segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Calendário 2016: Brasil terá 9 feriados e 5 pontos facultativos.

Criado em 04/01/16 - Por Portal EBC.

Para quem pretende planejar uma viagem, emendar férias ou simplesmente descansar, uma boa notícia: o governo federal publicou no Diário Oficial da União a lista de feriados e pontos facultativos para o ano de 2016. Confira:
1º de janeiro - Confraternização Universal (feriado nacional);
8 de fevereiro - Carnaval (ponto facultativo);
9 de fevereiro - Carnaval (ponto facultativo);
10 de fevereiro - quarta-feira de Cinzas (ponto facultativo até as 14 horas);
25 de março - Paixão de Cristo (feriado nacional);
21 de abril - Tiradentes (feriado nacional);
1º de maio - Dia Mundial do Trabalho (feriado nacional);
26 de maio - Corpus Christi (ponto facultativo);
7 de setembro - Independência do Brasil (feriado nacional);
12 de outubro - Nossa Senhora Aparecida (feriado nacional);
28 de outubro - Dia do Servidor Público (ponto facultativo);
2 de novembro - Finados (feriado nacional);
15 de novembro - Proclamação da República (feriado nacional); e
25 de dezembro - Natal (feriado nacional)

Rede de cidadãos desenvolve ferramenta digital contra crimes de agentes públicos

Flávia Villela – Repórter da Agência Brasil
Os crimes cometidos pelos agentes públicos, como flagrantes forjados, torturas, prisões arbitrárias e agressões de policias contra cidadãos, presentes nas redes sociais, poderão também, agora, ser denunciados por meio de uma nova ferramenta. 

Para facilitar a autodefesa do cidadão fluminense contra a violência policial, a rede Meu Rio, em parceria com movimentos sociais e moradores de favelas, vai lançar no fim do mês a ferramenta #SemEsculacho.

“Será uma ferramenta voltada para o usuário do celular, mas que também estará disponível na web”, disse Guilherme Pimentel, coordenador do projeto. “Será basicamente o que a população já coloca nas redes sociais, mas vamos qualificar essa participação. Queremos servir de ponte para oficializar essa denúncia”, disse o integrante da rede de mobilização. "A ferramenta também vai valorizar o policial, o guarda municipal, enfim, o agente público, que preserva os direitos do cidadão", acrescentou.

Só em 2015, dezenas de denúncias de assassinatos e fraude processual foram feitas contra policiais. Em novembro passado, cinco rapazes foram mortos a tiros por policiais militares. Eles estavam em um carro quando foram metralhados. Os policiais ainda foram acusados de forjar a cena do crime.

Na semana passada, oito policiais militares foram presos suspeitos de torturar com faca e isqueiro, roubar, ameaçar e humilhar quatro jovens entre 13 e 23 anos, em Santa Teresa, bairro da região central da capital fluminense. 

Em setembro, o adolescente Eduardo Felipe Santos Victor, de 17 anos, seria apenas mais um bandido morto no Morro da Providência, centro do Rio, após trocar tiros com policiais, não fosse a câmera de celular de um morador ter flagrado um dos agentes colocando a arma na mão do jovem e dando dois tiros. 

“O Sem Esculacho é um grupo de ação que conta com o apoio de um grupo de voluntários para trabalhar essa questão. A ideia é divulgar a ferramenta e, depois, pressionar e reivindicar, tomar medidas para ajudar a resolver esse problema”, explicou Pimentel. Queremos influenciar positivamente na construção de uma segurança publica que valorize a vida. Precisamos sair dessa falsa ideia de que são casos isolados".

Criado em 2011, Meu Rio reúne cerca de 200 mil pessoas, na luta por uma cidade inclusiva e sustentável, por meio da comunicação digital. Futuramente a rede pretende organizar oficinas sobre o uso desse tipo de ferramenta. “Estamos articulando saberes e autores que já trabalham com isso, e estamos em um esforço para organizar esse conhecimento para quem quiser se apropriar dele e melhorar sua atuação cidadã”. 

É garantido o anonimato do autor das denúncias e vídeos. Todo o material passará por uma triagem e será encaminhado ao Ministério Público e autoridades competentes. 

Quem quiser se voluntariar na construção da ferramenta pode se inscrever pelo site http://www.semesculacho.meurio.org.br/.

Edição: Aécio Amado.

O PT tem atualmente 1.742.802 filiados e mais de 200 mil pessoas estão pedindo seu ingresso no PT, Quanto mais batem, mais o PT cresce...

Recordando...
“Só no ano de 2015 foram mais de 17.750 novas filiações, mais do que o dobro de todo o ano passado. 
Além disso, há mais 139 mil filiações aprovadas, esperando as plenárias de confirmação da militância e há ainda mais 47 mil pedidos de filiação que aguardam análise das direções. 
Ou seja, são quase 200 mil pessoas que estão pedindo ingresso no PT, partido que tem 1.742.802 filiados.
Isso não é um partido em crise, como a mídia monopolizada tenta nos classificar. 
O nosso partido está há 12 anos no poder, venceu a quarta eleição consecutiva. 
Não estamos em crise apesar do ataque feroz da direita conservadora, da mídia e dos que não se conformam com a derrota”, afirmou Rui Falcão.

A Esquerda do futuro: uma sociologia das emergências, por Boaventura de Sousa Santos.

A máquina fatal do neoliberalismo continua a produzir medo em larga escala. As esquerdas são a areia que pode emperrar essa engrenagem.

Foto - Boaventura de Sousa Santos
O futuro da esquerda não é mais difícil de prever que qualquer outro fato social. 
A melhor maneira de o abordar é fazer o que designo por sociologia das emergências. 
Consiste esta em dar atenção especial a alguns sinais do presente por ver neles tendências ou embriões do que pode vir a ser decisivo no futuro. Neste texto, dou especial atenção a um facto que, por ser incomum, pode sinalizar algo de novo e importante. Refiro-me aos pactos entre diferentes partidos de esquerda.
 
Os Pactos - A família das esquerdas não tem uma forte tradição de pactos. Alguns ramos desta família têm mais tradição de pactos com a direita do que com outros ramos da família.  Dir-se-ia que as divergências internas na família das esquerdas são parte do seu código genético, tão constantes têm sido ao longo dos últimos duzentos anos. Por razões óbvias, as divergências têm sido mais extensas ou mais notórias em democracia. A polarização vai por vezes ao ponto de um ramo da família não reconhecer sequer que o outro ramo pertence à mesma família. Pelo contrário, em períodos de ditadura têm sido frequentes os entendimentos, ainda que terminem mal termina o período ditatorial.  À luz desta história, merece uma reflexão o facto de em tempos recentes termos vindo assistir a um movimento pactista entre diferentes ramos das esquerdas em países democráticos. A Europa do Sul é um bom exemplo: a unidade em volta do Syriza na Grécia, apesar de todas as vicissitudes e dificuldades; o governo liderado pelo Partido Socialista em Portugal com o apoio do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda no rescaldo das eleições de  4 de Outubro de 2015; alguns governos autonómicos em Espanha, saídos das eleições de 2015  e, no momento em que escrevo, a discussão sobre a possibilidade de um pacto a nível nacional entre o Partido Socialista, o Podemos e outros partidos de esquerda em resultado das eleições legislativas de 6 de dezembro de 2015. Há sinais de que noutros espaços da Europa e na América Latina  possam vir a surgir num futuro próximo pactos semelhantes.  Duas questões se impõem. Porquê este impulso pactista em democracia? Qual a sua sustentabilidade?
 
