segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A Coreia do Norte precisa de armas nucleares para impedir uma agressão dos EUA?


Resultado de imagem para Information Clearing Housepor Mike Whitney
tradução de NirucewKS063

09 de janeiro de 2016 "Information Clearing House" - "Counterpunch" – Aqui está o seu teste diário de política externa:

Pergunta 1 – Quantos governos os Estados Unidos derrubaram ou tentaram derrubar desde o final da Segunda Guerra Mundial?

Resposta: 57  (Veja em è William Blum.)

Pergunta 2 – Quantos desses governos tinham armas nucleares?

Resposta: 0

Sei… então é claro que a Coreia do Norte precisa de armas nucleares para impedir uma agressão dos Estados Unidos, é ou não é?


Resultado de imagem para Kim Jong Un
Kim Jong Un
Sim. Não. Sim, armas nucleares são uma boa forma de contenção, mas não, não é por isso que a Coreia do Norte detonou uma bomba de hidrogênio na última terça. A razão que levou a Coréia do Norte a fazer o teste detonando a bomba foi forçar a administração Obama a sentar e prestar atenção. É disso que se trata! O líder supremo da Coreia do Norte, Kim Jong Un, quer porque quer que os Estados Unidos entendam que terão que pagar um preço alto por evitar conversações. Ou seja: Kim está tentando forçar Obama a sentar à mesa de negociações.

Infelizmente Washington parece estar sofrendo de uma surdez total. Veem o Norte como uma ameaça à segurança regional e decidiram que a melhor medicina é a tradicional: sanções em cima de sanções e isolamento completo. A administração Obama acha que tem todo o assunto sobre controle absoluto e que não precisam de nenhuma flexibilidade fedorenta ou assumir compromisso, portanto preferem usar o cacete em vez da cenoura. Na realidade, Obama se recusa a abrir negociações bilaterais com o Norte a não ser que este concorde de antemão em abandonar totalmente seu programa de armas nucleares e permitir que inspetores de armas examinem todas as suas instalações nucleares. Para a Coreia do Norte, isso é o fim das negociações antes do começo. Para eles, seu programa de armas nucleares é o “ás na manga”, sua única chance de acabar com a persistente hostilidade dos Estados Unidos.

Resultado de imagem para Bomba de Hidrogênio
Primeira bomba H detonada pelos EUA
Agora, se separarmos o incidente “bomba de hidrogênio” de um período mais longo da narrativa histórica, indo até a Guerra da Coreia, é possível misturar e embaralhar os fatos de tal maneira que fará com que a Coreia do Norte pareça “o bandido malvado”. Pois então. Simplesmente não é assim. De fato, a razão pela qual o mundo inteiro está face a face com tais problemas atualmente é o aventureirismo dos Estados Unidos no passado. É... da mesma forma que o Daesh (ISIS/ISIL/Estado Islâmico) surgiu das brasas da guerra do Iraque, a proliferação nuclear da Coreia do Norte é um resultado direto das políticas fracassadas dos Estados Unidos nos anos 50s.

Não houve um acordo final para o fim do envolvimento dos Estados Unidos na Guerra da Coreia. Isso significa que a guerra nunca terminou e continua até agora. Foi assinado o acordo de armistício em 27 de julho de 1953, dando fim às hostilidades, mas um “acordo final de paz” nunca foi feito e o resultado é que as nações permanecem divididas até agora. Estas questões continuam sem solução porque os Estados Unidos ainda tem 15 bases militares na Coreia do Sul, com 28.000 tropas de combate e artilharia e mísseis em quantidade suficiente para transformar o país inteiro em pedaços. A presença dos Estados Unidos nessa proporção é a razão efetiva que impede a reunificação do país e a resolução final da guerra, pois os Estados Unidos exigem que seja feita nos termos impostos por Washington. Resultado: a guerra continua a se arrastar, mesmo quando os canhões estão calados, graças em grande parte à ocupação militar da Coréia do Sul exercida pelos Estados Unidos.

