sábado, 5 de janeiro de 2013

Desopilando... Janis Joplin - "Me and Janis".


Janis me ligou no meio da noite, na Tribuna da Bahia, em Salvador. 
por Zoroastro SantÁnna.

Janis Joplin

Quem é? - perguntei. Is Janis, Janis Joplin. Rigth, I'm Jesus, and so? É verdade, meu nome é Janis Joplin. Estou ligando para você por indicação de um músico baiano que conheci em Ipanema, no Rio, o nome dele é Piti. Quase refeito perguntei o que ela queria. Disse ela que estava vindo para a Bahia e que precisava de apoio e que não queria a mídia envolvida. Dissera que viria de carona de caminhão. 


Marcamos num posto de gasolina antes da rodoviária, na Avenida Barros Reis. Eu tinha um fusca 68, azul calcinha. Liguei para o Hotel da Bahia e fiz uma reserva em nome do Mr. David Newhouse e senhora. David era um australiano, namorado de Janis, na época. Eu tinha 23, Janis 27 e David 29 anos. Quando cheguei no posto de gasolina eles já estavam lá. Ele imenso, de camiseta regata, malhadão, ela de saia indiana e blusa de crochê verde, sandálias. Nos beijamos, todos.


Seguimos até o Campo Grande, no Hotel da Bahia. O recepcionista disse que o hotel estava lotado. Pedi para chamar o gerente, um carequinha empertigado. Expliquei que eu havia feito uma reserva, pessoalmente e que agora o funcionário disse que estava lotado. O careca, rei do mundo, numa cidade fim do mundo, disse: “Meu hotel não hospeda hippies!”.  

Janis, que já estava impaciente, entendeu quando ele disse a palavra... hippies, bateu a mão no mármore vagabundo da recepção e gritou: “Seu merda, eu sou Janis Joplin, eu compro esse hotel e lhe boto na rua!”. Pedi calma a ela, ela esperneou, David não estava nem aí.
Hippies

As duas mochilas deles eram imensas, Janis ia na frente e David atrás com os dois volumões. Meu fusca queimava uma fumaça azul, parecia desenho animado. Seguimos em direção à orla. Chegamos na Pituba e encontramos o Hotel Universo, que não existe mais. Em frente ao Jardim dos Namorados. Entramos sem o menor problema. Chegamos no quarto, deitamos na cama larga, relaxados, David acendeu um charo quilométrico, fumaça azul, como a do meu fusca. Janis pediu heroína ou pó. Eu não tinha, não havia nada disso na Bahia em 1970.
Eu tinha notícias do que era, mas nunca tinha nem visto. Janis ficou nervosa e inquieta, não dormimos, só David cochilou. Janis pediu cachaça, saí e trouxe uma garrafa de Jacaré, cachaça da terra; “Jacaré taí? Positivo”, era o slogan. Ela tomou metade da garrafa.
O que tem do outro lado do mar? Perguntou Little Lyn, olhando pela janela aberta para aquela imensidão verde esmeralda do mar da Pituba. A terra dos seus avós, respondi. Are you jokking? Reclamou ela, que brincadeira é essa? Sou do Texas, e me deu dois tiros com os dedos engatilhados. Rimos muito, porque respondi que era cangaceiro e as coisas não ficariam assim, revidei os tiros e corríamos bêbados do quarto para o banheiro, do banheiro para o quarto. Belo tiroteio.

Baleados e exaustos, expliquei que no do outro lado mar ficava Luanda, em Angola. Onde vivia a nação negra da qual era roubara a voz. Eu nasci assim, eu não roubei nada, disse ela tentando arrumar os cabelos revoltos. Eu sei, tranquilizei. Só queria que você soubesse que é crioula, mais nada. Eu sei, disse ela, eu sempre soube. Nos abraçamos e ficamos olhando aquela calmaria turquesa do mar. David peidou.

À noite levei Little Lyn e David na casa de Luiz Fernando, um amigo, artista plástico que vivia num casarão na foz direita do fedorento Rio Vermelho que estranhamente não cheirava nesta noite. Havia manequins de gesso pela sala, envoltos em panos coloridos, tudo iluminado  a luz de velas. No centro, almofadas confortáveis, mais velas e um toca-discos daqueles que você desmonta e as tampas viram duas caixas de som. Little Lyn pedira que eu comprasse dois LPs.

