quarta-feira, 2 de maio de 2012

Temporada de caça a jornalistas e blogueiros...


A pistolagem fez mais uma vítima na imprensa brasileira. Desta vez, o crime ocorreu no Maranhão, na noite de segunda-feira (23/4), quando o jornalista Décio Sá foi executado com seis tiros, quatro na cabeça e dois no tórax. O assassino fugiu do local em uma motocicleta. Quem encomendou o crime tem certeza da impunidade, pois não utilizou nenhuma sutileza ao planejá-lo. 

O assassinato ocorreu na Avenida Litorânea, área turística da cidade, em um restaurante tradicional de São Luís, por volta das 23h30. Não bastasse o cenário, o autor dos disparos não utilizou qualquer proteção para disfarçar sua identidade e usou arma de porte exclusivo da política (pistola ponto zero quarenta).

Décio Sá atuava como jornalista político há quase duas décadas. Além de escrever para o jornal O Estado do Maranhão, de propriedade do presidente do Senado José Sarney, mantinha há cinco anos um blog (anteriormente hospedado no portal Imirante.com, do Sistema Mirante, pertencente à família Sarney), com cerca de 2,7 milhões de acessos por ano. Décio usou este espaço para denunciar e expor condutas inadmissíveis de políticos maranhenses, como desvio de recursos, exploração sexual e pistolagem. 

Seus alvos preferidos eram os políticos opositores da família Sarney. Neste percurso ganhou muitos inimigos e muitas fontes. Passou a fazer parte de um jogo perigoso de trocas escusas com o poder, sobretudo o poder legislativo do Maranhão.

A morte do jornalista mobilizou autoridades, políticos, a imprensa local e o governo do Maranhão, que se prontificou em apontar o mentor intelectual do assassinato. As polícias federal e civil trabalharão em parceria nas investigações de mais este crime de encomenda na imprensa brasileira.

Aguarda-se uma resposta
Os jornalistas maranhenses, ainda chocados com a barbárie, fazem um questionamento preocupante, por meio das redes sociais: “Se o jornalista político mais próximo da família Sarney terminou assim, o que se dirá do restante?” E neste momento forma-se uma bolha de incertezas, medo e intimidação na capital ludovicense. Este era o objetivo do algoz de Décio Sá, que agiu certo da impunidade no âmbito da justiça estadual.

As manchetes combinando execução de jornalistas e pistoleiros em motos estão se tornando cada vez mais frequentes no Brasil. Só neste ano outras três vítimas foram encomendadas nestes mesmos moldes. Em 13 de fevereiro, o jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, de 51 anos, foi assassinado em Ponta-Porã, fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Também em fevereiro, foi assassinado o jornalista Mário Randolfo Marques Lopes, de 50 anos, em Barra do Piraí, Rio de Janeiro. O primeiro homicídio do ano foi o do radialista Laécio de Souza, morto na região metropolitana de Salvador, em janeiro.

Paulo Roberto Cardoso, Mário Randolfo Marques Lopes e Décio Sá foram executados por pistoleiros em pleno século 21. Os três utilizavam a internet como canal para veicular denúncias sobre política, tráfico de drogas e outros crimes que ocorriam no Mato Grosso, no Rio de Janeiro e no Maranhão. 

Os dois primeiros casos seguem sem solução. Um agravante ocorreu no dia 14 de abril, quando o policial militar Paulo César Santos Magalhães, responsável pela investigação da morte de Paulo Cardoso, foi executado com 14 tiros, em Ponta Porã (MS). Todos estes crimes não podem virar apenas estatísticas, eles aguardam uma resposta da justiça brasileira.

São Luís. Rodoviários ameaçam parar ainda na primeira semana de maio.



carlosfariacafe.blogspot.com


A categoria está em estado de greve desde o mês de janeiro, quando foi entregue ao Sindicato das empresas de transporte a proposta da campanha salarial. 


Eriko Barros - Publicação: 01/05/2012.
 
Após a paralisação ocorrida na última terça-feira (24), os rodoviários  ameaçam greve ainda nesta primeira semana de Maio. 

A categoria está em estado de greve desde o mês de janeiro, quando foi entregue ao Sindicato das empresas de transporte a proposta da campanha salarial.
Prefeito João Castelo.

Na última quinta-feira, apesar de outra paralisação dos motoristas, cobradores e fiscais estar agendada, os representantes dos sindicatos se reuniram para discutir a pauta de reivindicações. 

A lista da categoria traz 49 itens e entre eles, reajuste salarial de 16% - o mesmo do ano passado e rejeitado - e inclusão de um dependente no plano de saúde.

