terça-feira, 6 de março de 2012

CartaCapital recusa anúncio da Eternit a favor do amianto.

por Conceição Lemes.

13 de fevereiro de 2012 já entrou definitivamente para a história.  Juízes italianos anunciaram em Turim a condenação dos ex-proprietários da Eternit, o barão belga Jean-Louis de Cartier de Marchienne e o magnata suíço Stephan Schmidheiny, a 16 anos de prisão e ao pagamento de quase 100 milhões de euros a um extenso elenco de cidadãos, instituições e entidades. Ambos foram declarados culpados por desastre ambiental permanente e omissão dolosa de medidas de segurança, que levaram à morte 2.160 trabalhadores.

Desde então, a Eternit do Brasil está tendo de se explicar. Inclusive nas últimas semanas, publicou anúncio em vários veículos, afirmando, entre outras que:

“não tem nenhuma relação com a Eternit de outros países, inclusive com o caso da Itália”.

“a atividade no Brasil é regulamentada pela Lei Federal nº9.055/95, que dispõe sobre o ‘uso controlado e responsável do amianto”.

“a extração e beneficiamento do amianto crisotila por sua controlada SAMA, bem como a utilização do mineral nas fábricas da Eternit, seguem rígidos padrões de segurança que superam as exigências legais”.

O anúncio foi veiculado, primeiramente, nos principais jornais do país, entre os quais Estadão, Folha, Globo, Valor Econômico e Estado de Minas.

 Depois, nas revistas semanais Veja, IstoÉ e Época.

CartaCapital recusou. Em matéria publicada na edição de 24/2/2012 (a íntegra no final), ainda explicou por quê:

“É um direito e um dever da empresa prestar esclarecimentos aos consumidores. Como também é obrigação de CartaCapital checar as informações publicadas na revista, mesmo quando se tratar de peças publicitárias e quando assim for entendido necessário. Foi o que fizemos. Diante do interesse da Eternit em veicular seu anúncio em nossas páginas, achamos por bem conferir os argumentos apresentados na ‘nota de esclarecimento’. A totalidade dos especialistas entrevistados rechaçou as explicações”.

“A decisão foi da direção de redação”, revela Sérgio Lírio, seu redator-chefe. “Além de lermos documentos e pareceres públicos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Ministério Público Federal (MPF) e vários estudos a respeito, consultamos diversos médicos, todos referendados por outros especialistas. A Eternit também foi procurada e repetiu o teor da ‘nota de esclarecimento’.”

“A saúde pública prevaleceu sobre o poder econômico”, aplaude a engenheira Fernanda Giannasi, auditora fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e fundadora da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea). “Parabéns à CartaCapital. Deu uma lição de cidadania e responsabilidade social à mídia nacional.”

O médico René Mendes, especialista em Saúde Pública e em Medicina do Trabalho e professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), enviou a seguinte carta ao Estadão, Folha, Globo, Valor Econômico, Estado de Minas, Veja, Istoé e Época:

“Sob o conceito de ‘fato relevante’, a Eternit no Brasil mandou inserir matéria paga, em que tenta se distanciar da gravidade da questão do amianto crisotila enquanto fibra comprovadamente causadora de câncer (como mesotelioma maligno de pleura, entre outros), reduzindo um grave problema de Saúde Pública e de Meio Ambiente a uma suposta querela comercial e de disputa de mercado.

Apega-se, de má-fé, à Lei Federal no. 9.055/95, cuja flagrante inconstitucionalidade já tem parecer favorável do Ministério Público Federal e do Ministro Relator do STF, e ainda, tenta desqualificar a inteligência e a sensibilidade dos legisladores dos estados onde o amianto já foi proibido, reduzindo o clamor de milhares de vítimas das doenças do amianto crisotila, à suposta pressão de concorrentes da Eternit.

