terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Educação Cubana: Dados que impressionam.

Com escassos recursos e fortes problemas econômicos oriundos de um constante bloqueio, dados da educação cubana impressionam o mundo.

educação cubana
Educação cubana é a melhor da América Latina (arquivo)
Em 2009 a Unesco apresentou um informe de seu organismo regional, a Orealc, sobre a prova LLCE (Laboratório Latino-Americano de Avaliação da Qualidade do Ensino) denominado “Segundo Estudo Regional Comparativo e Explicativo na América Latina e no Caribe”, que revelou dados muito surpreendentes para alguns analistas.

Christopher Marquis do New York Times assinalou: “os estudantes cubanos, em todas as matérias examinadas, obtiveram qualificações muito superiores à media, de maneira consistente, em todas as escolas”.

O estudo concluiu que “os alunos cubanos quase duplicam os resultados dos alunos que mais se aproximam deles”. O jornalista nova-iorquino apontou que os resultados “foram tão dramaticamente superiores que os pesquisadores da Unesco regressaram a Cuba e examinaram de novo os estudantes, obtendo os mesmos resultados de novo”. Jeff Puryear co-diretor da Associação para a Revitalização Educativa das Américas também se surpreendeu: “mesmo os resultados mais baixos dos cubanos alcançaram um índice superior à média da região, e aplicando nossos próprios padrões!”.

Seguramente isso se deve a um milagre, pois Cuba é evidentemente um país com escassos recursos e fortes problemas econômicos, devido ao constante bloqueio e dificuldades diversas. Ninguém poderia comparar com a capacidade econômica do México, do Brasil, da Argentina e inclusive do Chile e, no entanto, é inegável que a educação em Cuba supera notavelmente mesmo a das potências da região. 

Cuba teve 70% dos seus estudantes com qualificações de mais 350 pontos de um total de 500, enquanto a média na Argentina, no Uruguai e No Chile foi de 300 pontos. Brasil e México acusaram uma média instável de aproximadamente 250 pontos. Só um milagre da deusa Iemanjá poderia explicar esses resultados.

O milagre teve início em 1959 quando a revolução triunfante dedicou-se a realizar todo tipo de projetos, cada um mais criativo e significativo. O mais conhecido, o da alfabetização, conseguiu em um ano declarar Cuba como o primeiro território livre de analfabetismo na América Latina. Menos conhecidos são os programas para mulheres camponesas, trabalhadoras, prostitutas; para crianças camponesas, órfãs ou “marginais”; para formar contingentes de professores, e poderíamos acrescentar um longo etcetera… 

Desde aqueles anos, o primeiro mandato foi levar todos os recursos disponíveis para as regiões devastadas pela pobreza no campo e na cidade. Este simples princípio marca uma enorme diferença com nosso próprio sistema no qual se impôs implacavelmente a máxima neoliberal de dar mais ao melhor “rankeado”, de investir somente naquilo que dá lucro, e assim persistem escolinhas abandonadas em que convivem crianças de várias séries (são 43% das 280.000 existentes), sem materiais, sem recursos, com “professores” que são rapazes treinados pelo CONAFE durante dois meses e enviados com um salário miserável.

A desigualdade educativa se reproduz assim de maneira estrutural, não é preciso um censo para saber o que já sabemos faz tempo. Sem mencionar o estado desastroso da maioria das escolas, sustentadas pelos pais de família com suas “contribuições voluntárias” e os raquíticos salários dos professores mesmo com o estímulo da carreira de magistério.

O milagre é que Cuba investe em educação 12.9% do PIB, no bojo de um investimento social de 30%. O México, a duras penas, destina 5% para a educação com altos e baixos pronunciados. Islândia e os países nórdicos se aproximam de 8%. 

Em janeiro de 1959, Cuba tinha 3 universidades públicas com 15.000 alunos e mil professores, e hoje conta com 67 instituições de altos estudos com 261.000 matriculados e 77 mil professores; 35.000 bolsistas latino-americanos passaram por suas classes, além de um novo programa de municipalização da educação superior que já construiu mais de 300 sedes universitárias municipais. Na verdade, Cuba é toda uma grande escola.

O estado é o responsável integral da educação, como na Finlândia e na França. Há uma grande valorização social da profissão docente em todos os seus níveis e os salários dos professores equivalem aos de outros profissionais como médicos e físicos. As Universidades Pedagógicas têm um alto grau de formação e de exigência. Nunca há mais de 18 crianças por sala e o tempo dedicado a cada criança pra elaborar e problematizar respostas individuais duplica o da região.