Distopia
Muito bem. Como poderá o Norte normalizar suas relações com os Estados Unidos se Washington não quer conversar com seus dirigentes, e ao mesmo tempo insiste que o Norte abandone seu programa de armas nucleares, que é a única fonte de influência que o Norte possui? Talvez eles possam dar uma reviravolta, ir ao encontro das exigências de Washington e estender uma folha de oliveira na esperança que as relações possam gradualmente melhorar. Mas como pode acontecer isso, se afinal de contas, o que Washington declaradamente quer é a mudança de regime para que possa instalar no país um fantoche dos Estados Unidos que ajudará na criação de mais um pesadelo capitalista permanente (capitalist dystopia, no original – NT) em favor de seus amigos empresários? Isso é ou não é exatamente o que Washington sempre faz?Não é um compromisso. É suicídio.

E tem mais uma coisa: a liderança em Piongiang sabe muito bem com quem estão lidando e esta é a razão pela qual adotaram a linha dura. Sabem muito bem que Washington jamais responderá à fraqueza, mas apenas à força. Portanto, não podem nem devem abandonar seus projetos de armas nucleares. É a sua única esperança. Ou os Estados Unidos baixam a bola e fazem algumas concessões ou o impasse continuará. São os dois únicos resultados possíveis para a equação.

É bom notar que, ainda antes das guerras (mas podem chamar de massacres e banhos de sangue) travadas em décadas em El Salvador, Síria, Iraque, Líbia, Nicarágua, Vietnã e um extenso catálogo de atrocidades, houve a Guerra da Coreia. Os (norte)americanos podem ter varrido para debaixo do tapete, mas os coreanos, tanto do norte quanto do sul lembram-se muito bem o que aconteceu e também como tudo terminou. Vamos colocar aqui um pequeno lembrete para mostrar porque, depois de 63 anos, os norte-coreanos ainda são justificadamente desconfiados com os Estados Unidos, através de um excerto de um artigo intitulado: “os (norte)americanos esqueceram do que fizeram na Coreia do Norte”, no site Vox World:

Projéteis de artilharia usados durante a Guerra da Coreia
“No início dos anos 50s, durante a Guerra da Coreia, os Estados Unidos despejaram mais bombas contra a Coréia do Norte que durante toda a Segunda Guerra Mundial no teatro do Pacífico. O bombardeio em tapete, que incluiu 32.000 toneladas de napalm, alvejou principalmente os civis, bem como alvos militares, devastando o país muito além do ponto necessário para lutar uma guerra. Cidades inteiras foram destruídas, com milhares de civis inocentes sendo mortos, e a maioria deixada sem casas e com fome...”

De acordo com o jornalista Blaine Harden, dos Estados Unidos…

“Por um período de três anos ou mais, nós matamos – o que? – cerca de 20% da população do país”, disse o general da Força Aérea Curtis LeMay, chefe do Comando Estratégico Aéreo durante a Guerra da Coreia em declaração ao Gabinete para a História da Força Aérea em 1984. Dean Rusk, apoiador da Guerra e mais tarde Secretário de Estado, disse que os Estados Unidos bombardearam “tudo o que se movia na Coréia do Norte, não deixando tijolo sobre tijolo”. Depois de arrasar os alvos urbanos, os bombardeios dos Estados Unidos destruíram hidroelétricas e barragens de irrigação, inundando e destruindo as colheitas, em um estágio final da guerra...

Você pode ter uma visão tanto das consequências humanitárias quanto políticas através da leitura de um telegrama dramático enviado pelo Ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte às Nações Unidas... em janeiro de 1951:

“No dia 03 de janeiro, às 10h30 uma armada de 82 Fortalezas Voadoras despejou sua carga de morte sobre a cidade de Piongiang... Centenas de toneladas de bombas, combinadas com compostos incendiários foram despejados simultaneamente sobre a cidade, causando incêndios devastadores. Os bárbaros transatlânticos bombardearam a cidade com bombas de fragmentação de efeito retardado que explodiram durante todo o dia, impedindo a população de deixar suas casas em busca de socorro nas ruas. A cidade inteira ardeu em chamas durante dois dias. No segundo dia, 7.812 casas de civis haviam queimado até o alicerce. Os (norte)americanos estavam bem cientes de que não haviam alvos militares deixados em Piongiang...

O número de habitantes de Piongiang que foi morto pelas bombas e estilhaços, queimados vivos e sufocado pela fumaça é incalculável... Cerca de 50.000 habitantes permanecem na cidade que antes da guerra tinha uma população de 500.000 habitantes...”


