quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Flávio Dino discute investimentos para o Maranhão com a presidenta Dilma Rousseff.

O governador do Maranhão, Flávio Dino, foi recebido na tarde desta quarta-feira (25) no gabinete da Presidência da República pela presidenta Dilma Rousseff. 

O chefe do Executivo do Maranhão apresentou à presidenta projetos prioritários: Plano de Ação Mais IDH, Programa Escola Digna e propostas sobre rodovias federais que cortam o Estado.

Ao lado do presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, o governador apresentou os projetos especiais encampados pelo Governo do Maranhão sob a nova gestão. O combate às desigualdades sociais e a elevação dos indicadores socioeconômicos do Maranhão são os pontos de foco para atuação no Estado, apresentados por Flávio Dino à presidenta e ao ministro-chefe da Casa Civil, Aloísio Mercadante.

Os programas de combate às desigualdades que estão sendo implementados pelo Governo do Estado foram detalhados por Flávio Dino a Dilma, que solicitou à presidenta parcerias com o Governo Federal para potencializar as ações articuladas pelo Estado.

O Plano de Ações Mais IDH consiste em articulações, nos 30 municípios com menor Índice de Desenvolvimento Humano, direcionadas a melhorar os indicadores de saúde, educação, renda e longevidade da população.

O programa ‘Escola Digna’ que tem por principal meta erradicar as escolas de taipa e barro no interior do Maranhão também foi tratado na audiência. O governador também pleiteou a duplicação das BRs 135 (de São Luís a Miranda do Norte), 236 (de Timon a Caxias) e 010 (interligando Imperatriz a Açailândia).

Segundo Flávio Dino, a presidenta demonstrou solidariedade com o Maranhão e se comprometeu a ajudar o Estado via programas federais que tenham maior impacto para a população maranhense, em sintonia com os pleitos apresentados pelo governador.

Defesa da Refinaria
Outro tema marcante levado pelo Governo do Maranhão foi a defesa da retomada da Refinaria Premium da Petrobras no Maranhão. Os investimentos realizados pelo Governo Federal em Bacabeira, segundo Flávio Dino, devem ser retomados porque o Estado possui pré-condições logísticas e naturais únicas no Brasil.

“Entendemos as razões da Petrobras em adiar o projeto, porém temos convicção de que ele será retomado, pois é importante para o Brasil aumentar a capacidade de refino e o Maranhão é o Estado com as melhores condições para receber esse investimento,” disse Flávio Dino ao informar que solicitou reunião com o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine.

FRENTE PARLAMENTAR DE SEGURANÇA PÚBLICA PEDE PENAS MAIS SEVERAS PARA MATADORES DE POLICIAIS.

Centenas de policiais, bombeiros e agentes penitenciários se reuniram em ato público nesta quarta-feira (25) para homenagear os policiais assassinados em serviço no Brasil.
Foram apresentadas várias reportagens com imagens e depoimentos de diversos locais do País. O ato foi coordenado pelo deputado Subtenente Gonzaga (PDT-MG), que promete dar início a uma pauta com projetos voltados para os policiais de todas as categorias e estados. Segundo ele, é preciso aumentar a pena para assassinos de policiais.
“Queremos um compromisso do presidente da Câmara para dar prioridade à votação de projetos que aumentem a pena e tornem hediondo o crime contra agentes públicos”, disse Gonzaga.
Segundo o deputado, a estatística de mortes de policiais não é exata porque há certa relutância em reconhecer a morte fora de serviço. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que, nos últimos 5 anos, foram mortos 1.770 policiais.
O presidente da Associação Nacional de Praças (Anaspra), cabo Elisandro Lotin de Souza, afirma que os meios de comunicação passam uma imagem errada dos profissionais de segurança pública.
“Nunca morreu tanto policial no Brasil. Não existe paralelo nenhum no mundo em morte de profissionais de segurança pública, e infelizmente ninguém tem prestado atenção a essa dura realidade dos profissionais que morrem em decorrência da sua profissão.”
Há mais de 40 propostas de interesse dos policiais tramitando na Câmara, como o Projeto de Lei 8258/14, de autoria de Gonzaga, que aumenta em 1/3 a pena para os homicídios dolosos (quando há intenção) contra agentes públicos e enquadra esse crime na lista dos crimes hediondos.
Nesta tarde, integrantes da Frente Parlamentar da Segurança Pública devem se encontrar com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para pedir rapidez na análise de propostas sobre o tema.
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Índios Canelas da aldeia Porquinho ocupam sede da FUNAI em Imperatriz, e Índios Guajajaras protestam em frente a sede do governo em São Luís.

Do G1 MA

Índios Canela das aldeias Porquinho e Velha, de Fernando Falcão ocupam sede da Funai em Imperatriz, desde essa terça-feira (24). 


Os índios reivindicam a transferência no atendimento da Coordenação Regional de Palmas, no Estado do Tocantins, para a regional de Imperatriz.


Os índios fazem parte das aldeias Porquinho e Velha, localizadas em Fernando Falcão, município da região sudeste do Maranhão. Pertencentes a área subordinada à Coordenação Regional Araguaia-Tocantins, sediada em Palmas, no Tocantins, os indígenas afirmam que a área em que estão, no sudeste do Maranhão, fica distante cerca de 1.500 km da Coordenação Araguaia-Tocantins, à qual estão subordinados, enquanto que, para Imperatriz, são apenas 400 km. "Só vamos sair daqui quando chegar uma ordem, uma portaria. Se não, vamos passar os dias que puder", disse o cacique da aldeia Velha, Antônio Kacrose Canela.

São Luís


Na tarde desta terça-feira (24), cerca de 80 índios da tribo Guajajaras reivindicaram melhorias nas áreas de educação, transporte e saúde. Eles acamparam em frente ao Palácio dos Leões, em São Luís, e cobraram do governo a retomada do diálogo iniciado ainda na gestão passada.

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Índios Guajajaras protestam em frente a sede do governo em São Luís.


Cerca de 80 índios da tribo Guajajara vieram de Grajaú a São Luís para reivindicar melhorias nas áreas de educação, transporte e saúde. Eles acamparam em frente ao Palácio dos Leões, na tarde desta terça-feira (24), e cobraram do governo a retomada do diálogo iniciado ainda na gestão passada.


Segundo Raimundo Guajajaras, uma das lideranças do movimento nenhum representante do governo apresentou proposta de melhorias para as tribos. "Mudou o governo e até agora ninguém falou com a gente. Queremos saber como vai ficar condições de escola, material escolar, merenda, transporte e que está nos preocupando muito. São dois anos de sofrimento e nenhuma empresa recebeu", declarou.

O grupo indígena se dividiu e ocupa as áreas da sede da Fundação Nacional do Índio, no bairro do Anil, e outra na sede da Secretaria de Educação do Estado.

*Informações do G1 MA.



Anistia Internacional convoca mobilização mundial por chacina na Bahia.



Foto - Anistia Internacional.
A Anistia Internacional acaba de lançar (18) uma Ação Urgente para chamar atenção para a operação policial que resultou em 12 mortes no bairro Cabula, em Salvador. 
No dia 6 de fevereiro, 12 jovens foram mortos a tiros e quatro ficaram feridos após abordagem da Rondesp – Rondas Especiais (Polícia Militar). 
Embora a versão oficial da polícia afirmasse que policiais reagiram após serem recebidos a tiros por um grupo de homens a caminho de um assalto a banco, moradores que conversaram com a Anistia Internacional relatam que os rapazes estavam rendidos quando foram supostamente assassinados por policiais militares. Há ainda evidências de que não houve perícia adequada da cena do crime, já que esta pode ter sido alterada.
A Ação Urgente é uma ferramenta que permite que seções de todos os mais de 70 países onde a Anistia Internacional está presente se mobilizem através de seus ativistas para pressionar diretamente representantes dos governos através de e-mails, cartas e telefonemas.
As mensagens serão encaminhadas diretamente ao governador da Bahia, Rui Costa; e ao secretário de segurança pública, Maurício Teles Barbosa, com apelos para que possam garantir uma investigação completa, rápida e imparcial sobre os assassinatos; garantir proteção às testemunhas contra violência, ameaças e qualquer forma de intimidação; e assegurar proteção aos membros da comunidade e lideranças que têm se manifestado sobre o tema.
Entre em ação agora!
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Brasil - Aumento de homicídios e rebeliões agrava crise da segurança pública no País.

Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil.Edição: Armando Cardoso.

Foto - Ilustrativa
A crise na segurança pública do Brasil foi agravada em 2014 com o aumento do número de homicídios no país, alta letalidade nas operações policiais, uso excessivo de força para reprimir protestos, rebeliões com mortes violentas em presídios superlotados e casos de tortura.

As informações são parte do capítulo brasileiro do Relatório 2014/15 – O Estado dos Direitos Humanos no Mundo, que será lançado mundialmente amanhã (25) pela Anistia Internacional. Por conta das diferenças de fuso horário, o relatório foi liberado na noite de hoje (24) para o Brasil.

O diretor executivo da organização no Brasil, Atila Roque, informou que o país está entre as localidades onde mais se mata no mundo, superando territórios com conflitos armados e guerras.

“Um país que perde todo ano quase 60 mil pessoas claramente não está conseguindo dar uma resposta adequada ao princípio fundamental do estado, que é proteger a vida. Garantir a vida com qualidade, mas, antes de tudo, garantir a vida. A avaliação é mais dramática se pensarmos que cerca de 30 mil [assassinados] são jovens, entre 15 e 29 anos. Desses, 77% são negros”, explicou.

Outro problema grave apontado pela Anistia é a impunidade. Conforme o levantamento, menos de 8% dos homicídios viram inquérito na Justiça brasileira. “Existe quase uma licença para matar, porque praticamente só vira inquérito o crime cometido à luz do dia, na frente de todo mundo, entre conhecidos, aquele que todo mundo viu quem foi”, acrescentou Roque.

Ele lembra que o Brasil tem a quarta maior população prisional do mundo. "São mais de 500 mil pessoas presas, o que não significa punição para os crimes. Estamos prendendo muito e mal, porque prendemos quem não comete crimes violentos. Está na cadeia quem comete crimes contra a propriedade, contra o patrimônio e crime de tráfico de drogas, que também é bastante controverso”.

De acordo com o relatório, a militarização da segurança pública, com uso excessivo de força e a lógica do confronto com o inimigo, principalmente em territórios periféricos e favelas, contribui para manter alto o índice de violência letal no país.  “Em um período de cinco anos, a polícia brasileira matou o que a dos Estados Unidos matou em 30 anos. E a polícia americana não é das mais pacíficas do mundo. Entre os países desenvolvidos, é uma das que mais mata”, ressaltou o diretor.

Ele destacou que o relatório final da Comissão Nacional da Verdade estabelece uma relação da violência policial como legado da ditadura militar. Por outro lado, lembrou que o policial também é vítima, sendo alto o número de assassinatos de agentes das forças de segurança.

Entre os casos citados pela Anistia, os destaques são o assassinato do pedreiro Amarildo de Souza em 2013; a prisão de Rafael Braga Vieira, único condenado nas manifestações de junho de 2013; a chacina de novembro, que deixou dez mortos em Belém; a rebelião no Presídio de Pedrinhas (MA); perigo de retrocesso nas legislações que envolvem a demarcação de terras e criminalização do aborto; repressão violenta às manifestações antes e durante a Copa do Mundo; e a demora do Congresso em ratificar o Tratado Internacional de Armas.

Nas recomendações, a entidade sugere a elaboração de um plano nacional de metas para a redução dos homicídios, desmilitarização e reforma da polícia, com mecanismos de controle externo, valorização dos agentes e aprimoramento da formação, condições de trabalho e inteligência para investigação. A Anistia Internacional também pede a implementação de um plano de proteção de defensores de direitos humanos.

“É preciso que enfrentemos o tema da reforma e reestruturação das polícias. Temos de pensar a segurança pública como área de afirmação de direitos e não de violação de direitos. É preciso que pensemos a segurança como parte das políticas públicas e, portanto, como problema do Estado. Segurança pública não é uma questão apenas da polícia. Essa conciência precisa ser incorporada no Brasil de forma que possamos sair desse ciclo de horror”, ressaltou Roque.

Como pontos positivos, ainda que incompletos, a entidade cita a condenação, em 1992, de 75 policiais pela morte de 111 presos na rebelião do Carandiru; a instituição do Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura; o relatório final da Comissão Nacional da Verdade; e avanços na legislação em benefício da população LGBT.

Procurados, representantes do Ministério da Justiça informaram que ainda não tiveram acesso ao relatório. A Secretaria de Estado de Segurança do Rio (Seseg) afirmou que, desde 2009, adota o Sistema de Metas e Acompanhamento de Resultados (SIM) e já pagou R$ 282 milhões em premiação a policiais civis e militares pela diminuição dos índices de criminalidade.

Por meio de nota, a secretaria revelou que, na comparação entre 2007 e 2014, junto com as unidades de Polícia Pacificadora, "o SIM contribuiu para redução de 25,8% dos crimes de letalidade violenta (homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e homicídio decorrente de intervenção policial). Comparado entre o primeiro semestre de 2014 e o ano de 2008, o percentual sobe para 80,7% nas áreas pacificadas.

Conforme a secretaria, a formação dos policiais foi reformulada com o programa Novo Tempo para a Segurança, que promoveu duas revisões curriculares e a renovação do corpo docente das academias de polícia, incluindo a disciplina de direitos humanos no conteúdo. Além disso, a Seseg informou que mais de 1,6 mil policiais foram expulsos por desvios de conduta ou abusos desde o início da atual gestão.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Desafios contemporâneos para a gestão do patrimônio*


