sexta-feira, 23 de novembro de 2012

São Paulo - ‘A gente precisa de uma visão da atual segurança pública como algo falido; não está aí pra proteger, e sim exterminar’ (Notícias de Ontem).

Escrito por Gabriel Brito, da Redação - Quarta, 14 de Novembro de 2012. 

Seis anos após o sangrento maio de 2006, que registrou 500 assassinatos em menos de uma semana nos confrontos entre polícia e PCC, São Paulo encara o retorno da mesma onda de violência, repetindo inclusive o brutal número de mortes violentas, que na imensa maioria das vezes vitima pessoas nada relacionadas com os dois lados em guerra.


Para retomar o assunto, o Correio da Cidadania entrevistou duas pessoas ligadas ao movimento social e popular, profundamente conhecedoras da realidade das regiões periféricas e da forma cruenta como o Estado trata o assunto. Débora Silva, líder do movimento Mães de Maio (referência aos crimes de 2006) e Givanildo Manoel, militante de direitos humanos e candidato a vereador pelo PSOL que pediu impugnação da candidatura do coronel Telhada por incitação à violência, oferecem um olhar contundente sobre o real motivo dessa trágica onda de homicídios: a corrupção dentro do próprio Estado, que permitiu a ascensão do grupo criminoso com o qual mantém obscuros laços.


Para eles, o governo estadual prestigia a violência policial de forma inequívoca, sempre escondendo seus crimes e apresentando provas apenas contra as vítimas - mesmo que de forma pouco confiável e com a ajuda de um poder judiciário igualmente conivente com as ilegalidades cometidas pelo poder público e seus agentes de segurança.

Contra esse estado de coisas, propõem medidas que aumentem o controle social sobre as polícias, para dar maior transparência a seus métodos, além de um processo de desmilitarização e humanização de nossas políticas de segurança pública. No entanto, não acreditam que, nas atuais circunstâncias, os governos estadual e federal venham a ter este foco. Para os dois militantes, o governo federal tem apenas reforçado o que já vem sendo feito pelas forças oficiais paulistas: “oferecer mais bala pra matar nossos filhos”, como define Débora.

Uma situação de guerra com acobertamento incessante de uma política de segurança que extermina pobres, negros e periféricos, no fim das contas servindo a “interesses econômicos revelados e não revelados”. Como remédios mínimos, Débora e Givanildo propõem a federalização dos crimes de direitos humanos e milicianos e a denúncia do governo estadual na Corte Interamericana de Direitos Humanos.


Leia a seguir a entrevista completa.

Correio da Cidadania: A que vocês atribuem a onda de violência, que marca o ano de 2012 em São Paulo e região metropolitana, com centenas de mortes?

Débora Silva: Em 9 de maio de 2011, a Universidade de Harvard, com vários movimentos sociais e de direitos humanos, apresentou um relatório mostrando que havia possibilidade de novos ataques.  Quando a mídia perguntou ao governo estadual, este negou a possibilidade, mentirosamente, dizendo que o relatório era inverídico. Acreditávamos na veracidade do relatório e consideramos a reação e o discurso dele (Alckmin) algo fascista.

De forma orquestrada, ele e o secretário de segurança disseram que o PCC não existia. Como não existia, se foi o poder público que o criou, à base de sua corrupção?

Porque o PCC foi criado de dentro dos presídios pra fora, não de fora pra dentro.

Se fosse de fora, não iríamos atribuir os crimes de maio à corrupção de Estado. 

E foi através dessa corrupção que os crimes de maio surgiram, graças a um monstro que o Estado criou e que contra ele se rebelou um dia.

Givanildo Manoel: Penso que a resposta para essa pergunta não pode ser buscada no imediatismo do momento. Embora dramático, precisamos olhar historicamente quais as motivações dessa violência.

Podemos identificar primeiramente a própria constituição da Polícia Militar, que se deu no período da ditadura, quando foi montada uma polícia que tem seu preparo para a guerra. A guerra no caso é contra o inimigo interno e o inimigo interno é o seu povo! Não podemos desconsiderar tal contexto para entender o atual momento, já que naquela época essa estrutura servia aos interesses do capital, servia para garantir a ordem com aqueles que discordavam do modelo implantado – esses deveriam ser liquidados ou encarcerados.

Temos que ficar atentos ainda para outro aspecto importante: alguns fatores fragilizaram a ação violenta da polícia e das Forças Armadas. Lembremos que a Rota foi fundamental naquele momento, provocava o terror no fim da década de 70 e começo dos anos 1980 contra os trabalhadores, principalmente contra a juventude da periferia. Quem não viveu a época pode encontrar uma boa fonte no livro Rota 66, do jornalista Caco Barcellos.

Aquele foi um momento em que se constituíram os grupos de extermínio, e tais grupos foram sendo constituídos por agentes, ex-agentes do Estado e eventualmente alguém de fora desse círculo. Tais grupos vendiam segurança para pequenos comerciantes e cumpriam o papel de todo o sistema de justiça, instituindo sempre a pena máxima para aqueles "indesejados" ou desafetos dos contratantes de serviço, e também a juventude, em particular a negra, sempre um alvo a se atacar. Esses grupos foram fartamente denunciados e existe muito material publicado a respeito.

Em maior ou menor escala, essas estruturas que foram sendo constituídas serviam aos interesses econômicos de algum grupo, entendendo que só com o uso da força seriam garantidos.

Penso que está aí a origem dessa violência recente, porque a estrutura violenta montada, sem controle popular algum, a serviço do Estado capitalista, atende aos interesses de um pequeno grupo, que não tem preocupação com a forma com que a segurança deva ser feita, desde que seja feita. Uma estrutura que permaneceu intocável com o processo de redemocratização do Brasil, logo, passível de ser utilizada a qualquer momento para atender aos interesses econômicos revelados e não revelados.

A atual onda de violência tem tal característica e traz obscuridade para todos nós. O que está claro para nós dos movimentos sociais é que existem interesses revelados e outros não revelados, que começaram a aparecer nos últimos dias. O que está declarado é o controle social do povo morador da periferia, em especial a juventude negra, podendo ser morta ou encarcerada.

