quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A nova façanha da Wikileaks: Identificar as empresas que vigiam o mundo.

– Ver o mapa Um mundo sob vigilância , elaborado pela Wikileaks

por Ciper 
 
A mais recente revelação da organização dirigida por Julian Assange põe a nu o negócio milionário das empresas de segurança que converteram o seu negócio na nova indústria de espionagem maciça que alimenta sistemas de espionagem governamentais e privados. A última entrega de Wikileaks fornece os nomes das empresas que, em diferentes países, interceptam telefones, rastreiam mensagens de texto, reconstroem a navegação na Internet e identificam inclusive, as vozes de indivíduos sob vigilância. Tudo isso é feito de forma maciça com softwares que são vendidos a governos democráticos e a ditaduras.

Poderia dizer-se que se trata de um mau filme, mas os sistemas de intercepção maciça fabricados por empresas ocidentais e usados, entre outros objectivos, contra adversários políticos, são mesmo uma realidade. A 1 de Dezembro, Wikileaks
começou a publicar um banco de dados de centenas de documentos provenientes de cerca de 160 empresas do sector de vigilância dos cidadãos.

Em colaboração com Budget Planet et Privacy International, bem como meios de comunicação de seis países – L' ARD na Alemanha, Le Bureau of Investigative Journalism na Grã-Bretanha, The Hindu na Índia, L'Espresso, em Itália, OWMI em França e Washington Post nos EUA, – Wikileaks expõe à luz do dia essa indústria secreta cujo crescimento explodiu após o 11 de Setembro de 2001, representando milhares de milhões de dólares em cada ano.

Desta vez Wikileaks publicou 287 trabalhos, mas o projecto "Um mundo sob vigilância" está lançado e novas informações serão publicadas esta semana e no próximo ano.

As empresas internacionais de vigilância estão localizadas nos países que têm as mais refinadas tecnologias. Elas vendem a sua tecnologia a todos os países do mundo. Esta indústria, na prática, não está regulamentada. As agências de espionagem, as forças militares e as autoridades policiais são capazes de interceptar massivamente, sem serem detectadas e no maior segredo, os telefonemas, tomar o controle de computadores, mesmo sem que os fornecedores das redes acesso se apercebam ou façam algo para o impedir. A localização de utentes pode ser seguida passo a passo, se usarem um telefone celular, mesmo se este estiver desligado.

Os dossiers de "Um Mundo Sob Vigilância" de Wikileasks estão acima do simplismo dos "bons países ocidentais", exportando as suas tecnologias para os "pobres países em vias de desenvolvimento". Empresas ocidentais também vendem um vasto catálogo de equipamento de vigilância para as agências de espionagem orientais.

Nas histórias clássicas de espiões, as agências de espionagem, tais como MI5, DGSE, colocam sob escuta o telefone de uma ou duas pessoas que interessem. Durante os últimos 10 anos a vigilância em massa tornou-se uma norma. Sociedades de espionagem, como a VASTech, têm secretamente vendido equipamentos que gravam de forma permanente chamadas telefónicas de países inteiros. Outros registam a posição de todos os telemóveis de uma cidade, com uma precisão de 50 metros. Sistemas capazes de afectar a integridade de pessoas numa população civil que usa Facebook, ou que tem um smartphone estão à venda neste mercado de espionagem.

VENDA DE FERRAMENTAS DE VIGILANCIA A DITADORES.

Durante a primavera árabe, quando os cidadãos derrubaram ditadores no Egipto e Líbia encontraram câmaras de escuta onde, com equipes britânicas da Gamma, os franceses da Amesys, os sul-africanos da VASTech ou os chineses de ZTE, seguiam os seus mais pequenos movimentos on-line e por telefone.

Empresas de espionagem, tais como SS 8 nos Estados Unidos, Hacking Team na Itália e VUPEN na França, fabricam vírus (Troianos) que invadem computadores e telefones (incluindo iPhones, Blackberry e Android), assumindo o seu controle e gravação de todos os seus usos, movimentos e até mesmo imagens e sons da sala onde os usuários estão. Outras sociedades, como a Phoenexia da República Checa, colaboram com os militares para criar ferramentas para análise de voz. Elas identificam os indivíduos e determinam o seu sexo, idade e nível de stress e, assim, seguem-nos através de suas "faixas vocais." Blue Coat nos EUA e Ipoque na Alemanha, vendem as suas ferramentas aos governos de países como China e Irão para impedir os seus dissidentes de se organizar pala Internet.

Trovicor uma subsidiária da Nokia Siemens Networks, forneceu ao governo do Bahrein tecnologia de escuta que lhe permitiu seguir a pista do defensor dos direitos humanos Abdul Ghani Al Khanjar. Foram mostrados detalhes de conversas a partir do seu telefone pessoal, que datam de antes de ter sido interrogado e espancado durante o inverno de 2010 e 2011.

EMPRESAS DE VIGILANCIA PARTILHAM AS SUAS BASES COM ESTADOS.

Em Junho de 2011, o NSA inaugurou um sítio no deserto de Utah para o armazenamento para sempre de terabytes das bases de dados tanto americanas como estrangeiras, a fim de poder analisá-las em anos futuros. Toda a operação teve um custo de US$1,5 mil milhões.

As empresas de telecomunicações estão dispostas a revelar as suas bases de dados dos seus clientes às autoridades de qualquer país. Os principais noticiários mostraram como, durante os confrontos em Agosto na Grã-Bretanha, a Research In Motion (RIM), que comercializa as Blackberry, propôs ao governo identificar os seus clientes. RIM tem estado envolvido em negociações semelhantes com os governos da Índia, Líbano, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, propondo-lhes compartilhar as suas bases de dados extraídas do sistema de mensagens do Blackberry.

TRANSFORMAR AS BASES DE DADOS EM ARMAS PARA MATAR INOCENTES.
Existem muitas empresas que comercializam actualmente software de análise de bases de dados, transformando-os em poderosas ferramentas utilizadas por militares e agências de espionagem. Por exemplo, em bases militares dos EUA, pilotos da Força Aérea usam um joystick e um monitor de vídeo para pilotar os "Predator", aviões não tripulados durante as missões de vigilância no Médio Oriente e Ásia Central. Estas bases de dados estão acessíveis aos membros da CIA que se servem delas para lançar mísseis "Hellfire", sobre os seus alvos.

Os representantes da CIA têm adquirido software que lhes permite instantaneamente correlacionar os sinais de telefone com faixas vocais para determinar a identidade e a localização de um indivíduo. A empresa Intelligence Integration Systems Inc. (IISI), sediada no Estado de Massachusetts (EUA), vende software para esse fim – "análise com base na posição",– chamado "Geospatial Toolkit". Outra empresa, a Netezza, também de Massachusetts, que comprou este software com o objectivo de analisar o seu funcionamento, vendeu uma versão modificada à CIA, destinada a equipar aviões pilotados remotamente.

A IISI, que diz ter o seu software uma margem de erro de 12 metros, processou a Netezza para impedir a utilização deste software. O criador da sociedade IISI, Rich Zimmerman, disse a um tribunal que ficou "chocado e surpreso com o fato de que a CIA teria um plano para matar pessoas com o meu software, que nem funciona."

UM MUNDO ORWELLIANO.

Em todo o mundo fornecedores mundiais de instrumentos de vigilância em massa ajudam as agências de espionagem a espiar os cidadãos e os "grupos de interesse" em larga escala.

COMO NAVEGAR PELOS DOCUMENTOS DE "UM MUNDO SOB VIGILÂNCIA?

O projecto " Um mundo sob Vigilância " da Wikileaks revela, até ao pormenor, as empresas que estão fazendo milhares de milhões na venda de sistemas refinados de vigilância para os governos, ignorando as leis de exportação e ignorando de forma sobranceira que os regimes a quem vendem são ditaduras que não respeitam os direitos humanos.

Para pesquisar estes documentos, clique no local escolhido no mapa na esquerda da página para obter a lista por tipo, empresa, data ou palavra-chave.
29/Dezembro/2011

Ver o mapa elaborado pelo Wikileaks: "Um mundo sob vigilância"

O original encontra-se em ciperchile.cl/... e em www.cubadebate.cu/... . Tradução de Guilherme Coelho.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Incra anuncia ações para ampliar a reforma agrária no Maranhão.

POR MANOEL SANTOS NETO. (Jornal Pequeno em 01 de janiero de 2012).


O superintendente do Incra no Maranhão, José Inácio Rodrigues, informou que mais de 2.000 famílias foram assentadas no Estado, durante o ano de 2011, superando a meta estabelecida pelo próprio órgão. 'Este dado nos coloca hoje em primeiro lugar em nível de Brasil no que diz respeito a número de famílias assentadas', afirmou José Inácio.

Ele salientou que outro dado importante é que, na segunda-feira passada (26), foram assinados pela presidente Dilma Rouseff decretos destinando 15 imóveis rurais para a reforma agrária no Maranhão, que tem capacidade para assentar 879 famílias de trabalhadores rurais sem terra.

Nesta entrevista ao Jornal Pequeno, José Inácio faz uma avaliação dos primeiros três meses de seu trabalho à frente da Superintendência do Incra-MA e fala sobre as metas traçadas para o ano de 2012:

Jornal Pequeno – Qual a sua avaliação destes três primeiros meses à frente da Superintendência do Incra no Maranhão?

José Inácio – Assumimos a Superintendência do Incra no Maranhão num momento muito conturbado. Num primeiro momento, procuramos nos apropriar da estrutura do órgão no Maranhão. Levantamos todas as demandas que se encontravam pendentes e procuramos resolvê-las de imediato. Citamos como exemplo a fiscalização e pagamento de obras de reforma e construção de casas, tendo em vista que algumas estavam há mais de ano sem serem vistoriadas.

Vale ressaltar o apoio que temos da Direção Nacional do Incra, que tem confiado no nosso trabalho, sobretudo em momentos em que foi preciso a vinda de dirigentes nacionais do órgão ao nosso estado, como foi o caso do presidente Celso Lacerda, que visitou a Superintendência no mês de novembro. Sua vinda foi fundamental para que resolvêssemos impasses com setores dos movimentos sociais, a exemplo dos quilombolas e sem terras.

JP – O Incra no Maranhão foi alvo de várias denúncias de corrupção. O que a sua gestão tem feito para coibir irregularidades no órgão?

JI – Todas as denúncias de irregularidades no Incra/MA já estão no âmbito do Judiciário e estão sendo apuradas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Nossa meta é fazer uma gestão ética, transparente e combater exemplarmente quaisquer casos de irregularidades que eventualmente possam acontecer. Em função disso, logo após nossa posse fizemos visitas aos órgãos de controle e investigação com sedes aqui no estado.

JP – Todas as reivindicações feitas pelos movimentos que ocuparam a sede do Incra neste segundo semestre de 2011 foram atendidas?

JI – Na primeira semana, após a nossa posse, uma das nossas primeiras providências foi visitar entidades e representações dos trabalhadores rurais e quilombolas aqui em São Luis. Mostramos nossa proposta de trabalho e solicitamos suas demandas, num calendário de prioridades, e estamos atendendo na medida do possível.

O Incra foi ocupado por comunidades quilombolas e, por meio de negociações e com o apoio da Direção Central desta Autarquia, como já mencionei, conseguimos atender inúmeras reivindicações dessas comunidades.

Entre elas podemos citar o atendimento com relatório antropológico, via pregão nacional, de 34 comunidades quilombolas, localizadas em 23 municípios maranhenses; e elaboração dos relatórios antropológicos das comunidades em áreas consideradas de conflito, a exemplo de Charco, no município de São Vicente Férrer, Alto Bonito, em Brejo, e Cruzeiro, em Palmeirândia.

JP – De um modo geral, o que tem sido feito em termos de desapropriação de terras para fins de reforma agrária no Estado?

JI – A Superintendência realizou várias vistorias preliminares e se imitiu na posse de imóveis rurais, que agora serão destinados a assentamentos de trabalhadores rurais. Como resultado disso, estamos com mais de 2.000 famílias assentadas em 2011, superando a meta estabelecida, o que nos coloca hoje em primeiro lugar em nível de Brasil no que diz respeito a número de famílias assentadas.

Outro dado importante é que nesta semana foram assinados pela presidenta Dilma Rouseff decretos destinando 15 imóveis rurais para a reforma agrária no Maranhão, atendendo reivindicações de entidades ligadas aos trabalhadores rurais. Isso vai nos possibilitar a resolução de vários conflitos agrários no estado.

JP – E quanto aos assentamentos? O que o Incra tem feito por eles?

JI – Uma das nossas principais preocupações é a qualificação dos assentamentos, para torná-los produtores de alimentos e geradores de ocupação e renda às famílias assentadas.

Desde que assumimos a Superintendência estamos buscando recursos para implementar ações básicas de infraestrutura nos assentamentos, assistência técnica e assegurar um maior acesso ao crédito do Pronaf, que venham a permitir um maior desenvolvimento sócio-econômico das áreas de reforma agrária.