Sentiu o drama? Quando se tornou claro que os Estados Unidos não iam ganhar a guerra, eles decidiram ensinar “aos malditos comunistas” uma lição que eles jamais esqueceriam. Reduziram o país inteiro a ruínas, condenando a população a décadas de fome e pobreza. É assim que Washington luta suas guerras: “Matem todos e deixem Deus resolver o resto”.

É por isso que o Norte constrói bombas nucleares e não faz concessões: porque a aposta de Washington é a seguinte: ou vitória ou aniquilação.

Então o que a Coreia do Norte quer dos Estados Unidos?

O Norte quer o que sempre quis. Que os Estados Unidos cessem suas operações para a mudança de regime, honre suas obrigações relativas ao quadro do acordo de 1994, e assine um pacto de não agressão. É tudo o que eles querem. Que se acabe com a intimidação sem fim, sermões e interferências. É pedir muito? Vejam como Jimmy Carter colocou o assunto em um editorial para o Washington Post, em 24 de novembro de 2010:

“Piongiang nos enviou uma mensagem consistente que, durante eventuais conversações com os Estados Unidos, estariam prontos a concluir um acordo para acabar com seus programas de armas nucleares, colocando-os sob inspeção da IAEA e também para concluir um tratado para substituir o cessar fogo “temporário” de 1953. Nós deveríamos considerar uma resposta para essas ofertas. A alternativa a lamentar é a continuação pela Coréia do Norte de todas as ações que eles julguem adequadas para a defesa daquilo que eles afirmam mais temer: um ataque militar apoiado pelos Estados Unidos, bem como esforços consistentes para a mudança de regime político.” (Mensagem consistente da Coréia do Norte aos EUA” – presidente Jimmy Carter, Washington Post).

Está preto no branco. Os Estados Unidos, caso queiram podem colocar um fim no conflito hoje mesmo, apenas cumprindo suas obrigações sob os termos do acordo assinado e concordando em não agredir a Coreia do Norte no futuro. O caminho do desarmamento nuclear nunca foi fácil, mas as chances de que Obama tome este caminho são mínimas.


Mike Whitney - é um escritor e jornalista norte-americano que dirige sua própria empresa de paisagismo em Snohomish (área de Seattle), WA, EUA. Trabalha regulamente como articulista freelance, há tempos. Em 2006 recebeu o premio Project Censored por um reportagem investigativa sobre a Operation FALCON, um massiva, silenciosa e criminosa operação articulada pela administração Bush (filho) que visava concentrar mais poder na presidência dos EUA. Escreve regularmente em Counterpunch e vários outros sites. É co-autor do livro Hopeless: Barack Obama and the Politics of Illusion (AK Press) o qual também está disponível em Kindle edition. Recebe e-mails por: fergiewhitney@msn.com.

Publicado por:  

10 histórias de mulheres revolucionárias que você não aprendeu na escola.


Algumas armadas com rifles, outras armadas com a caneta: 10 mulheres que lutaram muito por algo em que acreditavam e que provavelmente nunca serão estampadas em uma camiseta.

Todo o mundo conhece homens revolucionários como Che Guevara, mas a história geralmente tende a polir as contribuições de mulheres revolucionárias que sacrificaram seu tempo e suas vidas na luta contra sistemas e ideologias burguesas. Apesar dos falsos conceitos a respeito, existiriam milhares de mulheres que participaram em revoluções ao longo da História, com muitas delas exercendo papéis cruciais. Elas podem vir de diferentes espectros políticos, algumas armadas com rifles e outras armadas com nada além da caneta, mas todas lutaram muito por algo em que acreditavam.
Abaixo estão 10 exemplos dessas mulheres revolucionárias de todas as partes do mundo, que provavelmente nunca serão estampadas em uma camiseta.
1 - Nadezhda Krupskaya

Muitas pessoas conhecem Nadezhda Krupskaya apenas como a companheira de Vladimir Lênin, mas Nadezhda foi uma política e revolucionária bolchevique graças a seus próprios esforços.
Ela estava imensamente envolvida em uma variedade de atividades políticas e projetos educacionais – inclusive servindo como Ministra Interina da Educação na União Soviética de 1929 até sua morte, em 1939. Antes da revolução, ela serviu como secretária do jornal político Iskra, gerenciando toda a correspondência que atravessava o continente europeu, muita das quais tinham que ser codificadas.
Depois da revolução, ela dedicou sua vida à melhora nas oportunidades educacionais para trabalhadores e camponeses, como por exemplo, sua luta para tornar as bibliotecas disponíveis para toda a população.
2 - Constance Markievicz