Além disso, também se declara que existem regiões de interesse do capital imobiliário. Para realizá-lo, é necessário expulsar os moradores, utilizando-se de argumentos ilegais com roupagem legal e métodos anteriormente não utilizados - como tem sido o caso dos incêndios, sobre os quais existem fartas denúncias de envolvimento de agentes do Estado, por ação ou omissão.

E o que não tem sido revelado, apesar de os movimentos virem denunciando já há algum tempo, é a constituição de milícias (compostas por agentes e ex-agentes de segurança do Estado). Essas passaram a disputar a geografia do tráfico, com grupos como o PCC. Há uma matéria feliz sobre o assunto no jornal O Globo, de 2 de novembro, com o título " Milícia disputa com traficantes o controle dos caça níqueis". O que vale a pena pensar é que, para além da estrutura institucional e cultural da polícia, no último ano, o governador e o secretário de segurança têm autorizado a polícia a usar da violência indiscriminadamente.

Por fim, penso que existe mais um elemento a se considerar: uma polícia mal paga, despreparada, sem controle, com todo esse poder, conhecendo toda a estrutura de funcionamento do tráfico. A pergunta que fica é: o que poderíamos esperar?

Correio da Cidadania: Portanto, vocês acreditam nas análises de setores políticos e ligados aos direitos humanos, de que tudo não passaria de desentendimentos pontuais entre PCC e polícia, em questões nas quais estariam associados, e não em contradição?

Givanildo Manoel: Não penso que foi pontual o desentendimento, foi um racha na possível relação existente e o que marcou essa ruptura foi a morte de membros do PCC em maio, na zona leste. Até hoje não foi explicada a ação da ROTA e a que serviu aquela operação.

As notícias sobre a disputa da geografia foram muito bem tratadas na matéria do jornal O Globo, como já mencionei anteriormente e com o que concordo plenamente.

Débora Silva: Não concordo com as versões das autoridades, pois os ataques e os crimes de maio são uma história ainda não contada. Atribuíram mentirosamente as mortes ao crime organizado. Sou mãe de vítima e sei que é mentira. Foi retaliação da polícia e seus agentes, cujas famílias também foram vitimadas.

O que aconteceu? Os inquéritos foram todos arquivados. Por que foram arquivados se o governo diz que foi o crime organizado que cometeu crimes? Se o governo atribui os crimes ao PCC, por que não se faz investigação?!

Vemos que os crimes de maio de 2006 têm sua continuação agora. Ninguém foi punido, as autoridades que mataram nossos filhos não foram punidas. E todo mundo acobertou, governos municipal, estadual e federal. O federal porque até hoje não enviou uma única condolência. Mas quando caiu o avião da TAM, fizeram tudo, solidariedade, memorial, tudo. Os crimes de maio são três ou quatro aviões da TAM.

Agora, vemos a coroação dos crimes de maio. A impunidade está coroada. Se fossem apurados os crimes, com punição aos matadores dos nossos filhos, não teríamos os crimes de 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012.

E digo mais, algo ainda mais grave. Se não se apurarem os crimes de 2012, continuaremos na guerra urbana. Exigimos do governo federal que venha acompanhar o desenrolar dos inquéritos e investigações, que na verdade não existem. Porque a grande mídia, bandida, só fala dos crimes contra as autoridades. E é preciso investigar muito a fundo os crimes dos policiais.

Correio da Cidadania: As notícias sobre disputas entre milícias e bandidos pelo controle dos caça-níqueis não trazem à tona a corrupção como um dos grandes geradores de toda esta violência?

Débora Silva: Sim, o que gera essa violência é a corrupção. De tudo. Não é só de caça-níquel, são biqueiras (pontos de tráfico) também. A gente sabe disso. Só existe o crime organizado porque existe algum apoio do Estado. Quando e se o Estado quiser, acaba com isso. Mas não se combate nem tráfico nem crime matando inocentes. Matar inocentes só vai generalizar mais violência.

Correio da Cidadania: Como vocês avaliam, mais especificamente, a postura do governo estadual na questão, notadamente Geraldo Alckmin e sua Secretaria de Segurança Pública?

Débora Silva: Em minha opinião, eles têm obrigação de se apresentarem ao público e explicarem à sociedade o tamanho número de mortes. E claro, dizer que existem bandidos fardados. Isso é acobertado. Temos cobrado, mas sempre os vemos apoiando esse tipo de policial. Nunca aparecem provas contra eles. A corregedoria só consegue provas contra os cidadãos comuns que são assassinados. O judiciário também nunca vê isto. Só tem prova “contundente” contra o cidadão comum.

Givanildo Manoel: Foi no governo Alckmin que se instituiu a desastrosa política de segurança pública, que tem sua origem na doutrina bushiana (George Bush, ex-presidente estadunidense) de segurança nacional, de guerra preventiva e permanente contra o terror, que deu base à política de segurança pública da “tolerância zero”.

Hoje, sem saber por onde caminhar e refém da sua própria política, a única coisa que ele é capaz de fazer é determinar que se use mais violência, causando ainda mais crimes contra o povo de São Paulo e região metropolitana.

É necessário ter uma forte posição contra esse governo, levando-o para a Corte Internacional de Direitos Humanos, responsabilizando-o por crime contra a humanidade.

Correio da Cidadania: Acreditam que o governo continuará nesta postura radical ou pode mudar um pouco?

Débora Silva: Vai sempre agir desse jeito, porque os crimes de maio, assim como esses, “dão certo”.

Correio da Cidadania: Débora fez, há pouco, referências à necessidade de acompanhamento mais efetivo do governo federal. Qual deve ser, de fato, e em situações desse tipo, a atuação do governo federal? E o que pensam, neste sentido, do anúncio recente e do caráter da ajuda que a esfera federal deve conceder ao governo de estado?

Débora Silva: O governo federal errou de vir a São Paulo oferecer, através do nosso dinheiro, dos nossos impostos, mais bala pra matar nossos filhos. A gente precisa de uma visão que entenda a segurança pública como algo falido. Não está aí pra proteger o cidadão. E sim pra oprimir e exterminar. A partir do momento em que uma mãe vê seu filho, trabalhador empobrecido, morrer na mão da polícia, desses fascistas, que dizem que estão controlando a ordem pública matando um filho que recebe uma miséria, só pode se revoltar.