Como cidadão e profissional de Saúde, registro minha indignação por tanta desfaçatez e conclamo o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o Poder Executivo Federal a que se unam para acelerar as iniciativas pelo banimento total do amianto crisotila no Brasil, imediatamente. Que o Brasil não faça vexame na Conferência Rio + 20, de junho, e consiga mostrar – a nós mesmos e ao mundo – que suas políticas públicas não são definidas pelos lobbies de uma empresa, e sim, são comprometidas com a defesa da saúde e do meio ambiente, como manda a Constituição Federal”.

René Mendes está nessa batalha desde o início da década de 1980. Assegura que a sociedade precisa ser mais esclarecida sobre os malefícios do amianto crisotila à saúde. Esse mineral é comprovadamente cancerígeno à saúde humana.

“Agarrar-se à lei nº 9055, para dizer que a extração do amianto, fabricação de produtos à base do mineral e sua comercialização são legais, é enganoso”, ressalta Mendes em entrevista a esta repórter. “Eles sabem que esta lei tem os dias contatos, pois está, inclusive, sendo questionada no STF. A ADI [Ação Direta de Inconstitucionalidade] 4066 contra a lei nº 9055 já recebeu parecer favorável do seu relator e do procurador Geral da República.”

“Além disso, focar nas condições de trabalho da mina, em Minaçu [Goiás], para dizer que ela é maravilhosa, é falacioso”, avisa Mendes. “Após sair da mina, o mineral cancerígeno se espalha por uma dezena de empresas que o manipulam para fazer manufaturados; daí, ele vai para centenas de distribuidores, que vendem os produtos contendo amianto a dezenas de milhares de consumidores.”

“A sociedade tem de estar atenta isso”, alerta Mendes. “A Eternit não aborda a questão da perspectiva de saúde pública, nem da cadeia produtiva, nem do ciclo completo de vida do amianto, que vai da extração da fibra até 40, 50 anos após o seu uso.”

Talvez alguns questionem: será que não é mesmo possível o uso controlado do amianto crisotila?

“No máximo, os sistemas de filtragem adotados, a partir dos anos 80, conseguem reduzir a concentração de pó de amianto dentro das fábricas, mas isso não significa ambiente seguro, pois não existe limite abaixo do qual a exposição ao mineral não oferece risco à saúde humana”, esclarece Fernanda Giannasi. “Também não se consegue controlar o produto depois que sai das fábricas e vai para o público.”

Um exemplo está na própria construção civil, onde é frequente a instalação de telhados, gerando grande concentração de fibras no ar. Devido à alta rotatividade de mão-de-obra do setor, os operários não têm noção de que aquele produto, que estão furando e cortando, tem amianto. E acabam respirando as fibras sem qualquer proteção. O mesmo pode acontecer no ambiente doméstico.

Talvez alguns rebatam: mas isso é de responsabilidade da construção civil, do trabalhador, do sindicato, do Ministério do Trabalho e não da indústria do amianto.

“É problema das indústrias que produzem com amianto, sim”, volta à carga Fernanda. “Elas têm responsabilidade por toda a cadeia produtiva: mineração, produção, transporte, colocação no mercado e até a destinação dos resíduos quando o produto atingir o final de sua vida útil. E como é que elas vão controlar o manuseio desses produtos pela população? É impossível. O uso controlado é uma ilusão total. Uma falácia!”

Talvez alguém ainda insista em afirmar: a Eternit brasileira “não tem nenhuma relação com a Eternit de outros países, inclusive da Itália”.

A empresa Eternit S.A. do Brasil, que foi nacionalizada a partir de 2000, tem sua origem no grupo belga-suíço, o mesmo que foi condenado na Itália e também está no banco dos réus na Bélgica e na França, e que se instalou aqui nos anos 30.

“Na Itália, Suíça, França e Bélgica, como aqui, a Eternit sabe desde o início do século XX dos malefícios do amianto à saúde humana”, arremata Fernanda Giannasi. “A condenação na Itália é uma demonstração inequívoca de que a impunidade que cerca as empresas de amianto, ao redor do mundo, está chegando ao fim e atingiu o ‘rubicão’, ou seja, atingiu um ponto que não tem mais volta.”


2011, o pior resultado da reforma agrária dos últimos 16 anos.

por Roldão Arruda, em  O Estado de S. Paulo, via site do MST.

