sábado, 17 de março de 2012

O direito ao próprio corpo.

Leis sobre sexualidade, aborto, eutanásia, esterilização, drogas, liberdade de expressão e privacidade, entre outras, muitas vezes limitam um direito que deveria ser fundamental para qualquer ser humano. O reconhecimento da autonomia do indivíduo sobre seu corpo é um dos principais desafios jurídicos atuais

Por Túlio Vianna.
 
Uma sociedade não pode ser considerada livre se seus membros não tiverem o direito de dispor de seus próprios corpos. O núcleo do direito à liberdade é a autonomia sobre o próprio corpo e justamente por isso o Direito, a moral e a religião se ocuparam durante tanto tempo com a imposição de regras para regular a livre disposição dos corpos. 

O direito ao próprio corpo ainda está longe de ser conquistado e reconhecido como um direito fundamental da pessoa humana. As normas limitando a autonomia dos corpos estão por todas as partes: limitações à sexualidade, ao uso de drogas psicotrópicas, à liberdade de expressão e até mesmo à vida e à morte.  Tudo em nome de um suposto bem maior: a coletividade. A maioria destas normas de regulação dos corpos, porém, não evita que haja lesão a direito alheio, mas tão somente impõe um modelo de conduta que a maioria julga adequado.

Estado democrático de direito – é sempre bom frisar – não se confunde com ditadura da maioria. As liberdades individuais só podem ser limitadas se – e somente se – o exercício de uma determinada autonomia provocar dano a outrem. Assim, as pessoas, maiores e capazes, deveriam ser livres para dispor sobre seus próprios corpos desde que com suas ações não prejudicassem a ninguém. Na prática, porém, o Direito está repleto de normas que limitam ações completamente neutras a terceiros.

A sexualidade sempre foi campo fértil para as limitações jurídicas sobre os corpos. No passado já se puniu até mesmo a fornicação, entendida como o relacionamento sexual por pessoa solteira. A sodomia foi considerada crime no estado do Texas até 2003, quando a decisão da Suprema Corte estadunidense no caso Lawrence v. Texas a considerou inconstitucional. Detalhe: decisão por maioria de 6 a 3. 

No Brasil, ainda hoje, pelo código penal em vigor, se um garoto de 13 anos mantiver relação sexual consensual com uma mulher maior de 18 anos (uma prostituta, por exemplo), ela poderá ser condenada a uma pena que varia de 8 a 15 anos (art.217-A CP).  Manter casa de prostituição também ainda é crime em nosso país (art.229 CP), numa indevida regulação do corpo de mulheres maiores e capazes que deveriam ter o direito de dispor do seu próprio corpo da forma que considerem mais conveniente.

Outra pérola de regulação sexual do nosso código penal ainda em vigor é seu art.234, que pune com pena de até dois anos quem fizer, “importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno”. Felizmente este último não vem sendo aplicado pelos tribunais há algum tempo, ainda que não haja uma decisão reconhecendo oficialmente sua inconstitucionalidade.

Não bastasse a lei conservadora, os tribunais tendem a ser bastante moralistas na aplicação do Direito quando as questões versam sobre práticas sexuais minoritárias. É paradigmática uma decisão do Tribunal de Justiça de Goiás (Ap. 25220-2/213), que absolveu um acusado de violentar outro homem sob o singelo argumento de que a violência teria ocorrido em uma prática de sexo grupal. Nos fundamentos da decisão se lê que: “a prática de sexo grupal é ato que agride a moral e os costumes minimamente civilizados. 

Se o indivíduo, de forma voluntária e espontânea, participa de orgia promovida por amigos seus, não pode ao final do contubérnio dizer-se vítima de atentado violento ao pudor”(sic). Em outras palavras, pode-se dizer que o tribunal revogou o então crime de atentado violento ao pudor (hoje, estupro) em orgias, negando o direito à liberdade sexual àqueles que optam por práticas sexuais moralmente reprováveis pela maioria.

O Código Civil também parece condenar qualquer prática polígama por parte dos casais ao dispor, em seu artigo 1566, I, que são deveres de ambos os cônjuges a fidelidade recíproca. Uma imposição inaceitável se tratando de pessoas maiores e capazes de decidir sobre as práticas sexuais que lhe aprazem. 