Acho que chegou a hora de os governos estadual e federal fazerem a lição de casa e pararem de sentir prazer de ver tantas mortes, de ver a vida sendo banalizada. Depois vem o discurso “ah, morreu era bandido”; “ah, tinha passagem pela polícia”. Isso é discurso de gente conservadora, fascista e, em última instância, de ditador.

Aí vem o governo federal e oferece nosso dinheiro pra investir em segurança pública. Por que ninguém quer as tropas da segurança nacional? Porque sabemos o que ela faz com as populações pobres, negras e periféricas.

Givanildo Manoel: O governo federal, se desejasse ser sério, e não cúmplice da situação, deveria fazer intervenção, federalizar crimes de direitos humanos e milicianos e passar a fazer uma investigação muito séria sobre as responsabilidades de comandantes, secretário e governador nessa situação de guerra contra a população de São Paulo, que hoje está declarada.

O governo federal errou ao se omitir e erra agora ao estabelecer essa relação. Penso que tal postura do governo federal mostra que hoje essa é sua política de segurança também, vide as UPPs no Rio de Janeiro. O padrão é o mesmo, ataques às populações empobrecidas e acordos com grupos milicianos, que passam a ter o papel que o tráfico tinha anteriormente.

Correio da Cidadania: O que todos estes posicionamentos dizem do modelo de segurança e do ordenamento público em vigor?

Débora Silva: É um modelo falido. É preciso humanizar a política de segurança a partir do momento em que nos conscientizarmos disso, da necessidade de humanização dos agentes. Também é preciso desmilitarizar a polícia. Porque hoje não dá, temos a polícia que mata, a que investiga e o Ministério Público, que enterra.

Givanildo Manoel: É uma política que serve aos interesses do capital, não aos interesses do povo. Criminalizar e prender é a tônica de tal política. Trata-se de uma estrutura que, nos últimos 10 anos, se sedimentou na já existente estrutura de segurança pública.

Um fato ao qual temos de estar muito atentos é a nossa frágil estrutura democrática - as instituições que garantem o Estado Democrático de Direito não se posicionaram nesse momento e estão de joelhos diante do quadro que vivemos.

Correio da Cidadania: Quanto à estrutura policial, o que mais considerariam importante destacar quanto à necessidade de mudanças em sua atual conformação e atuação?

Débora Silva: Pra acabar a impunidade, temos de separar a polícia científica da Secretaria de Segurança, assim como o IML também deve ser retirado da alçada desta Secretaria. Encaminhamos esses pedidos há alguns dias, tentando tirar o IML da Secretaria de Segurança e deixá-lo na Secretaria de Saúde.

Givanildo Manoel: A estrutura existente responde a sua própria constituição, uma estrutura autoritária, violenta e que não permite questionamentos.

Hoje é fundamental a desmilitarização da polícia e o controle popular com poder deliberativo sobre qualquer constituição de nova estrutura, além da ampliação do controle popular para outras estruturas de segurança.

Correio da Cidadania: O que mais fazer, finalmente, para reverter tal lógica de guerra e encontrar caminhos que efetivamente diminuam nossos índices de violência?

Débora Silva: A estrutura das forças de segurança não tem acompanhamento psicológico. Eles são preparados pra oprimir e exterminar. Conforme está indicado no 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, é preciso desmilitarizar a polícia, monitorá-la muito mais, permitir aos movimentos e à sociedade civil fazerem um acompanhamento direto sobre os treinamentos e preparativos policiais.

E não podemos esquecer que é necessária a reforma do judiciário, porque este poder é uma grande caixa preta, financiada pelo nosso dinheiro. Vemos que a impunidade pode ser atribuída em grande medida ao judiciário. Só se sabe investir em tecnologia hoje em dia, não na parte humana.

No final das contas, a dor das mães de maio é a dor das mães dos policiais, do trabalhador, do jovem, que são sumariamente assassinados. Por isso somos solidárias a todas as mães vítimas da mesma violência.

Givanildo Manoel: A única segurança que o povo quer é a segurança social, com saúde de qualidade, moradia digna, escola de boa qualidade, política de cultura, lazer. Todas essas políticas garantem segurança para a população.

Os governos não têm interesse nestes temas e os partidos tradicionais, que defendem os interesses do capital, falam em todas as eleições que garantirão tudo isso, mas na prática voltam suas atenções para garantir a continuidade no poder.

Nesse momento, os movimentos estão apontando os caminhos, muitos deles indicados em minhas respostas. Outros têm de ser dados coletivamente, porém, é fundamental que as instituições assumam imediatamente o seu papel e ajam contra a barbárie que ocorre na região metropolitana de São Paulo. Se isso não acontecer muito rapidamente, a população pagará um preço muito grande.

Gabriel Brito é jornalista.
Última atualização em Qui, 22 de Novembro de 2012
Seis anos após o sangrento maio de 2006, que registrou 500 assassinatos em menos de uma semana nos confrontos entre polícia e PCC, São Paulo encara o retorno da mesma onda de violência, repetindo inclusive o brutal número de mortes violentas, que na imensa maioria das vezes vitima pessoas nada relacionadas com os dois lados em guerra.


Para retomar o assunto, o Correio da Cidadania entrevistou duas pessoas ligadas ao movimento social e popular, profundamente conhecedoras da realidade das regiões periféricas e da forma cruenta como o Estado trata o assunto. Débora Silva, líder do movimento Mães de Maio (referência aos crimes de 2006) e Givanildo Manoel, militante de direitos humanos e candidato a vereador pelo PSOL que pediu impugnação da candidatura do coronel Telhada por incitação à violência, oferecem um olhar contundente sobre o real motivo dessa trágica onda de homicídios: a corrupção dentro do próprio Estado, que permitiu a ascensão do grupo criminoso com o qual mantém obscuros laços.

Para eles, o governo estadual prestigia a violência policial de forma inequívoca, sempre escondendo seus crimes e apresentando provas apenas contra as vítimas - mesmo que de forma pouco confiável e com a ajuda de um poder judiciário igualmente conivente com as ilegalidades cometidas pelo poder público e seus agentes de segurança.