Esta semana assinamos 14 convênios com prefeituras para realização de obras de implantação e recuperação de estradas vicinais, melhoramento de caminhos de acessos, implantação de bueiros, pontes e ainda a perfuração de poços artesianos com distribuição de água até as moradias dos assentados. Podemos destacar ainda a liberação de mais de R$ 40 milhões para construção e recuperação de casas para famílias assentadas.

JP – Que ações deverão ser implementadas pelo Incra-MA em 2012?

JI – Entre as principais metas da nossa gestão para o ano de 2012 está a implementação de ações que venham alterar o modelo produtivo dos assentamentos. Para isso vamos ampliar o numero de famílias atendidas pelos serviços de assistência técnica, passando de 12.000 mil para 30.000 mil famílias a receberem esses serviços.

Vamos implementar a regularização dos territórios das comunidades quilombolas. Vamos realizar um pregão eletrônico a nível estadual para contratar 30 laudos antropológicos e realizar convênios com o Governo do Estado, por meio do Iterma, para regularizar 50 comunidades quilombolas que são de competência do Estado regularizar. Vamos fazer a retomada de lotes ocupados irregularmente.

Estaremos desenvolvendo uma ação para coibir a venda de lotes da reforma agrária, assim como ajuizar ações de reintegração de lotes ocupados indevidamente; e adequar os assentamentos com infraestrutura de estradas e sistemas de abastecimento de água. Vamos criar uma comissão permanente de licitação para que o Incra possa contratar empresas e assim fazer a execução direta para construção de estradas e implantação de sistemas de abastecimento de água nos assentamentos.

http://www.jornalpequeno.com.br/2011/12/31/incra-anuncia-acoes-para-ampliar-a-reforma-agraria-no-maranhao-182296.htm

JORNALISMO DIGITAL. - Para dar visibilidade à produção acadêmica.

Por Lívia de Souza Vieira em 03/01/2012 na edição 675.
Muitos docentes hão de concordar: a produção jornalística nas universidades de todo o país não tem o destaque que merece. Alguns trabalhos são publicados nos veículos das próprias instituições, mas é raro ver algo além disso. A grande mídia está aprendendo a dar voz ao leitor anônimo, mas ainda ignora a produção acadêmica.

E não falo somente dos projetos de conclusão de curso, mas das muitas reportagens que são produzidas ao longo dos quatro anos da faculdade. Um material rico, resultado do empenho dos alunos, que acaba se perdendo após a avaliação do professor.

Com o intuito de divulgar, arquivar e disseminar essa produção, os alunos da disciplina de Produção Jornalística em Ambiente Digital da universidade Bom Jesus/Ielusc (Joinville - SC) criaram o site www.yelusc.com. Além de ser um repositório das reportagens multimídia produzidas no semestre, o site foi um aprendizado desde a edição, publicação do conteúdo e planejamento da arquitetura de informação.

As sete reportagens multimídia possuem o que toda matéria jornalística online deve ter: texto, fotos, infográficos, vídeos, slideshows e mapas em consonância com a pauta escolhida. Em 2012 o site continua, com os trabalhos das turmas subsequentes. Uma tentativa de disseminar produções de qualidade no meio para o qual foram concebidas: a web.

Site da universidade: http://www.ielusc.br/portal/?JOR&NOT=2230
*** 
[Lívia de Souza Vieira é jornalista e docente da disciplina de Produção Jornalística em Ambiente Digital do Bom Jesus, Ielusc]

http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed675_para_dar_visibilidade_a_producao_academica

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

"Era Ricardo Teixeira chegou ao fim", diz analista esportivo alemão.

O Presidente da CBF, Ricardo Teixeira, se licenciou este mês da direção do órgão e do Comitê Organizador da Copa. O analista esportivo Thomas Kistner acredita ser esse um prenúncio da despedida do dirigente brasileiro.

Em entrevista à Deutsche Welle, o jornalista alemão Thomas Kistner, repórter especializado em política esportiva do prestigiado jornal Süddeutsche Zeitung, analisou a situação político-esportiva do país-sede da Copa de 2014 e de seu principal personagem, o controvertido presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local da Copa (COL), Ricardo Teixeira. Acusado de corrupção, nepotismo e fraudes fiscais, o dirigente sai neste mês de licença de seus cargos, notícia recebida com estranhamento pela imprensa europeia. 

