo que estava fácil arrancar dinheiro da Petrobras por causa do contrato de pai para filho, os belgas decidiram sair da sociedade. 

A Petrobras se recusou a pagar os 700 milhões de dólares, preço com o qual se comprometera com os belgas. Eles foram à Justiça americana exigir as garantias contratuais. Quatro anos depois de romper com a sócia, receberam ganho de causa na Justiça e, após um acordo, embolsaram mais 839 milhões de dólares pagos pela estatal brasileira. 

Nestor Cerveró continua na Petrobras, como diretor financeiro da BR Distribuidora. Gabrielli, saiu da presidência em 2011 e é o atual secretário de Planejamento da Bahia. Dilma Rousseff nunca mais tocou no assunto. 

Ficou tudo por isso mesmo, com o prejuízo sendo arcado, como sempre, pelos sócios da Petrobras, entre eles, o maior, o governo brasileiro - ou seja, a conta foi mandada para os cidadãos brasileiros.

Notícia publicada originalmente no dia 18.12.2012, em: