quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"Melhor em Casa" e "SOS Emergências" representam mudança de atitude em relação à saúde pública, diz presidenta em pronunciamento

Em pronunciamento transmitido hoje (8) em rede nacional de rádio e televisão, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que os programas Melhor em Casa e SOS Emergências representam uma nova atitude do governo federal, estados e municípios em favor de uma saúde pública de mais qualidade no Brasil. Ao propor um pacto republicano para melhorar a gestão e qualidade do atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), a presidenta afirmou que, da parte do governo federal, essa parceria significa uma lição de humildade e coragem. 
 
“Humildade para reconhecer que a situação da saúde pública não está boa e precisa melhorar. Coragem, porque estamos atraindo para nós a responsabilidade de liderar esse processo”, disse a presidenta.
Segundo ela, os dois programas são importantes e de implantação complexa, que demanda tempo, dedicação e recursos. O Melhor em Casa, explicou Dilma Rousseff no pronunciamento, vai ampliar o atendimento domiciliar às pessoas com necessidade de reabilitação motora, idosos, pacientes crônicos sem agravamento ou em situação pós-cirúrgica, por exemplo. Elas terão assistência multiprofissional gratuita em seus lares, com cuidados mais próximos da família.

Já o SOS Emergências prevê medidas para melhorar a gestão e o atendimento nas emergências de 11 grandes hospitais do SUS, mas a meta é alcançar, até 2014, os prontos-socorros de 40 hospitais.
“Não vão resolver da noite para o dia todos os problemas do atendimento médico, mas irão contribuir para dar um tratamento mais digno e mais humano aos usuários da rede pública de saúde.”
A presidenta Dilma acrescentou ainda que, por meio do SOS Emergências, o governo pretende intervir de forma gradativa, porém decisiva onde muitos governos evitam assumir a responsabilidade direta: a emergência dos grandes hospitais públicos.
“Já ouvi de algumas pessoas que seria como enxugar gelo, pois se trata um esforço de 24 horas por dia que pode ser prejudicado por um único erro. Para nós é mesmo necessário um esforço de 24 horas e cada erro será mais um motivo de superação”, disse. “A orientação clara é fazer mais com o que temos e não ficarmos de braços cruzados esperando que os recursos caiam do céu.”
  Materia copiada: http://blog.planalto.gov.br/melhor-em-casa-e-sos-emergencias-representam-mudanca-de-atitude-em-relacao-a-saude-publica-diz-presidenta-em-pronunciamento/

MIDIA. Queda do ministro serve de alerta

Queda do ministro serve de alerta 



Como o império Murdoch, hoje investigado por seus subornos e escutas ilegais, a mídia nativa é criminosa, mafiosa, sádica e abjeta. Ela manipula informações e deforma comportamentos.

 


- Por Altamiro Borges

O lamentável episódio da queda do ministro Orlando Silva deveria servir de alerta às forças democráticas da sociedade brasileira – que lutaram contra as torturas e assassinatos na ditadura militar e que, hoje, precisam encarar como estratégica a luta contra a ditadura midiática, em defesa da verdadeira liberdade de expressão e da efetiva ampliação da democracia no Brasil.


A mídia hegemônica hoje tem um poder tão descomunal que ela “investiga”, sempre de forma seletiva (blindando seus capachos); tortura (seviciando, inclusive, as famílias das vítimas); usa testemunhas “bandidas” (como um policial preso por corrupção, enriquecimento ilícito e suspeito de assassinato); julga (sem dar espaço aos “acusados”); condena (como nos tribunais nazistas); e fuzila!


Um pragmatismo covarde e suicida


Ninguém está imune ao poder ditatorial da mídia, controlada por sete famílias – Marinho (Globo), Macedo (Record), Saad (Band), Abravanel (SBT), Civita (Abril), Frias (Folha) e Mesquita (Estadão). Como o império Murdoch, hoje investigado por seus subornos e escutas ilegais, a mídia nativa é criminosa, mafiosa, sádica e abjeta. Ela manipula informações e deforma comportamentos.


Não dá mais para aceitar passivamente seu poder altamente concentrado, que, como disse o governador Tarso Genro – pena que não tenha agido com esta visão quando ministro da Justiça –, ruma para um “fascismo pós-moderno”. Essa ditadura amedronta e acovarda políticos sem vértebra, pauta a agenda política, difunde os dogmas do “deus-mercado” e criminaliza as lutas sociais.


Três desafios diante da ditadura midiática


Esta ditadura é cruel, sem qualquer escrúpulo ou compaixão. Ela utiliza seus jagunços bem pagos, sob o invólucro de “colunista” e “comentaristas”, para fazer o trabalho sujo. Muitos são agentes do “deus-mercado”, lucram com seus negócios rentistas; outros são adeptos da “massa cheirosa”, das elites arrogantes e burras. Eles fingem ser “neutros”, mas são adoradores da direita fascistóide.


Enquanto não se enfrentar esta ditadura midiática, não haverá avanços na democracia brasileira, na luta dos trabalhadores ou na superação das barbáries capitalistas. Neste enfrentamento, três desafios estão colocados:


1- Não ter qualquer ilusão com a mídia hegemônica; chega de babaquice e servilismo diante da chamada “grande imprensa”;


2- Investir em instrumentos próprios de comunicação. A luta de idéias não é “gasto”, é investimento estratégico;


3- Lutar pela regulação da mídia e por políticas públicas na comunicação, que coíbam o poder fascista do império midiático.


Chega de covardia diante dos fascistas midiáticos


O criminoso episódio da tentativa de invasão do apartamento do ex-ministro José Dirceu num hotel em Brasília parece que serviu de sinal de alerta ao PT. Em seu encontro nacional, o partido aprovou a urgência de um novo marco regulatório da comunicação. Um seminário está previsto para final de novembro. Já no caso da queda Orlando Silva, o clima é de total indignação e revolta.


Que estes trágicos casos sirvam para mostrar que, de fato, a luta pela democratização da comunicação é uma questão estratégica. Não dá mais para se acovardar diante da ditadura da mídia. O governo Dilma precisa ficar esperto. Hoje são ministros depostos; amanhã será o sangramento e a derrota da própria presidenta e do seu projeto, moderado, de mudanças no Brasil.


Superar a choradeira e a defensiva


A esquerda política e social precisa rapidamente definir um plano de ação unitário de enfrentamento à ditadura midiática. As centrais sindicais e os movimentos populares, tão criminalizados em suas lutas, precisam sair da defensiva e da choradeira. Os partidos progressistas também precisam superar seu pragmatismo acovardado. A conjuntura exige respostas altivas e corajosas!


É urgente pressionar o governo Dilma Rousseff, pautado e refém da mídia, a mudar de atitude. Do contrário, não sobrará que defenda a continuidade deste projeto, moderado, de mudanças no Brasil. A direita retornará ao poder, alavancada pela mídia! Aécio Neves, o chefe de censura em Minas Gerais, será presidente! E ACM Neto, o herói da degola de Orlando Silva, será o chefe da Casa Civil! 
 



terça-feira, 8 de novembro de 2011

Estudantes denunciam “intervenção militar” no campus


Nota à imprensa do CAF (Centro Acadêmico da Filosofia) e CEUPES (Centro Universitário de Pesquisas e Estudos Sociais – Centro Acadêmico de Ciências Sociais).

Na madrugada do dia 8 de novembro de 2011, a Polícia Militar entrou novamente no campus da Universidade de São Paulo e realizou a reintegração de posse do prédio da reitoria, ocupado por estudantes desde o dia primeiro de novembro.

A operação começou com o cerco da área da reitoria e do perímetro da moradia estudantil (CRUSP). Entre quatro e cinco da manhã, os moradores acordaram com o som e as luzes dos helicópteros. A partir desse momento, aqueles que tentaram sair foram impedidos por cordões de isolamento e bombas de gás lacrimogêneo.

Em regime de exceção, os alunos foram sitiados em suas próprias moradias e tiveram seu direito de ir e vir suspenso. Alunos foram então impedidos de ir às aulas, e aqueles que trabalham sequer puderam dirigir-se ao ponto de ônibus.

Ao mesmo tempo, efetivos da PM, Tropas de Choque, GATE, GOE e Cavalaria, fortemente armados e auxiliados por helicópteros, entraram na reitoria e prenderam cerca de 70 alunos que foram deslocados para a 91a delegacia de polícia na Vila Leopoldina. Esses estudantes poderão responder por três crimes: desobediência à ordem judicial, crime ambiental e depredação do patrimônio público. Aventa-se ainda a possibilidade de enquadrá-los por formação de quadrilha.

Os procedimentos da reintegração foram feitos sem a presença de nenhuma autoridade da universidade, a despeito da formação de uma comissão de professores da Associação dos Docentes da USP (Adusp) responsável pelo acompanhamento da reintegração de posse, de modo que informações sobre danos, presença de objetos suspeitos, atos de vandalismo e abuso de poder não puderam ser averiguados.

Parte dos efetivos da tropa de choque ainda permanece em frente à reitoria. Outras unidades seguem rondando e vigiando o campus.

O número ostensivo de policiais e o uso da violência face ao número de estudantes que participavam da ocupação é desproporcional ao uso habitual de força em outras reintegrações relacionadas ao movimento estudantil, e constitui evento inédito no interior da Universidade.

Porém, é importante sublinhar que se trata de um procedimento comum da polícia em relação a movimentos sociais, revelando a incapacidade do Estado para abrir vias de reconhecimento de demandas sociais. A USP não constitui uma exceção à regra.

No âmbito da USP, esta intervenção militar assume um sentido ainda mais grave porque se soma a outras medidas repressivas, notadamente as perseguições políticas que vêm ocorrendo nos últimos anos. No momento, mais de 40 estudantes estão sendo ameaçados de expulsão definitiva da Universidade com base em um regimento disciplinar de 1972, escrito pelo ex-reitor da USP Luiz Antônio da Gama e Silva, também autor do Ato Inconstitucional Nº 5.

À luz desses acontecimentos, perguntamos: qual o real intuito de fazer tamanho uso de força policial para intermediar conflitos políticos dentro de uma instituição que tem como princípio a troca e produção de conhecimentos e o diálogo?

Materia copiada: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/reintegracao-de-posse-da-reitoria-da-usp-nota-a-imprensa.html

Perspectivas do jornalismo e as redes sociais

PLANETA DIGITAL

Perspectivas do jornalismo e as redes sociais

Por Antonio S. Silva em 08/11/2011 na edição 667

Na contemporaneidade, pensar a comunicação social é analisar a importância das redes de computadores que integram as comunidades, numa relação global. Não se trata de desclassificar ou desconsiderar a mídia tradicional, entendendo-a como sem importância para o futuro – ou o fim do jornal impresso, como alguns apregoam, ou mesmo do jornalismo como o conhecemos nos tempos atuais. Entretanto, surge um agente que vai se ampliando em diferentes países, com mais ou menos intensidade. Assim, pode-se dizer que há um grande volume de informações, impensado anteriormente, disponível para grande parte da sociedade, a qual, há bem pouco tempo, não podia acessar os meios para o conhecimento dos fatos cotidianos. Em grande proporção, o jornalismo se espalha pelos diversos veículos, tornando os cidadãos sem lugar, locais ou de todos os lugares (globalizados). Dito isso, surgem questões inevitáveis: haverá algum tipo de mudança no comportamento da sociedade? A comunicação mudará, descentralizando as hierarquias sociais?

Não há dúvida quanto à modificação global no negócio de jornalismo, pois nos principais centros econômicos, substancialmente nos Estados Unidos e países europeus, houve queda no faturamento na última década – conforme noticiado pelos próprios jornais –, e cada vez mais acessos à internet, o que implica ainda se informar também através dos tradicionais meios de comunicação, mas em grande parte sem a necessidade de pagar pela informação, sempre disponível na rede. A busca pela forma de se estabelecer no mercado passa a ser uma atividade diária das mídias comerciais, especialmente o jornal impresso, que atinge um público mais informado e com poder aquisitivo. Certamente, deverá continuar a ser atendido pela atividade jornalística, indispensável no mundo moderno, sem abrir mão da confiabilidade. Além do mais, no Brasil, como exemplo, o jornal obteve aumento de circulação nos últimos anos, mesmo considerando as novas mídias.