Constance Markievicz (nome de solteira, Gore-Booth) foi uma condessa anglo-irlandesa revolucionária, nacionalista, sufragista, socialista e membro dos partidos políticos Sinn Féin e Fianna Fáil. Ela participou de inúmeros esforços para a independência da Irlanda, incluindo a Revolta da Páscoa, em 1916, onde teve um papel de liderança.
Durante o levante, ela feriu um franco-atirador britânico antes de ser forçada a recuar e se render. Por consequência, foi a única mulher entre os 70 prisioneiros que foram confinados em solitária. Ela foi sentenciada à morte, mas acabou sendo perdoada por ser mulher. O promotor de acusação alegou que ela chegou a implorar, dizendo “Eu sou apenas uma mulher, você não pode atirar em uma mulher”. Todavia, os registros da corte mostram que ela, na verdade, disse: “Eu realmente queria que a sua laia tivesse a decência de atirar em mim”. 
Constance foi uma das primeiras mulheres no mundo a conseguir uma posição ministerial (Ministra do Trabalho da República Irlandesa, 1919-1922), e foi também a primeira mulher eleita para a Câmara dos Comuns em Londres (dezembro de 1918) – uma posição que ela rejeitou devido à política de abstenção do partido irlandês, Sinn Féin.
3 - Petra Herrera
Durante a Revolução Mexicana, as combatentes femininas conhecidas como soldaderas entram em combate ao lado dos homens, apesar de elas frequentemente enfrentarem abusos. Uma das mais conhecidas das soldaderas foi Petra Herrera, que se disfarçou de homem e passou a se chamar “Pedro Herrera”. Como Pedro, ela estabeleceu sua reputação ao demonstrar liderança exemplar (assim como por explodir pontes) e terminou por se revelar como mulher. 
Ela participou da segunda batalha de Torreón, em 30 de maio de 1914, junto de outras 400 mulheres, até mesmo sendo aclamada por algumas por merecer todo o crédito pela vitória na batalha. Infelizmente, Pancho Villa não estava disposto a dar esse crédito a uma mulher e não a promoveu para “general”. Em resposta, Petra abandonou as forças de Villa e formou sua própria brigada composta só de mulheres.
4 - Nwanyeruwa





Nwanyeruwa, uma nigeriana da etnia Ibo, foi a responsável por uma curta guerra que geralmente é considerada o primeiro grande desafio da autoridade britânica no oeste da África, durante o período colonial. 
Em 19 de novembro de 1929, ocorreu uma discussão entre Nwanyeruwa com um oficial de censo chamado Mark Emereuwa por tê-la mandado “contar suas cabras, ovelhas e família”. Compreendendo que isso significava que ela seria taxada (tradicionalmente, as mulheres não pagavam impostos), ela discutiu a situação com outras mulheres e protestos, cunhados de Guerra das Mulheres, passaram a ocorrer ao longo de dois meses. 
Cerca de 25 mil mulheres de toda a região se envolveram nas manifestações, protestando tanto contra as mudanças nas leis tributárias, como pelo poder irrestrito das autoridades. No final, a posição das mulheres venceu, com os britânicos abandonando seus planos de impostos, assim como a renúncia forçada de muitas autoridades do censo.
5 - Lakshmi Sehgal
Lakshmi Sehgal, coloquialmente conhecida como “Capitã Lakshmi”, foi uma revolucionária no movimento de independência da Índia, uma oficial do exército nacional indiano e, depois, Ministra dos Assuntos para Mulheres no governo Azad Hind. 

Na década de 1940, ela comandou o regimento Rani de Jhansi – um regimento composto apenas por mulheres que visavam derrubar o Raj britânico na Índia colonial. O regimento foi um dos poucos que tiveram combatentes apenas de mulheres na Segunda Guerra Mundial, em ambos os lados, e foi nomeado assim por conta de outra revolucionária feminina na Índia, chamada Rani Lakshmibai, que foi uma das figuras líderes da Rebelião Indiana em 1857.