Estes são alguns dos fatores recolhidos por Martin Carnoy, professor da Universidade Stanford, em seu excelente livro La ventaja académica de Cuba, ¿Por qué los estudiantes cubanos rinden más?. Não necessitamos acudir a modelos tão distantes como Finlândia ou qualquer outro país altamente desenvolvido; a explicação está aqui mesmo, muito perto, e não se trata de um milagre educativo, mas sim de una política congruente com a dignidade de todo ser humano.

Tatiana Col, Diálogos do Sul.

Link Original desta Matéria:  http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/12/educacao-cubana-dados-que-impressionam.html

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Os Simpsons por Banksy. Capitalismo...


O famoso artista de rua britânico Banksy foi convidado pela produção de Os Simpsons para realizar uma nova versão para a clássica abertura do desenho animado.  

São quase dois minutos de um discurso sobre a exploração da mão de obra barata na produção da própria série e seus produtos (recentemente foi revelado que parte da animação de Os Simpsons é realizada na Coréia do Sul, onde animadores recebem 1/3 do salário que receberiam nos EUA). 

O humor, claro, não foi esquecido, com pandas escravizados, gatinhos fofos usados como recheio de pelúcias e até um unicórnio decrépito sendo usado para fazer os furos dos DVDs.

Link Original desta Matéria:  http://www.aldeiagaulesa.net/search/label/Cultura#.Uq7cRyddCBM

Pondé sem Prostituição o Mundo será mais Violento.

Foto Brasil 247 - Colunista Luiz Felipe Pondé

Colunista condena a repressão à prostituição que vem sendo proposta em países como a França. "Mas, eis que o Monsieur Normal, leia-se, o chato do François Hollande, presidente da França, resolveu multar quem for pego com uma dessas mulheres generosas. 

Não vai adiantar, só vai aumentar a violência, o crime, a distancia geográfica entre o homem e a mulher que querem fazer sexo sem complicações", diz ele.
16 de Dezembro de 2013 às 07:30

domingo, 15 de dezembro de 2013

Maranhão - Cadela amamenta um Porquinho órfão na Zona Rural do Municipio de Brejo.

Por CN1/Luiz Carlos Júnior - Domingo, 15  de dezembro de 2013.
http://cn-1.blogspot.com.br/2013/12/cadela-amamenta-porquinho-orfao-na-zona.html.
Um  caso  inusitado e bonito, vem  chamando a atenção dos moradores do  povoado  Árvores Verdes, zona rural de Brejo-MA.  
O instinto maternal falou mais alto, um   leitãozinho órfão  está sendo amamentado   por uma cadela. 
Após dá  à luz, os três  filhotes  morreram, e ela   acabou  adotando um  porquinho  (cria única)  de uma porca  que morreu após ser picada por uma cobra.  
http://cn-1.blogspot.com.br/2013/12/cadela-amamenta-porquinho-orfao-na-zona.html
O  leitãozinho  que ainda não tem nome,  passa o dia mamando tranquilamente  sem ser incomodado.

http://cn-1.blogspot.com.br/2013/12/cadela-amamenta-porquinho-orfao-na-zona.html

http://cn-1.blogspot.com.br/2013/12/cadela-amamenta-porquinho-orfao-na-zona.html

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Rio de Janeiro reconhece o funk como movimento cultural e musical de caráter popular.

Agência Brasil. (dom, 15/12/2013 - 18:07 - Atualizado em 15/12/2013 - 19:41).
A Secretaria de Estado de Cultura (SEC) lança na noite deste domingo (15), nos Arcos da Lapa, no âmbito da Feira de Arte Urbana-FAU, a Chamada Pública para Projetos de Bailes e Criação Artística no Funk. O lançamento é, segundo a secretaria, um reconhecimento do funk como movimento cultural e musical de caráter popular.
 
O lançamento do edital acontece junto com o do livro Os 101 Funks Que Você Tem Que Ouvir Antes de Morrer, de Julio Ludemir, um dos projetos selecionados pelo primeiro edital de funk da área cultural do estado, em 2011. Os projetos poderão ser inscritos a partir de segunda-feira (16) até o final de janeiro. A Secretária de Cultura destinou R$ 650 mil para a realização de 60 bailes selecionados no edital.
 
Segundo informações da Secretaria de Cultura, o edital traz como novidade em relação à edição anterior exatamente o apoio a bailes funk, “que constituem uma das principais formas de cultura e lazer para a juventude do estado do Rio de Janeiro”.
 
No entendimento da secretária de Cultura, Adriana Rattes, o Rio reconhece o funk como movimento cultural e musical de caráter popularo fomento, assim como o apoio do governo para que os bailes funk aconteçam”.
 