Contra esse estado de coisas, propõem medidas que aumentem o controle social sobre as polícias, para dar maior transparência a seus métodos, além de um processo de desmilitarização e humanização de nossas políticas de segurança pública. No entanto, não acreditam que, nas atuais circunstâncias, os governos estadual e federal venham a ter este foco. Para os dois militantes, o governo federal tem apenas reforçado o que já vem sendo feito pelas forças oficiais paulistas: “oferecer mais bala pra matar nossos filhos”, como define Débora.

Uma situação de guerra com acobertamento incessante de uma política de segurança que extermina pobres, negros e periféricos, no fim das contas servindo a “interesses econômicos revelados e não revelados”. Como remédios mínimos, Débora e Givanildo propõem a federalização dos crimes de direitos humanos e milicianos e a denúncia do governo estadual na Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Leia a seguir a entrevista completa.

Correio da Cidadania: A que vocês atribuem a onda de violência, que marca o ano de 2012 em São Paulo e região metropolitana, com centenas de mortes?

Débora Silva: Em 9 de maio de 2011, a Universidade de Harvard, com vários movimentos sociais e de direitos humanos, apresentou um relatório mostrando que havia possibilidade de novos ataques.  Quando a mídia perguntou ao governo estadual, este negou a possibilidade, mentirosamente, dizendo que o relatório era inverídico. Acreditávamos na veracidade do relatório e consideramos a reação e o discurso dele (Alckmin) algo fascista.

De forma orquestrada, ele e o secretário de segurança disseram que o PCC não existia. Como não existia, se foi o poder público que o criou, à base de sua corrupção? Porque o PCC foi criado de dentro dos presídios pra fora, não de fora pra dentro. Se fosse de fora, não iríamos atribuir os crimes de maio à corrupção de Estado. E foi através dessa corrupção que os crimes de maio surgiram, graças a um monstro que o Estado criou e que contra ele se rebelou um dia.

Givanildo Manoel: Penso que a resposta para essa pergunta não pode ser buscada no imediatismo do momento. Embora dramático, precisamos olhar historicamente quais as motivações dessa violência.

Podemos identificar primeiramente a própria constituição da Polícia Militar, que se deu no período da ditadura, quando foi montada uma polícia que tem seu preparo para a guerra. A guerra no caso é contra o inimigo interno e o inimigo interno é o seu povo! Não podemos desconsiderar tal contexto para entender o atual momento, já que naquela época essa estrutura servia aos interesses do capital, servia para garantir a ordem com aqueles que discordavam do modelo implantado – esses deveriam ser liquidados ou encarcerados.

Temos que ficar atentos ainda para outro aspecto importante: alguns fatores fragilizaram a ação violenta da polícia e das Forças Armadas. Lembremos que a Rota foi fundamental naquele momento, provocava o terror no fim da década de 70 e começo dos anos 1980 contra os trabalhadores, principalmente contra a juventude da periferia. Quem não viveu a época pode encontrar uma boa fonte no livro Rota 66, do jornalista Caco Barcellos.

Aquele foi um momento em que se constituíram os grupos de extermínio, e tais grupos foram sendo constituídos por agentes, ex-agentes do Estado e eventualmente alguém de fora desse círculo. Tais grupos vendiam segurança para pequenos comerciantes e cumpriam o papel de todo o sistema de justiça, instituindo sempre a pena máxima para aqueles "indesejados" ou desafetos dos contratantes de serviço, e também a juventude, em particular a negra, sempre um alvo a se atacar. Esses grupos foram fartamente denunciados e existe muito material publicado a respeito.

Em maior ou menor escala, essas estruturas que foram sendo constituídas serviam aos interesses econômicos de algum grupo, entendendo que só com o uso da força seriam garantidos.

Penso que está aí a origem dessa violência recente, porque a estrutura violenta montada, sem controle popular algum, a serviço do Estado capitalista, atende aos interesses de um pequeno grupo, que não tem preocupação com a forma com que a segurança deva ser feita, desde que seja feita. Uma estrutura que permaneceu intocável com o processo de redemocratização do Brasil, logo, passível de ser utilizada a qualquer momento para atender aos interesses econômicos revelados e não revelados.

A atual onda de violência tem tal característica e traz obscuridade para todos nós. O que está claro para nós dos movimentos sociais é que existem interesses revelados e outros não revelados, que começaram a aparecer nos últimos dias. O que está declarado é o controle social do povo morador da periferia, em especial a juventude negra, podendo ser morta ou encarcerada.

Além disso, também se declara que existem regiões de interesse do capital imobiliário. Para realizá-lo, é necessário expulsar os moradores, utilizando-se de argumentos ilegais com roupagem legal e métodos anteriormente não utilizados - como tem sido o caso dos incêndios, sobre os quais existem fartas denúncias de envolvimento de agentes do Estado, por ação ou omissão.

E o que não tem sido revelado, apesar de os movimentos virem denunciando já há algum tempo, é a constituição de milícias (compostas por agentes e ex-agentes de segurança do Estado). Essas passaram a disputar a geografia do tráfico, com grupos como o PCC. Há uma matéria feliz sobre o assunto no jornal O Globo, de 2 de novembro, com o título " Milícia disputa com traficantes o controle dos caça níqueis". O que vale a pena pensar é que, para além da estrutura institucional e cultural da polícia, no último ano, o governador e o secretário de segurança têm autorizado a polícia a usar da violência indiscriminadamente.

Por fim, penso que existe mais um elemento a se considerar: uma polícia mal paga, despreparada, sem controle, com todo esse poder, conhecendo toda a estrutura de funcionamento do tráfico. A pergunta que fica é: o que poderíamos esperar?

Correio da Cidadania: Portanto, vocês acreditam nas análises de setores políticos e ligados aos direitos humanos, de que tudo não passaria de desentendimentos pontuais entre PCC e polícia, em questões nas quais estariam associados, e não em contradição?

Givanildo Manoel: Não penso que foi pontual o desentendimento, foi um racha na possível relação existente e o que marcou essa ruptura foi a morte de membros do PCC em maio, na zona leste. Até hoje não foi explicada a ação da ROTA e a que serviu aquela operação.

As notícias sobre a disputa da geografia foram muito bem tratadas na matéria do jornal O Globo, como já mencionei anteriormente e com o que concordo plenamente.