Participação, contestação e soluções
Resta ainda entender, no meio de tanta informação, o que implicam estas mudanças da comunicação na sociedade moderna. A rigor, a democracia está em relação com os meios e a informação. Sem dúvida, o próprio jornalista está nesta conversão, pois como os fatos não se narram, se faz necessário um mediador. Entretanto, torna-se indispensável saber qual será o seu perfil diante das novas tecnologias, que permitem a um não-jornalista propagar mensagens informativas, gerando conhecimento para outras pessoas em diversos lugares – sobremaneira, para a comunidade.

Desta forma, a relação jornalista e fontes de informação muda substancialmente, devendo ser considerado permanentemente o homem no seu cotidiano e suas necessidades enquanto agente social. Logo, vão se tornando comuns os vários movimentos que se ampliam em diversos países, como se vê hoje na região do Oriente Médio, norte da África, Europa, Estados Unidos e América Latina; nações que passam a ser agendadas pelas mídias globais.

Nesta interação entre jornalista e “pessoas comuns” em rede, amplia-se a quantidade de informação, transformando potencialmente todos em produtores de conhecimento, o que tem reflexo na política, seja partidária ou social. A visibilidade dos líderes políticos ganha o espaço público, as transações econômicas se inserem no debate em diferentes plataformas de comunicação. As denúncias vão se tornando comuns para movimentos que se propagam nos mais importantes programas noticiosos locais e internacionais. Em resumo, as novas tecnologias tornam a sociedade cada vez mais complexa em um espaço de participação, contestação e soluções.

***
[Antonio S. Silva é jornalista, mestre em Comunicação pela PUC/SP, doutorando pela UnB e professor]

Materia copiada: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_perspectivas_do_jornalismo_e_as_redes_sociais

Ministra do TST é indicada por Dilma para vaga no STF.

Diogo Alcântara 
 
Direto de Brasília.
A presidente Dilma Rousseff (PT) assinou nesta segunda-feira a indicação da ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Rosa Maria Weber Candiota da Rosa como ministra do Supremo Tribunal Federal (STF). A jurista, que tem uma carreira focada na legislação trabalhista, ocupará a cadeira vaga após a aposentadoria de Ellen Gracie, oficializada em agosto. A indicação deve ser enviada amanhã ao Senado, onde será sabatinada.

A chegada dela ao Supremo também significará que a Corte terá composição completa, com 11 ministros. A praxe do Senado é de votar favoravelmente às indicações. A jurista é natural de Porto Alegre (RS), onde graduou-se na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Inspetora do Trabalho do Ministério do Trabalho de 1975 a 1976, ela ingressou na magistratura trabalhista em 1976, como juíza substituta, e em 1981 foi promovida por merecimento ao cargo de juíza presidente.

Com diversas convocações para atuar na segunda instância desde 1986, foi promovida por merecimento em 1991 ao cargo de juíza togada do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 4ª Região, sendo presidente do Tribunal no biênio 2001-2003. Ela também deu aulas na Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e em 2004 começou a atuar no Tribunal Superior do Trabalho. Em 2006, tomou posse no cargo de ministra do TST.

Presidente do TST elogia escolha
Para o presidente do TST, João Oreste Dalazen, a escolha da ministra Rosa Maria Weber foi "uma feliz indicação" da presidente Dilma Rousseff. "O Supremo ganha uma magistrada exemplar, de sólida e rica formação jurídica e humanística", disse Dalazen, que ainda classificou a ministra como "sensível, prudente e percuciente". "Ela certamente dará um excelente contributo à edificação da jurisprudência da Suprema Corte", completou.

Ministro do Trabalho apóia indicação
O ministro do STF Marco Aurélio Mello disse hoje que a escolha de Rosa Maria Weber para o Tribunal será um importante passo para fortalecer a Justiça do Trabalho. O ministro é o único integrante do STF que também veio dessa área. Ele começou a carreira como procurador do Trabalho e chegou ao Supremo em 1990, vindo do TST, mesma corte de origem da nova ministra.