A pressão internacional sobre Teixeira tende a crescer. Um tribunal suíço determinou semana passada a divulgação de documentos relacionados ao caso ISL, empresa de marketing esportivo que mantinha negócios com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) e teria subornado membros da entidade. De acordo com informações da imprensa britânica, os papéis comprovam que empresas ligadas ao ex-presidente da Fifa, João Havelange, e ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, receberam da ISL milhões de francos suíços em subornos.

Kistner é autor de diversas obras sobre negociatas dos bastidores do esporte alemão e mundial. Seu próximo livro, previsto para ser lançado no primeiro semestre deste ano, tematiza a corrupção dentro Fifa. Ganhador de diversos prêmios por suas reportagens, ele é profundo conhecedor do futebol brasileiro e se considera torcedor ferrenho da seleção canarinho.

Deutsche Welle: O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, é personagem constante em artigos que o senhor escreve sobre corrupção no futebol mundial. Um exemplo é a reportagem intitulada "Inatacável, autoconfiante, corrupto", sobre o dirigente brasileiro, publicada pelo jornal Süddeutsche Zeitung em meados de agosto passado. O senhor acredita que o presidente da CBF e do COL da Copa do Mundo de 2014 seja uma pessoa corrupta?

Thomas Kister: No estado atual das coisas, tudo leva a crer. Existem inegáveis transferências milionárias de dinheiro (no caso da falida empresa de marketing esportivo ISL, parceira da Fifa) para empresas atribuídas a Teixeira e até hoje não há esclarecimentos sobre os serviços que essa verba estaria pagando. Essas acusações não são novas, já têm muitos anos, e Teixeira nunca conseguiu se defender delas. E podemos ver o mesmo nas investigações que o Comitê Olímpico Internacional levantou contra João Havelange, ocasião em que houve um esclarecimento, onde se chegou à conclusão de que aqueles pagamentos foram suborno.

Por que o presidente da CBF é repetidamente acusado de corrupção e nada parece acontecer? 

Sobre a falta de consequências para Ricardo Teixeira a respeito de acusações que já têm 10 anos ou mais, você tem que perguntar à própria Justiça brasileira. Ela recebeu, digamos, várias indicações de diversos deputados nas grandes CPIs contra a CBF, realizadas no Senado e na Câmara brasileiras há 10 anos e nada aconteceu.

É evidente que as ligações de Teixeira, uma figura poderosa do futebol no Brasil, foram tão boas que conseguiram evitar consequências. Sobre as investigações na Suíça, deve-se dizer que o grande problema é o país não ter leis que penalizem dirigentes esportivos corruptos.

Na Suíça, eles podem encher os bolsos e sair rindo, que não há problema. Não é coincidência que 80% a 90% de todas as organizações esportivas mundiais tenham sede na Suíça. Elas fazem isso porque há grandes vantagens no país, como o imposto e as leis mais relaxados. O governo suíço está tentando mudar isso, planejando para ano que vem um projeto de lei que também prevê punição para dirigentes corruptos. Vamos ver se isso realmente será feito.

O senhor acha que essa situação pode perdurar até a Copa do Mundo de 2014? 

Acho que a era Teixeira está no fim. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, anunciou na reunião executiva da Fifa que Teixeira ficaria o mês inteiro de janeiro de licença. Teixeira alegou problemas de saúde. Mas esse me parece o primeiro indício de que Teixeira está saindo de cena lentamente. O licenciamento de um presidente de federação e do COL nessa altura do campeonato é uma medida bastante incomum.

Não consigo lembrar de isso ter ocorrido nos últimos anos. Na CBF, já existem rumores de que se prepara um sucessor. Há grande pressão internacional atualmente sobre Teixeira e parece que agora é o começo de um lento adeus do dirigente brasileiro. Não posso imaginar que a liderança do futebol brasileiro no ano de 2014 ainda esteja nas mãos de Ricardo Teixeira.

O senhor não acredita que Teixeira algum dia venha a ser presidente da Fifa, como dizem ser a intenção dele?

Não posso imaginar que isso aconteça. A Fifa é hoje uma organização que no mundo inteiro tem fama de corrupta, e com razão. É inimaginável a quantidade de casos de corrupção que existiram e ainda existem envolvendo altas personalidades da entidade. Há investigações e processos não somente contra Teixeira, mas também contra outros funcionários. E o homem que é o principal responsável por tudo é o presidente da Fifa, Joseph Blatter, que continua em seu posto.