A primeira pergunta tem uma resposta plausível. No caso da Europa do Sul, a agressividade da direita no poder nos últimos cinco anos (tanto a nacional, como a que veste a pele das "instituições europeias") foi tão devastadora para os direitos de cidadania e para a credibilidade do regime democrático que as forças de esquerda começam a ficar convencidas de que as novas ditaduras do século XXI vão surgir sob a forma de democracias de baixíssima intensidade. Serão ditaduras que se apresentam como ditamoles ou democraduras: a governabilidade possível ante a iminência do suposto caos nos tempos difíceis que vivemos, o resultado técnico dos imperativos do mercado e da crise que explica tudo sem precisar de ser, ela própria, explicada. O pacto resulta de uma leitura política de que o que está em causa é a sobrevivência de uma democracia digna do nome e de que as divergências sobre o que tal significa têm agora menos premência do que salvar o que a direita ainda não conseguiu destruir.
A segunda pergunta é mais difícil de responder. Como dizia Espinosa, as pessoas (e eu diria, também as sociedades) regem-se por duas emoções fundamentais: o medo e a esperança. O equilíbrio entre elas é complexo mas precisamos das duas para sobreviver. O medo domina quando as expectativas de futuro são negativas ("isto está mau mas o futuro pode ser pior"); por sua vez, a esperança domina quando as expectativas de futuro são positivas ou quando, pelo menos, o inconformismo com a suposta fatalidade das expectativas negativas é amplamente partilhado. Trinta anos depois do assalto global aos direitos dos trabalhadores; da promoção da desigualdade social e do egoísmo como máximas virtudes sociais; do saque sem precedentes dos recursos naturais e da expulsão de populações inteiras do seus territórios e da destruição ambiental que isso significa; do fomentar da guerra e do terrorismo para criar Estados falhados e tornar as sociedades indefesas perante a espoliação; da imposição mais ou menos negociada de tratados de livre comércio totalmente controlados pelos interesses das empresas multinacionais; da supremacia total do capital financeiro sobre o capital produtivo e sobre vida das pessoas e das comunidades – depois de tudo isto, combinado com a defesa hipócrita da democracia liberal, é plausível concluir que o neoliberalismo é uma máquina imensa de produção de expectativas negativas para que as classes populares não saibam as verdadeiras razões do seu sofrimento, se conformem com o pouco que ainda têm e sejam paralisadas pelo pavor de o perder.
 
O movimento pactista no interior das esquerdas é o produto de um tempo, o nosso, de predomínio absoluto do medo sobre a esperança. Significará isto que os governos saídos dos pactos serão vítimas do seu êxito? O êxito dos governos pactados à esquerda irá traduzir-se na atenuação do medo e no devolver de alguma esperança às classes populares, ao mostrar, por via de uma governação pragmática e inteligente, que o direito a ter direitos é uma conquista civilizacional irreversível. Será que, no momento em que voltar a luzir a esperança, as divergências voltarão à superfície e os pactos serão deitados para o lixo? Se tal acontecer, isso será fatal para as classes populares, que rapidamente voltarão ao silenciado desalento perante um fatalismo cruel, tão violento para as grandes maiorias quanto benévolo para as pequeníssimas minorias. Mas será também fatal para as esquerdas no seu conjunto, porque ficará demonstrado durante algumas décadas que as esquerdas são boas para remendar o passado mas não para construir o futuro. Para que tal não aconteça, dois tipos de medidas têm de ser levadas a cabo durante a vigência dos pactos. Duas medidas que não se impõem pela urgência da governação corrente e que, por isso, têm de resultar de vontade política bem determinada. Chamo às duas medidas: Constituição e hegemonia.
 