Pela proposta do empresariado apresentada ao sindicato, a categoria passaria a pagar metade do plano de saúde, que hoje é arcado integral pelas empresas; seriam mantidos os atuais salários de motoristas (R$ 1100) e cobradores (R$ 622); e redução do ticket alimentação de R$ 331 para R$ 315, sendo que o cobrador teria a metade do que ganha um motorista

O SET alega defasagem do sistema e diz não ter condições de conceder aumento neste momento.

Outro encontro está remarcado para dia 3 de maio, na sede da Procuradoria do Trabalho, no Renascença. 

Essa será a reunião definitiva, afirma o sindicato da categoria, e, a partir do que for resolvido na ocasião, haverá ou não decretação de greve geral.


FONTE: http://www.oimparcial.com.br/app/noticia/urbano/2012/05/01/interna_urbano,114617/rodoviarios-ameacam-parar-ainda-na-primeira-semana-de-maio.shtml

 

Vez da diversidade. Políticas de Cotas nas Universidades.

Fábio Reis Mota- 02 Mai 2012. 
A legitimidade jurídica e simbólica concedida pelo STF às políticas de cotas nas universidades abriu um importante precedente para que caminhemos na direção do reconhecimento da diversidade, pluralidade e heterogeneidade da constituição de nossa nação.

As primeiras políticas públicas de fomento às ações de discriminação positiva se deram na Índia Colonial, implementadas pela administração britânica, com a finalidade de suprimir as desigualdades ocasionadas pelo sistema de casta em vigor, à época. Estas primeiras investidas de estabelecimento de cotas, diante do valor hierárquico e desigual do regime de castas no período, resultaram em fortes reações das denominadas castas altas contra as castas baixas.

Décadas depois, o sistema de cotas, com a constituição de mecanismos de inclusão de minorias na década de 60 do século XX nos EUA, foi objeto de políticas públicas dirigidas a suplantar as desigualdades provocadas pela escravidão e, posteriormente, o sistema segregacionista que vigorou durante décadas nos EUA. Tal experiência foi replicada, com algumas alterações, em diversos outros Estados nacionais contemporâneos.

No entanto, países como a França e o Brasil, por exemplo, foram durante anos refratários à constituição de mecanismos que visassem a superar as desigualdades de cunho étnico/racial. Na França, em particular, a ideologia republicana foi, e continua sendo, uma barreira ao reconhecimento dos direitos das minorias, diante da invisibilidade política de que gozam no espaço público. A recusa a incluir categorias raciais no Censo e a proibição do uso do véu e da burca nas escolas e, atualmente, nas ruas expõem as dificuldades da França em reconhecer sua pluralidade.

No Brasil, a nossa extemporânea e deslocada autoimagem de uma democracia racial forjou uma visão míope quanto aos efeitos de um regime escravocrata que vigorou até meados da fundação de nossa República. Ao contrário do que ocorreu em países como a Índia, os EUA e, mesmo, a França, as populações provenientes do regime escravista foram objeto de políticas de exclusão de acesso aos bens primordiais do mercado, como a educação, a terra e o trabalho. 
 
A ideologia da democracia racial, tão cara à formação de nosso Estado-nação, foi uma dura barreira para o reconhecimento de desigualdades geradas por um sistema cujos grupos étnicos que compuseram nossa identidade nacional foram alijados do sistema político, econômico e simbólico.

Todavia, a partir dos anos 90 do século passado, assistimos no Brasil a diversas ações afirmativas no âmbito das políticas públicas, como as reservas de vagas nas universidades, as políticas de titulação de terras das comunidades indígenas e quilombolas, as políticas educacionais diferenciadas dirigidas às populações tradicionais, entre outras, conformando um novo cenário político.

Um país justo e democrático deve conceder o direito de manifestação das múltiplas formas de expressões identitárias, reconhecendo que barreiras étnicas e raciais compõem as variáveis que culminam na exclusão e na desigualdade, bem como fazendo com que direitos diferenciados possam propiciar o aperfeiçoamento do sistema democrático, suplantando o malefício da desigualdade histórica e estrutural.

FABIO REIS MOTA é professor da UFF-InEAC/NUFEP/PPGA.

FONTE: http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha

terça-feira, 1 de maio de 2012

Com Brizola Neto, Presidenta Dilma tenta salvar o PDT .

Com Brizola Neto, Dilma tenta salvar o PDT
Foto: Montagem/247 
Iniciada na política pelas mãos de Leonel Brizola, Dilma rompeu com o partido quando o pragmatismo falou mais alto do que os princípios; agora, ao escolher Brizola Neto para o Ministério do Trabalho, ela dá nova chance ao partido.
01 de Maio de 2012 às 06:57.
 