"É uma satisfação porque, em primeiro lugar, não serei eu o único oriundo da Justiça do Trabalho, o que é muito bom e fortalece a Justiça do Trabalho, que é responsável pela paz social no conflito entre trabalhador e empregador", disse Marco Aurélio, ao comentar a escolha. Ele também destacou o fato de a ministra ser juíza de carreira "com folha de bons serviços prestados".

Com informações da Reuters e Agência Brasil

Matéria Copiada: http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5459462-EI306,00-Ministra+do+TST+e+indicada+por+Dilma+para+vaga+no+STF.html

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Proposta estabelece competência exclusiva para ensinar sociologia

Chico Alencar

Luiz Cruvinel
 
Alencar: o professor de sociologia não pode ser outro senão o próprio sociólogo.
 
A Câmara analisa o Projeto de Lei 1446/11, do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), que estabelece a competência exclusiva para o ensino da Sociologia aos licenciados em Sociologia, Sociologia Política ou Ciências Sociais.

A proposta altera a Lei 6.888/80, que dispõe sobre a profissão de sociólogo.

Segundo o autor do projeto, como a lei não previu exclusividade para o sociólogo no ensino da disciplina, outros profissionais tem tomado esse espaço tanto no ensino médio como no superior.

“Por possuir uma formação mínima de quatro anos dedicados às Ciências Sociais, o professor mais adequado para o ensino da Sociologia não pode ser outro senão o próprio sociólogo”, afirmou Alencar. De acordo com ele, a proposta quer assegurar a qualidade das disciplinas de Sociologia.

Tramitação
A proposta será analisada conclusivamente pelas comissões de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Projeto de Lei de igual teor (4781/09) do ex-deputado Mario Heringer, tramitou apensado ao Projeto de Lei 4780/09. Ambos foram aprovados pela Comissão de Educação e Cultura antes de serem arquivados ao final da legislatura.


http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/EDUCACAO-E-CULTURA/204947-PROPOSTA-ESTABELECE-COMPETENCIA-EXCLUSIVA-PARA-ENSINAR-SOCIOLOGIA.html

João do Vale e Profa Claudet Ribeiro: dois negros maranhenses recebem o maior Prêmio da Cultura Brasileira

* Berenice Silva

Independente das nossas posições ou agremiações políticas, algo que nos une é a cultura maranhense manifestada pelas diversas manifestações de rua que expressam os modos de vida do nosso povo. Os sotaques, as “pedras de responsa”, os tambores e os ritmos das músicas e das danças revelam a nossa criatividade e a nossa forma de articular tradição e inovação. As pessoas na capital e no interior bringam no “tempo de política” como chamamos o período das disputas eleitorais, nos jogos dos campeonatos de futebol, nas eleições nos sindicatos ou até mesmo por motivos banais.
 
Mas se juntam nos arraiais, nos reisados, nas festas de santos populares, nas rodas de tambor de crioula, nas festas de reggae, nas brincadeiras de rua no São João e no Carnaval. Isto faz parte da nossa maranhensidade. Esta é a nossa identidade, o nosso grande ponto de convergência e para alguns, a nossa essência. Sinal de que somos movidos a cultura, pela música, pela poesia, pelos ritmos. Até me dizem por aí fora que maranhense fala cantando. Tem coisa mais bonita que alguém falar cantando? Podemos e devemos ser e pensar diferente, mas quem não se encontra nas festas e terreiros de Bumba-meu-boi ou na Festa de São Marçal, dia 30 de junho no João Paulo?

Dia 09 de novembro Recife será palco de um grande ato: a entrega do Prêmio da Ordem do Mérito da Cultura. E este evento tem algo inédito: dois maranhenses receberão a Comenda Ordem do Mérito da Cultura: João do Vale (In memorian), nosso ilustre poeta popular de Pedreiras e a Profa Claudet Ribeiro, professora reconhecida na capital, lutadora dos direitos das populações negras e marginalizadas e atual Secretária Estadual de Igualdade Racial. Além de maranhense, os homenageados são negros que contribuem com o reconhecimento da população negra. Suas trajetórias são distintas, conheço melhor a do João do Vale, como pedreirense de coração que sou. Assim como Patrícia Galvão, a Pagu, escritora e jornalista feminista a quem o MinC homenageia com o tema desta Condecoração em 2011, eles contrariam a ordem “natural” das coisas. No lugar da "presdestinação" à marginalidade como é condenada a grande maioria do povo negro, a sabedoria, o conhecimento e a transmissão dos saberes. Claudet, mestre do conhecimento, como professora de Geografia, referência do seu trabalho. João do Vale, mestre das obras musicais.