Constituição e Hegemonia - A Constituição é o conjunto de reformas constitucionais ou infraconstitucionais que reestruturam o sistema político e as instituições de maneira a prepará-los para possíveis embates com a ditamole e o projecto de democracia de baixíssima intensidade que ela traz consigo. Consoante os países, as reformas serão diferentes, como serão diferentes os mecanismos utilizados. Se nalguns casos é possível reformar a Constituição com base nos parlamentos, noutros será necessário convocar Assembleias Constituintes originárias, dado que os parlamentos seriam o obstáculo maior a qualquer reforma constitucional. Pode também acontecer que, num certo contexto, a "reforma" mais importante seja a defesa activa da Constituição existente mediante uma renovada pedagogia constitucional em todas as áreas de governação. Mas haverá algo comum a todas as reformas: tornar o sistema eleitoral mais representativo e mais transparente; reforçar a democracia representativa com a democracia participativa. Os mais influentes teóricos liberais da democracia representativa reconheceram (e recomendaram) a coexistência ambígua entre duas ideias (contraditórias) que garantem a estabilidade democrática: por um lado, a crença dos cidadãos na sua capacidade e competência para intervir e participar activamente na política; por outro, um exercício passivo dessa competência e dessa capacidade mediante a confiança nas elites governantes. Em tempos recentes, e como mostram os protestos que abalaram muitos países a partir de 2011, a confiança nas elites tem vindo a deteriorar-se sem que, no entanto, o sistema político (pelo seu desenho ou pela sua prática) permita aos cidadãos recuperar a sua capacidade e competência para intervir activamente na vida política. Sistemas eleitorais enviesados, partidocracia, corrupção, crises financeiras manipuladas – eis algumas das razões para a dupla crise de representação ("não nos representam") e de participação ("não merece a pena votar, são todos iguais e nenhum cumpre o que promete"). As reformas constitucionais visarão um duplo objectivo: tornar a democracia representativa mais representativa; complementar a democracia representativa com a democracia participativa. De tais reformas resultará que a formação da agenda política e o controlo do desempenho das políticas públicas deixam de ser um monopólio dos partidos e passam a ser partilhados pelos partidos e por cidadãos independentes organizados democraticamente para o efeito.
 
O segundo conjunto de reformas é o que designo por hegemonia. Hegemonia é o conjunto de ideias sobre a sociedade e interpretações do mundo e da vida que, por serem altamente partilhadas, inclusivamente pelos grupos sociais que são prejudicados por elas, permitem que as elites políticas, ao apelarem para tais ideias e interpretações, governem mais por consenso do que por coerção, mesmo quando governam contra os interesses objetivos de grupos sociais maioritários. A ideia de que os pobres são pobres por culpa própria é hegemónica quando é defendida, não apenas pelos ricos, mas também pelos pobres e pelas classes populares em geral. Nesse caso são, por exemplo, menores os custos políticos das medidas que visam eliminar ou restringir drasticamente o rendimento social de inserção. A luta pela hegemonia das ideias de sociedade que sustentam o pacto entre as esquerdas é fundamental para a sobrevivência e consistência desse pacto. Essa luta trava-se na educação formal e na promoção da educação popular, nos mídia, no apoio aos mídia alternativos, na investigação científica, na transformação curricular das universidades, nas redes sociais, na actividade cultural, nas organizações e movimentos sociais, na opinião pública e na opinião publicada. Através dela, constroem-se novos sentidos e critérios de avaliação da vida social e da ação política ( a imoralidade do privilégio, da concentração da riqueza e da discriminação racial e sexual; a promoção da solidariedade, dos bens comuns e da diversidade cultural social e económica; a defesa da soberania e da coerência das alianças políticas; a proteção da natureza) que tornam mais difícil a contra-reforma dos ramos reacionários da direita, os primeiros a irromper num momento de fragilidade do pacto. Para que esta luta tenha êxito é preciso impulsionar políticas que, a olho nu, são menos urgentes e menos compensadoras. Se tal não ocorrer, a esperança não sobreviverá ao medo.
 
As aprendizagens globais - Se algo se pode afirmar com alguma certeza sobre as dificuldades por que estão a passar as forças progressistas na América Latina é que elas assentam no facto de os seus governos não terem enfrentado nem a questão da Constituição nem a questão da hegemonia. No caso do Brasil, este facto é particularmente dramático. Ele explica em parte que os enormes avanços sociais dos governos da era Lula sejam agora tão facilmente reduzidos a meros expedientes populistas e oportunistas, inclusivamente por parte daqueles que deles beneficiaram. Explica também que os muitos erros que cometeram ( foram muitos, a começar pela desistência da reforma política e da regulação dos mídia, e alguns erros deixam feridas abertas em grupos sociais importantes, tão diversos quanto os camponeses sem terra nem reforma agrária, os jovens negros vítimas do racismo, os povos indígenas ilegalmente expulsos dos seus territórios ancestrais, povos indígenas e quilombolas com reservas homologadas mas engavetadas, militarização das periferias das grandes cidades, populações rurais envenenadas por agrotóxicos, etc) não sejam considerados erros, passem em claro e até sejam convertidos em virtudes políticas ou, pelo menos, sejam aceites como consequências inevitáveis de uma governação realista e desenvolvimentista. As tarefas incumpridas da Constituição e da hegemonia explicam ainda que a condenação da tentação capitalista por parte dos governos de esquerda se centre na corrupção e, portanto, na imoralidade e na ilegalidade do capitalismo e não na injustiça sistemática de um sistema de dominação que se pode realizar em perfeito cumprimento da legalidade e da moralidade capitalistas.
 