Débora Silva: Não concordo com as versões das autoridades, pois os ataques e os crimes de maio são uma história ainda não contada. Atribuíram mentirosamente as mortes ao crime organizado. Sou mãe de vítima e sei que é mentira. Foi retaliação da polícia e seus agentes, cujas famílias também foram vitimadas.

O que aconteceu? Os inquéritos foram todos arquivados. Por que foram arquivados se o governo diz que foi o crime organizado que cometeu crimes? Se o governo atribui os crimes ao PCC, por que não se faz investigação?!

Vemos que os crimes de maio de 2006 têm sua continuação agora. Ninguém foi punido, as autoridades que mataram nossos filhos não foram punidas. E todo mundo acobertou, governos municipal, estadual e federal. O federal porque até hoje não enviou uma única condolência. Mas quando caiu o avião da TAM, fizeram tudo, solidariedade, memorial, tudo. Os crimes de maio são três ou quatro aviões da TAM.

Agora, vemos a coroação dos crimes de maio. A impunidade está coroada. Se fossem apurados os crimes, com punição aos matadores dos nossos filhos, não teríamos os crimes de 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012.

E digo mais, algo ainda mais grave. Se não se apurarem os crimes de 2012, continuaremos na guerra urbana. Exigimos do governo federal que venha acompanhar o desenrolar dos inquéritos e investigações, que na verdade não existem. Porque a grande mídia, bandida, só fala dos crimes contra as autoridades. E é preciso investigar muito a fundo os crimes dos policiais.

Correio da Cidadania: As notícias sobre disputas entre milícias e bandidos pelo controle dos caça-níqueis não trazem à tona a corrupção como um dos grandes geradores de toda esta violência?

Débora Silva: Sim, o que gera essa violência é a corrupção. De tudo. Não é só de caça-níquel, são biqueiras (pontos de tráfico) também. A gente sabe disso. Só existe o crime organizado porque existe algum apoio do Estado. Quando e se o Estado quiser, acaba com isso. Mas não se combate nem tráfico nem crime matando inocentes. Matar inocentes só vai generalizar mais violência.

Correio da Cidadania: Como vocês avaliam, mais especificamente, a postura do governo estadual na questão, notadamente Geraldo Alckmin e sua Secretaria de Segurança Pública?

Débora Silva: Em minha opinião, eles têm obrigação de se apresentarem ao público e explicarem à sociedade o tamanho número de mortes. E claro, dizer que existem bandidos fardados. Isso é acobertado. Temos cobrado, mas sempre os vemos apoiando esse tipo de policial. Nunca aparecem provas contra eles. A corregedoria só consegue provas contra os cidadãos comuns que são assassinados. O judiciário também nunca vê isto. Só tem prova “contundente” contra o cidadão comum.

Givanildo Manoel: Foi no governo Alckmin que se instituiu a desastrosa política de segurança pública, que tem sua origem na doutrina bushiana (George Bush, ex-presidente estadunidense) de segurança nacional, de guerra preventiva e permanente contra o terror, que deu base à política de segurança pública da “tolerância zero”.

Hoje, sem saber por onde caminhar e refém da sua própria política, a única coisa que ele é capaz de fazer é determinar que se use mais violência, causando ainda mais crimes contra o povo de São Paulo e região metropolitana.

É necessário ter uma forte posição contra esse governo, levando-o para a Corte Internacional de Direitos Humanos, responsabilizando-o por crime contra a humanidade.

Correio da Cidadania: Acreditam que o governo continuará nesta postura radical ou pode mudar um pouco?

Débora Silva: Vai sempre agir desse jeito, porque os crimes de maio, assim como esses, “dão certo”.

Correio da Cidadania: Débora fez, há pouco, referências à necessidade de acompanhamento mais efetivo do governo federal. Qual deve ser, de fato, e em situações desse tipo, a atuação do governo federal? E o que pensam, neste sentido, do anúncio recente e do caráter da ajuda que a esfera federal deve conceder ao governo de estado?

Débora Silva: O governo federal errou de vir a São Paulo oferecer, através do nosso dinheiro, dos nossos impostos, mais bala pra matar nossos filhos. A gente precisa de uma visão que entenda a segurança pública como algo falido. Não está aí pra proteger o cidadão. E sim pra oprimir e exterminar. A partir do momento em que uma mãe vê seu filho, trabalhador empobrecido, morrer na mão da polícia, desses fascistas, que dizem que estão controlando a ordem pública matando um filho que recebe uma miséria, só pode se revoltar.

Acho que chegou a hora de os governos estadual e federal fazerem a lição de casa e pararem de sentir prazer de ver tantas mortes, de ver a vida sendo banalizada. Depois vem o discurso “ah, morreu era bandido”; “ah, tinha passagem pela polícia”. Isso é discurso de gente conservadora, fascista e, em última instância, de ditador.

Aí vem o governo federal e oferece nosso dinheiro pra investir em segurança pública. Por que ninguém quer as tropas da segurança nacional? Porque sabemos o que ela faz com as populações pobres, negras e periféricas.

Givanildo Manoel: O governo federal, se desejasse ser sério, e não cúmplice da situação, deveria fazer intervenção, federalizar crimes de direitos humanos e milicianos e passar a fazer uma investigação muito séria sobre as responsabilidades de comandantes, secretário e governador nessa situação de guerra contra a população de São Paulo, que hoje está declarada.

O governo federal errou ao se omitir e erra agora ao estabelecer essa relação. Penso que tal postura do governo federal mostra que hoje essa é sua política de segurança também, vide as UPPs no Rio de Janeiro. O padrão é o mesmo, ataques às populações empobrecidas e acordos com grupos milicianos, que passam a ter o papel que o tráfico tinha anteriormente.

Correio da Cidadania: O que todos estes posicionamentos dizem do modelo de segurança e do ordenamento público em vigor?

Débora Silva: É um modelo falido. É preciso humanizar a política de segurança a partir do momento em que nos conscientizarmos disso, da necessidade de humanização dos agentes. Também é preciso desmilitarizar a polícia. Porque hoje não dá, temos a polícia que mata, a que investiga e o Ministério Público, que enterra.

Givanildo Manoel: É uma política que serve aos interesses do capital, não aos interesses do povo. Criminalizar e prender é a tônica de tal política. Trata-se de uma estrutura que, nos últimos 10 anos, se sedimentou na já existente estrutura de segurança pública.