Um era o “Big Brother and the Holding Company”, sua ante-penúltima banda, onde rolava tudo que havia de psicodélico, de drogas às ideias. O outro disco que ela queria ouvir era o “Kozmic Blues Band”, estranhei que não pedisse o “Cheap Trills”, que ficava no meio de um e do outro. Foi difícil achar o “Kozmic”, tinha acabado de sair, mas achei!
Charo rolando pela sala, cachaça Jacaré aberta no espaço, Little Lyn sentada, balançando o corpo do ritmo de “Bye, Bye Baby”, “Blindman”, “Call on Me” e outras  genialidades. Me pediu que colocasse o “Kozmic”, ninguém ainda conhecia direito aquele LP. Ela deu um gole profundo na Jacaré e cantou em cima do disco, em cima da própria voz, “Summertime”.

O mundo deveria ter acabado naquele instante. Depois daquele momento, nada mais importa, é um encontro definitivo com Deus. Virei santo. E haja o que houver, direi sempre com a boca cheia, plagiando Pablo Neruda “confesso que vivi”.

Não sei como descobriram, mas a revista Veja, através de seu editor regional, Edgar Gantoira, me ofereceu um fusca caramelo zero quilômetro, um monte de dinheiro e um fotógrafo, Roberto Duarte, para documentar a estada de Janis em Salvador e me vi diante do dilema em ser fiel ao pedido de Little Lyn e granjear a fama e o dinheiro através do furo de reportagem. 

Eu traí Janis ao revelar ao fotógrafo Roberto Duarte que no dia seguinte eu a levaria à feira de Água de Meninos, na Cidade Baixa. Ele fez a foto com uma tele 125 mm e a Tribuna estampou em manchete de meia página: “Janis Joplin na Bahia”. Quando abri o jornal pela manhã tive vontade de morrer. Chamei Janis e mostrei. Ela me odiou. Chorei. Ela ficou puta. Passados uns minutos ela me beijou. Forget it, disse ela, don’t worry. O resto jamais contarei. “Summertime...


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Zoroastro Sant’Anna - Jornalista e cineasta.  Ilustrações e “links”– redecastorphoto

Plano para matar presidente do Equador está na agenda da CIA, revela dossiê.

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Rafael Correa é candidato à reeleição no Equador.

O jornalista chileno Patrício Mery alertou às autoridades equatorianas, na sexta-feira, dia 4, para um plano da Agência Central de Inteligência norte-americana (CIA, na sigla em inglês) para assassinar o presidente do Equador, Rafael Correa. A medida seria em retaliação ao fechamento de uma base dos EUA naquele país, que existiu até 2009, e por dar asilo ao jornalista australiano Julian Assange, diretor do sítio WikiLeaks, na internet.

O repórter apresentou suas pesquisas ao ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, e promoveu uma conferência com jornalistas na capital, Quito. À agência latino-americana de notícias Andes, Mery revelou detalhes do trabalho de apuração realizado ao longo dos últimos cinco anos.

Sua pesquisa abre várias frentes de investigação e detalha as relações de autoridades chilenas com a CIA. Ele organizou um roteiro que se repete em vários países da região. A agência norte-americana, com o apoio de autoridades do governo chileno, promove a entrada de drogas produzidas no Equador, cerca de 200 quilos de cocaína por mês, a fim de gerar dinheiro sujo: chega no Chile segue para a Europa e os Estados Unidos. Do dinheiro gerado, uma parte permanece no Chile “e me disseram as fontes que este dinheiro é destinado a desestabilizar o governo do presidente Correa”, afirma o jornalista.

Mery comprova as informações passadas ao governo equatoriano com uma denúncia, feita no Chile, pelo inspetor Fernando Ulloa, após reunião com ministro do Interior da época, Rodrigo Hinzpeter, ao qual apresentou um dossiê com todos os fatos e nomes dos líderes do PDIs (Polícia de Investigações, na sigla em espanhol) envolvidos com o tráfico de drogas, incluindo Luís Carreno, “que apontou como um agente da CIA e que agora trabalha como inspetor da área de Arica e integra o alto comando do PDI. Após a denúncia, a única medida tomada foi afastar o denunciante, Fernando Ulloa, de suas funções.