6 - Sophie Scholl

A revolucionária alemã Sophie Scoll foi uma das fundadoras do grupo de resistência não-violenta antinazista, chamado a Rosa Branca, que promovia a resistência ativa ao regime de Adolf Hitler por meio de uma campanha anônima de panfletagem e grafite. 
Em fevereiro de 1943, ela e outros membros do grupo foram presos por entregarem panfletos na Universidade de Munique e sentenciados à morte por guilhotina. Cópias dos panfletos, re-entitulados “O Manifesto dos Estudantes de Munique”, foram contrabandeados para fora do país para serem lançados, aos milhões, por aviões das forças Aliadas por toda a Alemanha.
7 - Blanca Canales

Blanca Canales foi uma nacionalista porto-riquenha que ajudou a organizar a “Filhas da Liberdade” – ala feminina do Partido Nacionalista Porto-Riquenho. Ela foi uma das poucas mulheres na história a liderarem uma revolta contra os EUA, no que ficou conhecido como o Levante Jayuya.
 Em 1948, uma severa lei de restrição, conhecida como a Lei da Mordaça, ou Lei 53, em que se criminalizava a impressão, publicação, venda ou exibição de qualquer material que tencionava paralisar ou destruir o governo da ilha. Em resposta, os nacionalistas passaram a planejar uma revolução armada. 
Em 30 de outubro de 1950, Blanca e outros pegaram as armas que tinham escondido em sua casa e marcharam para dentro da cidade de Jayuya, tomando a delegacia, queimando o posto de correio, cortando as linhas telefônicas e hasteando a bandeira de Porto Rico, em desafio à Lei 53. 
Como resultado, o presidente norte-americano declarou lei marcial e ordenou que o exército e a força aérea atacassem a cidade. Os nacionalistas agüentaram o máximo que puderam, mas foram presos e três dias depois, sentenciados à prisão perpétua. 
Grande parte de Jayuya foi destruída e o incidente não foi coberto corretamente pela imprensa dos EUA – tendo até mesmo o presidente norte-americano dizendo que foi “um incidente entre porto-riquenhos”.
8 - Celia Sanchez
A maioria das pessoas conhece Fidel Castro e Che Guevara, mas poucas ouviram falar de Celia Sanchez, a mulher no coração da Revolução Cubana, onde até mesmo rumores dizem ter sido a principal tomadora de decisões. Após o golpe de 10 de março de 1952, Celia se juntou na luta contra o governo de Fulgencio Batista. 
Ela foi uma das fundadoras do Movimento 26 de Julho, foi líder dos esquadrões de combate durante toda a revolução, controlou os recursos do grupo e até mesmo organizou o desembarque do Granma, que transportou 82 combatentes de México para Cuba, para derrubar Batista. Depois da revolução, Celia continuou com Castro até sua morte.
9 - Kathleen Neal Cleaver









Kathleen Neal Cleaver foi uma das integrantes do Partido dos Panteras Negras e a primeira mulher do partido a fazer parte do corpo de “tomadores de decisões”. Ela serviu como porta-voz e secretária de imprensa, organizando também a campanha nacional para libertar o aprisionado ministro da Defesa dos Panteras, Huey Newton. 
Ela e outras mulheres, como Angela Davis, chegaram em determinado momento a contabilizar dois terços do quadro dos Panteras, apesar da noção de que o partido era majoritariamente masculino.
10 - Asmaa Mahfouz
Asmaa Mahfouz é uma revolucionária moderna, a quem repousa o crédito de ter inflamado o levante de janeiro de 2011 no Egito, por meio de um vídeo postado na internet, encorajando outros a juntar-se a ela nos protestos na Praça Tahrir
Ela é considerada uma das líderes da Revolução Egípcia e uma proeminente integrante da Coalizão de Jovens da Revolução Egípcia.

Sem golpe de Aécio Neves, Jornal de Minas Gerais irá a falência.


Por Ângela Carrato, na página Estação Liberdade via Blog Vale Pensar em 05/12/2016.


Relatos da derrocada do jornal O Estado de Minas.
Álvaro Teixeira da Costa, o principal dirigente dos Diários e Emissoras Associados em Minas Gerais, tinha razão. Se Aécio Neves e os tucanos não vencessem as eleições de 2014, as coisas iriam ficar feias para a empresa. Certo disso fez sua parte. Além da linha editorial chapa branca dos veículos do grupo – jornais Estado de Minas e Aqui, TV Alterosa e portal Uai – ter exaltado o PSDB e combatido sem trégua o PT e seus apoiadores, valendo-se de tudo quanto é esquema sujo, ele próprio se superou. Transformou uma das dependências da TV Alterosa em Comitê Tucano, usou a intranet para convocar funcionários a participar de atos de campanha pró-Aécio na Praça da Liberdade, pressionou e coagiu quem não rezasse por sua cartilha, além dele próprio ter estado presente ao ato.