Direito à vida e à morte
A relevância ao reconhecimento de um direito fundamental ao próprio corpo vai muito além da liberdade sexual. É no direito à vida e à morte que a regulação jurídica dos corpos se manifesta de forma mais evidente. Questões como aborto, eutanásia, esterilização e muitas outras são reguladas pelo Direito, em regra dando pouquíssima liberdade aos interessados de disporem de seus próprios corpos.

Vê-se com clareza isso no direito ao aborto, reconhecido na maioria absoluta dos países da Europa e dos estados americanos. No Brasil, por uma nítida influência religiosa, criou-se a ficção jurídica de que o embrião não é parte do corpo da mãe, pois já teria direitos a serem reconhecidos a partir da concepção. Assim, chegamos a situações absurdas, em que fetos anencéfalos possuem mais direitos que a mulher maior e capaz que o carrega no ventre. Uma clara demonstração das dificuldades a serem enfrentadas no reconhecimento do direito à autonomia sobre o próprio corpo. 

Também na regulação da morte as restrições são várias. A eutanásia é punida como homicídio (art.121 CP) e o suicídio assistido é punido com penas de até 6 anos (art.122 CP), obrigando-se muitas vezes ao indivíduo, mesmo quando consciente, a levar uma sobrevida vegetativa contra sua vontade.

A esterilização cirúrgica de pessoas casadas só pode ser realizada com o consentimento expresso do cônjuge (art.10, §5º, da Lei 9.263/96) o que, na prática, limita o direito de muitas mulheres de optarem por não engravidar. 

Liberdade de consciência e de expressão
O reconhecimento do direito a dispor do próprio corpo tem como corolário a liberdade de consciência e também a liberdade de alteração de consciência por meio de drogas psicotrópicas, desde que evidentemente o uso de tais drogas não provoque danos a terceiros. Não cabe a um Estado no qual a liberdade é direito fundamental uma atuação paternalista por parte do governo no sentido de proibir que pessoas maiores e capazes provoquem danos a seus corpos. Deve o Estado, sim, proteger a saúde de crianças e adolescentes, mas no momento em que se reconhece sua plena capacidade jurídica, é preciso que se reconheça também seu direito a usar drogas que alteram sua consciência, ainda que estas lhe venham a causar um eventual dano à saúde.

O que se vê, porém, em relação às drogas psicotrópicas, é uma regulação jurídica dos corpos que chega ao cúmulo de considerar crime o uso recreativo de drogas de baixíssima danosidade ao organismo, como é o caso do cloreto de etila (lança-perfume). Um controle jurídico obsessivo dos estados de consciência, que pune inexplicavelmente o uso de drogas mais leves que o próprio álcool.

O direito ao próprio corpo manifesta-se ainda na liberdade de expressão e na de não expressão, que chamamos de privacidade. É preciso que se reconheça a cada indivíduo o direito de se expressar quando e como queira, mas também o direito de se manter em silêncio e em sossego, longe dos olhares e das câmeras alheias. Por óbvio não se pode admitir que sua expressão ou sua privacidade possa causar dano a direito alheio. Por certo justifica-se seu cerceamento, se a expressão de um pensamento for lesiva à honra ou o exercício da privacidade for lesivo ao direito à informação  de interesse público. A regra, porém, deve ser que um indivíduo possa se expressar ou se recolher à sua privacidade conforme sua conveniência, o que, lamentavelmente, tem se tornado exceção.

A grande batalha jurídica do século XXI será pela libertação dos corpos das normas impostas pelo arbítrio da maioria. Somos herdeiros de uma cultura religiosa que nos impôs ao longo da história uma infinidade de restrições morais e, posteriormente jurídicas, ao uso de nossos próprios corpos.

Não há nada de democrático na imposição pela maioria de normas de conteúdo exclusivamente moral a uma minoria. Se uma conduta não lesa nem gera riscos de lesão a direitos alheios, não há por que ser proibida.

A liberdade de um povo não está simplesmente em escolher seus governantes. Não se pode considerar livre um povo que decide os rumos de seu governo, mas que nega a cada um de seus indivíduos a autonomia de decidir sobre os rumos de seu próprio corpo. 

Liberdade é, antes de tudo, poder decidir sobre o próprio corpo.