Este ano a Ordem do Mérito da Cultura contará com 51 condecorações a representantes da Cultura brasileira, distribuídas nas categorias Grã-Cruz, que é a mais alta graduação da Ordem, Comendador e Cavaleiro. Nesta edição 18 personalidades serão agraciadas com a Grã-Cruz, 13 com a Comendador e cinco com a ordem Cavaleiro, além de 15 associações culturais e grupos artísticos que receberão a comenda da Ordem do Mérito Cultural.

Instituída pelo MinC em 1995, a OMC já concedeu mais de 500 condecorações a nomes ilustres da história e das artes brasileiras, tais como Santos Dumont (in memoriam), Bibi Ferreira, Ângela Maria, Cartola (in memoriam), Ana Botafogo, entre outros. As comendas são direcionadas a um amplo universo temático, de forma a abranger a diversidade marcante da cultura do país. Contemplam as tradições de grupos étnicos, as expressões da cultura popular, as artes visuais, a música, a literatura, o teatro, o cinema, o design, a produção intelectual, entre outros segmentos que compõem o grande espectro cultural.

Este é um ato que honra e une a todos nós maranhenses. João do Vale saiu da do Lago da Onça, comunidade rural de Pedreiras e ganhou o mundo, depois de passar grande parte de sua vida no Rio de Janeiro onde chegou de pés descalços para trabalhar como pedreiro. Como todos sabem, suas músicas foram gravadas por grandes artistas como Chico Buarque, Amelinha, Maria Betânia, Fagner, Nara Leão, Zé Kéti, Miúcha e muitos outros. Podemos destacar sua participação no Show Opinião, realizado em 1964, em plena Ditadura Militar, só podia ter sido dirigido por um insubordinado, o Augusto Boal e num celeiro de resistência ao regime militar: o Centro Popular de Cultura da UNE, no Rio de Janeiro.
 
Especialistas atribuem a João do Vale a criação do música em duplo sentido, lembremos da pipira do Mané que besliscou na música pipira. Podemos perceber a riqueza dos saberes tradicionais do povo simples do campo, nas músicas Carcará, Pisa na Fulô, Asa do vento, no canto da ema, no pé do lajeiro, Ouricuri que é também denominada o segredo do Sertanejo e em muitas de suas canções de linguagem simples que demonstram o potencial de um grande compositor e poeta popular. Negro João dos pés descalços continua inspirando novos e antigos compositores e emprestar suas composições a muitos artistas, inclusive suas músicas foram trilhas sonoras de novelas recentes.

De Claudet Ribeiro eu posso não conhecer tanto, mas o suficiente para saber do seu trabalho à frente da Fundação da Cirança e do Adolescente do Maranhão e também de sua referência como professora de geografia, inclusive mestra de grandes poetas, como o nosso Secretário de Cultura Bulcão. Como eu não pedir permissão para falar de Claudet Ribeiro, vou resumir ao que conheço e testemunho da sua incansável luta em pol das coomunidades quilombolas e da população negra do Maranhão. E espero que esses escritos suscite os ex alunos(as) da Profa Claudet a se juntarem e elaborar uma lista de quem foi aluno(a) da profa Claudet. Eis um desafio!

Dois mestres que merecem o reconhecimento do povo maranhense! Viva João do Vale! Parabéns à Profa Claudete!


Berenice Gomes da Silva – amante da cultura maranhense (Bibliotecária, mestra em sociologia UnB; assessora da Vice-governadoria/MA).

Informações sobre o evento e sobre a Comenda: http://www.cultura.gov.br/site/2011/11/05/ordem-do-merito-cultura-2011/ Sobre o show opinião: http://pt.wikipedia.org/wiki/Show_Opini%C3%A3o

Contato Riva do Vale: (098): 8871-8056

Materia copiada: http://construindoumnovomaranhao.blogspot.com/