247 – O que terá levado a presidente Dilma Rousseff a escolher, para o ministério do Trabalho, um nome que enfrenta resistências no próprio partido, em pleno ambiente de desorganização política, com uma CPI em curso no Congresso Nacional? 

Há duas respostas. Primeiro: Dilma é mineira, mas tem alma gaúcha. Sabe conciliar, mas também sabe confrontar. Segundo: Dilma hoje é petista, mas tem alma brizolista. Foi pelas mãos de Leonel Brizola, em 1980, que ela ingressou na política partidária.

O deputado Brizola Neto (PDT-RJ), escolhido novo ministro do Trabalho, enfrenta resistências das duas alas mais poderosas do seu partido: a que é comandada pelo ex-ministro Carlos Lupi e a do sindicalista de resultados Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força. Ainda assim, Dilma bancou a escolha, como se Brizola Neto fosse um ministro da sua cota pessoal – e não do PDT. Foi uma forma de prestar um tributo ao PDT dos sonhos de Brizola, e não da prática política recente, marcada pelo fisiologismo e pelo desvio de recursos públicos por meio de ONGs e convênios fraudados no FAT.

O PDT original, ao qual Dilma se filiou em 1980, ao lado do ex-marido Carlos Araújo, foi desenhado por trabalhistas históricos como Leonel Brizola, Darcy Ribeiro e Doutel de Andrade. Lideranças que decidiram criar um novo partido quando os militares entregaram o antigo Partido Trabalhista Brasileiro, criado por Getúlio Vargas e presidido por João Goulart, a sindicalistas pelegos – o que fez com que Brizola, numa foto histórica, rasgasse sua ficha de filiação ao PTB.

Com o apoio de Brizola, Dilma deixou de ser militante política e foi gerente pela primeira vez, ao assumir a secretaria de Fazenda da prefeitura de Alceu Collares (1986-1989), na cidade de Porto Alegre. O rompimento com o PDT se deu em 1990, quando o partido, ávido pelo poder, se tornou mais pragmático e menos idealista. Dilma migrou para o PT, foi secretária do governo de Olívio Dutra, mas, sua essência, em vários aspectos, continuou a ser brizolista.

Refundação do PDT
A escolha de Brizola Neto, de certa forma, poderá contribuir agora para uma refundação do PDT, em torno de quadros mais qualificados do que aqueles que lideraram o partido nos últimos anos. Dilma mantém ótima relação, por exemplo, com Osmar Dias, que é vice-presidente do Banco do Brasil, e é também entusiasta da candidatura de Gustavo Fruet à prefeitura de Curitiba. O atual prefeito de Porto Alegre, José Fortunatti, é também um aliado.

E ainda que o PDT rejeite a escolha de Dilma, o fato concreto é que a presidente está tentando salvar o primeiro partido político ao qual se filiou.

FONTE: http://brasil247.com.br/pt/247/poder/57214/Com-Brizola-Neto-Dilma-tenta-salvar-o-PDT.htm

Indios guajajaras anunciam a interdição da Rodovia BR-226 (trecho entre Grajaú e Barra do Corda) apartir desta quinta-feira dia 03 de maio, como forma de cobrar mais policiamento e a apuração da morte de uma suas Líderanças.

realidadenatela.blogspot.com
Após a morte de uma índia no último sábado (28), o líder indígena Raimundo Guajajara fez um apelo, na manhã desta segunda-feira (30), pedindo mais segurança nas aldeias.

A índia, pertencente à tribo Guajajaras, foi assassinada por volta das 14h com dois tiros. O principal suspeito do crime, de acordo com testemunhas, mora com um índia da mesma aldeia da vítima.

Após a execução, o assassino fugiu da localidade. A indígena era líder da Aldeia Coquinho II, da reserva Canabrava, localizada entre os municípios de Grajaú, Barra do Corda e Jenipapo dos Vieiras, região centro-sul do Estado do Maranhão.

rapidosertaozinho.com.br
Raimundo pediu maior policiamento na aldeia. "Queremos força policial porque estamos reféns dessa situação de violência e esse apelo já vem de muito tempo", afirmou o índio.
Ele relatou, também, que a localidade sofre com outros problemas. "Temos outros assuntos pendentes, não tem medicamento na aldeia, nem polícia. 

Não tem saúde, não tem educação. Vamos fazer o que for preciso porque queremos justiça, não podemos deixar que isso aconteça com outras pessoas", ressaltou Raimundo.