Um fato ao qual temos de estar muito atentos é a nossa frágil estrutura democrática - as instituições que garantem o Estado Democrático de Direito não se posicionaram nesse momento e estão de joelhos diante do quadro que vivemos.

Correio da Cidadania: Quanto à estrutura policial, o que mais considerariam importante destacar quanto à necessidade de mudanças em sua atual conformação e atuação?

Débora Silva: Pra acabar a impunidade, temos de separar a polícia científica da Secretaria de Segurança, assim como o IML também deve ser retirado da alçada desta Secretaria. Encaminhamos esses pedidos há alguns dias, tentando tirar o IML da Secretaria de Segurança e deixá-lo na Secretaria de Saúde.

Givanildo Manoel: A estrutura existente responde a sua própria constituição, uma estrutura autoritária, violenta e que não permite questionamentos.

Hoje é fundamental a desmilitarização da polícia e o controle popular com poder deliberativo sobre qualquer constituição de nova estrutura, além da ampliação do controle popular para outras estruturas de segurança.

Correio da Cidadania: O que mais fazer, finalmente, para reverter tal lógica de guerra e encontrar caminhos que efetivamente diminuam nossos índices de violência?

Débora Silva: A estrutura das forças de segurança não tem acompanhamento psicológico. Eles são preparados pra oprimir e exterminar. Conforme está indicado no 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, é preciso desmilitarizar a polícia, monitorá-la muito mais, permitir aos movimentos e à sociedade civil fazerem um acompanhamento direto sobre os treinamentos e preparativos policiais.

E não podemos esquecer que é necessária a reforma do judiciário, porque este poder é uma grande caixa preta, financiada pelo nosso dinheiro. Vemos que a impunidade pode ser atribuída em grande medida ao judiciário. Só se sabe investir em tecnologia hoje em dia, não na parte humana.

No final das contas, a dor das mães de maio é a dor das mães dos policiais, do trabalhador, do jovem, que são sumariamente assassinados. Por isso somos solidárias a todas as mães vítimas da mesma violência.

Givanildo Manoel: A única segurança que o povo quer é a segurança social, com saúde de qualidade, moradia digna, escola de boa qualidade, política de cultura, lazer. Todas essas políticas garantem segurança para a população.

Os governos não têm interesse nestes temas e os partidos tradicionais, que defendem os interesses do capital, falam em todas as eleições que garantirão tudo isso, mas na prática voltam suas atenções para garantir a continuidade no poder.

Nesse momento, os movimentos estão apontando os caminhos, muitos deles indicados em minhas respostas. Outros têm de ser dados coletivamente, porém, é fundamental que as instituições assumam imediatamente o seu papel e ajam contra a barbárie que ocorre na região metropolitana de São Paulo. Se isso não acontecer muito rapidamente, a população pagará um preço muito grande.

Leia também ‘Em São Paulo tem sido utilizada a linguagem da guerra, carta branca à violência policial’.


Gabriel Brito é jornalista.  Última atualização em Qui, 22 de Novembro de 2012.

FONTE: http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=7829:manchete141112&catid=34:manchete
 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

São Luís - Serviço de bilhetagem eletrônica pode ser suspenso nesta sexta-feira.

Novela se repete...
Publicação: 21/11/2012 21:10.

Há mais de seis meses sem receber o pagamento da Prefeitura de São Luís, os empresários responsáveis pela bilhetagem eletrônica ameaçam suspender o serviço mais uma vez. 

Segundo a promotora de Justiça de Defesa do Consumidor, Lítia Cavalcanti, o sistema de bilhetagem eletrônica utilizado no transporte público de São Luís pode ser suspenso nesta sexta-feira (23).

O principal motivo para a suspensão da bilhetagem eletrônica é que a Prefeitura de São Luís está há mais de seis meses em dívida com a Datapron, empresa responsável pelo serviço.
Segundo, Lítia Cavalcanti, o Ministério Público entrou em contato com o secretário municipal de Trânsito e Transportes, Canindé Barros e depois de uma conversa, a prefeitura se comprometeu de realizar o pagamento de pelo menos 2 meses. 

Mas, o representante da Dataprom, Cláudio Barbosa, revelou que, caso o acordo não seja cumprido, a empresa vai suspender os serviços até que seja quitado integralmente toda dívida, caso contrário, os serviços prestados pela Dataprom serão suspensos por tempo indeterminado.

Se a prefeitura não cumprir o acordo, esta será a terceira vez que isso ocorre, todas pelo mesmo motivo. A primeira aconteceu em abril, quando o sistema ficou fora do ar por aproximadamente dez dias. 

A última aconteceu em setembro, mas teve a duração de poucas horas.

FONTE:http://www.oimparcial.com.br/app/noticia/urbano/2012/11/21/interna_urbano,126403/servico-de-bilhetagem-eletronica-pode-ser-suspenso-nesta-sexta-feira.shtml

Deputado Lourival Mendes através de uma proposta de emenda constitucional quer proíbir o Ministério Público de realizar investigações criminais.

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 Ministério Público perde poder de investigação

Integrantes de uma comissão especial da Câmara aprovaram proposta que altera a Constituição e limita os poderes de promotores e procuradores a apenas requerer a abertura de inquéritos.

22 de Novembro de 2012 às 05:41.

247 – No momento em que o Supremo Tribunal Federal calcula as penas do mensalão, uma comissão especial da Câmara aprovou ontem uma emenda que elimina o poder do Ministério Público para atuar na apuração de crimes contra a administração pública, praticados por políticos e/ou agentes públicos e atribuiu exclusivamente às polícias Federal e Civil a competência para a investigação criminal. 

Leia na coluna de Josias de Souza:

Avança na Câmara emenda que proíbe MP de investigar políticos, agentes públicos e bandos.

Uma comissão especial da Câmara aprovou por larga maioria –14 votos a 2— proposta de emenda constitucional que proíbe o Ministério Público de realizar investigações criminais. Pelo texto, essa tarefa passaria a ser atribuição exclusiva das polícias Civil e Federal. Promotores e procuradores não teriam poderes senão para requerer a abertura de inquéritos.