FONTE:http://www.revistaforum.com.br/conteudo/detalhe_materia.php?codMateria=9386/O%20direito%20ao%20pr%C3%B3prio%20corpo

Goiás. Senador Demóstenes, que nada temia, quer anular provas

Senador do DEM agora alega que suas conversas com o “professor” Carlinhos Cachoeira, em aparelhos trazidos dos EUA, foram obtidas ilicitamente; nos meios políticos já circula até um novo apelido para o ex-moralista: Senador Cachoeira.

17 de Março de 2012 às 11:07

Foto: Pedro França/Agência Senado.
247 – Senador Cachoeira. Este é o apelido que já circula nos meios políticos e diz respeito, obviamente, ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO), ex-Catão da República, que foi desmascarado desde que a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, captou 298 ligações entre o ex-moralista e o mafioso Carlinhos Cachoeira.

A primeira reação de Demóstenes foi dizer que ele e Cachoeira são amigos e que não sabia que o bicheiro mais famoso do País se dedicava à contravenção. A segunda foi afirmar que tantas conversas tinham como pano de fundo a resolução de problemas amorosos – Cachoeira se casou com a ex-mulher de um amigo de Demóstenes. Em seguida, ele afirmou não ter nada a temer. 

Agora, depois da descoberta que os dois falavam por meio de rádios Nextel – aqueles da propaganda “este é o meu clube” – trazidos dos Estados Unidos, o senador Cachoeira, aliás, senador Demóstenes tem demonstrado mais preocupação. Por meio de seu advogado, o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido em Brasília como Kakay, ele já trata de anular as provas.

Todo o material referente ao senador Demóstenes apreendido na Operação Monte Carlo foi enviado ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para que ele avalie se deve ou não abrir sugerir a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal contra o político goiano. 

De acordo com o advogado Kakay, se Gurgel denunciá-lo, entendendo haver indícios de crime, isso provaria que o senador teria sido gravado ilegalmente, sem aval prévio do STF. “Se o procurador-geral entender que as conversas têm de ser investigadas, vamos levantar a nulidade porque essas provas foram colhidas de maneira ilícita”, disse Kakay.

A Polícia Federal, no entanto, irá alegar que o alvo das interceptações era o bicheiro Carlinhos Cachoeira e que não poderia adivinhar que o contraventor fosse tão próximo do senador Demóstenes. No clube Nextel de Cachoeira, que era chamado de 14 + 1, havia 15 pessoas. Demóstenes era o “1”, o que talvez indique sua importância na organização. O senador é também sócio de uma faculdade privada em Contagem (MG), cuja estrutura societária é um mistério (leia mais aqui).

No Congresso, já há assinaturas suficientes para a instalação da CPI sobre as atividades de Carlinhos Cachoeira. Elas foram recolhidas pelo deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) e Demóstenes Torres certamente será um protagonista da história, se ela vier mesmo a ser instalada.

FONTE:http://brasil247.com/pt/247/poder/48221/Dem%C3%B3stenes-que-nada-temia-quer-anular-provas.htm

Um dia antes da morte, Aziz Ab'Saber entregou relato de sua obra à SBPC.


Cientista morreu hoje em São Paulo, aos 87 anos. Faculdade da USP decretou luto oficial.

  
São Paulo – O geógrafo Aziz Ab'Saber, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e presidente emérito da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), morreu na manhã de hoje (16), aos 87 anos, vítima de ataque cardíaco em sua residência, em Cotia, na Grande São Paulo. A FFLCH decretou luto oficial e cancelou as aulas de hoje. O velório será realizado na Cidade Universitária.

Ainda na tarde de ontem, ele entregou à SBPC sua obra consolidada, de 1946 a 2010, em um DVD, para ser entregue a amigos, colegas da universidade e ao maior número de pessoas. Ab'Saber era conselheiro e presidiu a entidade de 1993 a 1995.

“Tenho o grande prazer de enviar para os amigos e colegas da Universidade o presente DVD que contém um conjunto de trabalhos geográficos e de planejamento elaborados entre 1946-2010. Tratando-se de estudos predominantemente geográficos, eu gostaria que tal DVD seja levado ao conhecimento dos especialistas em geografia física e humana da universidade”, diz Ab'Saber em sua dedicatória.