Voltaremos a ver esta Cena?
Manifestação - O líder confirmou o protesto marcado para esta quinta-feira (3), na BR-226. "Não vamos liberar a estrada enquanto isso não for resolvido", afirmou.  

Os indígenas pretendem fechar a BR-226 para cobrar do poder público mais segurança na região. 

 Além de um posto Policia Rodoviária Federal e das outras polícias, os indígenas pedem, também, monitoramento das aldeias situadas na região.

"Os brancos querem mandar mais que os índios nas aldeias, querem ser mais líderes que o cacique. Essas coisas todas que estão ocorrendo são por causa disso", finalizou.

FONTE: http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2012/04/apos-assassinato-de-india-lider-guajajara-pede-mais-seguranca.html

ASSASSINATOS DE JORNALISTAS. Condenados ao esquecimento.

Por Chico Otávio em 23/08/2011 na edição 656.

Na quinta-feira (25/8), quando duas alunas da PUC-Rio apresentarem as conclusões de uma pesquisa sobre violência contra jornalistas no Brasil na conferência promovida pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) em Puebla, no México, um certo desconforto deverá silenciar os presentes. 

Em vez de vítimas heroicas como Tim Lopes, o trabalho mostrará as mortes impunes de jornalistas como Reinaldo Coutinho da Silva e Mário Coelho Filho, anti-heróis de um jornalismo obscuro, que tiveram a carreira abatida a tiros quando ousaram romper com a dinâmica que rege as relações imprensa-poder nos grotões do país.

Isso mesmo: a lista de pouco mais de duas dezenas de jornalistas assassinados no Brasil é bem mais rica em “Reinaldos” e “Mários” do que em “Tins”. Morto há 16 anos, Reinaldo Coutinho era diretor, editor e proprietário do Cachoeiras Jornal, de Cachoeiras de Macacu (RJ). 

O mesmo destino teve Mário Filho, repórter e diretor administrativo do jornal A Verdade, de Magé (RJ), em 2001. Neste tempo todo, não se viu um único ato de protesto, uma mobilização coletiva ou mesmo um apelo circulando pelas redes sociais em memória dos colegas ou pela elucidação dos crimes.

E por que tanto esquecimento? Por um consenso informal, discreto e definitivo na categoria sobre os colegas que tombaram em circunstâncias sombrias: não merecem solidariedade os que usam o jornalismo para práticas espúrias.

Relação com as elites
Dizem as más-línguas que Reinaldo e Mário eram dados a práticas nada ortodoxas no relacionamento com as elites políticas de suas cidades.

Em mais de duas décadas de carreira, testemunhei profundas mudanças no jornalismo brasileiro. Um dos setores que mais transformações sofreram foi a chamada reportagem de polícia. Abandonou o tom policialesco, ditado por colegas que eram “assim com os homi”, para dar voz a quem padecia com os abusos da polícia. Um dos cuidados fundamentais, emblema dessa virada, foi evitar a desqualificação moral das vítimas.

O foco, agora, era outro: a busca dos responsáveis, em reportagens que passaram a procurar alternativas que livrassem os repórteres da camisa de força da versão oficial.

Desqualificar as vítimas
Em Puebla, onde a SIP reunirá representantes de universidades latino-americanas para um diagnóstico sobre a violência contra jornalistas, as estudantes Celícia Himmelseher e Monique Vasconcelos (que dividiram a pesquisa com outros três alunos da PUC-Rio) vão mostrar que a opção brasileira para enfrentar a impunidade foi empurrar os casos para debaixo do tapete, desqualificando as vítimas.

E vejam o paradoxo: para isso, bastaram as parcas informações produzidas por inquéritos fajutos, feitos mesmo para não chegar a lugar algum. 

Se a SIP esperava uma pesquisa nobre, que interpretasse os crimes como tentativas de silenciar uma imprensa combativa, deverá se decepcionar.

Nem a morte provocou debate
Seus dirigentes vão se mexer nas cadeiras, mostrando desconforto, quando as alunas disserem que, entre as entidades de classe brasileiras, poucos são os que ouviram falar dessas vítimas. Bom para os criminosos, que nunca tiveram as autoridades públicas no seu pé e muito menos um jornalista chato para incomodá-los.

Vítimas como Reinaldo e Mário, julgadas depois de mortas, foram condenadas ao esquecimento. Se era para censurar o que faziam, melhor seria se isso tivesse acontecido em vida. O destino de ambos poderia ter sido outro se sindicatos, federação e outras entidades resolvessem discutir os casos, nos seus conselhos de ética, e coibir as práticas condenáveis.