O programa de reforma agrária do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) assentou no ano passado 22.021 famílias, de acordo com números que acabam de ser divulgados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Trata-se do mais baixo índice registrado nos últimos 16 anos, que englobam também os governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O melhor índice foi registrado em 2006, quando 136.358 famílias tiveram acesso à terra.

Em Pernambuco, onde o Movimento dos Sem Terra (MST) contabiliza quase 15 mil famílias acampadas à espera de um lote de terra, o governo assentou apenas 102 famílias no ano passado. Foi o número mais baixo entre todas as unidades da federação.

“Os números comprovam que a reforma agrária não é considerada prioritária pelo atual governo. Eles são vergonhosos”, disse nesta segunda-feira, 5, José Batista de Oliveira, integrante da coordenação nacional do MST. De acordo com suas informações, do total de 22.021 assentamentos anunciados pelo governo, apenas 7 mil ocorreram em áreas que foram desapropriadas especialmente para a reforma agrária.

“Boa parte do que o governo põe na conta de assentamento é, na verdade, regularização de lotes fundiários, que estavam abandonados ou ocupados de maneira irregular”, diz o representante do MST.

Demanda menor. O presidente do Incra, Celso Lisboa Lacerda, tem outra avaliação. Ele disse que um dos fatores que explicam a redução no número de assentamentos é a queda na demanda. “Há muito menos famílias acampadas hoje do que no governo do presidente Lula”, afirmou.

Pelas estimativas do Incra, o total de famílias acampadas em todo o País gira em torno de 180 mil. É a metade do que existia no início do governo Lula.

Outro fator importante, ainda segundo Lacerda, é a mudança de concepção do foco de atenção que teria ocorrido no atual governo. “No governo de Fernando Henrique, a única coisa que se fazia era a distribuição de lotes. Com o Lula surgiu a preocupação em dotar os assentamentos de infraestrutura”, disse. “Houve mais investimento na construção de estradas, casas, redes de energia elétrica e de água.”

Com a ascensão de Dilma, segundo o presidente do Incra, o foco passou a ser criação de melhores condições para que os assentados produzam e gerem renda. “Boa parte da estrutura do Incra está dedicada hoje à assistência técnica, melhoria das condições de infraestrutura, regularização ambiental”, afirmou. “Isso reduziu em parte a capacidade de assentar novas famílias, mas é preciso compreender que a reforma não se resume à criação de novos assentamentos. Na verdade, a parte mais difícil vem depois da concessão do lote às famílias, que é o desafio de inserir as pessoas no processo produtivo, na agricultura familiar.”

Um terceiro fator que teria influenciado a queda dos assentamentos, segundo Lacerda, foi a demora na definição da sucessão no Incra. Ele tomou posse no final de março e as diretorias das superintendências regionais só foram completamente definidas em setembro.

A demora fez com que a maior parte do orçamento só fosse executada no final do ano. “Fizemos o pagamento de áreas para a reforma que ainda não apareceram nos números de 2011. Eles só vão aparecer nos resultados deste ano.”

O Estado que teve o maior número de assentamentos no ano passado foi o Pará, com 4.274 famílias. Isso vem se repetindo desde o governo de Fernando Henrique, porque se trata da região com maior área de terras pertencentes à União, que podem ser mais facilmente destinadas à reforma. Nos Estados do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste a obtenção de terras é mais difícil – e muito mais cara.

FONTE:http://www.viomundo.com.br/politica/2011-o-pior-resultado-da-reforma-agraria-dos-ultimos-16-anos.html

Policia Federal. Apresenta balanço da Operação Sinistro.

PF realiza Operação no combate a fraudes no Seguro DPVAT em Imperatriz

Participam da operação policiais federais dos Estados do Maranhão, Piauí e Pará.

Blog de João Rodrigues / Imirante.com


A Polícia Federal em Imperatriz deflagrou nesta terça-feira, dia 6, a Operação Sinistro, com o objetivo de combater a prática de fraudes no requerimento e recebimento de valores do Seguro DPVAT, administrado pela Seguradora Líder.