Deve-se a apresentação da emenda a um deputado chamado Lourival Mendes (PTdoB-MA). Produziu o texto sob influência do lobby policial. Coube ao deputado Fabio Trad (PMDB-MS) a tarefa de relatar a encrenca. Ele havia introduzido no texto um artigo que flertava com o meio-termo.

Esse artigo de Trad autorizava o Ministério Público a realizar investigações subsidiárias ou complementares para apurar crimes contra a administração pública e delitos praticados por quadrilhas. Nessa versão, desde que atuasse junto com a polícia, a turma do MP poderia apurar malfeitos praticados por políticos, agentes públicos e bandos. Porém…

O deputado Bernardo Santana de Vasconcellos (PR-MG) apresentou um “destaque”, como são chamados os requerimentos para que trechos de uma proposta sejam votados separadamente. O que destacou Bernardo? Justamente o artigo que mantinha o Ministério Público, ainda que subsidiariamente, nas apurações.

Levado a voto, o meio-termo do relator Fabio Trad foi arrancado do corpo da emenda e mandado às cucuias. Ele fez o que lhe restou fazer. Lastimo: “Hoje, lamentavelmente, perdemos a oportunidade de ter polícia e Ministério Público juntos no combate à criminalidade.”

Ficou entendido que, para os membros da tal comissão especial, apenas o crime pode potencializar-se no Brasil. O poder do Estado para perseguir os criminosos precisa ser atenuado. Presente à sessão, o vice-procurador da Associação Nacional dos Procuradores da República, José Robalinho Cavalcanti, disse que o Ministério Público não será a única vítima da emenda.

“Da forma como foi aprovada, é muito ruim para o país”, disse Robalinho. Ele realçou que, afora o cerceamento ao Ministério Público. “Todas as provas criminais passarão a ser produzidas apenas pelos delegados de polícia. 

Não apenas o Ministério Público foi atingido, como também o Executivo. Toda a produção de provas por órgãos como a CGU e o TCU teria que ser repetida na mão de um delegado de Polícia Federal.”

Tudo isso ocorre num instante em que o STF calcula as penas do mensalão, impondo condenações draconianas aos membros da quadrilha. Para virar realidade, a emenda que poda os poderes do Ministério Público precisa ser aprovada pelos plenários da Câmara e do Senado, em dois turnos de votação em cada Casa. O relator Trad tem a esperança de reverter a situação. Será?

Dilma deve apoiar Renan no comando Senado em 2013.

A presidente se reuniu com o atual chefe da Casa, José Sarney, e com seu provável sucessor, Renan Calheiros; apesar de resistências localizadas e da eventual candidatura de Jarbas Vasconcelos, senador alagoano deverá conseguir retornar à presidência em 2013.

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22 de Novembro de 2012 às 07:41.

Por Jeferson Ribeiro.

BRASÍLIA (Reuters) - A sucessão na presidência do Senado foi discutida pela presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira com os dois principais protagonistas do PMDB, o atual presidente da Casa, José Sarney (AP), e seu provável sucessor, senador Renan Calheiros (AL), disse à Reuters nesta quarta-feira uma fonte do governo.

Sarney deixa a presidência em fevereiro e pelas regras do Senado a maior bancada tem o direito de indicar o sucessor.

A fonte, que pediu para não ter seu nome revelado, afirmou que na conversa a presidente ouviu um relato de que os problemas internos da bancada peemedebista para apoiar Calheiros são pontuais e podem ser resolvidos internamente.

Uma segunda fonte do governo, que também falou sob condição de anonimato, confirmou o encontro e disse que a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, também participou da conversa.

Renan confirmou à Reuters que esteve com a presidente, mas disse que a encontrou rapidamente pouco antes de uma cerimônia no Palácio do Planalto e não comentou o conteúdo da conversa.

A candidatura de Calheiros é vista com resistência por alguns peemedebistas que temem uma avalanche de denúncias na imprensa retomando o escândalo de 2007 que o obrigou a renunciar à presidência do Senado para evitar a cassação do mandato.

Nas últimas semanas, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) tem se reunido com senadores do PMDB e da oposição para analisar a viabilidade de uma candidatura alternativa à de Calheiros.

A primeira fonte do governo avaliou que é difícil o PMDB ficar dividido a ponto de ter dois candidatos, mas lembrou que Calheiros poderá ter "dificuldades externas" mencionando as prováveis denúncias na mídia.

Inicialmente, Dilma tentou convencer o PMDB de que a melhor alternativa para sucessão de Sarney era a volta do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para o Senado. Essa ideia, porém, foi descartada depois que o próprio Lobão resistiu à tentativa publicamente e com os recentes problemas de saúde do ministro.


Vale obtém licença ambiental para expansão da Estrada de Ferro Carajás.

Em nota, a Vale informa que recebeu a licença de instalação (LI), emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), para a expansão da Estrada de Ferro Carajás (EFC), que liga as operações de mineração da Vale no estado do Pará ao terminal marítimo de Ponta da Madeira no estado do Maranhão. 

A LI, juntamente com a Autorização para Supressão de Vegetação (ASV) simultaneamente concedida, permite o início das obras de expansão de capacidade da EFC para 230 milhões de toneladas métricas por ano (Mtpa), componente importante do projeto CLN S11D, que proporcionará a extensão da infra-estrutura de logística requerida para suportar o projeto Carajás Serra Sul S11D, com capacidade estimada em 90 Mtpa de minério de ferro. 

A LI abre caminho para obras que totalizam 786 km de extensão com conclusão prevista para 2017 e que incluem, entre outras, a duplicação de 559,7 km de ferrovia. 

Desse modo, a concessão da LI é um marco relevante no processo de execução do projeto S11D, que envolve investimento total de US$ 19,5 bilhões, sendo US$ 8,1 bilhões na mina de minério de ferro e planta de processamento em três módulos, e US$ 11,4 bilhões na ampliação da infra-estrutura de logística, ferrovia e terminal marítimo. 

O início do ramp up da produção de minério de ferro está previsto para o segundo semestre de 2016 e a operação à plena capacidade para o final de 2017. A capacidade adicional de 90 Mtpa deverá ter custo operacional - mina, planta, ferrovia e porto - extremamente baixo e criará oportunidades para expansões futuras brownfield com custos de investimento também muito baixos. 