Nascido em São Luiz do Paraitinga (SP), em 24 de outubro de 1924, Ab'Saber foi um dos mais importantes estudiosos da geomorfologia brasileira. Atuou também como pesquisador das áreas de ecologia, biologia evolutiva, fitogeografia, geologia, arqueologia e geografia. Morreu antes de ver publicada sua última obra, que será o terceiro volume da coleção “Leituras Indispensáveis”, a ser publicado pela SBPC. 

Em 1997 e 2005, ganhou o Prêmio Jabuti na categoria Ciências Humanas e, em 2007, na de Ciências Exatas. Em 2001, recebeu o Prêmio para Ciência e Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Ab'Saber era crítico severo do Código Florestal, em discussão no Congresso, pelo fato de o texto não considerar o zoneamento físico e ecológico de todo o país, como a complexa região semi-árida dos sertões nordestinos, o cerrado brasileiro, os planaltos de araucárias, as pradarias mistas do Rio Grande do Sul, conhecidas como os pampas gaúchos, e o Pantanal mato-grossense. Ele chegou a defender a criação do Código da Biodiversidade para contemplar a preservação das espécies animais e vegetais.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua esposa, Marisa Letícia, divulgaram nota em homenagem ao cientista. "Aziz Ab’Saber foi, sem dúvida, um dos maiores geógrafos que o Brasil já teve. Seu profundo conhecimento da geografia e seu compromisso inabalável com o povo brasileiro foram fonte de inspiração para todos nós", afirma o casal.

"Convivemos intensamente no Instituto Cidadania, no Governo Paralelo e, sobretudo, nas Caravanas da Cidadania. Juntos, percorremos todos os cantos do Brasil, conhecendo a diversidade do nosso país e do nosso povo. A presença do professor Aziz, com sua inteligência e sabedoria, transformou essa experiência em algo extraordinário", prossegue a nota. "Sua presença sempre ativa, crítica e opinativa foi fundamental e ajudou a construir muitas das políticas públicas brasileiras. E foi assim que ele se manteve até seus últimos momentos."

O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) divulgou nota na qual afirma que perdeu "um grande amigo e colaborador". "O povo brasileiro perdeu um dos seus mais brilhantes estudiosos da área ambiental e da geografia de nosso território. 

Estudioso e crítico da realidade, o professor Aziz se notabilizou por suas contribuições para que pudéssemos conhecer melhor as enormes riquezas naturais de nosso país e seus biomas", diz o MST. "O professor Aziz condenava a exploração privatista predatória da natureza, voltada para o lucro fácil para grandes empresas, enquanto deixava o passivo do desequilíbrio para toda a sociedade."

Com informações da SBPC

FONTE:http://www.redebrasilatual.com.br/temas/ambiente/2012/03/antes-da-morte-aziz-absaber-entregou-relato-de-sua-obra-a-sbpc

Universidades privadas criticam mudanças nas regras do Enade.

Amanda Cieglinski - Repórter da Agência Brasil.

Brasília - Representantes de diversas entidades do ensino superior privado se reuniram esta semana em Brasília e redigiram uma carta criticando as mudanças no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) anunciadas pelo Ministério da Educação (MEC). A partir da edição deste ano, participarão da prova também os alunos que estiverem no penúltimo semestre – antes apenas os ingressantes e concluintes eram avaliados.

A medida publicada em portaria na quinta-feira (15) tem como objetivo evitar fraudes no exame que é responsável por avaliar a qualidade dos cursos superiores do país. O MEC recebeu denúncias sobre uma possível manipulação da participação dos alunos no Enade por parte da Universidade Paulista (Unip). A faculdade supostamente reteria os “maus alunos” no penúltimo semestre para que eles não fizessem parte da amostra da prova. Assim, só os alunos mais preparados participariam da avaliação, elevando as notas dos cursos.

O Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular reclama que a lei que institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) prevê apenas a participação de alunos ingressantes e concluintes na prova e, portanto, qualquer mudança deveria ser feita na própria legislação e não por meio de portaria. “Essa é uma regra geral que as instituições de educação superior e toda a comunidade acadêmica incorporaram ao seu planejamento e gestão, confiando na segurança jurídica da medida”, diz a carta que foi encaminhada ontem (16) ao ministro Aloizio Mercadante.