A investigação teve início após a abertura e a movimentação de três contas bancárias na Caixa Econômica Federal, em Imperatriz, com a utilização de documentos falsos, inclusive procurações públicas, nas quais foram depositados e sacados os valores de três seguros DPVAT, no valor individual de R$ 9.450,00 cada, totalizando o montante de R$ 28.350,00, o que resultou na instauração de Inquérito Policial em março de 2011.

O prejuízo total causado é estimado em R$ 1,5 milhões somente no ano de 2011.

A quadrilha recrutava um terceiro, vítima ou não de acidente de trânsito, que apresentasse ou não algum tipo de lesão (invalidez ou amputação) para requerer o recebimento do Seguro DPVAT.


Além disso, falsificava vários documentos para atestar a existência de lesão ou seu agravamento, como laudos do IML, prontuários médicos, certidões de ocorrência policial, RG e CPF, entre outros. Com o deferimento do pedido do Seguro DPVAT e utilização de documentos falsos, em algumas ocasiões, a organização criminosa abria e movimentava contas em instituições bancárias para saque dos valores a serem recebidos.


Os suspeitos responderão pelos crimes de falsificação de documento público e particular, falsidade ideológica, uso de documento falso, estelionato e formação de quadrilha ou bando.


Participam da operação 89 policiais federais dos Estados do Maranhão, Piauí e Pará, que deram cumprimento a nove mandados de prisão preventiva, quatro mandados de prisão temporária e 15 mandados de busca e apreensão, nas cidades de Imperatriz/MA, Senador La Rocque/MA e Marabá/PA.


O nome da operação policial faz referência ao foco dos investigados na consecução das fraudes, pois simulavam SINISTROS (acidentes de trânsito) para obter recursos indevidos do Seguro DPVAT.


Ainda hoje, a Superintendência da PF no MA e o delegado responsável pela investigação no Estado, farão um balanço da Operação Sinistro, na delegacia de Polícia Federal em Imperatriz, na Avenida Imperatriz, s/n, Conjunto Planalto, Imperatriz/MA

Balanço da Operação Sinistro

06/03/2012 - Imperatriz/MA - Foram presos nove homens e três mulheres. Foram apreendidos nove veículos, sendo quatro de luxo, notebooks, uma copiadora multifuncional, três celulares, R$4.400,00 em espécie, e diversos documentos que comprovam as fraudes investigadas.

Comunicação Social/Delegacia de Polícia Federal em Imperatriz
Tel.: (99) 3529-2900

segunda-feira, 5 de março de 2012

São Paulo. Justiça manda USP reintegrar expulso por invasão.

Justiça manda USP reintegrar expulso por invasão
Foto: Divulgação
 

Marcos Padraic Dunne ganhou o direito de voltar à Universidade de São Paulo após ter sido expulso da instituição, junto com cinco colegas, em dezembro do ano passado

05 de Março de 2012 às 21:39.
 
Fernando Porfírio _247 - Marcos Padraic Dunne, ex-aluno da Universidade de São Paulo, ganhou o direito de voltar à USP. Ele foi expulso da instituição em dezembro do ano passado acusado de ter invadido um dos prédios da universidade. A decisão, em caráter liminar, é do juiz da 10ª Vara da Fazenda Pública da Capital.

A expulsão foi decidida por uma comissão processante da USP. O juiz Valentino Aparecido de Andrade entendeu que a pena administrativa imposta ao estudante se revelou “desproporcional”, “excessiva” ou “ao menos não bem justificada”.

Marcos foi um dos seis estudantes punidos pela ocupação de salas da Coordenadoria de Assistência Social (Coseas). A ocupação pedia mais vagas para moradia estudantil.

Na decisão, o juiz pede à USP que esclareça melhor os motivos da expulsão. Reforça ainda que a universidade deve considerar que a ocupação se tratava de ato político. “A própria comissão admitiu ter tido um fim político [a invasão e a ocupação buscavam compelir a Universidade de São Paulo a criar mais vagas para seus alunos]”, aponta a decisão.