Segundo consta, Álvaro foi o segundo a abraçar Aécio no palanque, logo após o dirigente estadual do PSDB. A situação se repediu meses depois, quando em plena manifestação contra a presidente reeleita, Dilma Rousseff, também na Praça da Liberdade, o dirigente Associado disputou, quase a tapa, o privilégio de ser o primeiro a abraçar Aécio. Mas, igual ao seu candidato, ficou em segundo lugar.
Tamanho empenho se explica: os 12 anos de governos tucanos em Minas Gerais foram determinantes para garantir uma razoável sobrevida ao grupo. Sem o dinheiro público injetado mensalmente na empresa pelos tucanos, dos quais não faltam acusações de prover de negócios escusos com a comercialização do nióbio de Araxá, o descalabro administrativo há muito seria do conhecimento público.
SALÁRIO ATRASADO E TRUCULÊNCIAS

Fartos de todo tipo de pressão e enganação, os funcionários dos Associados denunciaram ao Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais que a empresa não tinha pago o 13º salário. A denúncia se somava a outras protagonizadas pela empresa em 2015: atrasos no pagamento de férias, tickets refeição, plano de saúde e nos depósitos do FGTS. Antes de decidirem pela paralisação, por 24 horas, na segunda-feira (28), os funcionários tentaram todo tipo de negociação. Não conseguiram quase nada. Receberam apenas 25% do salário devido e não têm data para receber o restante. A empresa se recusa a dialogar e tem se valido de truculência para tentar dissuadir as manifestações.
Pelo que se sabe, a crise nos Associados é muito mais ampla do que alguns imaginavam. O prédio da avenida Getúlio Vargas, em Belo Horizonte, devido a complicações com o extinto Banco Rural, está indisponível. O imóvel onde funciona a TV Alterosa, na avenida que leva o nome de Assis Chateaubriand, fundador do grupo, já foi vendido e a emissora em breve terá que desocupá-lo. A maioria dos bancos e financeiras se nega a fazer qualquer empréstimo ao grupo e o governo não é mais o do Aécio, para pagar a conta do descalabro administrativo dos herdeiros do que restou do império de Chateaubriand.
A credibilidade, principal ativo em qualquer empresa de mídia, também está em baixa nos Associados. As tiragens do Estado de Minas e do tablóide Aqui há muito vem minguando, com os anunciantes igualmente abandonando o barco. O parque gráfico da empresa, que chegou a ser o maior e mais moderno de Minas Gerais, hoje perde feio para o do concorrente O Tempo. Mas se os tucanos tivessem vencido as eleições, nada disso seria problema.

ROUBALHEIRA E PRIVILÉGIOS
Já na década de 1950, o jornalista Samuel Wainer, fundador da Última Hora, um dos mais ácidos críticos de Assis Chateaubriand, dizia que os Associados viviam permanentemente com buracos no caixa. Mais ainda: enfatizava que os dirigentes Associados caracterizavam-se pela roubalheira e privilégios enquanto os funcionários iam de mal a pior. O segredo para tanto era o puxa-saquismo aos poderosos de plantão, o achaque e a perseguição aos adversários e inimigos e a falta permanente de escrúpulos. Receita que os herdeiros de Chateaubriand em Minas Gerais seguiram à risca.
Em 1964, os dirigentes dos Associados em Minas não foram apenas apoiadores do golpe civil-militar que derrubou o presidente João Goulart. Foram conspiradores de primeira hora. Tornaram-se tristemente célebres as reuniões entre políticos e empresários no edifício Acaiaca, no centro de Belo Horizonte, onde, na época funcionava a principal emissora de televisão do grupo, a Itacolomi.
Uma vez no poder, os dirigentes dos Associados perseguiram seus concorrentes na mídia – entre 1964 e 1970, quase uma dezena de jornais foram fechados ou fecharam em Belo Horizonte – além de terem pedido a prisão de centenas de jornalistas, intelectuais, sindicalistas, estudantes e militantes de esquerda. Esta, aliás, é uma das razões para o êxodo de jornalistas mineiros nas décadas seguintes ao golpe. É também uma das principais razões para a péssima qualidade, com as raríssimas exceções que se conhece, que passou a caracterizar o que sobrou da imprensa mineira de então.
Hegemônico durante a década de 1970, os desejos dos Associados foram prontamente atendidos pelos governadores biônicos da Arena, o partido de apoio à ditadura. O último deles, Francelino Pereira, bancou a construção do novo parque gráfico da empresa, que funciona na avenida Mem de Sá. Os Associados não pagaram. Francelino não cobrou e ficou por isso mesmo.
APOIO DE AURELIANO E FRANCELINO