Mas, diferentemente de Teixeira, as acusações contra ele, apesar de palpáveis, não foram provadas, o que só será possível quando instâncias jurídicas independentes, fora do esporte, realizarem investigações detalhadas. No caso de Teixeira, vemos que isso está acontecendo. Tanto no processo do caso da ISL, na Suíça, como em investigações no Brasil por suspeita de lavagem de dinheiro e fraude fiscal, pelo menos segundo o que foi divulgado.

Existe uma guerra de poder entre Teixeira e Blatter? 

É evidente que sim. A partir das informações que temos, Teixeira planejou ser presidente da Fifa em 2015, há declarações dele na mídia brasileira que também comprovam essa avaliação. Seguramente, na época em que João Havelange transferiu seu posto ao sucessor, Blatter, houve algum tipo de acordo para que Teixeira fosse nomeado sucessor de Blatter.

Conhecemos isso do Blatter, que promete tudo a todo mundo e não cumpre o prometido. E ele certamente não ficou muito contente. Além disso, tudo leva a crer que Teixeira apoiou o adversário de Blatter, Mohammed Bin Hammam, na última votação para presidente da Fifa, em junho. Muita coisa leva a crer que o relacionamento entre os dois se rompeu. São coisas que o Blatter não costuma perdoar. Podemos dizer já agora que ele, com certeza, não será o homem que vai apoiar Teixeira se ele tentar subir ao trono da Fifa, e dentro da Fifa nada acontece sem Blatter.

O senhor sempre cita em seus artigos o papel da Rede Globo no apoio a Teixeira. Qual é o papel da mídia na corrupção no futebol brasileiro?
 
A mídia tem uma situação delicada. De um lado, existe a Globo, que tradicionalmente tem uma ligação estreita com Teixeira, sobretudo por causa dos direitos de transmissão de torneios de futebol. A Globo tem medo evidente que Teixeira se contrarie com a empresa e que ofereça seus direitos de transmissão à concorrente, a Rede Record, que tentou várias vezes conseguir esses direitos.

Essa briga entre duas emissoras concorrentes em torno de direitos de transmissão de campeonatos de futebol é, naturalmente, bizarra. Traz um desequilíbrio nessa história toda, porque ambos os lados se interessam pela utilização comercial de direitos de futebol e não pela verdade e pelo esclarecimento e punição de possíveis casos de corrupção dos dirigentes. Isso é um complicador adicional, que permite que Teixeira sempre tenha uma carta na manga para agradar a um ou a outro lado. É realmente uma situação lamentável. E acho que tem um pouco de tradição no Brasil.

O senhor, que já foi a várias Copas, tem conhecimento de situações parecidas em outros países nas vésperas de torneio tão importante?

Na Alemanha, podemos dizer que a corrupção existe num grau mais profissional, mais elegante e sutil. Não é tão evidente como em países como o Brasil. Um dirigente como o Ricardo Teixeira não seria possível aqui, mas não diria ser impossível que algo assim aconteça na Alemanha. No momento, temos uma situação de alta corrupção na paisagem do futebol brasileiro.

Mas, por outro lado, agora há grandes esforços, e a presidente Dilma Rousseff parece que está fazendo um bom trabalho nesse sentido. Ela parece ter mesmo intenção de organizar a casa, já ouve demissão de meia dúzia de ministros por supostos casos de corrupção num tempo relativamente curto. É uma boa imagem que esta sendo transmitida.

O governo do Brasil e também a nação brasileira como um todo têm uma chance imensa nos próximos anos de mostrar uma imagem de melhorias e ganhar em credibilidade internacional, caso consiga “limpar a casa”, renovar e melhorar estruturas até a Copa de 2014.

O que o senhor diria aos que dizem que tudo acaba em pizza no Brasil?

Acabar em pizza é, com certeza, o que até agora vem acontecendo. E o medo que as coisas não mudem tem uma razão de ser, porque estruturas corruptas não podem ser mudadas da noite para o dia, e existe certa aceitação da corrupção dentro da sociedade. Mas agora existe a chance, porque já houve um começo.

E um sinal importante é que Ricardo Teixeira se encontra enfraquecido, não é mais inatingível como há um ano. Se a Justiça brasileira e o governo fizerem seu trabalho, então nada mais acabará em pizza e será dado um passo adiante, tanto no aspecto político como social.

FONTE: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,15643266,00.html
Entrevista: Marcio Damasceno
Revisão: Augusto Valente
 

Brasil cria robôs mil vezes mais precisos na montagem de aviões.