Como a decisão é provisória, o juiz encaminhou citação à universidade para explicar os motivos da decisão. A USP afirmou que “está tomando as providências cabíveis para esclarecer os pontos que embasaram a decisão junto ao juiz”.

A universidade defende que as expulsões foram resultados de um processo administrativo disciplinar, concluído em dezembro do ano passado. “Não apurou simplesmente a ocupação, mas sim outras ações graves, como desaparecimento de prontuários com informações sigilosas”, afirma texto publicado pela assessoria de imprensa da universidade.

FONTE:http://brasil247.com/pt/247/brasil/46029/Justi%C3%A7a-manda-USP-reintegrar-expulso-por-invas%C3%A3o.htm

Rio de Janeiro. Polícia Militar Carioca faz busca em campus da Universidade Federal Fluminense.

Sobre a invasão do Campus do Gragoatá, da UFF (Universidade Federal Fluminense) pela Polícia Militar.

do Vírus Planetário, em 03.03.2012, sugerido pelo Pedro Pinheiro.
 
Confira nota publicada pelos Diretórios e Centros Acadêmicos da UFF sobre o caso:

No dia 1º de março, por volta das 11h da manhã, estudantes e servidores foram surpreendidos pela invasão de uma viatura da PM (12º BPM) ao campus do Gragoatá, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

De acordo com a Constituição, a Polícia Militar não tem permissão para atuar em território federal, cabendo somente à Polícia Federal tal responsabilidade. Além de invadir o Campus da Universidade, os PM’s também invadiram as salas dos Diretórios Acadêmicos de Ciências Sociais e de Filosofia.

Os militares justificaram a ação a partir de uma suposta denuncia anônima de que no local haveria drogas e coquetéis Molotov preparados pelas “lideranças” da manifestação contra o aumento da tarifa das barcas, que ocorrera pouco antes na Praça Araribóia.

No mesmo dia em que o governador Sérgio Cabral colocou a PM e o BPChoque para intimidar manifestantes contrários ao abusivo aumento da passagem da barca, uma viatura da PM visitava o “campus” Gragoatá da UFF.

Para ser mais exato, fazer o que mesmo?

Com autorização de quem? 

Quando um governante suscita mais dúvidas do que certezas, é chegada a hora de pensar se ele não controla mais a vida da população do que o povo, o mandato dele.

Foto: Pró-Reitoria de Graduação/UFF

Cabe destacar que os PM’s entraram acompanhados por um responsável pela segurança do campus. Várias intimações foram realizadas pela 76 ª DP, que possui um dossiê feito pela concessionária com os perfis dos manifestantes.

Também entraram com um processo na empresa Google, para que retirassem do canal Youtube vídeos que convocam os protestos. No dia 29 de fevereiro, o Tribunal de Justiça do Estado concedeu parecer favorável a uma liminar da Barcas S\A tentando impedir a participação do PSOL e de um professor da rede estadual na manifestação. 

Compreendemos, portanto, que este fato é mais um de uma série de ações repressivas, que buscam intimidar as manifestações contra o aumento abusivo das tarifas da Barcas S\A, e foram todas pacíficas. Entendemos que este processo de repressão faz parte de uma conjuntura de criminalização dos movimentos sociais e também da pobreza no país, vide a brutal desocupação de Pinheirinho e de diversas ocupações no centro do Rio, as fortes repressões às passeatas contra os aumentos das tarifas de ônibus, e a dura repressão que professores e os próprios PM’s e bombeiros sofreram em diversos estados quando reivindicaram aumentos salariais.

A recente experiência da militarização da USP demonstra que em vez de mais “segurança”, só aumentou a repressão aos movimentos, com cenas de violência por parte dos militares.

Exigimos o imediato esclarecimento da reitoria da UFF sobre como foi possível a esta viatura entrar ilegalmente no campus do Gragoatá, acompanhada por um responsável da administração da universidade.

Exigimos também esclarecimentos do comandante do 12º BPM. Por fim, exigimos uma imediata moção de repúdio assinada pelo reitor sobre o ocorrido, além das medidas legais necessárias por parte da universidade para apuração e responsabilização sobre o fato.