A análise das consequências da não resolução das questões da Constituição e da hegemonia é relevante para prever e prevenir o que se pode passar nas próximas décadas, não só na América Latina, como também na Europa e noutras regiões do mundo. Entre as esquerdas latino-americanas e da Europa do Sul tem havido nos últimos vinte anos canais de comunicação importantes que estão ainda por analisar em todas as suas dimensões. Desde o inicio do orçamento participativo em Porto Alegre (1989), várias organizações de esquerda na Europa, Canadá e India (são estas as de que tenho conhecimento) começaram a dar muita atenção às inovações políticas que emergiam no campo das esquerdas em vários países da América Latina. A partir do final da década de 1990, com a intensificação das lutas sociais, a subida ao poder de governos progressistas e as lutas por Assembleias Constituintes, sobretudo no Equador e na Bolívia, tornou-se claro que uma profunda renovação da esquerda estava em curso e da qual havia muito que aprender. Os traços principais dessa renovação eram os seguintes: a democracia participativa articulada com a democracia representativa, uma articulação de que ambas saiam fortalecidas; o intenso protagonismo de movimentos sociais de que o Forum Social Mundial de 2001 foi uma mostra eloquente; uma nova relação entre partidos e movimentos sociais; a entrada saliente na vida política de grupos sociais até então considerados residuais, nomeadamente camponeses sem terra, povos indígenas e povos afro-descendentes; a celebração da diversidade cultural, o reconhecimento do carácter plurinacional dos países e o propósito de enfrentar as insidiosas heranças coloniais sempre presentes. Este elenco é suficiente para evidenciar o quanto as duas lutas a que me tenho estado a referir (a Constituição e a hegemonia) estavam presentes neste vasto movimento que parecia refundar para sempre o pensamento e a prática de esquerda, não só na América Latina, como em todo o mundo.
 
A crise financeira e política, sobretudo a partir de 2011, e o movimento dos indignados foram os detonadores de novas emergências políticas de esquerda na Europa do Sul em que as lições da América Latina estavam bem presentes, sobretudo a nova relação partido-movimento, a nova articulação entre democracia representativa e democracia participativa, a reforma constitucional e, no caso da Espanha, a questão da plurinacionalidade. O partido espanhol Podemos representa melhor do que qualquer outro esta aprendizagem, ainda que os seus dirigentes tenham estado desde a primeira hora bem conscientes das diferenças substanciais entre o contexto político e geopolítico europeu e o latino-americano.
 
O modo como essas aprendizagens se vão plasmar no novo ciclo político que está a emergir na Europa do Sul é, por agora, uma incógnita. mas desde já é possível especular o seguinte. Se é verdade que as esquerdas europeias aprenderam com as muitas inovações das esquerdas latino-americanas, não é menos verdade (e trágico) que estas se "esqueceram" das suas próprias inovações e que, de uma ou de outra forma, caíram nas armadilhas da velha política onde as forças de direita facilmente mostram a sua superioridade  dada a longa experiência histórica acumulada.
 