A apuração do jornalista começou quando ele suspeitou da corrupção nos meandros policiais de seu país e um agente da Agência Nacional de Inteligência (ANI) confirmou-lhe que a droga serviria para abastecer financeiramente um plano de desestabilização do presidente Correa, por dois motivos: O líder equatoriano havia fechado a base de Manta e concedido asilo a Julian Assange, que pode ser condenado a morte se for extraditado de Londres, onde se encontra, para os EUA, por vazar informações de segurança nacional sobre os norte-americanos. A partir dessa perspectiva Correa tornou-se também um alvo da CIA. A agência, com base em Langley, no Estado da Virgínia, atua em paralelo ao governo dos EUA e aplica suas próprias regras nas ações daquele país em território estrangeiro.

No relatório entregue ao governo equatoriano, Mery afirma que algumas fontes lhe permitiram revelar seus nomes: “Minhas fontes são: Hector Guzman, Fernando Ulloa, um terceiro membro da Polícia de Investigações que prefiro não revelar ainda seu nome porque sua vida está em perigo no Chile e há uma quarta fonte, que é o agente da ANI. Reúno também documentos históricos e fatos devidamente checados, como a reunião com o ministro Rodrigo Hinzpeter, que atualmente é o ministro da Defesa no meu país”, relatou.

O ministro Hinzpeter esteve envolvido em quatro “armações” no Chile: no primeiro caso, que o liga diretamente com a CIA, um paquistanês chamado Saif Khan é chamado à embaixada dos EUA e dizem que lhe vão arranjar um emprego. Eles o deixaram trancado em um quarto e, ato seguinte, entra o Grupo de Operações Especiais da Polícia (OGPE, na sigla chilena) e o levam preso.

“O homem não sabia de nada, é paquistanês e espero que saiba falar Inglês. Ele é acusado de ter traços de TNT [explosivos], ou seja, como se tivesse entrado com uma bomba na embaixada. A operação foi coordenada por um agente da CIA chamado Stanley Stoy, que ordena à polícia de investigações para que faça uma incursão na casa de Saif Khan, o que é irônico, porque a Polícia Nacional não pode receber ordens de um policial estrangeiro.

Em seguida, descobriu-se que o jovem Saif Khan não tinha nada a ver com o que o estavam acusando, mas a parafernália serviu para mostrar como o país auxilia os EUA na luta contra o terrorismo no mundo. No Chile, temos um quadro onde podemos ver que as autoridades mais altas estão ligadas à CIA e à extrema-direita norte-americana”, disse.

Um outro escândalo denunciado a Patiño mostra que Rubén Ballesteros, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), foi o juiz que participou dos conselhos de guerra da ditadura de Augusto Pinochet e ordenou o fuzilamento de prisioneiros.

“Ele é acusado de violação dos Direitos Humanos e mantém ligações estreitas com a direita dos EUA”, acusa o jornalista.

Ainda segundo o relatório de Mary, Sabas Chahuán, procurador-geral da República (PGR), quem deve investigar os crimes no país, “tem uma relação estreita com o FBI por meio de um acordo firmado com os EUA, depois da prisão de Saif Khan”. 

De acordo com documentos apresentados pelo jornalista, com base na prisão arbitrária foi criado um programa chamado LEO, o qual permite que os norte-americanos obtenham qualquer informação acerca dos cidadãos chilenos.“E tudo o que o FBI sabe, a CIA sabe também”, presume.

Chahuán teria recebido ordens da Embaixada dos EUA no Chile para criar essas “armações”, denuncia Mary.

“Com tudo o que eu disse, mais o que disseram as fontes e provam os documentos e fatos, há uma estrutura que nos permite dizer que a CIA coordena as políticas daquele país com o exterior”, garantiu.

Drogas contra o socialismo - As ligações entre a CIA e o governo chileno, segundo as denúncias, permitem que a agência norte-americana monitore a situação política no país vizinho. No Equador, o presidente é socialista e tem um dos mais altos índices de aprovação popular.