Não nos intimidaremos e continuaremos a ocupar a universidade como espaço de defesa da liberdade de expressão e livre organização.

Diretório Acadêmico Raimundo Soares – Ciências Sociais – UFF

Diretório Acadêmico de Psicologia – UFF

Centro Acadêmico Evaristo da Veiga – Direito – UFF

Centro Acadêmico de Letras – UFF

Diretório Acadêmico de Comunicação Social – UFF

Diretório Central dos Estudantes Livre da UFF Fernando Santa Cruz.


Quanto ao PSOL, vale notar que o partido não apenas foi proibido de participar dos protestos, mas uma propaganda na qual denuncia a relação do escritório de advocacia da esposa de Cabral com a empresa do Metrô.

Eis a propaganda:  


FONTE:http://www.viomundo.com.br/denuncias/policia-carioca-faz-busca-em-campus.html

domingo, 4 de março de 2012

Bahia. Polícia cerca Quilombo Rio dos Macacos para reintegração de posse.

Agentes da Polícia de Choque da Polícia Militar (PM), tratores e policiais da base militar da Marinha fizeram um cerco,  na manhã deste domingo, 4, à comunidade no quilombola Rio dos Macacos, dentro da área da Base Naval de Aratu, localizada no bairro de São Tomé de Paripe, no limite da cidade de Simões Filho (a 21 km de Salvador).

A Marinha entrou na justiça com pedido de reintegração de posse da área, cujo prazo terminaria neste domingo. Este prazo, no entanto, havia sido adiado por cinco meses, após reunião realizada na última terça-feira (27), com representantes do governo federal.

Os cinco meses seriam utilizados para finalizar o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a fim de identificar se a área pertence mesmo aos quilombolas e há quanto tempo eles estão no local.

No local vivem cerca de 50 famílias. Apesar do impasse, o Governo Federal assegurou que todos os direitos da comunidade serão preservados. Ainda não houve a reintegração de posse.

Tensão  - Na manhã deste domingo, integrantes do Movimento Desocupa Salvador tentaram distribuir alimentos no local, mas não conseguiram entrar na Base porque foram impedidos pela polícia, segundo a integrante do Movimento Desocupa Salvador, Michele Perroni.

A Marinha entrou na justiça porque pretende expandir um condomínio para os seus oficiais no território, região limítrofe entre Salvador e Simões Filho.

A socióloga Vilma Reis se poscionou a favor dos quilombolas, afirmando que a
"Marinha do Brasil não pode tomar o Território de Rio dos Macacos, porque ela como instituição Brasileira não está acima das demais instituições nacionais".

Manifestação - Em janeiro, os integrantes da comunidade aproveitaram a presença da presidente Dilma Rousseff na Bahia para denunciar a pressão que a Marinha estaria fazendo para que eles deixassem a área, localizada dentro da Vila Militar.

Na ocasião, um grupo de 50 quilombolas realizou manifestação na área do pier marítimo de São Thomé de Paripe, com faixas reivindicando à presidente uma "solução" para o conflito de terras que, segundo eles, ocorre desde a década de 70, quando foi criada a Base Naval de Aratu.

De acordo com os moradores da área, as famílias estão no local desde a época da abolição da escravatura, há mais de 100 anos.

FONTE: http://www.atarde.com.br

Como enfrentar a sexta extinção em massa.

“Até agora, todas as extinções eram ocasionadas pelas forças do próprio universo e da Terra. A sexta está sendo acelerada pelo próprio ser humano”

por Leonardo Boff | 04/03/2012.

Leonardo Boff
Leonardo Boff
Referimo-nos anteriormente ao fato de o ser humano, nos últimos tempos, ter inaugurado uma nova era geológica – o antropoceno – era em que ele comparece como a grande ameaça à biosfera e como o eventual exterminador de sua própria civilização. Há muito que biólogos e cosmólogos estão advertindo a humanidade de que o nível de nossa agressiva intervenção nos processos naturais está acelerando enormemente a sexta extinção em massa de espécies de seres vivos. 

