terça-feira, 2 de agosto de 2011

Avião da Força Aérea Brasileira cai e explode na serra catarinense


Acidente em uma fazenda deixou quatro mortos. A área foi isolada. Ainda não há informações sobre as causas do acidente.

Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) caiu, na tarde desta terça-feira (2), na serra catarinense. Segundo o jornal Notícias do Dia, a aeronave, um monomotor, sofreu queda livre e abriu uma cratera e explodiu ao colidir com o chão. O acidente aconteceu por volta das 13h30, na fazenda Pelotas, a cinco quilômetros da SC-408, em Bom Jardim da Serra. De acordo com o Corpo de Bombeiros e Polícia Rodoviária Estadual (PRE), quatro pessoas que estavam na aeronave morreram.

COLABOROU: Rafael Barretto Cruz

C-98A da FAB

Leia mais : Poder Aéreo - Informação e Discussão sobre Aviação Militar e Civil.

O Comando da Aeronáutica lamenta informar que por volta das 13h30 desta terça-feira, 2 de agosto, um avião C-98A Grand Caravan (matrícula 2735 e número de série 2130*) do 5° Esquadrão de Transporte Aéreo da Força Aérea Brasileira acidentou-se no município de Bom Jardim da Serra (SC), a 135 km de Florianópolis.

A aeronave partiu de Canoas (RS) às 11h35 com destino ao Rio de Janeiro com oito pessoas a bordo.

Um helicóptero H-60 Blackhawk do 5°/8° GAV decolou de Santa Maria (RS) em direção ao local do acidente com uma equipe de resgate.

Brasília, 2 de agosto de 2011.

Brigadeiro-do-Ar Marcelo Kanitz Damasceno

Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

COLABOROU: Rafael Barretto Cruz* / FOTO: Emerson Oliveira/UOL

Santayana: assim nasceu a manipulação das massas


Os assaltantes da consciência



Mauro Santayana


Muitos cometemos o engano de atribuir a Goebbels a idéia da manipulação das massas pela propaganda política.  Antes que o ministro de Hitler cunhasse expressões fortes, como Deutschland, erwacht!, Edward Bernays começava a construir a sua excitante teoria sobre o tema.

Bernays, nascido em Viena, trazia a forte influência de Freud: era seu duplo sobrinho. Sua mãe foi irmã do pai da psicanálise, e seu pai, irmão da mulher do grande cientista. Na realidade, Bernays teve poucas relações pessoais com o tio. Com um ano de idade transferiu-se de Viena para Nova Iorque, acompanhando seus pais judeus. Depois de ter feito um curso de agronomia, dedicou-se muito cedo a uma profissão que inventou, a de Relações Públicas, expressão que considerava mais apropriada do que “propaganda”. Combinando os estudos do tio sobre a mente e os estudos de Gustave Le Bon e outros, sobre a psicologia das massas, Bernays desenvolveu sua teoria sobre a necessidade de manipular as massas, na sociedade industrial que florescia nos Estados Unidos e no mundo.

O texto que se segue é ilustrativo de sua conclusão:

“ A consciente e inteligente manipulação dos hábitos e das opiniões das massas é um importante elemento na sociedade democrática. Os que manipulam esse mecanismo oculto da sociedade constituem um governo invisível, o verdadeiro poder dirigente de nosso país. Nós somos governados, nossas mentes são moldadas, nossos gostos formados, nossas idéias sugeridas amplamente por homens dos quais nunca ouvimos falar.

Este é o resultado lógico de como a nossa “sociedade democrática” é organizada. Vasto número de seres humanos deve cooperar, desta maneira acomodada, se eles têm que conviver em sociedade. Em quase todos os atos de nossa vida diária, seja na esfera política ou nos negócios, em nossa conduta social ou em nosso pensamento ético, somos dominados por um relativamente pequeno número de pessoas. Elas entendem os processos mentais e os modelos das massas. E são essas pessoas que puxam os cordões com os quais controlam a mente pública”.

