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Ex-presidente LULA. |
Durante o seminário "Novos Desafios da
Sociedade", promovido pelo jornal Valor Econômico, em São Paulo.
Ex-presidente Lula comenta boatos de que câncer teria voltado, desta vez
nos seus pulmões, e brinca a respeito de rouquidão de sua voz: "Não é a
volta do câncer".
Durante o seminário, que contou com a participação do
ex-presidente espanhol Felipe González, Lula disse que faltam
lideranças políticas na Europa para enfrentar a crise: "É preciso
equilibrar o poder de decisão política na União Europeia".
247 - "Me desculpem a garganta. Estou
falando muito e estou cansado. Mas não se preocupem, não é um câncer",
disse nesta terça-feira, no seminário "Novos Desafios da Sociedade",
organizado pelo jornal Valor Econômico em São Paulo, o ex-presidente
Lula, procurando esvaziar os rumores de que teria voltado a apresentar
um quadro de câncer, desta vez nos pulmões, segundo os boatos. "Embora
eu tenha deixado a Presidência, eu não perdi o hábito de falar muito",
brincou.
Após a declaração de Lula, o ex-presidente espanhol Felipe
González, que participa do evento, entrou na brincadeira: "Estou falando
muito, estou poupando a sua garganta, amigo Lula". Durante o encontro,
Lula disse ainda que Estado e mercado funcionam melhor quando não
extrapolam seus papéis na economia.
O ex-presidente brasileiro lembrou
ainda que, na crise de 2008, seu governo liberou compulsório e os bancos
usaram dinheiro para comprar título público. "Era mais rentável",
explicou Lula. No último sábado, Lula participou da inauguração das
novas alas do Hospital Infantojuvenil Luiz Inácio Lula da Silva, em
Barretos (SP), administrado pela Fundação Pio XII, também responsável
pelo Hospital de Câncer de Barretos.
Após a visita, Lula disse que saía
dali com mais orgulho de ser brasileiro e disposto a ser um parceiro,
para incentivar que outros hospitais como esse sejam criados no Brasil.
"Não há no país nenhum hospital [privado ou público] com o senso de
humanismo que vimos aqui", comentou.
Regulação Durante o seminário, Lula
e González concordaram que é preciso regular o sistema financeiro
global para evitar a especulação, principalmente no mercado futuro de
ações.
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Ex-presidente LULA. |
O brasileiro lembrou que, logo após a crise do subprime com as
hipotecas imobiliárias nos Estados Unidos, ocorreu uma alta dos
alimentos e do petróleo, levando todo mundo a culpar o consumo chinês.
"E aí a gente descobre que o problema é que tinha mais petróleo na bolsa
de futuro do que na China, e o mesmo ocorria com a soja", completou.
Baseado nessa análise, Lula cobrou a criação de uma organização global
para atuar nessas negociações. "Temos que criar regulação para o sistema
financeiro. Sem isso, todos estaremos muito vulneráveis", defendeu. Já
González advogou em favor da "taxa Tobin", proposta nos anos 1980, para
incidir sobre as movimentações financeiras internacionais. "Não estou
contra a especulação de mercados futuros. Estou contra a especulação
gratuita, que arruína a colheita de milhões de pessoas no mundo", disse.
Sem liderança Lula também disse que faltam lideranças políticas na
União Europeia para enfrentar a crise econômica. "O sistema financeiro
assumiu um papel tão importante por ausência de regulação política.
É
coisa gravíssima e não está acertada ainda", disse Lula durante seu
discursar. O ex-presidente destacou que faltam "mais decisões políticas
do que econômicas" no enfrentamento da crise europeia. "Político precisa
existir para resolver crise.
Há problemas políticos para serem
resolvidos. É preciso equilibrar o poder de decisão política na União
Europeia. Tudo está subordinado às eleições", disse.
Escrito por Jussara Seixas. Publicado em Terça, 26 Março 2013.
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