A obtenção pela Vale neste ano de mais de 90 licenças ambientais está permitindo não só a continuidade de suas operações de mineração e logística no Brasil, mas sobretudo a viabilização de expressivo salto quantitativo e qualitativo em sua produção futura de minério de ferro, a custos operacionais inferiores aos atuais. Tais desenvolvimentos asseguram a liderança inconteste da Vale no mercado global de minério de ferro. 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

GOVERNO DO MARANHÃO E SEMA PROMOVE SEMINÁRIO PROGRAMA DE AÇÃO ESTADUAL DE COMBATE À DESERTIFICAÇÃO.

13/11/2012
  
Foto: envolverde.com
 
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais – Sema promoverá, no dia 26 de novembro de 2012, a partir de 8 horas, no auditório Fernando Falcão, localizado na Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, (Palácio Manuel Beckman - Av. Jerônimo de Albuquerque - Sítio do Rangedor - Calhau), o Seminário do “Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca do Estado do Maranhão”.
O Programa é resultado da Cooperação Técnica entre a SEMA, Ministério do Meio Ambiente, a Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEDR) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), e tem, entre seus objetivos, o apoio à criação e fortalecimento de ações para o combate à desertificação.

Os objetivos do Seminário giram em torno de discussões e fortalecimentos institucionais a respeito das políticas e ações voltadas às áreas susceptíveis à desertificação no Estado do Maranhão e contará com a participação de especialistas locais e nacionais. Os especialistas abordarão o tema “Desertificação” em diversos âmbitos, principalmente, no que dizem respeito às políticas, florestas e à produção agricola.
Entre os especialistas que participarão do eventos já confirmaram presença: Francisco Campelo, Diretor do Departamento de Combate à Desertificação – MMA, que fará a palestra: Política Nacional de Combate à Desertificação: Oportunidades e Desafios; e Jaime C. Saiz Junior do Ministério do Meio Ambiente – MMA, com a palestra A Etnociência Indígena e sua Contribuição para Gestão Socioambiental dos Recursos Naturais para Convivência coma Semiaridez nas ASD.

Também estão confirmados nas mesas-redondas, representantes dos Ministérios da Integração, EMBRAPA; IICA; INSA. Instituições estaduais como a SAGRIMA, UEMA, IFMA e da SEMA.
O Seminário do “Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca do Estado do Maranhão” é voltado para todos os interessados ou que tenham afinidade com o tema, além de especialistas, gestores, trabalhadores, produtores rurais, estudantes e a sociedade civil.

No Maranhão foram identificados 63 municípios como integrantes das Áreas Susceptíveis à Desertificação – ASD, distribuídos cartograficamente em três áreas distintas:
·         primeira, situada a Sudeste do Estado, é composta por 8 municípios, ocupa aproximadamente 36.315,9 km2 e caracteriza-se por apresentar clima semi-árido;

 ·         segunda, localizada também no Sudeste, integra 12 municípios, ocupa uma área de 30.172,7 km2 e caracteriza-se por apresentar clima sub-úmido seco;
·         terceira, localizada a Leste do Estado e denominada Área de Entorno, ocupa a área de 66.853,6 km2 distribuída entre 43 municípios.

 A desertificação é um problema que afeta um quinto da população mundial e um terço da superfície da terra. Segundo a Organização das Nações Unidas – ONU, existe uma perda anual entre 6 e 7 milhões de hectares por erosão em regiões áridas e semi-áridas do planeta que estão sujeitas ao fenômeno da desertificação, relacionado ao uso incorreto dos recursos naturais e mudanças climáticas do planeta. Desde 2004 o Maranhão requer o conhecimento de áreas susceptíveis a Desertificação.
O Seminário do “Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca do Estado do Maranhão” terá como atividade paralela uma reunião da sociedade civil para a eleição de seus representantes que irão constituir o Fórum Maranhense de Mudanças Climáticas. Em outubro deste ano, a SEMA, em parceria com Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC) e a Petrobras, realizaram o “Curso de Capacitação em Mudança do Clima”.

A atividade proposta para acontecer paralela ao Seminário, ou seja, a escolha de representantes da sociedade civil para compor o Fórum de Mudanças Climáticas do Maranhão, é a sequência das ações de preparação do Maranhão para entrar na agenda do Clima, em nível Nacional e Internacional, por meio da elaboração e consolidação de instrumentos e políticas necessárias para alcança e aplicar os recursos disponíveis para este fim.
Segundo Telmo José Mendes, Supervisor de Pagamentos por Serviços Ambientais da SEMA e Coordenador do Grupo de Trabalho Multi-institucional e Participativo do Programa de Ação de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca do Estado do Maranhão, “é de fundamental importância a realização do o Seminário do “Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca do Estado do Maranhão” porque com o reconhecimento oficial das áreas estudadas como ASD, será viável pleitear a aplicar recursos de programas específicos, tendo mais alternativas financeiras e tecnológicas para lidar com os problemas ligados aos processos de desertificação.

Telmo complementa afirmando que “o seminiário é importante devido ao momento que encontram-se as mudanças climáticas no mundo e o que isso vem gerando em nosso Estado. O evento é a materialização dos esforços do Grupo de Trabalho (GT) e dos estudos executados” e alerta para o fato de que “a seca está instalada e afetando diretamente a vida de alguns cidadãos maranhenses. Temos hoje números expressivos de queimadas justamente nas áreas de entorno e suceptíveis à desertificação. Cabendo ressaltar que as áreas afetadas são as próximas aos piores índices de desenvolvimento”.
Neste sentido, ele ressalta que é importante  esclarecer para o público “ que os desertos estão muito próximos de acontecer no Maranhão. Agravados pela ação do homem, este cenário é decorrência do uso indiscriminado dos recursos naturais, técnicas inadequadas às características geoambientais das áreas e avanço do desmatamento.  São consequências disso, a seca, problemas na produção, qualidade de vida e o impacto negativo no PIB do Estado, além de gastos muito maiores no futuro."
  
 

Violência Urbana. Ferreira Pinto deixa Segurança Pública em São Paulo; Fernando Grella assume o cargo.

Secretário acertou com Alckmin sua saída do governo, em meio à onda de violência na região metropolitana da capital paulista.

 
Clarissa Oliveira- iG São Paulo | - Atualizada às