Tancredo Neves, o avó do Aécio, nos dois anos em que esteve à frente do governo de Minas (1983-1985) também fez vistas grossas para a dívida, mais interessado que estava em chegar à presidência da República. Hélio Garcia, que assumiu o governo com sua renúncia para disputar o Colégio Eleitoral, chegou a estabelecer os termos da negociação: a dívida seria paga através de publicidade nos veículos do grupo. Igualmente não funcionou. Até porque o assessor especial de Garcia era ninguém menos do que o filho de um dos dirigentes dos Associados.
A dívida foi parar no Tribunal de Contas do Estado (TCE), mantida, claro, a sete chaves. Quando da briga política entre o governador Newton Cardoso (PMDB) e os Associados, em 1987, Newton foi alertado por assessores que poderia através dela dar um xeque-mate na empresa que fazia aberta campanha de difamação contra ele. Na época, Newton chegou a entrar em negociações com Gilberto Chateaubriand, que se julgava herdeiro do grupo, com o objetivo de comprá-lo. Mas a Justiça frustrou Gilberto Chateaubriand, ficando Newton Cardoso apenas com um percentual de cotas condominiais.
Quanto à dívida, preferiu também dar tempo ao tempo. Da parte dos Associados, o que garantiu sua sobrevivência na época, longe dos cofres públicos de Minas Gerais, foi o apoio publicitário que recebeu dos então ministro das Minas e Energia, Aureliano Chaves, e do vice-presidente do Banco do Brasil, Francelino Pereira, sem os quais certamente teria encerrado suas atividades.
“SE A RUA GOIÁS NÃO DEU, NÃO ACONTECEU”

Newton foi sucedido por Hélio Garcia que novamente não só fez vista grossa para a dívida dos Associados, como lhe garantiu régia publicidade. Se a empresa tivesse um mínimo de seriedade, teria aproveitado o momento para se reorganizar. Mas não. Os dirigentes continuaram levando vida de nababos, com a empresa e os funcionários no vermelho. A arrogância era tamanha que a frase mais repetida pelos dirigentes dos Associados, diante da mais leve crítica, era: “se a rua Goiás não deu, não aconteceu”. Rua Goiás era onde funcionava a sede da empresa, antes de se mudar em 2000, para o moderno e amplo prédio, agora indisponível.
No governo de Eduardo Azeredo, recentemente condenado a 20 anos de prisão pela atuação no Mensalão Tucano, os Associados voltaram aos “bons tempos”, mandando e desmandando em Minas Gerais. Convencidos como os próprios tucanos, que Azeredo seria reeleito, tiveram que amargar a vitória de Itamar Franco (PMDB). Fato que explica a permanente indisposição da empresa contra Itamar que respondeu reduzindo substancialmente a publicidade oficial para o grupo.
Diante da intransigência de Itamar, os Associados se valiam das verbas do amigo tucano Fernando Henrique Cardoso, então presidente da República, que nunca mediu esforços para destruir o seu criador político. Contavam também, desde aquela época, com o apoio do neto do Tancredo que à frente da Câmara dos Deputados, colocou-se à disposição para resolver os problemas envolvendo buracos no caixa da mídia brasileira, vide a aprovação da PEC que permitiu a presença de capital estrangeiro no setor, medida até então vedada pela Constituição.
PAGAMENTO FIXO GARANTIA FLUXO DE CAIXA