Bernays entendeu que essa manipulação só é possível mediante os meios de comunicação. Ao abrir a primeira agência de comunicação em Nova Iorque, em 1913 – aos 22 anos – ele tratou de convencer os homens de negócios que o controle do mercado e o prestígio das empresas estavam “nas notícias”, e não nos anúncios. Foi assim que inventou o famoso press release. Coube-lhe também criar “eventos”, que se tornariam notícias. Patrocinou uma parada em Nova Iorque na qual, pela primeira vez, mulheres eram vistas fumando. Contratou dezenas de jovens bonitas, que desfilaram com suas longas piteiras – e abriu o mercado do cigarro para o consumo feminino. Dele também foi a idéia de que, no cinema, o cigarro tivesse, como teve, presença permanente – e criou a “merchandising”. É provável que ele mesmo nunca tenha fumado – morreu aos 103 anos, em 1995.

A prevalência dos interesses comerciais nos jornais e, em seguida, nos meios eletrônicos, tornou-se comum, depois de Bernays, que se dedicou também à propaganda política. Foi consultor de Woodrow Wilson, na Primeira Guerra Mundial, e de Roosevelt, durante o “New Deal”. É difícil que Goebbels não tivesse conhecido seus trabalhos.

A técnica de manipulação das massas é simples, sobretudo quando se conhecem os mecanismos da mente, os famosos instintos de manada, aos quais também ele e outros teóricos se referem. O “instinto de manada” foi manipulado magistralmente pelos nazistas e, também ali, a serviço do capitalismo. Krupp e Schacht tiveram tanta importância quanto Hitler. Mas, se sem Hitler poderia ter havido o nazismo, o sistema seria impensável sem Goebbels. E Goebbels, ao que tudo indica, valeu-se de Bernays, Le Bon e outros da mesma época e de idéias similares.

A propósito do “instinto de manada” vale a pena lembrar a definição do fascismo por Ortega y Gasset: um rebanho de ovelhas acovardadas, juntas umas às outras pêlo com pêlo, vigiadas por cães e submissas ao cajado do pastor. Essa manipulação das massas é o mais forte instrumento de dominação dos povos pelas oligarquias financeiras. Ela anestesia as pessoas – mediante a alienação – ao invadir a mente de cada uma delas, com os produtos tóxicos do entretenimento dirigido e das comunicações deformadas. É o que ocorre, com a demonização dos imigrantes “extracomunitários” nos países europeus, mas, sobretudo, dos procedentes dos países islâmicos. Acossados pela crise econômica, nada melhor do que encontrar um “bode expiatório”- como foram os judeus para Hitler, depois da derrota na Primeira Guerra - e, desesperadamente, organizar nova cruzada para a definitiva conquista da energia que se encontra sob as areias do Oriente Médio. Se essa conquista se fizer, há outras no horizonte, como a dos metais dos Andes e dos imensos recursos amazônicos. Não nos esqueçamos da “missão divina” de que se atribuía Bush para a invasão do Iraque – aprovada com entusiasmo pelo Congresso.

É preciso envenenar a mente dos homens, como envenenada foi a inteligência do assassino de Oslo – e desmoralizar, tanto quanto possível, as instituições do Estado Democrático – sempre a serviço dos donos do dinheiro. Quem conhece os jornais e as emissoras de televisão de Murdoch sabem que não há melhor exemplo de prática das idéias de Bernays e Goebbels do que a sua imensa empresa.

São esses mesmos instrumentos manipuladores que construíram o Partido Republicano americano e hoje incitam seus membros a impedir a taxação dos ricos para resolver o problema do endividamento do país, trazido pelas guerras, e a exigir os cortes nos gastos sociais, como os da saúde e da educação. Essa mesma manipulação produziu Quisling, o traidor norueguês a serviço de Hitler durante a guerra, e agora partejou o matador de Oslo.
 
O Conversa Afiada publica artigo de Mauro Santayana, extraído do JB online:




segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Dona Luzia dá receita para enfrentar a China

Na matéria que a Folha de S. Paulo fez, domingo dia 24 de julho de 2011, sobre o sucesso do pólo de eletrônica de Santa Rita do Sapucaí, uma pequena cidade do interior de Minas Gerais que se tornou um megacentro da indústria eletrônica brasileira, faltou um personagem –e um exemplo – indispensável.

Foi a D. Luzia.

Foi com ela que começou a história que faz a cidade ter hoje 142 empresas do setor que, juntas, vão faturar R$ 1,9 bilhão neste ano, 27% a mais que em 2010, e que, segundo a matéria da Folha, conseguiu “driblar” a concorrência dos chineses.