A secretaria dará apoio financeiro de até R$ 20 mil a projetos de produção de bailes funk e de até R$ 15 mil a projetos que se enquadrem nas demais categorias: produção musical, circulação artística, audiovisual, memória e comunicação. 
 
Rio reconhece o funk como movimento cultural e musical de caráter popular.
Podem participar da chamada pública pessoas físicas, grupos informais ou pessoas jurídicas de direito privado, com comprovada atuação no movimento funk há pelo menos dois anos.
 
O edital visa também a divulgar e dar visibilidade às iniciativas culturais promovidas pelos agentes do movimento funk (equipes de som, DJs, MCs, dançarinos, produtores, grupos e bondes) e valorizar a participação da juventude nas políticas públicas de cultura.
 
A iniciativa existe desde 2011, e na última edição foram selecionados 25 projetos entre 106 inscritos, sendo 22 na capital e na região metropolitana e três nas demais regiões do estado.

Link Original desta Matéria: http://jornalggn.com.br/noticia/rio-reconhece-o-funk-como-movimento-cultural-e-musical-de-carater-popular

Promessa de cura para o herpes é extraída de planta.

por - Cecília Dionizio.


 Editoria de Arte
A esperança é que uma nova substância, extraída da planta Echinacea purpúrea, ponha fim ao desconforto de quem sempre aparece com uma pequena feridinha no canto da boca, em geral, associada a febre interna e que, na verdade, é uma doença chamada herpes. 
 
Viracea é o nome da esperança. Após ter sido aplicada em mais de 300 pessoas que sofrem com a lesão, parece solucionar o problema de vez. 
 
A pomada, de acordo com o coordenador do estudo, o estomatologista Silvio Boraks, chefe do setor de estomatologia e cirurgia buco-maxilar do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho, de São Paulo, é um composto anti-séptico. O estudo em torno do produto já dura um ano e meio, período em que a lesão tratada não reincidiu. 
 
O herpes é um mal que atinge as pessoas de maneira universal, ou seja, aparece em qualquer região do mundo, causado pelo vírus Herpes vírus hominis (HSV) tipo 1 e tipo 2. É uma doença de pele que afeta principalmente os lábios após a exposição excessiva ao sol, ou então, por baixa de resistência imunológica. Daí o fato de ser conhecida como herpes labial, nesses casos.

Porém, até agora não contava com a menor perspectiva de cura, embora vários estudos sejam feitos para acabar com o vírus que incomoda muita gente. A boa notícia é que a mesma versão do produto já foi recém-liberada pelo FDA, agência americana que regula os medicamentos, e agora só resta a aprovação do Ministério da Saúde, no Brasil, que já analisa a possibilidade de disponibilizar a Viracea para comercialização nacional. 
 
O dermatologista rio-pretense João Roberto Antonio, chefe da Dermatologia da Faculdade de Medicina, explica que o herpes labial é causado pelo vírus HSV-1. Embora seja contagioso, as pessoas necessitam de outros fatores como queda de resistência, exposição solar, mudanças de temperaturas e outros fatores para adquirirem a doença. 
 
A dona-de-casa L.G.M, 21 anos, diz que detesta esta feridinha que lhe acompanha desde que menstruou pela primeira vez. “Não é todo mês, mas quase sempre aparece e chego até a ficar deprimida, mais pela herpes do que por menstruar, mas quando menos espero ela desaparece”, relata.

O dermatologista João Roberto afirma que o tipo 1 (HSV-1) está relacionado ‘às infecções que ocorrem principalmente nos lábios, porém, podem ocorrer também em outras localizações do rosto e do corpo. Já o tipo 2 (HSV-2) predomina na região genital, sendo normalmente contraído através de contato sexual. “É importante lembrar que ambos podem, raramente, ocorrer em qualquer localização”, avisa o médico. 
 
Quando ocorre contaminação o desenvolvimento da doença se faz em dois a 12 dias (período de incubação), com seus sinais e sintomas. O herpes inicia-se primeiro com uma discreta “coceirinha” e/ou ardência no local e aproximadamente 1-2 dias após surgem pequenas “bolhinhas” (vesículas) contendo liquido incolor, sendo que a pele ao redor e abaixo dessas “bolhinhas” fica levemente avermelhada (eritematosa). O médico observa que após 5-7 dias estas vesículas se rompem e formam uma “casquinha” (crosta). “Pode ocorrer mal-estar, febre, e gânglios aumentados (íngua) próximas da região afetada”, avisa.