Se as linhas de comunicação se mantêm nos dias de hoje, e sempre salvaguardando a diferenças dos contextos,  talvez seja  tempo de as esquerdas latino-americanas aprenderem com as inovações que estão a emergir entre as esquerdas da Europa do Sul. Entre elas saliento as seguintes: manter viva a democracia participativa dentro dos próprios partidos de esquerda como condição prévia à sua adoção no sistema politico nacional em articulação com a democracia representativa; pactos entre forças de esquerda (não necessariamente apenas partidos) e nunca com forças de direita; pactos pragmáticos não clientelistas (não se discutem pessoas ou postos de governo mas políticas e medidas de governação), nem de rendição (articulando linhas  vermelhas que não podem ser ultrapassadas com a noção de prioridades, ou, como se dizia dantes, distinguindo as lutas primárias das secundárias); insistência na reforma constitucional para blindar os direitos sociais e tornar o sistema político mais transparente, mais próximo e mais dependente de decisões cidadãs sem ter de esperar por eleições de quatro em quatro anos (reforço do referendum); e, no caso espanhol, tratar democraticamente a questão da plurinacionalidade.
 
A máquina fatal do neoliberalismo continua a produzir medo em larga escala e, sempre que falta matéria prima, ceifa a esperança que pode encontrar nos recessos mais recônditos da vida política, social das classes populares, tritura-a, processa-a e transforma-a em medo do medo.  As esquerdas  são a areia que pode emperrar essa engrenagem majestática de modo a abrir as brechas por onde a sociologia das emergências fará o seu trabalho de formular e amplificar as tendências, os "ainda não", que apontam para  um futuro digno para as grandes maiorias.  Para isso, é preciso que as esquerdas saibam ter medo sem  ter medo do medo. Saibam furtar rebentos de esperança à trituração neoliberal e plantá-los em terrenos férteis onde cada vez mais cidadãos sintam que podem viver bem,  protegidos, tanto do inferno do caos iminente, como do paraíso das sirenes do consumo obsessivo.  Para que isto aconteça, a condição mínima é que as esquerdas permaneçam firmes nas duas lutas fundamentais, a Constituição e a hegemonia.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Culpa do PT: Extrema pobreza caiu 63% no Brasil desde 2004, segundo Ipea.

Enquanto a desigualdade social diminuiu no Brasil em 10 anos até 2014, indicadores do mercado de trabalho, como renda média do brasileiro e taxa de desemprego, apresentaram leve piora nos últimos anos. Por outro lado, houve melhoria no índice de idade média escolar e da cobertura previdenciária nesse intervalo.
É o que conclui um estudo divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na análise de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo IBGE. Para o economista André Calixtre, diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, porém, no geral, houve mudanças profundas na estrutura da sociedade brasileira do ponto de vista social que, por enquanto, ainda fazem o país resistir à crise econômica recente.
“Temos uma estrutura social capaz de enfrentar a crise, temos um Estado de bem-estar social mas, evidentemente, essa capacidade não é infinita”, disse Calixtre, que citou a política de reajuste do salários mínimo e o crescimento do emprego formal como causas fundamentais para a melhoria dos indicadores sociais brasileiros.
“Não sabemos ainda até quando essa estrutura suporta crises muito prolongadas, mas podemos afirmar que existe um colchão de amortecimento às crises produzido por um ciclo de mudanças sociais ao longo dos últimos 10 anos”, afirmou.
Pelas conclusões do Ipea, entre 2004 e o ano passado, a taxa de pobreza extrema no Brasil teve uma queda de 63% quando se consideram as pessoas que vivem com até R$ 70 por mês e um recuo de 68,5% na linha de até R$ 77 mensais. Esse índice teve uma redução média de 10% ao ano.
Já quando se leva em consideração o Gini, indicador usado para medir renda domiciliar per capita, a desigualdade também caiu sob esse ponto de vista: o índice recuou 9,7% no intervalo de uma década, com recuo de 1% ao ano.
Por outro lado, também continua havendo melhoria nos dados de mercado de trabalho nesse intervalo de comparação, contudo de maneira menos acelerada que há três anos. O rendimento real do brasileiro, por exemplo, cresceu de R$ 1.192,53 em 2004 para R$ 1.720,41 em 2014. No entanto, o crescimento anual desse rendimento que superou 7% em 2006 e registrou 5,6% em 2012, desacelerou para um patamar inferior a 1% em 2014.
Fonte: Valor

Amazonas. Operadora da compra de votos do governador José Melo (Pros) é presa ao desembarcar em Manaus.

Foto: reprodução/Internet.