Dona Luzia Moreira da Costa, conhecida como Sinhá Moreira por conta da família aristocrática de onde vinha – a do ex-presidente Delfim Moreira – não era engenheira, muito menos especialista em eletrônica. Era jovem de família rica, que pôde estudar, mas que não tinha razão para ter outros pensamentos senão o de seguir a tradição agrária e atrasada da região.

Mas, como casou com um diplomata e correu mundo – México, Europa e Japão – começou a entender que o futuro estava no conhecimento.

E, com a ajuda de engenheiros do Instituto Tecnológico da Aeronáutica e de padres jesuítas, botou do seu próprio dinheiro e criou uma Escola Técnica de Eletrônica em Santa Rita do Sapucaí. Lá, no interiorzão, onde mal chegava a luz elétrica.

E os alunos e professores da escola, quase sem ter o que fazer com o conhecimento, resolveram fazer o que sabiam fazer: produzir conhecimento.

E Santa Rita virou, nos anos 70, uma cidade de jovens estudantes, dedicados a “inventar” geringonças aparentemente sem sentido ou com sentido aparentemente sem futuro. Cantorias na madrugada, bebedeiras juvenis, tudo o que marcou aqueles tempos e sempre marca os tempos de juventude.

E a garotada de há 30 , 40 anos – e seus sucessores, mais jovens – são os empreendedores que, hoje, como diz a Folha, driblaram os chineses. Com inteligência, ousadia e investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento, dez vezes maiores do que a média nacional.

Faltou um personagem na história do jornal, como faltam D. Luzias no Brasil.

As nossas empresas, com todas as suas coloridas páginas de “Balanço Social”, onde desfilam para o marketing institucional a sua “responsabilidade social” não chegam aos chinelos de D. Luiza.

Mas reclamam da falta de trabalhadores especializados e qualificados.

D. Luzia diria a eles: “uai, e porque então vocês não educam?”

Por: Juan Pessoa

http://blogprojetonacional.com.br/dona-luzia-da-receita-para-enfrentar-a-china/

PEN declara ter 420 mil assinaturas válidas e oito Estados homologados no Brasil

A pouco mais de 60 dias do fim do prazo de registro para poder lançar candidatos nas eleições municipais de 2012, o PEN afirma já ter autenticadas em cartórios eleitorais pelo País 85% das 490 mil assinaturas de apoio exigidas por lei para a criação de novas legendas. O processo tem de ser concluído até o início de outubro.

Em sua fala, o Vice-presidente Nacional do PEN, Mário Felipe, já temos 420 mil assinaturas de eleitores que passaram pelo exame dos cartórios e serão entregues aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).

“Estamos em oito estados homologados (Acre, Alagoas, Amapá, Maranhão, Paraná, Roraima, Sergipe e São Paulo) e também com processo em fase final de registro nos estados do Pará e no Espirito Santo. O PEN – Partido Ecológico Nacional, está presente em pelo menos 22 estados brasileiros, com suas militâncias nas ruas em busca das assinaturas de apoiamento para à constituição do partido”, afirmou.


“Pelas contas que fechei com nosso Presidente Nacional Adilson Barroso na (sexta-feira) dia 29/07/2011, o nível de aproveitamento das assinaturas é de 70%. Hoje, devemos ter em cartório algo em torno de 200 mil assinaturas em exame para conseguir as 70 mil que estão faltando. É perfeitamente possível”, afirma Mário Felipe, que, por precaução, orientou os coordenadores da coleta nos Estados a apresentar um número de assinaturas superior ao exigido inclusive nos TREs. “A nossa estimativa era que nós teríamos a certificação completa no final de julho, mas vai esticar para a segunda quinzena de agosto porque essa autenticação é feita com muita morosidade”, disse Mário Felipe.

http://blogs.estadao.com.br/jt-politica

No Maranhão tem Agricultura orgânica.

Saímos de Vitória do Mearim logo cedo com destino ao Assentamento Mato Grosso, encontramos o “Teotônio”, que foi um dos líderes desta ocupação, hoje já regularizado como Assentamento do Incra, tendo sido o Sr. João Teotônio Moreira, conhecido por todos como Teotônio, contemplado com uma área de Cinco Mil Metros Quadrados, mesma dimensão dos lotes entregues aos demais assentados pelo Incra na referida gleba.