Vírus age quando a resistência diminui
O primeiro contato de uma pessoa com o vírus leva à chamada primo-infecção herpética. Em geral passa desapercebida. A partir disso a pessoa torna-se portadora do vírus sem apresentar sintomas. Eventualmente uma pequena porcentagem de pessoas desenvolve uma infecção grave e prolongada, perdurando algumas semanas, fato esse mais observado em crianças. O dermatologista João Roberto Antonio esclarece que após a primeira infecção herpética o vírus pode ficar em estado de latência (adormecido e pronto para entrar em ação assim que baixar a resistência) no organismo das pessoas, alojado em gânglios. Segundo a Organização Mundial da Saúde, de 70% a 90% da população têm o vírus. Quando reativado por determinados fatores que levam a uma queda de resistência, como sol intenso, estresse, preocupação, estafa, exercícios físicos e frio, ele novamente é ativado, retornando à pele ou mucosas produzindo as lesões do herpes.

Quando isso vai e volta após um período recebe o nome de herpes simples recidivante, sendo os lábios a localização mais comum, conhecida entre os médicos como herpes recidivante labial. O médico João Roberto Antonio alerta que existem vários outros tipos de manifestações clínicas do HSV como: o herpes genital; Querotoconjuntivite herpética, Panarício Herpético, herpes simples neonatal, entre outros. 
 
Porém, uma das manifestações mais graves do HSV é quando ocorre nas pessoas imunodeprimidas, como é o caso de portadores de cânceres sistêmicos, transplantados, doenças crônicas, portadores de Aids e outras, podendo disseminar-se. Até agora, o tratamento consiste em tratar as queixas do paciente, pois o vírus tem um tempo de vida e pouco é influenciado por cremes ou pomadas. Em casos de herpes mais intenso os dermatologistas recomendam o uso de comprimidos ou injeções anti-virais para obter melhores resultados.

Os cientistas do Centro de Desenvolvimento de vacinas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, estão para divulgar a fórmula certa para desenvolver a vacina contra o herpes-vírus. Segundo foi publicado por uma revista paulista, o dermatologista Omar Lupi, que faz parte da equipe dos cientistas, assim que for aprovada pelo FDA, a vacina poderá melhorar a imunidade, abreviar as crises e aumentar os intervalos entre o aparecimento do herpes. 
 
Experimentada em cerca de 1000 pessoas a vacina está se mostrando mais eficaz em mulheres do que em homens. Uma coisa, porém, o dermatologista rio-pretense observa: embora existam vários estudos em andamento (vacinas ou medicamentos contra o vírus), é importante que as pessoas esperem a comprovação quanto à sua eficácia e aprovação por órgãos reguladores, aguardar que ultrapassem a barreira do tempo, pois o herpes é uma doença cuja característica principal é a recorrência e cronicidade.

Serviço:
João Roberto Antonio, dermatologista da Famerp e diretor do Centro Especializado da Pele, (17) 232-6611 
 

Slavoj Zizek: O fracasso socialista de Mandela.


Por Slavoj Zizek


Nas últimas duas décadas da vida, Nelson Mandela foi festejado como modelo de como libertar um país do jugo colonial sem sucumbir à tentação do poder ditatorial e sem postura anticapitalista. Em resumo, Mandela não foi Robert Mugabe, e a África do Sul permaneceu democracia multipartidária com imprensa livre e vibrante economia bem integrada no mercado global e imune a horríveis experimentos socialistas. Agora, com a morte dele, sua estatura de sábio santificado parece confirmada para toda a eternidade: há filmes sobre ele (com Morgan Freeman no papel de Mandela; o mesmo Freeman, aliás, que, noutro filme, encarnou Deus em pessoa). Rock stars e líderes religiosos, esportistas e políticos, de Bill Clinton a Fidel Castro, todos dedicados a beatificar Mandela.
Mas será essa a história completa? Dois fatos são sistematicamente apagados nessa visão celebratória. Na África do Sul, a maioria pobre continua a viver praticamente como vivia nos tempos do apartheid, e a ‘conquista’ de direitos civis e políticos é contrabalançada por violência, insegurança e crime crescentes. A única mudança é que onde havia só a velha classe governante branca há agora também a nova elite negra. 
Em segundo lugar, as pessoas já quase nem lembram que o velho Congresso Nacional Africano não prometera só o fim do apartheid; também prometeu mais justiça social e, até, um tipo de socialismo. Esse CNA muito mais radical do passado está sendo gradualmente varrido da lembrança. Não surpreende que a fúria outra vez esteja crescendo entre os sul-africanos pretos e pobres.