“Nossas fontes afirmam que a droga traficada para fora do Chile destina-se a desestabilizar ou até matar o presidente Correa. Por quê? Porque quando um presidente passa em um mês de 60% de aprovação pública para 80%, de acordo com pesquisas divulgadas nesta quinta-feira, e reúne todas as condições para vencer as eleições no Equador, a única maneira de tirá-lo do caminho é por meio de um assassinato”, afirmou.

Embora não acuse diretamente o governo do presidente Barack Obama de participar do plano para matar um colega sul-americano, “parece uma atitude muito suspeita da CIA e temos as provas que definem as relações entre a CIA e o governo do meu país. O presidente Sebastián Piñera é filho de José Piñera, que foi embaixador do Chile nos Estados Unidos. Ele também é irmão de José Piñera, que foi ministro do (ditador Augusto) Pinochet”.

Em 1980, lembrou, “o presidente Piñera faliu o Banco de Talca. Ele era gerente e promoveu um imenso desfalque. Devia estar preso. Nada foi investigado sobre a participação da CIA neste episódio, mas a informação que temos é que o presidente Piñera foi retirado do país por quase um ano, para que não precisasse enfrentar a Justiça. O pai do presidente sempre teve laços estreitos com os EUA e com a CIA”.

“Temos agora todos os elementos que mostram pelo menos 90% de possibilidade da existência de um processo de desestabilização permanente contra o presidente Correa, por ele fechar a base de Manta e dar asilo a Julian Assange. Mas isso, na realidade, não é uma questão política, e sim, comercial, porque a CIA tráfica de drogas, e faz isso através do PDI chileno, e você diz um nome, Luis Carreno, quando se chega ao bolso de um empresário, um empreendedor, mesmo ilegal, ele fica chateado e busca vingança”, esclarece.

Mery acredita que haja um esquema em que CIA desestabiliza os governos, uma semana antes de tomarem posse.  “Foi o caso do presidente Salvador Allende. Eles mataram o comandante-em-chefe, René Schneider. Este crime foi perpetrado pela CIA, segundo telegramas revelados, nos quais há uma conversa entre Richard Nixon e Henry Kissinger, que assume total responsabilidade pela morte de Schneider”, disse Mery à agência de notícias.

Mídia corrompida - No relatório do jornalista consta também a entrega de US$3 milhões ao jornal El Mercurio, do empresário Agustín Edwards Eastman, como pagamento pela cobertura favorável às “armações” realizadas pela agência de inteligência norte-americana.

“Durante a ditadura, o jornal disse que não havia desaparecidos, negou que os direitos humanos tenham sido violados e agora, todos os dias publica notas e matérias contra os presidentes Correa e Hugo Chavez, da Venezuela”, constata.

Mery também aponta o fato de o ex-chefe do PDI, Arturo Herrera estar ligado a um caso de pedofilia, como um cliente de uma rede de exploração sexual infantil.

“Posteriormente, ele foi nomeado vice-chefe da Interpol. Como uma pessoa acaba de ser acusado de pedofilia e assume como vice-diretor da Interpol?”, questiona.

Herrera, segundo o dossiê entregue ao governo equatoriano, “foi contratado para desestabilizar o governo de Hugo Chavez. Como fez isso? Armando uma série de histórias para vincular Chavez às Farc. Em seguida, ligam Correa às Farc para, finalmente, envolver o Partido Comunista do Chile, especialmente Guillermo Teillier e Lautaro Carmona, os deputados chilenos que disseram ter ligações com membros das Farc. Esse é o mesmo roteiro utilizado na Venezuela, Equador e Chile”.

Mery convidado pelo ministro Ricardo Patiño, em uma visita oficial, para a entrega do relatório. “O que ele vai fazer com essa informação é uma atribuição do governo equatoriano. Eu confio no julgamento do chanceler. Depois de nos conhecermos, ele lançou uma nota no Twitter para dar maior peso ao que lhe havia dito. Então, eu entendo que é uma questão sensível e levada a sério”, concluiu.

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Notícias de ontem: O "mensalão" ruralista: a compra de votos pelas empresas do agronegócio.

5 de dezembro de 2012.
 