O que os colegas faziam em Cachoeiro de Macacu e Magé não era uma exceção. Faz parte da dinâmica que dita a relação entre prefeitos, presidentes de Câmaras Municipais, delegados e outras autoridades com centenas de donos de pequenos jornais dos grotões do Brasil. Para esse tipo de prática, nem a morte é capaz de provocar um debate.

***
[Chico Otávio é repórter especial do Globo]

Copiado de: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/condenados_ao_esquecimento

Maranhão, mais uma barbérie. Índia é assassinada por pistoleiros!




Por Alice Pires*
Uma liderança indígena do Maranhão, a cacique Maria Amélia Guajajara, 52 anos, foi executada na tarde de ontem (28), por pistoleiros. Segundo a informação que nos chegou agora a pouco, dois homens, em uma moto, chegaram à aldeia e na frente de todos (inclusive da família da vítima) dispararam dois tiros na cabeça de Maria Amélia.

Esta índia Guajajara era cacique da aldeia Coquilho II, na Terra Indígena Canabrava, localizada no município de Grajaú, a 600 quilômetros de São Luis. Ela denunciava os constantes assaltos na região, o tráfico de drogas e a exploração ilegal de madeiras dentro da terra indígena. Por tudo isso, entre os suspeitos estão os madeireiros da região, protegidos pelo grupo Sarney. 

O assassinato brutal e covarde desta índia confirma as palavras do nosso companheiro de Vias de Fato, o jornalista Emilio Azevedo, em recente entrevista a “Rádio Brasil Atual” e reproduzida (com injustificável hesitação) no site da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). O que ocorreu com Maria Amélia é mais um fato triste, lamentável, trágico, que expõe, mais uma vez, a barbárie vivida no Maranhão, fruto de uma política, sem civilidade, marcada pela máfia, onde o crime organizado está infiltrado nos três poderes (o Executivo, o Legislativo e o Judiciário).

Só neste mês de abril de 2012 foram executados, por pistoleiros, um lavrador, um jornalista e ontem (28/04), uma liderança indígena. E, a não ser na atividade de jornalista, os outras não são exceções! No Maranhão é comum o assassinato de lavradores, sem terra, índios, quilombolas... O caos já está instalado há muito tempo, na imensa periferia maranhense. O problema é que a indiferença da elite/poder público/máfia, não dá visibilidade à situação. Cria uma falsa tranqüilidade. Os seis tiros dados no jornalista Décio Sá estão expondo as vísceras do Maranhão!  E alguns - como tem registrado atualmente o professor Wagner Cabral nas redes sociais - usam e abusam da hipocrisia diante do cadáver do jornalista.

No Maranhão, não tem governo! Não tem justiça! A impunidade é a regra! O poder está se resumindo a uma briga entre quadrilhas! Maria Amélia, a índia, é mais uma vítima dessa situação. A diferença é que não vai ter recompensa de cem mil para encontrar os culpados, nem Sarney vai fazer artigo de próprio punho, falando de “valores morais”, “liberdade” e “democracia”, num misto de cinismo e covardia.

Como bem disse a revista Carta Capital  desta semana (nº 695), hoje, nem os amigos de José Sarney (o chefe maior do banditismo) estão mais seguros. Então, quem está? É a Barbárie! É a falta de civilidade de um esquema que nasceu inspirado na truculência e nas fraudes do vitorinismo e consolidado nas trevas de uma ditadura sangrenta. Uma leitura da entrevista com o histórico Freitas Diniz, publicada este mês, no jornal Vias de Fato, ajuda muito a compreender a nossa conjuntura e o perfil dos nossos opressores.

No caso dos índios, os dados são alarmantes. No Maranhão, em 2011, um caminhoneiro passou com o caminhão em cima de um Guajajara, uma índia Kanela foi estuprada e morta a pauladas com requintes de crueldade (pedaços de madeiras e folhas secas foram introduzidas nos seus órgãos genitais), em março desse ano, uma índia Guajajara, adolescente de 13 anos, grávida de um não-índio, foi encontrada na casa dele cheia de hematomas, estrangulada e amarrada em uma cadeira e, o cúmulo, uma criança Awá-Gwajá foi supostamente queimada viva por madeireiros. A mais recente vítima foi a cacique guerreira Guajajara Maria Amélia. É uma barbárie! E para mudar, temos que admitir e enfrentar esta realidade!

* Alice Pires é da coordenação do Jornal Vias de Fato 

FONTE: http://www.viasdefato.jor.br/   (Notícia publicada no ultimo dia 29.04.12).