Os representantes das instituições particulares defendem que a medida afetará principalmente os cursos técnicos que têm duração de dois anos. Neste caso, o aluno do penúltimo semestre teria cumprido uma parcela pequena da grade curricular e seria prejudicado na avaliação por não ter visto todo o conteúdo. “ Esses alunos não terão cursado, no mínimo, 25% do conteúdo curricular. Além de punir os estudantes dessa faixa do penúltimo semestre letivo, pune, ainda, as instituições cujos cursos estejam incluídos no exame deste ano e que confiaram nas regras estabelecidas [anteriormente]”, defendem os representantes das instituições.

O fórum pede ao MEC que a portaria seja refeita e considere as regras anteriores do Enade, além de declarar que “não endossa as estratégias que algumas instituições vêm adotando para elevar seus indicadores”. Procurado, o ministério informou que não irá comentar o assunto.
 
Edição: Aécio Amado

FONTE: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-03-17/universidades-privadas-criticam-mudancas-nas-regras-do-enade

sexta-feira, 16 de março de 2012

O Papa no Brasil. Comissão especial vai organizar visita do papa ao Brasil em julho de 2013

Christina Machado - Repórter da Agência Brasil.

Brasília – O governo federal criou uma comissão especial para organizar os preparativos da visita do papa Bento XVI ao Brasil. As atribuições da comissão estão descritas em decreto assinado pela presidenta Dilma Rousseff e publicado hoje (16) no Diário Oficial da União. O papa visitará o Rio de Janeiro, no período de 23 a 28 de julho de 2013, para participar da Jornada Mundial da Juventude.

A jornada foi criada pelo papa João Paulo II, em 1985, e reúne milhões de católicos de países e culturas diferentes, sobretudo jovens, para cultuar as mensagens de amor e união deixadas por Jesus Cristo. O evento é celebrado a cada dois ou três anos. Para cada jornada, o papa sugere um tema.

A comissão especial tem a tarefa de promover a articulação da União com os órgãos federais, estaduais e municipais, a Nunciatura Apostólica, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Arquidiocese do Rio de Janeiro, a fim de que sejam adotadas todas as medidas necessárias para o êxito da visita do pontífice.

A comissão será composta por um representante de cada um dos seguintes órgãos: Secretaria-Geral da Presidência da República; Casa Civil; Gabinete de Segurança Institucional; Secretaria de Aviação Civil; Ministério das Relações Exteriores; Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos; Ministério da Defesa; Ministério da Fazenda; Ministério das Comunicações; e Ministério do Turismo.

Também poderão ser convidados representantes de outros órgãos e entidades da administração pública federal, estadual e municipal, além de entidades privadas, inclusive organizações representativas e sem fins lucrativos, para participar de seus trabalhos.

De acordo com o decreto, a participação na comissão especial será considerada prestação de serviço público relevante e não será remunerada.

Edição: Lílian Beraldo

FONTE: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-03-16/comissao-especial-vai-organizar-visita-do-papa-ao-brasil-em-julho-de-2013

VISÃO GLOBAL: Valorize o saber, segure seu petróleo.

Estudo da OCDE mostra que países com menos recursos naturais investem mais no ensino e valorizam capacidades e conhecimentos do povo.
 
THOMAS FRIEDMAN - THE NEW YORK TIMES.
 
Frequentemente alguém me pergunta: “Que país você admira, além do seu?” Minha resposta é sempre a mesma: Taiwan. “Taiwan? Por que Taiwan?”, as pessoas perguntam. É muito simples: porque Taiwan é uma rocha nua em um mar repleto de tufões sem recursos naturais que lhe permitam sobreviver – ela precisa importar até areia e cascalho da China para construção –, mas tem a quarta maior reserva financeira do mundo. 

Porque em vez de escavar a terra e minerar o que quer que encontre em baixo dela, Taiwan cultiva seus 23 milhões de habitantes, seu talento, energia e inteligência – homens e mulheres indistintamente. Sempre digo a meus amigos em Taiwan: “Vocês são as pessoas mais privilegiadas do mundo. 

Como foi que conseguiram ter tanta sorte? Vocês não têm petróleo, não têm minério de ferro, florestas, diamantes, ouro, apenas alguns pequenos depósitos de carvão e gás natural – e por causa disso desenvolveram hábitos e uma cultura que lhes permitiram aprimorar os talentos do seu povo, e os converteram no recurso mais valioso e mais autenticamente renovável do mundo hoje. Como foi que conseguiram tanta sorte assim?” Pelo menos, era o que eu achava instintivamente. Agora, aí estão as provas.