Por Daniel Merli
Da Carta Maior

Faltando poucas semanas para o 1º turno das eleições municipais deste ano, os olhos do país dividiram-se entre a complexa trama de Avenida Brasil e outra, bem mais simples, do julgamento do “maior caso de corrupção” da história do país. Ao contrário das nuances e dúvidas do roteiro de João Emanuel Carneiro, os papéis de mocinho e bandido estavam bem mais delineados na segunda trama. 


De um lado o “herói de toga preta”(1) e “menino pobre que mudou o Brasil” (2). De outro, o “chefe de quadrilha” (3), obstinado a realizar um “golpe [por um] projeto de poder quadrienalmente quadruplicado” (4). O desfecho apoteótico viria na condenação que “lava a alma de todos os brasileiros vítimas dos corruptos” (5), muda nossa história e permite que o Brasil volte “a saber distinguir o certo do errado” (6).

Pois nos mesmos dias, do desenrolar das tramas de Delúbio e Carminha, a poucos metros do STF, o Congresso Nacional votava mais uma tentativa de acordo sobre o Código Florestal. Por trás das cortinas, um enredo bem semelhante ao que estaria sendo condenado exemplarmente do outro lado da rua. Dezenas de parlamentares, que conquistaram o espaço de representação na Câmara dos Deputados com apoio financeiro de empresas do agronegócio, propunham a criação de diferentes tamanhos para as Áreas de Proteção Permanente (APP) em beiras de rio. A medida, que reduziria as chamadas APPs ripárias no Brasil e abriria espaço para o aumento da produção do agronegócio acabou vetada pela presidenta Dilma Rousseff.

No caso do “mensalão” mais famoso, o empresário Marcos Valério de Souza, dono da agência de publicidade SMP&B, e os gestores do Banco Rural haviam sido condenados por fazer transferências de recursos a partidos políticos objetivando ganhos em decisões do governo. Também o empresário Daniel Dantas agora está sendo julgado pelo mesmo caso. Como responsável, na época, pelas empresas Brasil Telecom, Telemig Celular e Amazônia Celular, Dantas teria contratado os serviços de publicidade da SMP&B, para repassar recursos ao PT como forma de obter apoio do governo federal (7).

E o que buscavam as empresas do agronegócio que, em 2010, doaram dinheiro a campanhas de parlamentares que votariam o Código Florestal em seus mandatos? E os parlamentares, neste caso, não atuaram “emprestando apoio político” a quem os financiou?

Somente o grupo JBS financiou, com mais de R$ 10 milhões, 38 dos deputados que votaram pela redução das APPs de beira de rio, como exemplifica o livro Partido da Terra, do jornalista Alceu Castilho (8). Mas não só a maior empresa de processamento de carne do mundo buscou apoio parlamentar no Congresso. Somente na lista das 10 maiores empresas do agronegócio em 2010, feita pela revista Exame (9), também a Bunge destinou R$ 1,1 milhão ao financiamento de deputados federais, assim como a CoperSucar, com 450 mil. Quando ocorreu a campanha eleitoral, em 2010, já estava em discussão no Congresso o novo Código Florestal.

Para evitar este e outros tipos de "mensalões", organizações da sociedade civil defendem a aprovação pelo Congresso Nacional de uma reforma política que proíba o financiamento privado de campanhas eleitorais. É o que pede, por exemplo, José Antonio Moroni, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) (10). Ele é um dos coordenadores da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político que mantém uma lista de abaixo-assinado na internet visando atingir 1,5 milhão de assinaturas para embasar um Projeto de Lei (PL) de iniciativa popular (11).

Enquanto isso, a votação do PL de reforma política proposto pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS), que inclui a proposta de financiamento público integral, segue sendo obstruída. O relatório de Fontana (12) é resultado do trabalho da Comissão Especial, criada em fevereiro de 2011, que ouviu juristas e representantes dos movimentos sociais. O texto, no entanto, não foi votado por obstrução. Entre outros fatores, pela extinção do financiamento privado de campanha.

“O abuso do poder econômico termina escolhendo candidatos muito mais pela capacidade de arrecadação do que pelas ideias que eles defendem, criando uma democracia de desiguais”, avalia o deputado Henrique Fontana (PT-RS), em entrevista ao jornal Brasil de Fato (13). “O que corrige essas questões é o financiamento público exclusivo, com teto de gastos e forte diminuição dos custos de campanha”.