19/02/2015
Artigo Jurema
Nas últimas décadas, a ideia de Cultura, antes entendida como algo que servia para distinguir as pessoas por suas origens e classes sociais, volta-se para o reconhecimento e a valorização dos traços comuns de nossa humanidade, que é essencialmente diversa, criativa e fonte dos mais diversos protagonismos. As políticas de patrimônio antecedem em pelo menos dois séculos a esse debate, ocorrido sobretudo na segunda metade do século XX e tendo a Unesco do pós guerra como principal palco de convergências. Na Europa Ocidental, o patrimônio está presente nas políticas de estado desde o final do século XVIII, quando veio dar materialidade aos conceitos de nação e nacionalidade trazidos pela Revolução Francesa.
No Brasil, a atenção para com os museus e a memória nacional data do final do século XIX, mas uma efetiva política de patrimônio, contendo a base daquilo que praticamos até hoje, vem do governo Vargas, mais precisamente de 1937, quando se edita o Decreto Lei 25 e é criado o Iphan. Vigente até hoje, o Decreto Lei 25/37 tornou-se um campeão de longevidade, sobrevivente a três Constituições Federais, certamente por ter se antecipado à visão dominante na legislação brasileira de então, ao fazer prevalecer o interesse coletivo sobre o individual no que se refere à propriedade privada. Esse princípio basilar, a solidez e a contemporaneidade de seus criadores, ao lado de circunstâncias políticas que vigoravam nesses anos originais, deram ao Iphan a sustentação necessária para se afirmar e percorrer uma trajetória muito peculiar na administração pública brasileira, tornando-se uma instituição que é devota fervorosa - e praticante reconhecida - do interesse público, da abordagem técnica especializada e de políticas e programas pouco suscetíveis à descontinuidade administrativa.
Ao longo desses anos, o alargamento do sentido do patrimônio, na mesma direção do ocorrido com a política cultural como um todo, passou a requerer que a proteção do estado se estenda desde um sítio urbano complexo e dinâmico como o Plano Piloto de Brasilia, ate à pequena casa de madeira povoada de objetos de uso cotidiano do seringueiro Chico Mendes, em Xapuri, no interior do Acre. Ou à salvaguarda dos modos de fazer tradicionais relacionados ao manejo de alimentos ou recursos naturais; de celebrações como o Círio de Nazaré ou a Festa do Bonfim; ou de expressões como o Frevo e a Roda de Capoeira, considerada pela Unesco, no último dia 26 de novembro, como Patrimônio Imaterial da Humanidade, ao lado do Frevo, do Círio, do Samba de Roda e da Arte Kusiwa dos índios Wajãpi, que já haviam sido reconhecidos em sessões anteriores. Tudo isso ao abrigo de um decreto (o Decreto 3551/2000), que cria a política e o Registro do Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro, o qual, mais do que conferir títulos, implica em responsabilidade do ente público para com esses bens. Na sequência da política do patrimônio imaterial, cuja transversalidade e forte embasamento social irrigam e oxigenam a politica de patrimônio como um todo, agregou-se recentemente a valorização da diversidade linguística de um país que, durante toda sua história recente, ostentou seu orgulho por falar uma única língua, o Português, mas que, ao contrário, ainda preserva a riqueza inestimável de possuir falantes de mais de 180 línguas indígenas, algumas línguas de imigração hoje desaparecidas nos seus países de origem e remanescentes de línguas africanas.
Esse amplo espectro impõe que a política de patrimônio se relacione com os campos mais diversos, como a gestão urbana, a gestão ambiental, os direitos humanos e culturais, atuando desde o poder de polícia até a educação, a formação profissional e a pesquisa, sem falar de uma crescente interface com o ambiente internacional. Como decorrência, resultam números impressionantes. Se, por um lado, esses números representam um bom indicador – o da afirmação da política de patrimônio – por outro lado preocupam, ao denotar o pouco compartilhamento de responsabilidades com outros entes. Vejamos alguns exemplos: cerca de 40 mil imóveis estão localizados em conjuntos urbanos tombados, o que implica acompanhamento, autorização de intervenções e fiscalização; o licenciamento ambiental prevê a participação do Iphan visando minimizar impactos sobre o patrimônio cultural, o que representa mais de mil processos de licenciamento por ano, envolvendo desde as grandes obras de infraestutura até intervenções urbanas de menor porte; a cada ano, são analisados cerca de 50 mil bens em processo de transferência, permanente ou temporária, para o exterior, visando o combate ao tráfico ilícito de objetos de bens de valor cultural; com a extição da Rede Ferroviária Federal, o Iphan, após 2007, tornou-se responsável pelo patrimônio ferroviário, presente em mais de 1200 municípios, incluindo edificios, bens móveis e acervos documentais. Embora quantitativamente menos numerosa, é de grande complexidade a salvaguarda do patrimônio imaterial e a relação com o chamado “patrimônio vivo”, justamente pela natureza diversa e pela dinâmica dessas manifestações.
Toda essa amplitude, somada ao grande volume de investimentos públicos e privados que vem sendo aplicados nos últimos anos, especialmente em infraestrutura, fazem com que estejamos vivenciando um dos períodos mais desafiadores da história da preservação no Brasil. Não é exagero dizer que quase todos os locais emblemáticos do nosso patrimônio urbano estão passando por algum tipo de transformação, seja material, seja social, envolvendo tipos ou intensidades de uso do solo ou de apropriação pela população. O patrimônio arqueológico é também objeto de permanente atenção, o que se traduz em quantidades inéditas de pesquisas arqueológicas financiadas pelos próprios empreendedores das obras em processo de licenciamento. Essas pesquisas, por sua vez, levaram a um crescimento exponencial de cursos de formação em arqueologia, ainda assim insuficientes para a demanda atual do mercado de trabalho.
No entanto, é tambem verdade que condições mais favoráveis quanto aos investimentos na preservação tem sido possíveis, especialmente no âmbito federal. Mais do que recursos orçamentários, é emblemático o fato de o patrimônio ter tido acesso ao núcleo central de financiamento da política de desenvolvimento do país, ou seja, ao seu programa de infraestrutura, o PAC. Para o seguimento Cidades Históricas foi disponibilizado orçamento que representa, se considerada sua distribuição anual, mais de cinco vezes a média do que se investia anualmente em conservação. Esse aporte, no entanto, põe em evidência o grande desafio que é lidar com o mercado de produção das obras de restauração, ainda formatado para uma demanda muito inferior, com poucos profissionais e poucas empresas especializadas e, principalmente, requer enfrentar a reduzida capacidade instalada nos municípios, que são os executores prioritários do programa sob a coordenação do Iphan.
Vale dizer que, mais do que financiamento para a preservação, o país como um todo enfrenta hoje desafios de gestão. Concretamente, esses desafios se traduzem, por exemplo, em reestabelecer a vitalidade de centros históricos esvaziados de população residente e apartados da dinâmica urbana, como acontece em São Luis ou em Salvador; ou em reutilizar, de forma sustentável, um vasto conjunto de imóveis de valor cultural, cujo exemplo mais notável é o do grande acervo da antiga RFFSA; ou, ainda, em dialogar com os mais diversos atores para alcançar os pactos necessários à salvaguarda dos bens imateriais.
É necessário procurar o equilíbrio entre os papéis da União, dos Estados, dos Municipios, da comunidade e do setor privado, investindo fortemente na ampliação de uma rede de proteção e valorização do patrimônio, não só para desonerar o órgão federal de tantas responsabilidades, mas para alcançar a verdadeira razão de existir do patrimônio, que é fazer sentido no universo e na vida cotidiana dos cidadãos.
É preciso olhar para o patrimônio como um recurso mobilizador, como ele de fato é, não apenas da economia dos serviços do turismo ou da reabilitação urbana, mas como força capaz de nos apresentar contrapontos para olhar com mais senso crítico e lucidez à nossa volta. Visualizar nossa trajetória histórica representada pelos sítios e monumentos nos fará perguntar sobre a arquitetura, as cidades e os espaços públicos que estamos produzindo, observar para onde caminham as nossas formas de sociabilidade e a nossa relação com o ambiente; a comparação entre reaproveitamento e descarte de materiais e de energia nos fará indagar sobre o uso sustentável de recursos, criatividade e inovação; diante de práticas, ritos e saberes tradicionais, podemos aprender a reconhecer seus aportes de conhecimentos e de visões de mundo e respeitar seu desejo de resistência a um destino nivelador que vai se impondo a todos e a todas as coisas.
Na contramão do mundo em que vivemos, o patrimônio não está sob o domínio do efêmero e do imediato, mas resulta do acúmulo e da experiência. Nele se funde o nosso melhor como país e, se soubermos alcançar a amplitude dos seus significados, neles estarão muitas das nossas chaves para encontrar uma forma particular para o nosso projeto de desenvolvimento.
Jurema Machado
Arquiteta, Presidente do Iphan