A África do Sul, quanto a isso, é só a mesma versão repetida da esquerda contemporânea. Um líder ou partido é eleito com entusiasmo universal prometendo “um novo mundo” – mas então, mais cedo ou mais tarde, tropeçam no dilema chave: quem se atreve a tocar nos mecanismos capitalistas? Ou prevalecerá a decisão de “jogar o jogo”? Se alguém perturba esse mecanismo, é rapidamente “punido” com perturbações de mercado, caos econômico e o resto todo. 
Por isso parece tão simples criticar Mandela por ter abandonado a perspectiva socialista depois do fim do apartheid. Mas ele chegou realmente a ter alguma escolha? Andar na direção do socialismo seria possibilidade real?
É fácil ridicularizar Ayn Rand, mas há um grão de verdade no famoso “hino ao dinheiro” do seu romance A revolta de Atlas: “Até que e a não ser que você descubra que o dinheiro é a raiz de todo bem, você pede por sua própria destruição. Quando o dinheiro deixa de ser o meio pelo qual os homens lidam uns com os outros, tornam-se os homens ferramentas de outros homens. Sangue, chicotes e armas de fogo ou dólares. 
Faça sua escolha – não há outra.” Não disse Marx algo semelhante em sua conhecida fórmula de como, no universo da mercadoria, “as relações entre pessoas assumem o disfarce de relações entre coisas”? (O capital, p.147)
Na economia de mercado, acontece de relações entre pessoas aparecerem sob disfarces que os dois lados reconhecem como liberdade e igualdade: a dominação já não é diretamente exercida e deixa de ser visível como tal. O que é problemático é a premissa subjacente de Rand: de que a única escolha é entre relações diretas ou indiretas de dominação e exploração, com qualquer outra alternativa dispensada como utópica. 
No entanto, deve-se ter em mente que o momento de verdade da (se não por isso, ridiculamente ideológica) alegação de Rand: a grande lição do socialismo de estado foi efetivamente a de que uma abolição direta da propriedade privada e da troca regulada pelo mercado carente de formas concretas de regulação social do processo de produção necessariamente ressuscita relações diretas de servidão e dominação. Se apenas extinguirmos o mercado (inclusive a exploração do mercado), sem substituí-lo por uma forma própria de organização comunista da produção e da troca, a dominação volta como uma vingança, e com a exploração direta pelo mercado.
A regra geral é que, quando começa uma revolta contra um regime opressor semidemocrático, como aconteceu no Oriente Médio em 2011, é fácil mobilizar grandes multidões com slogans que só se podem descrever como “formadores de massa”: pela democracia, contra a corrupção, por exemplo. 
Mas adiante gradualmente vamos nos deparando com escolhas mais difíceis: quando nossa revolta é bem sucedida no alcance de seu objetivo direto, passamos a nos dar conta de que o que realmente nos atormentava (a falta de liberdade pessoal, a humilhação, a corrupção das autoridades, a falta de perspectiva de, algum dia, chegar a ter uma vida decente) perdura sob nova roupagem. 
A ideologia dominante mobiliza aqui todo o seu arsenal para nos impedir de chegar a essa conclusão radical. Começam a nos dizer que a liberdade democrática implica responsabilidades; que a liberdade democrática tem seu preço; que ainda não estamos plenamente amadurecidos, se esperamos demais da democracia.
Num plano diretamente mais político, a política externa dos EUA elaborou detalhada estratégia para controle de danos: basta converter o levante popular em restrições capitalistas-parlamentares palatáveis. Isso, precisamente, foi feito com sucesso na África do Sul, depois do fim do regime de apartheid; foi feito nas Filipinas depois da queda de Marcos; foi feito na Indonésia depois da queda de Suharto e foi feito também em outros lugares. 
Nessa precisa conjuntura, as políticas radicais de emancipação enfrentam o seu maior desafio: como fazer avançar as coisas depois de acabado o primeiro estágio de entusiasmo, como dar o passo seguinte sem sucumbir à catástrofe da tentação “totalitária”, em resumo: como avançar além de Mandela, sem se converter num Mugabe.
Se quisermos permanecer fiéis ao legado de Mandela, temos de deixar de lado as lágrimas de crocodilo das celebrações e nos focar em todas as promessas não cumpridas infladas sob sua liderança e por causa dela. 
Assim se verá facilmente que, apesar de sua indiscutível grandeza política e moral, Mandela, no fim da vida, era também um velho triste, bem consciente de que seu triunfo político e sua consagração como herói universal não passavam de máscara para esconder derrota muito amarga. A glória universal de Mandela é também prova de que ele não perturbou a ordem global do poder.
*Publicado originalmente no New York Times, em 9/11/2013. 
Esta é uma tradução ampliada e cotejada pela Boitempo daquela feita por Vila Vudu, no blog redecastorphoto.