NOTAS:

1. Meme que circulou pelas redes sociais durante o julgamento.

2. Capa da edição 2.290 da revista Veja, de 10 de outubro de 2012.

3. Termo usado pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) para referir-se ao então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, acusando-o de comandar a suposta operação de compra de votos no Congresso.

4. Voto do ministro do STF Ayres Britto pela condenação dos réus José Dirceu e José Genoino

5. Capa da edição 2.291 da revista Veja, de 17 de outubro de 2012.

6. Capa da edição 2.285 da revista Veja, de 5 de setembro de 2012.

7. “Dantas tenta impedir transferência para SP investigação sobre relação com Valério”, reportagem do repórter Flávio Ferreira no jornal Folha de S. Paulo, edição de 2/11/2012.

8. Partido da Terra, Editora Contexto, 2012,

9. “As 10 maiores empresas do agronegócio no Brasil", revista Exame, set/2010.

10. “Reforma política para acabarmos com escândalos como Mensalão”, entrevista de José Antonio Moroni ao site do Inesc.

(11) http://www.reformapolitica.org.br/

(12) A íntegra do relatório pode ser acessada aqui

(13) Organizações querem impulsionar mudança no sistema político, reportagem da edição nº 504 do jornal Brasil de Fato, de 25 a 31 de outubro - disponível aqui  

Esta notícia foi publicada originalmente em:
http://www.mst.org.br/O-mensalao-ruralista-a-compra-de-voto-pelas-empresas-do-agronegocio

JP plantão. Pesquisador cria software para simular o impacto da elevação do nível do mar em São Luís.

O maranhense Denilson da Silva Bezerra apresentou, nesta sexta-feira (4), ao vice-governador, Washington Luiz Oliveira, uma ferramenta computacional para simular o impacto da elevação do nível do mar em São Luís. O software, que é fruto da tese de doutorado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), constitui-se em uma plataforma digital pública para subsidiar na elaboração de políticas públicas.

"Desenvolvi um modelo aplicado para minha terra. Quero retribuir ao meu estado todo investimento em minha formação acadêmica", afirmou o pesquisador. Denilson é graduado em Ciências Aquáticas e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Maranhão, e especialista pela Universidade Estadual do Maranhão.

Ele explicou que a plataforma computacional permite aos gestores públicos a identificação dos impactos da elevação do nível do mar em São Luís nos próximos anos, verificando índices de consumo de água, crescimento populacional, impacto de obras, áreas degradadas, entre outros.

"O foco é perceber como Manguezal vai responder à elevação do nível do mar, tendo em vista que a segunda maior concentração de mangue está no Maranhão", acrescentou, destacando que São Luís será a primeira capital brasileira a utilizar o software.

Após a apresentação do projeto, o vice-governador destacou a importância da ferramenta para fortalecer as ações e programas estratégicos do Governo do Maranhão. "Essa ferramenta deverá ser apresentada na reunião do Conselho de Gestão Estratégica das Políticas Públicas de Governo (Congep), para que todos os secretários possam conhecer o programa e perceber aplicabilidade nas políticas públicas desenvolvidas pelo governo", ressaltou Washington Luiz.

NOTÍCIA RELACIONADA:


http://maranauta.blogspot.com.br/2013/01/software-de-maranhense-simula-impacto.html

Estupro, não! Na Índia, a guerra entre o velho e o novo.

Mahesh Kumar A: AP Photo/Mahesh Kumar A.Esta reportagem foi publicada originalmente no site Brasil 247.


A morte de uma jovem barbaramente violentada e espancada por seis homens demonstra que modernidade e progresso pouco ou nada significam sem justiça e igualdade de direitos para as mulheres.


2 de Janeiro de 2013 às 17:22.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Suicídio. Jovem apaixonado se enforca no Monte Castelo

Foto Ilustrastiva 2013 
O jovem Felipe Crateous Aragão, 16 anos, recorreu ao suicídio por enforcamento durante a madrugada desta sexta-feira (4), no interior de sua residência localizada na Travessa Furtuna, Nº 1, Monte Castelo, em São Luís.