* Artigo publicado originalmente no jornal Estado de Minas
Fonte: Iphan

Prefeito de São José de Ribamar Gil Cutrim Tem Bens Bloqueados pela Justiça Estadual.

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Foto - Prefeito Gil Cutrim.
Matéria originalmente publicada no http://silvanalves.blog.br.
A pedido do Ministério Público do Maranhão, o Poder Judiciário determinou, no dia 12 de fevereiro, o bloqueio dos bens do prefeito de São José de Ribamar, Gil Cutrim. A decisão liminar atinge, ainda, o secretário municipal de Obras, Habitação e Serviços Públicos (Semosp), André Franklin Duailibe da Costa; os membros da Comissão Central de Licitação, Freud Norton Moreira dos Santos (presidente), Cláudia Regina Furtado Vieira e Gissele Chaves Baluz; além da Blume Engenharia LTDA e dos proprietários da empresa, Rafael Blume de Almeida e Antônio Blume de Almeida.
Os bens de cada um dos acusados foram bloqueados até atingir o valor de R$ 1.887.985,86. O montante é referente ao prejuízo causado aos cofres públicos pela fraude na contratação da construtora Blume Engenharia LTDA, em dezembro de 2013, para a execução das obras da arquibancada coberta e área de apoio do Estádio Dário Santos.
Segundo a promotora de justiça Elisabeth Albuquerque de Sousa Mendonça, autora da Ação Civil Pública por atos de improbidade administrativa, o Município de São José de Ribamar firmou convênio com a Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (Sedel) visando à realização da obra.
O edital da concorrência foi publicado no dia 1º de novembro de 2013, por meio de um periódico de baixa circulação, o jornal A Tarde, e em letra com corpo 5, que é bastante reduzida e só pode ser lida com o uso de lupa.