Uma equipe da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) acaba de apresentar um pequeno, mas fascinante, estudo que estabelece a correlação entre o desempenho no exame do Programa de Avaliação Internacional de Alunos (o Pisa), que a cada dois anos aplica testes de matemática, ciências e compreensão de leitura para alunos de 15 anos de 65 países, e os ganhos totais obtidos com seus recursos naturais como porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país participante. 

Em resumo, como se saem os alunos do ensino médio dos EUA em matemática em comparação com a quantidade de petróleo que bombeamos ou de diamantes que exploramos? Os resultados indicaram uma “significativa relação negativa entre o dinheiro que os países obtêm dos recursos naturais e o conhecimento e a capacidade de sua população de ensino médio”, disse Andreas Schleicher, que supervisiona os exames do Pisa para a OCDE. “Trata-se de uma avaliação global de 65 países que participaram do mais recente exame do Pisa”. Petróleo e Pisa não se misturam. (Veja o mapa de dados).

Como diz a Bíblia, acrescentou Schleicher: “Durante 40 anos, Moisés guiou os judeus em meio a grandes dificuldades através do deserto rumo à terra prometida no Oriente Médio, onde não havia petróleo. Mas, no fim, Moisés conseguiu. Hoje, Israel é uma das economias mais inovadoras e sua população tem um padrão de vida que a maioria dos países ricos em petróleo da região não tem condições de oferecer”.

Recursos. Portanto, segure o petróleo e valorize o conhecimento. Segundo Schleicher, nos resultados do último Pisa estudantes de Cingapura, Finlândia, Coreia do Sul, Hong Kong e Japão destacaram-se por suas notas elevadas e seus escassos recursos naturais, enquanto Catar e Casaquistão se destacaram por ter as rendas mais elevadas em razão do petróleo e as notas mais baixas do Pisa. (Arábia Saudita, Kuwait, Omã, Argélia, Bahrein, Irã e Síria apresentaram os mesmos resultados num teste semelhante de 2007 das Tendências do Estudo Internacional de Matemática e Ciências, TIMSS na sigla em inglês, enquanto, um fato interessante, estudantes do Líbano, Jordânia e Turquia – países do Oriente Médio com escassos recursos naturais – obtiveram resultados melhores.) 

Mas estudantes de muitos países ricos em recursos naturais da América Latina, como Brasil, México e Argentina, obtiveram uma classificação ruim. A África não foi testada. Canadá, Austrália e Noruega, países que também dispõem de abundantes recursos naturais, continuam com boas notas no Pisa, em grande parte, afirma Schleicher, pois os três países adotaram políticas destinadas a economizar e investir a receita proporcionada por tais recursos, em vez de consumi-los.

Somando tudo isso, os números mostrarão que, se quisermos realmente saber qual será o desempenho de um país no século 21, não deveremos contar seus recursos de petróleo ou suas minas de ouro, mas seus professores extremamente eficientes, pais zelosos e estudantes aplicados. “Os resultados do aprendizado na escola, hoje, permitem prever com bastante acerto os resultados em termos sociais e da riqueza que os países colherão no longo prazo”, diz Schleicher.

Os economistas conhecem há muito tempo essa “doença holandesa”, que aparece quando um país se torna tão dependente da exportação de recursos naturais que sua moeda se valoriza enormemente e, como resultado, sua indústria nacional fica esmagada sob montanhas de produtos de importação baratos, enquanto suas exportações encarecem demais. O que a equipe do Pisa revelou é uma doença relacionada a essa situação: parece que as sociedades que dependem fundamentalmente de seus recursos naturais criam pais e jovens que perdem em parte seus instintos, hábitos e incentivos para se esforçarem e aperfeiçoarem seus talentos.

Por outro lado, diz Schleicher, “em países dotados de escassos recursos naturais – como Finlândia, Cingapura ou Japão – a educação apresenta grandes resultados e confere uma situação social elevada, ao menos em parte porque o público em geral compreendeu que o país precisa sobreviver valorizando seus conhecimentos e suas capacidades, e elas dependem da qualidade da educação.