Encontramos Teotônio nas margens da BR 222 numa palhoça vendendo produtos de sua roça, grande foi sua alegria com a chegada do “Passo-Triste” (Vice-Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vitória do Mearim), de Kênia Coêlho, Dídima Coêlho e do Dr. Almir Coêlho. Após saborearmos um mamão delicioso, iniciamos nossa visita a área pertencente ao Teotônio, pelo quintal de sua casa, área que ele chama de seu laboratório, pois foi ali que tudo começou.

Teotônio nos fala que seu amor pela preservação da natureza, pela agricultura orgânica, tudo começou com uma palavra, ou seja, foi numa palestra dada por um professor em Arari, há mais de vinte anos atrás, que ele ouviu o palestrante citar que iria chegar o dia em que o agricultor se conscientizaria e faria suas roças sem queimadas, agredindo o mínimo possível o meio-ambiente.

Estas palavras criaram “raízes ecológicas” em Teotônio, que assim como um Dom Quixote, luta solitário e tenazmente na implantação de um projeto piloto de agricultura orgânica no Assentamento Mato Grosso. Teotônio não recebe nenhum tipo de incentivo por parte dos Governos, seja Federal, Estadual ou Municipal. O mesmo afirma que já tentou várias vezes receber algum incentivo pra atrair outros assentados pra sua forma de trabalho mas o ultimo projeto elaborado pelo Programa Pró-ambiente ( seqüestro de carbono) que iria oferecer uma bolsa nem começou e já foi desativado.

Na sua lida diária pela divulgação dos benefícios da agricultura orgânica, não admite se falar em realização de queimadas para se plantar e não aprova que se fale do uso de adubos químicos para a correção do solo, defende sim os benefícios da compostagem do solo.

Segue nos mostrando sua obra prima, repetindo seu bordão “se este projeto nasceu de uma palavra, imagine quando mostrarmos este exemplo”. Fala a pleno pulmões que suas roças de 2011 e 2012 já estão com o trabalho 60 a 70 por cento feito, nos mostrando sua roça permanente com mais de dez mil pés de abacaxis, o objetivo é chegar a vinte mil pés, até a cerca viva da propriedade e feita de pés de abacaxis, tendo também bananais, Jussaral, Mangueiras centenárias, Cacau-do-mato e está sendo preparado o plantio de Cupuaçu.

Ele afirma que o plantio de roças no período de inverno responde pelos outros trinta por cento do trabalho, citando as lavouras de melancia, macaxeira, arroz, milho, e feijão de abafa. Neste momento fazendo uma pausa nos mostra um pé de feijão gandu, e diz que ela serve pra recuperar o solo, pois esta planta é rica em nitrogênio, potássio...., e levanta a moral “do cabra” enfraquecido também, risos.... De imediato “Passo Triste” encomendou dez quilos de feijão gandu....

Encontrei muitos montes de casca de arroz, perguntei a serventia e me foi explicado que a casca do arroz serve pra proteger as ramas da melancia nos períodos de chuva pra evitar a perca das floradas.

Mais a frente Teotônio nos chama a atenção pra conhecermos seu maior orgulho, um trabalho de recuperação de um pequeno córrego que corre por sua propriedade e que devido ao desmatamento desmedido dos outros assentados, houve o assoreamento do leito deste pequeno riacho praticamente morreu, ficando anos sem ter um “fio de água a correr”. Nosso amigo fala orgulhoso foram muitos e muitos dias de labuta, com meu filho reclamando e eu incentivando dizia, meu filho você vai ver como será lindo ver a água deste riacho novamente voltar a correr... e depois de muito trabalho e quase cinco anos de luta tai ele se recuperando.... Teotônio fala que a água e sagrada é por isto que ele recuperou a fonte lá do “laboratório dele, que épra poder aguar as plantinha o ano todo”.

Além de sua roça o Teotônio se preocupa com a floresta nativa e tem plantado em suas terras, ipê, marfim e só admite a derrubada de uma arvore quando se tem certeza daquela necessidade, além de se plantar outra em seu lugar.