Tão logo assumiu o governo de Minas, Aécio se transformou em “amigo de infância” dos dirigentes Associados. Almoços, jantares, noitadas e, obviamente favores, privilégios e publicidade farta sempre estiveram presentes no cardápio destes encontros. Um pagamento fixo chegou a ser estabelecido para garantir o fluxo de caixa da empresa, que o maquiava através de cadernos e publicações especiais. No Aécio governador nunca se viu, nem de longe, a mais leve sombra de mágoa com o que os Associados fizeram com seu avó, quando candidato ao governo de Minas. Para quem era muito jovem naquela época, basta lembrar que qualquer informação sobre a campanha de Tancredo nas páginas dos Associados só era publicada se fosse paga e, mesmo assim, a peso de ouro.
Como uma mão lava a outra, os Associados proibiram qualquer crítica, por mais leve que fosse, aos governos de Aécio Neves e de seu sucessor, Antônio Anastasia. Razão pela qual os mineiros não ficaram sabendo dos abusos, desmandos e descalabros cometidos pelos tucanos. 
Abusos que começam com o acobertamento do pai dos Mensalões no Brasil, denunciado em 2007, passam pela privatização da Cemig, através da empreiteira Andrade Gutierrez, envolve a construção da Cidade Administrativa – uma obra que consumiu mais de R$ 2 bilhões aos cofres públicos -, a entrega dos recursos minerais do Estado às empresas estrangeiras e culmina com a quebra do próprio Estado de Minas Gerais, com um rombo de mais de R$ 7 bilhões nas contas públicas.
Isto sem falar em centenas de obras paradas, no desmantelamento das áreas da saúde e educação, na contratação, sem concurso, de quase 100 mil funcionários, além da demissão e perseguição de professores e na prisão de jornalista que não rezava pela cartilha aecista.
Num primeiro momento, os Associados, como a maioria da mídia tradicional brasileira, tentou jogar nas costas da presidente Dilma Rousseff a responsabilidade pela má situação financeira em que se encontra. Pediu auxílio aqui e acolá e foi atendido. 
Em várias oportunidades, o concorrente O Tempo, do empresário Vittorio Mediolli, autorizou que a sua empresa, a Sempre Editora, emprestasse papel para que o ex-grande jornal dos mineiros não deixasse de circular. Mediolli, inclusive, esteve perto de comprar o Estado de Minas, mas teria desistido da transação, pelo que se sabe, no momento em que Álvaro Teixeira da Costa tentou se incluir no pacote.
SILÊNCIO CÚMPLICE

Também no meio acadêmico mineiro, onde se imagina que domine o livre pensar, a influência dos Associados sempre esteve presente. Lá, o que prevaleceu, todos estes anos, com as exceções de praxe, foi um silêncio cúmplice, quando não oportunista por parte de professores e alguns autointitulados pesquisadores, eternos candidatos e candidatas a intelectuais provincianos.
A única razão para se lamentar a situação a que os Associados chegaram é o sofrimento e a insegurança que centenas de funcionários e suas famílias estão experimentando. Fora isso, é no mínimo ridículo argumentar que o jornal Estado de Minas, por exemplo, constitua um patrimônio a ser preservado. Que patrimônio é esse que sempre trabalhou contra os interesses da maioria da população de Minas e do Brasil? Que patrimônio é esse que sempre esteve ao lado dos golpistas (do passado e de hoje) e caracteriza-se pelo desrespeito permanente aos seus funcionários e aos cidadãos?
Para cúmulo da ironia, quando a direção dos Associados aciona, como fez nesta terça-feira (29) o batalhão de choque da Polícia Militar para intimidar funcionários em greve que reclamam pacificamente os seus direitos trabalhistas, das telas dos cinemas em Belo Horizonte, Chatô, em cartaz, contempla o que pode ser o capítulo final do império que criou.
Como toda crise oferece também oportunidades, está na hora dos funcionários dos Associados aproveitarem a reunião intermediada pelo Ministério do Trabalho, marcada para esta quarta-feira (30), para exigir transparência e conhecer qual é realmente a situação da empresa. Só a partir daí, poderão pensar em soluções cabíveis para receberem o que lhes é devido.
A intermediação é fundamental, porque a atual direção dos Associados não mais reúne condições para seguir dando as cartas, pois ela é o problema. Fora isso, as alternativas não são nada animadoras: tapar o sol com a peneira ou continuar capengando à espera que Aécio ou alguém do seu quilate seja eleito e restaure os “anos dourados”. Pelo visto, quem fizer tal aposta vai esperar sentado. (Ângela Carrato).