Ela já está em curso há alguns milhares de anos. Essas extinções, misteriosamente, pertencem ao processo cosmogênico da Terra.

Nos últimos 540 milhões de anos, ela conheceu cinco grandes extinções em massa, praticamente uma em cada cem milhões de anos, exterminando grande parte da vida no mar e na terra. A última ocorreu há 65 milhões de anos quando foram dizimados os dinossauros, entre outros.

Até agora, todas as extinções eram ocasionadas pelas forças do próprio universo e da Terra, a exemplo da queda de meteoros rasantes ou de convulsões climáticas. A sexta está sendo acelerada pelo próprio ser humano. Sem a presença dele, uma espécie desaparecia a cada cinco anos. Agora, por causa de nossa agressividade industrialista e consumista, multiplicamos a extinção em cem mil vezes, diz-nos o cosmólogo Brian Swimme em entrevista recente no Enlighten Next Magazin, n.19. Os dados são estarrecedores: Paul Ehrlich, professor de ecologia em Standford calcula em 250.000 espécies exterminadas por ano, enquanto Edward O. Wilson de Harvard dá números mais baixos, entre 27.000 e 100.000 espécies por ano (R. Barbault, Ecologia geral 2011, p.318).

O ecólogo E. Goldsmith da Universidade da Georgia afirma que a humanidade ao tornar o mundo cada vez mais empobrecido, degradado e menos capaz de sustentar a vida, tem revertido em três milhões de anos o processo da evolução. O pior é que não nos damos conta dessa prática devastadora nem estamos preparados para avaliar o que significa uma extinção em massa. Ela significa simplesmente a destruição das bases ecológicas da vida na Terra e a eventual interrupção de nosso ensaio civilizatório e quiçá até de nossa própria espécie. Thomas Berry, o pai da ecologia americana, escreveu: “Nossas tradições éticas sabem lidar com o suicídio, o homicídio e mesmo com o genocídio, mas não sabem lidar com o biocídio e o geocídio”(Our Way into the Future, 1990 p.104).

Podemos desacelerar a sexta extinção em massa, já que somos seus principais causadores? Podemos e devemos. Um bom sinal é que estamos despertando a consciência de nossas origens há 13,7 bilhões de anos e de nossa responsabilidade pelo futuro da vida. É o universo que suscita tudo isso em nós porque está a nosso favor e não contra nós. Mas ele pede a nossa cooperação já que somos os maiores causadores de tantos danos. Agora é a hora de despertar enquanto há tempo.

O primeiro que importa fazer é renovar o pacto natural entre Terra e Humanidade. A Terra nos dá tudo o que precisamos. No pacto, a nossa retribuição deve ser o cuidado e o respeito pelos limites da Terra. Mas, ingratos, lhe devolvemos com chutes, facadas, bombas e práticas ecocidas e biocidas.

O segundo é reforçar a reciprocidade ou a mutualidade: buscar aquela relação pela qual entramos em sintonia com os dinamismos dos ecossistemas, usando-os racionalmente, devolvendo-lhes a vitalidade e garantindo-lhes sustentabilidade. Para isso necessitamos nos reinventar como espécie que se preocupa com as demais espécies e aprende a conviver com toda a comunidade de vida. Devemos ser mais cooperativos que competitivos, ter mais cuidado que vontade de submeter e reconhecer e respeitar o valor intrínseco de cada ser.

O terceiro é viver a compaixão não só entre os humanos, mas para com todos os seres, compaixão como forma de amor e cuidado. A partir de agora eles dependem de nós se vão continuar a viver ou se serão condenados a desaparecer. Precisamos deixar para trás o paradigma de dominação que reforça a extinção em massa e viver aquele do cuidado e do respeito que preserva e prolonga a vida. No meio do antropoceno, urge inaugurar a era ecozóica que coloca o ecológico no centro. Só assim há esperança de salvar nossa civilização e de permitir a continuidade de nosso planeta vivo.

FONTE:http://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/colunistas/como-enfrentar-a-sexta-extincao-em-massa/