Seguindo a nossa frente o agricultor nos mostra onde tem um infinidade de mangueiras centenarias, o local onde na década de 1940 ficava o Povoado Barracão que teve toda sua população despejada, quando uma grande empresa comprou a terra lá na década de 1960, e como se estivesse a prestar contas ou dar a satisfação aos que ali moraram no passado, disse, mas aqui estamos de novo e hoje esta área é um assentamento de agricultores.

Virando-se pra Almir Coêlho, Teotônio falou: “Doutor me falta a palavra certa para fazer o povo aprender com o meu exemplo. O Governo do meu Município se sente bem em ver o povo em estado permanente de miséria, dependendo do bolsa família que diz que é dado pela prefeitura, mas que sabemos que é da Dilma”.

Voltando a andar a nossa frente nosso amigo com sua enxada no ombro começa a cantarolar Roberto Carlos....
Quando o sol aquece de manhã o Planeta Terra onde eu vivo, não importa em que lugar estou, Olho a natureza pensativo: O  vento assanha as águas do oceano; Surfa pelas ondas da canção; Quem compõe a música do vento? E quem acendeu o sol, então? Aleluia, Aleluia! Conclusão dos pensamentos meus. Aleluia, Aleluia! Em tudo isso tem a mão de Deus.....

sábado, 30 de julho de 2011

Defesa - Os motivos de Dilma para não demitir Nelson Jobim.

Prestígio junto às Forças Armadas e atuação pela Comissão da Verdade seguram ministro da Defesa no cargo, mesmo com comentários inoportunos
 
O ministro da Defesa Nelson Jobim nunca foi muito de seguir a liturgia dos cargos que ocupa. Na presidência do Supremo Tribunal Federal, que exerceu de junho de 2004 a março de 2006, ele quis agir como parlamentar, movimentando-se para emplacar uma lei sobre precatórios, e depois operou de forma explícita para tornar-se candidato a congressista, governador - ou, por que não?, presidente.
 
Nesta terça-feira, Jobim mostrou mais uma vez que não se contém. Passou por cima da etiqueta para dizer publicamente que votou no tucano José Serra nas eleições de 2010. Ainda que o fato não seja novidade nos bastidores de Brasília, a declaração pública é uma afronta à presidente Dilma Rousseff – que é sua chefe e o manteve num cargo que ele ocupa desde o governo Lula.

Proposital - A experiência política de Jobim, filiado ao PMDB, não deixa brecha para a ingenuidade: ele sabe que suas palavras serão interpretadas como um recado à presidente. Há sete meses, o ministro gozava de muito prestígio no Planalto. Foi conselheiro do então presidente Lula para os assuntos mais diversos e era chamado para debater questões em pauta no STF, além da agenda política.

Uma das questões em que Jobim esteve diretamente envolvido foi a renovação da frota de caças da Força Aérea Brasileira (FAB), um negócio avaliado em 5 bilhões de euros. Lula e Jobim tinham preferência pela compra dos caças franceses Rafale. Outro assunto da alçada de Jobim na era Lula era a construção no Brasil de um submarino de propulsão nuclear, com tecnologia francesa, plano que custaria ao menos 800 milhões de euros ou 2 bilhões de reais.
 
Acontece que, assim que assumiu o governo, Dilma mandou avisar que os dois projetos estavam suspensos e que a negociação recomeçaria, em outro momento, do zero.
 
Com Dilma, Jobim trata apenas dos programas relacionados ao ministério da Defesa. “As tarefas que a presidente lhe propõe são burocráticas, muito pouco para o ego de Jobim”, afirma um peemedebista. O Planalto evita colocar lenha na fogueira acesa por Jobim. A orientação é minimizar o impacto das declarações do ministro. O que então segura Jobim no cargo?

O primeiro motivo é o prestígio de que Jobim goza junto aos comandantes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Não é tarefa simples colocar um civil em meio às Forças Armadas. O segundo é a costura que ele vem fazendo desde 2009 pela aprovação da Comissão da Verdade – proposta rejeitada pelos quartéis, mas defendida pela presidente . O projeto de lei, que prevê a investigação dos crimes ocorridos durante a ditadura militar, é um temas caros a Dilma e será encaminhado ao Congresso Nacional no segundo semestre.
 