Por: DÉBORAH SALVES

Três robôs de grande porte vão aumentar em mil vezes a precisão na montagem de aviões brasileiros.

O desenvolvimento dos autômatos, uma parceria entre o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), foi concluído em dezembro, após um ano de pesquisas e testes.

Os robôs fazem parte de um sistema automatizado de montagem estrutural, ou seja, trabalham no processo de unir as partes metálicas da aeronave.

Ao Terra, Paulo Pires, gerente de automação industrial da Embraer, e Francisco Soares, diretor de engenharia manufatura da companhia, explicam que há duas etapas: furação e cravação de rebites. A indústria brasileira ainda não usa robôs neste processo, embora em outras partes do mundo a tecnologia já exista.

A vantagem do uso dos robôs é que eles garantem mais precisão na montagem, diminuindo a chamada taxa de “perfeitos por milhão” (PPM) de até 3.000ppm, no caso do processo manual, para cerca de 3ppm, com auxílio robótico. “Na indústria automobilística, que é similar à aeronáutica, os robôs têm precisão da ordem de milímetros, mas quando se parte para a fabricação de aviões, nossos robôs precisam ter precisão de décimos de milímetros”, explicam os executivos da Embraer. “É o equivalente a um fio de cabelo”, comparam.

Essa diferença impossibilita usar os robôs das fábricas de carros na produção de aeronaves, o que justifica a criação de autômatos específicos. Além disso, na planta automobilística cada máquina desempenha uma única função e em alta cadência, pois produz cerca de três mil veículos por dia. 

Por outro lado, na aeronáutica a flexibilidade é mais importante, uma vez que são fabricados 10 aviões por mês e um mesmo robô precisa ser capaz de perfurar e cravar rebites em diferentes metais e distintas posições.

Dos três robôs desenvolvidos na parceria, dois são braços antropomórficos, ou seja, têm estrutura que lembra um membro humano e se movem livremente. 

O terceiro, e também último a ser entregue, é do tipo cartesiano, que se move nas coordenadas X e Y do plano homônimo. “Ele é menos flexível, porque não fica livre no espaço como os outros, que têm manipuladores e torres, por outro lado é mais preciso”, resumem Pires e Soares.

Avanço para todo o setor

No acordo entre Embraer e ITA, com financiamento do Finep, a instituição de ensino ganhou o Laboratório de Automação da Montagem Estrutural de Aeronaves (LAME), espaço usado para o desenvolvimento dos robôs e ligado ao Centro de Competência em Manufatura da universidade, em São José dos Campos (SP). “O ITA já é um centro de excelência em tecnologia aeronáutica, e a parceria permite a formação de pessoas e processos para atender à indústria nacional e realmente colocar o Brasil em posição de destaque no cenário mundial”, explicam os representantes da companhia.

Além dos benefícios diretos do desenvolvimento dos robôs, os executivos da Embraer destacam que outros elos da cadeia produtiva do setor também se beneficiam da pesquisa concluída neste mês. “Os resultados são compartilhados em relatórios periódicos, apresentações em workshops e oficinas com participação de acadêmicos, e outras indústrias podem usar as mesmas tecnologias que desenvolvemos”, concluem.

FONTE: Terra / FOTO: Finep

PM e bombeiros do Ceará encerram greve, após acordo com o governo.

Após seis dias parados, policiais militares e bombeiros cearenses decidiram em assembleia que terminou na madrugada desta quarta-feira aceitar a proposta do governo do Estado e encerrar a greve. 

"As atividades serão completamente retomadas até à 0h de amanhã", disse Francisco Rogério Rodrigues, secretário-geral da Associação de Cabos e Soldados Militares do Ceará. 
 
O acordo incluiu um reajuste de 56%, deixando o salário em R$ 2.634, e uma redução na jornada de trabalho de 46 para 40 horas semanais, além da implantação de um auxílio-alimentação de R$ 10 por dia (os policiais militares não recebiam nada até então, só os civis). Também ficou combinado que nenhum dos policiais ou bombeiros que participaram das paralisações serão punidos. 

Rodrigues explicou que ainda ficou acordada a extinção do atual código disciplinar a que são submetidos os policiais militares do Ceará, por conter artigos que são inconstitucionais, e a sua substituição por um novo código de ética que contenha dispositivos que combatam o assédio moral. 