De acordo com as primeiras informações, Felipe teria sido encontrado já sem vida e pendurado por uma corda, dentro do seu quarto, ao seu lado havia uma carta de amor de três metros de comprimento.


Felipe e sua amada teriam rompido o relacionamento recentemente. 

O que deve tê-lo levado ao ato tresloucado.


O corpo deu entrada e foi liberado no IML ainda durante madrugada.



Software de maranhense simula impacto da elevação do mar.

O software é fruto da tese de doutorado de Denilson da Silva Bezerra.

Foto: Divulgação/Vice-governadoria
SÃO LUÍS - O maranhense Denilson da Silva Bezerra apresentou, nesta sexta-feira (4), ao vice-governador, Washington Luiz Oliveira, uma ferramenta computacional para simular o impacto da elevação do nível do mar em São Luís. 

O software, que é fruto da tese de doutorado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), constitui-se em uma plataforma digital pública para subsidiar na elaboração de políticas públicas.

"Desenvolvi um modelo aplicado para minha terra. Quero retribuir ao meu estado todo investimento em minha formação acadêmica", afirmou o pesquisador. Denilson é graduado em Ciências Aquáticas e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e especialista pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema). 

Ele explicou que a plataforma computacional permite aos gestores públicos a identificação dos impactos da elevação do nível do mar em São Luís nos próximos anos, verificando índices de consumo de água, crescimento populacional, impacto de obras, áreas degradadas, entre outros.

"O foco é perceber como Manguezal vai responder à elevação do nível do mar, tendo em vista que a segunda maior concentração de mangue está no Maranhão", acrescentou, destacando que São Luís será a primeira capital brasileira a utilizar o software

Após a apresentação do projeto, o vice-governador destacou a importância da ferramenta para fortalecer as ações e programas estratégicos do Governo do Maranhão. "Essa ferramenta deverá ser apresentada na reunião do Conselho de Gestão Estratégica das Políticas Públicas de Governo (Congep), para que todos os secretários possam conhecer o programa e perceber aplicabilidade nas políticas públicas desenvolvidas pelo governo", ressaltou Washington Luiz.

 

Sobreviventes do 4 de Janeiro, (Genocídio de 10 Mil Angolanos pelas Tropas Coloniais Portuguesas), defendem políticas que dignificam as vítimas.

massacre da Baixa de Cassanje.

Angola (Malanje) - O presidente da associação nacional 4 de Janeiro, Joveta Nzage, defendeu nesta quinta-feira, em nome dos sobreviventes da efeméride, a necessidade de se implementar políticas concretas, que dignifiquem o heroísmo das vítimas desse massacre ocorrido em 1961 contra os camponeses angolanos na região da Baixa de Kassanje.
De acordo com o responsável que se pronunciava a propósito do dia do massacre da Baixa de Kassanje, a assinalar-se hoje, sexta-feira, essa dignidade passa pela construção de um memorial e várias infra-estruturas socioeconómicas na região de Teka dya Kinda(município do Quela), local onde se encontram sepultados em vala comum, milhares de cidadãos mortos na sequência da chacina perpetrada pelos colonialistas portugueses.
Entretanto, Joveta Nzage advoga igualmente maior divulgação dos actos que originaram o massacre da Baixa de Cassanje, consubstanciados na reivindicação da mão de obra barata e abolição do trabalho forçado, através da inserção de conteúdos no curriculum escolar de vários níveis de ensino.
O presidente da associação 4 de Janeiro, é ainda de opinião que a data seja reinserida no leque de feriados nacionais, devido a sua importância histórica para a nação angolana.
O 4 de Janeiro de 1961, marca um acontecimento histórico, quando mais de dez mil camponeses da ex-companhia de Algodão de Angola (Cotonang), foram barbaramente assassinados pelo exército colonial português, por exigirem os seus direitos como trabalhadores, a isenção de pagamentos de imposto e a abolição do trabalho forçado.
O acontecimento estendeu-se aos municípios do Quela, Kunda-dia-base e Kiwaba Zonje, na província de Malanje e Xá-muteba, Kapenda Kamulemba e Cubalo (Lunda Norte), que compreendem a região da Baixa de Kassanje.
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ONU apenas joga papel de facilitador no caso Baixa de Kassanje.