O texto deve seguir direto para o Plenário da Câmara dos Deputados, sem passar por nenhuma comissão, para acelerar a tramitação. O acordo foi feito depois de intensas negociações entre Jobim e a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. Mudar o comando da Defesa neste momento poderia ocasionar mais um problema para o governo. Por isso Dilma tem “engolido” os desaforos do subordinado.

Frustração - Há cerca de um mês, Jobim já havia demonstrado sua insatisfação em relação ao governo durante discurso em cerimônia de homenagem aos 80 anos de Fernando Henrique Cardoso. Depois de tecer elogios ao ex-presidente, Jobim declarou: “O que se percebe hoje, Fernando, é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento”, afirmou Jobim na ocasião, parafraseando Nelson Rodrigues.

O ministro faz questão de deixar clara sua frustação – já disse a interlocutores que deixará o governo. Mas até agora limitou-se a lançar veneno. A dose, aliás, passou dos limites, na opinião de integrantes do PMDB. Jobim não foi indicado pelo partido e anda afastado dos correligionários.

Ainda que participe de reuniões convocadas pelo vice-presidente, Michel Temer, prefere manter distância das questões partidárias. Ele aproximou-se de Temer recentemente por causa do Plano Estratégico de Fronteiras, lançado em junho, já que o vice foi escalado pela presidente Dilma para coordenar o programa. Jobim também tem boas relações com o ministro de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, – com quem viajou para o Maranhão nesta quarta-feira.
 
Na terça, o ministro da Defesa encontrou-se com Dilma no fim da tarde, mas o teor da conversa continua sob sigilo. Não se sabe, por exemplo, se a entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo – em que ele admite que votou em Serra - foi tema do encontro. A publicação se deu no dia seguinte ao encontro com a presidente. Se não foi, Jobim deverá se deparar com Dilma na sexta-feira, quando participará da homenagem aos medalhistas dos Jogos Militares no Palácio do Planalto. Resta saber se o clima será de festa.


sexta-feira, 29 de julho de 2011

Dilma sinaliza controle cambial

“Temos de nos defender desse imenso, fantástico, extraordinário mar de liquidez que se dirige para nossas economias, buscando a rentabilidade que não tem nas suas”.

A frase, dita no final da noite de ontem pela Presidenta Dilma Roussef, na reunião da Unasul, um dia depois de ter baixado uma Medida Provisória que, embora tenha resultado numa alíquota baixa, de apenas 1%, acena com a possibilidade de se taxar em até 25% os movimentos cambiais de natureza especulativa , parece demonstrar que – embora de forma não convencional, com os estabelecimento de cambio fixo – o governo brasileiro convenceu-se de que temos de caminhar para o controle do câmbio.

Dilma, que falou logo apos a posse de Ollanta Humala na Presidencia do Peru tem toda a razão quando afirma que a “insensatez” e a “incapacidade política” dos Estados Unidos e da União Europeia para resolver seus problemas econômicos são uma “ameaça global”.

E, diante de uma ameaça externa, uma nação, tal e qual uma pessoa, tem de cuidar das portas e das janelas.

Na economia, estas portas e janelas chamam-se câmbio.

No mundo ideal do “mercado”, o câmbio deveria ser livre e refletir a saúde das moedas nacionais.

Na vida prática não é assim e as nações lutam para que, pelo sua importância no mundo, suas moedas se imponham sobre as demais, de acordo com suas conveniências.

A China “segurou” o seu yuan, durante uma década ante as pressões para desvalorizá-lo. A Europa fez da moeda comum a tentativa - de início bem sucedida, mas que parece frustrada a cada dia – de apresentar o Euro como padrão nas trocas e investimentos.

Mas o dolar, o dólar continua sendo a moeda mundial e isso vem do pós-guerra, quando os EUA tornaram-se a potência hegemônica.

E ainda o são.

Mas seu declínio é visível, inexorável e perigosíssimo.

“”Não podemos incorrer no erro de comprometer tudo que conquistamos, não porque quiséssemos ou pelos erros que cometêssemos, mas pelos efeitos da conjuntura internacional desequilibrada”, proserguiu Dilma.

A “conjuntura internacional desequilibrada” veio para ficar.

Ou o Brasil se protege dela afirmando sua soberania monetária ou põe em risco “tudo que conquistamos”.

http://www.tijolaco.com/