A greve da Polícia Militar e dos bombeiros gerou pânico na capital cearense. Nesta terça, estabelecimentos comerciais de Fortaleza foram fechados devido ao temor de arrastões, assim como órgãos públicos, como o Tribunal de Justiça do Ceará. 

POLÍCIA CIVIL
No fim da noite desta terça-feira (3), o sindicato que representa os policiais civis do Ceará decidiu convocar uma nova paralisação. Em nota, o Sinpoci (Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Estado do Ceará) afirmou que decidiu "radicalizar" por considerar que vem "sendo enganado" pelo governo de Cid Gomes (PSB). 

A paralisação da Polícia Civil é a terceira registrada em menos de um ano. O sindicato da categoria já havia promovido greves em julho e em outubro de 2011. 

Na primeira paralisação, os grevistas haviam suspendido a greve após um mês. Já a greve de outubro só terminou em dezembro, após a Justiça considerar a greve ilegal e determinar que os grevistas suspendessem a paralisação. Ainda assim, desde dezembro apenas 30% do efetivo da Polícia Civil, o mínimo exigido pela Justiça, estava trabalhando. 

Segundo o sindicato, a categoria quer a redução da carga horária de oito para seis horas diárias, reajuste salarial e o pagamento de um subsídio equivalente a cerca de 60% do valor pago aos delegados de polícia do Estado. 

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1029615-apos-acordo-com-o-governo-pm-e-bombeiros-do-ceara-encerram-greve.shtml

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Greve de policiais deixa Fortaleza em pânico.

Com onda de arrastões, lojas fecham as portas em diversas áreas da cidade; fontes confirmam ao 247 que roubos aumentaram desde o dia 29; governador Cid Gomes se reuniu com autoridades de segurança pública em busca de medidas para tranquilizar população.

03 de Janeiro de 2012.
 
Diego Iraheta _247 - O pânico ganhou as ruas de Fortaleza. Dezenas de comerciantes fecharam as lojas com medo de assaltos. 

Desde o início da greve de policiais miliares e bombeiros, no dia 29, uma onda de arrastões tomou conta da capital cearense.

“Os assaltantes chegam em kombi; de repente, saltam umas dez pessoas e invadem supermercado, como já presenciamos”, contou ao 247 o atendente Elivelton Magalhães, de 20 anos. Ele trabalha em uma famosa rede de lanchonetes no centro de Fortaleza, que só está abrindo o drive-thru – como medida de segurança. “Aqui na [avenida] José Bastos, tem muita loja que está com portas fechadas”, arremata.

No Twitter, a hashtag #CaosEmFortaleza é um dos assuntos mais comentados desta terça-feira, 3. A cantora Katiane Araújo pensou em ficar em casa para se proteger. “Gente estou em pânico, hj não saio de casa!! Estou com muito medo, cadê o governador??Fortaleza parou!! Como é q eu vou trabahar hj! Socorro”, tuitou. “Aki em Fortaleza tá parecendo a simulação do fim do mundo”, resumiu o tuiteiro @FinnSincero. O mimimi geral provocou desconfianças sobre a veracidade das ocorrências na cidade – especialmente porque os jornais locais não estariam dando espaço para os arrastões.

O Brasil 247 entrou em contato com o comando da 10ª Região Militar do Exército Brasileiro para saber a real situação de segurança nas ruas de Fortaleza. Uma fonte que pediu para não se identificar confirmou que está elevado o número de arrastões na cidade. “Principalmente na periferia, em Messejana. As pessoas são roubadas nas ruas. Mas os militares estão nos pontos turísticos da cidade. Lá, não há perigo”, revelou ao 247.


O gabinete do governador Cid Gomes (PSB-CE) também está em polvorosa.

Procurada pelo 247, a assessoria informou que ele estava em reunião justamente para adotar medidas de proteção da população. 

Por causa da greve de PMs, o Exército entrou em campo a fim de preservar a segurança dos cidadãos cearenses. 

Neste momento, 813 militares e 204 membros da Força Nacional de Segurança Pública estão destacados para prevenir a criminalidade na região.

De acordo com nota publicada pela 10ª Região militar, o Exército está executando a defesa de “pontos sensíveis”, tais como o aeroporto de Fortaleza, o centro da cidade, a orla marítima, o Palácio da Abolição e as instalações da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.

Fonte: http://brasil247.com.br/pt/247/brasil/33523/Greve-de-policiais-deixa-Fortaleza-em-p%C3%A2nico.htm