A empresária Nair Queiroz Blairacusada de ser a operadora de um esquema de compra de votos para eleger o governador José Melo (Pros) em 2014, foi presa na tarde deste sábado, dia 2, no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, ao desembarcar em voo da TAP procedente da Europa.

Ela foi detida assim que pisou na capital amazonense e foi levada por agentes para a Superintendência da Polícia Federal, no conjunto Dom Pedro, Zona Oeste da cidade.
Ainda não há mais detalhes sobre a prisão dela. Na Polícia Federal, o servidor que esteva no plantão da madrugada deste domingo, dia 3, disse que não tinha informação para dar sobre esse assunto, mas o caso já era corrente ontem à noite no meio político.
Informações obtidas pelo BNC com advogados que atuam no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM) dão conta de que ela era considerada como foragida e que estaria no exterior, apesar de não ter permissão da Justiça Eleitoral para deixar o País.
Eleições 2014 - Nair Blair foi presa às vésperas do segundo turno das eleições de 2014 dentro de um dos comitês de campanha do governador José Melo, acusada de compra de votos.
No dia em que foi detida, a PF encontrou em seu poder uma pasta cheia de documentos com recibos e uma lista de pessoas que seriam beneficiadas pela campanha de Melo.
O nome dela, no entanto, tornou-se público, quando, em março passado, o programa “Fantástico”, da Rede Globo, exibiu reportagem em que mostrava recibos escritos à mão e um deles, de R$ 450, era de Nair Blair, pagando por serviços de um túmulo.
O programa também mostrou que a dois dias da Copa do Mundo, em 2014, o coronel PM Dan Câmara, da Secretaria de Segurança para Grandes Eventos, pediu uma contratação emergencial no Centro de Segurança de Manaus para a “implementação de solução tecnológica de monitoramento em tempo real móvel” e a executora do serviço foi a “Agência Nacional de Segurança e Defesa”, uma associação sem fins lucrativos presidida por Nair Blair, que emitiu uma nota de R$ 1 milhão pelo contrato.
O processo em que o nome dela aparece é o mesmo que começou a ser julgado no último dia 16 de dezembro e foi suspenso pelo placar de 5 a 0 pela cassação do mandato do governador.

Santa Catarina - Confirmada a prisão do assassino da criança indígena Kaingang pela Polícia.

Assassino da criança indígena se entrega a Polícia
Foto - http://www.garopabamidia.com.br

Matheus A. da S. de 23 anos já está preso na Unidade Prisional de Imbituba, como acusado do homicídio do menino Vitor Pinto, de 2 anos.

Em 2015 Matheus teve uma passagem pela polícia por violência doméstica. Na época chegou a ficar preso por quatro dias.


Matheus é morador de Imbituba, do bairro Vila Alvorada, e se entregou à polícia militar na madrugada do dia 01. 

Sua prisão temporária de 30 dias já está decretada pela Comarca de Imbituba. Ao final deste período o delegado poderá pedir a prisão preventiva para que Matheus responda o processo preso. 

O crime contra a criança indígena chocou a região e ganhou repercussão nacional.

Matheus foi preso graças a um policial militar que se dirigia para o serviço e no caminho reconheceu o rapaz. 
Na sequência ele foi qualificado e liberado por não caber mais tecnicamente o flagrante.

Ontem o delegado responsável pelo caso declarou a imprensa não ter dúvidas que Matheus A. da S. é o autor do brutal assassinato. 

Se condenado o rapaz poderá pegar até 30 anos de prisão.

LEIA MAIS: 

1 - Santa Catarina. Indio Kaingang de 2 anos de idade foi degolado enquanto mamava no colo da mãe. http://maranauta.blogspot.com.br/2015/12/santa-catarina-indio-kaingang-de-2-anos.html
2 - Santa Catarina. Polícia Militar prende novo suspeito de assassinato de criança indígena Kaingang em Imbituba. http://maranauta.blogspot.com.br/2016/01/santa-catarina -policia-militar-prende.html


Link original: http://www.garopabamidia.com.br/noticias/titulo/7768/assassino-da-crianasecta-indashygena-se-entrega-a-polashycia