Os pais e filhos destes países sabem que o talento do seu filho decidirá as chances que ele terá na vida e nada mais poderá salvá-los e, portanto, eles criam toda uma cultura e um sistema educativo ao seu redor”. Ou, como afirma meu amigo indiano-americano, K.R. Sridhar, fundador da empresa Bloom Energy de células de combustível do Vale do Silício: “Quando você não tem recursos materiais, passa a explorar o recurso de sua engenhosidade”.

É por isso que os países com o maior número de companhias listadas no Nasdaq são Israel, China/Hong Kong, Taiwan, Índia, Coreia do Sul e Cingapura – nenhum dos quais dispõe de recursos naturais para explorar.

Mas no estudo há também uma importante mensagem para o mundo industrializado. Nestes tempos difíceis para a economia, nós nos sentimos tentados a respaldar nosso padrão de vida atual incorrendo em responsabilidades financeiras ainda maiores para o futuro.

Evidentemente, numa recessão prolongada o estímulo também influi, mas “a única maneira possível é criarmos nossa solução proporcionando a um número maior de pessoas o conhecimento e a capacidade de competir, colaborar e conectar de modo a levar nosso país para frente”, afirma Schleicher.

Em suma, ele prossegue, “o conhecimento e a capacidade tornaram-se a moeda global das economias do século 21, embora sem um banco central que imprima esta moeda. É claro que é sensacional ter petróleo, gás e diamantes, que permitem comprar empregos. 

Mas, no longo prazo, acabarão enfraquecendo a sociedade, a não ser que exista o hábito de construir escolas e adotar uma cultura de aprendizado para a vida toda. “O que nos manterá caminhando para a frente”, diz Schleicher, será sempre “nossa contribuição pessoal”.

FONTE: Blog Radar Global do EstadãoTRADUÇÃO: ANNA CAPOVILLA

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Estados Unidos. George Clooney é preso em protesto na embaixada do Sudão

George Clooney foi conduzido a uma viatura policial após ser preso durante um protesto em Washington. Foto: AP George Clooney foi conduzido a uma viatura policial após ser preso durante um protesto em Washington
Foto: AP

O ator americano George Clooney foi preso por desordem civil nesta sexta-feira durante um protesto em frente à embaixada sudanesa em Washington, nos Estados Unidos. Clooney fazia parte de uma manifestação que acusava o presidente do Sudão, Omar al-Bashir, de provocar uma crise humanitária e impedir a chegada de alimentos à região de Nuba, na fronteira com o Sudão do Sul. 

George Clooney, assim como vários congressistas, ativistas e seu pai, o jornalista Nick Clooney, foi algemado e levado em uma patrulha da polícia apos desobedecer três avisos dados pelas autoridades para não atravessar a linha de segurança montada no perímetro da embaixada. O grupo de manifestantes exibia cartazes com os dizeres: "Sudão: Pare com as armas de fome em massa".

Antes de ser preso, ele chegou a conceder entrevistas à imprensa. Clooney disse que espera atrair mais atenção para a questão e se disse impressionado com o engajamento do presidente americano, Barack Obama, no assunto. 

O ator também disse que, se nenhuma ação for tomada nos próximos três ou quatro meses, ocorrerá um "verdadeiro desastre humanitário". 

Clooney viajou recentemente ao Cordofão do Sul, um Estado do Sudão onde os combates entre o exército e os rebeldes favoráveis a uma anexação com o Sudão do Sul levaram a uma grave crise de fome. De volta aos Estados Unidos, Clooney acusou o governo de Cartum de crimes de guerra, falando ante uma comissão do Senado. 

Crítico de longa data do governo do Sudão pelo conflito separatista em Darfur, Clooney disse à comissão do Senado que o presidente Omar al-Bashir e seus colaboradores estão "provando ser os maiores criminosos de guerra deste século até o momento". 

Clooney também é cofundador do organização Satellite Sentinel Project, que usa imagens de satélite para observar possíveis ataques aéreos e o movimento de tropas no Sudão e no Sudão do Sul. 

O Sudão do Sul se tornou independente em julho do ano passado, depois de duas décadas de guerra civil. No entanto, outro conflito separatista explodiu pouco depois no Cordofão do Sul e perto do Estado de Nilo Azul, no qual Cartum combate contra os insurgentes, uma vez aliados aos ex-rebeldes que agora governam o Sudão do Sul.

FONTE:http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5668901-EI8141,00-George+Clooney+e+preso+em+protesto+na+embaixada+do+Sudao.html