Carlos Madeiro.
Do UOL, em Maceió.
Com 593 municípios em situação de emergência por conta da seca, o
semiárido do Nordeste não sofre apenas com a falta de água, mas também
com a escassez de alimentos.
Muitas cidades, onde não chove há seis
meses, já informaram problemas relacionados à falta de comida, já que
grande parte das produções agrícolas, inclusive as familiares, foi
perdida pela falta de chuva.
Imagens captadas por satélite mostram que boa parte do Nordeste enfrenta
a maior seca dos últimos 30 anos. É possível perceber que 80% do
semiárido da região sofre com a estiagem, o que representa seis vezes o
percentual registrado no ano passado. Não choveu nos quatro primeiros
meses do ano --como era previsto-- e não há perspectiva de chuvas pelos
próximos três meses.
A entrega de alimentos a moradores do sertão, por conta da seca, é algo
que não havia ocorrido nos últimos anos, mas que está sendo novamente
realizado em 2012.
A situação mais grave é a da Bahia, onde 228
municípios estão em situação de emergência.
Segundo a Defesa Civil Estadual, o governo baiano adquiriu pouco mais de
130 mil cestas básicas para distribuição nos municípios. Além delas, o
Estado também recebeu mais 4.630 do Ministério da Integração Nacional e
5.000 do Ministério da Agricultura, totalizando 140 mil cestas básicas.
"Esses alimentos devem ser entregues às famílias para durar por pelo
menos 30 dias, pois a situação é crítica e temos uma grande demanda.
Depois da água, a falta de alimentos é a nossa maior preocupação, mas
estamos atuando para não deixar ninguém passar fome", afirmou o
coordenador- executivo da Defesa Civil, Salvador Brito.
Segundo Brito, além dos alimentos, existem outras preocupações com os
sertanejos. "Temos outros problemas. Como a estiagem vem se alongando,
temos diversas repercussões na natureza, como problemas na agricultura
familiar e a captação de água para irrigação. Todo semiárido sofre com
essa falta de chuvas" disse.
Cidades em emergência
Bahia 228
R. G. do Norte 139
Piauí 102
Pernambuco 56
Alagoas 34
Sergipe 18
Ceará 16
No Piauí, onde já são 102 municípios com decretos homologados pelo
Estado, não há distribuição de alimentos. Porém, segundo a Defesa Civil,
ao invés de cestas básicas, os sertanejos serão contemplados com o
Bolsa Estiagem, que vai pagar cinco parcelas de R$ 80 às famílias
atingidas. "Nós sabemos da dificuldade que existe no Estado como um
todo. Oficialmente não temos relatos de falta total de alimentos, mas
pode ser o que esteja acontecendo. A antecipação do Seguro Safra também
vai ajudar nessa compra de alimentos", disse o diretor da unidade da
Defesa do Piauí, Jerry Herbert.
O diretor explicou ainda que o Estado pretende ampliar o números de
caminhões-pipa para ofertar água a população. "Estamos trabalhando com
mais de 200 carros-pipa, e o Ministério da Integração vai contratar mais
300 para amenizar o problema que está gravíssimo. O problema é que, até
agora, os R$ 15 milhões anunciados pelo governo federal estão só no
papel, não foram liberados. Assim, não podemos aumentar as ações."
Em Pernambuco, um decreto do governador Eduardo Campos (PSB), publicado
no Diário Oficial do Estado neste sábado (5), oficializou decreto de
emergência nos 56 municípios do Sertão. Segundo informou a assessoria de
imprensa da Coordenadoria de Defesa Civil, a entrega de cestas básicas e
de alimentos está sendo feita pela Secretaria de Assistência Social.
No Ceará, o coordenador da Defesa Civil, Hélcio Queiroz, informou que já
são 16 municípios em situação de emergência e as demandas por alimento
serão discutidas nos próximos dias. "Nós vamos ter uma reunião nesta
segunda-feira (7) do comitê de ações de combate à seca, onde vamos
definir as realizações que serão feitas nessas cidades. Entre elas, pode
ser definida a entrega de alimentos", disse.
A situação também é grave em Alagoas, onde 34 cidades estão em situação
de emergência. Segundo a AMA (Associação dos Municípios de Alagoas), o
fornecimento de água por meio de caminhões-pipa continua suspenso e
ainda não há entrega de alimentos, apesar de relatos apontarem para
perda de produção em vários municípios. "A operação pipa está paralisada
porque o recurso acabou há mais de uma semana. Não estamos com
distribuição de comida ou água. Estamos providenciando, pedindo ao
governador, vê se eles liberam carros e comida pela Secretaria da
Assistência Social", informou Margarete Bulhões, responsável pelo setor
de decretos de emergência da AMA.
Em Sergipe, as mais de 100 mil pessoas afetadas nas 18 cidades em
emergência estão recebendo o fornecimento de água por carros-pipa.
Na
Paraíba, apesar da seca ter se intensificado nas últimas semanas, ainda
não decretos homologados pelo Estado, o que deve ocorrer nos próximos
dias, quando a documentação das prefeituras for entregue ao governo do
Estado.
No Rio Grande do Norte, 139 municípios decretaram,
coletivamente, situação de emergência em abril.
FONTE: http://noticias.
bol.uol.com. br/brasil/ 2012/05/06/ seca-se-agrava- e-sertanejos- ja-sofrem- com-falta- de-alimentos- no-nordeste. jhtm
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