segunda-feira, 19 de novembro de 2012

São Luís. Feira do Livro acontecerá de 23 de novembro a 02 de dezembro no Ceprama.

A produção literária local e nacional poderá ser vista durante a 6ª Feira do Livro de São Luís, promovida pela Prefeitura, por meio da Fundação Municipal de Cultura (Func), que será aberta na próxima sexta-feira, dia 23. Uma novidade é que a Feira migra da Praça Maria Aragão, tradicional local de realização, e passa a habitar todo o complexo do Ceprama, na Madre Deus.

Este ano, a Feira do Livro de São Luís acontece no período de 23 de novembro a 02 de dezembro e traz como tema “São Luís, 400 anos escrevendo nos livros sua história”. Nesta edição, a grande homenageada é a cidade de São Luís. Toda a temática e a programação do evento estarão voltadas para a celebração do seu quarto centenário.
Foto - www.kamaleao.com

Ao todo, 65 espaços entre auditórios, teatros, espaço infantil - da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e do Serviço Social do Comércio (Sesc/MA), Casa do Escritor e Sala de Autógrafo, Arena Jovem, Café Literário, Troca-troca Literário, estandes institucionais, tendas temáticas, Praça de Alimentação e o Espaço dos Livros, estarão instalados em cerca de 15 metros quadrados, ocupando as áreas interna e externa do Ceprama, e com horário de funcionamento das 14h às 22h.

Casa do Escritor - A Casa do Escritor é um espaço aberto para lançamentos e relançamentos de obras, que também oferece palestras e rodas de conversa acerca de marcos históricos e culturais brasileiros. Anexo ao espaço, há, ainda, uma sala especial para sessão de autógrafos, em que o escritor poderá receber os visitantes e convidados.

Entre os relançamentos de livros programados, está a obra “Campanário da Padroeira: subsídios para a história de Colinas”, livro publicado recentemente no município de Colinas (MA), de autoria do historiador Paulo Eduardo de Souza Pereira, que também é ilustrador e professor de escola pública. O livro relembra a história da cidade conhecida como a “Princesinha do Alto Sertão Maranhense”, localizada a 430 quilômetros de São Luís. São mais de 300 páginas literárias, recheadas também de muitas fotos antigas, inúmeras ilustrações de sua autoria e relatos de fatos cronológicos.

Fruto de um longo trabalho de oito anos, o pesquisador atribui à sua obra o caráter de uma importante fonte de pesquisa para comunidade colinense, especialmente aos estudantes, e uma contribuição aos registros históricos do estado. “A minha obra mostra uma realidade bem diferente, de uma cidade com grande riqueza cultural e que deu grande contribuição à economia do Estado, com a força da sua pecuária e agricultura”, ressalta Paulo Eduardo.

Este relançamento acontece às 20 horas do dia 24, segundo dia de atividades da Feira. Neste mesmo dia, também lançam livros os escritores Kelson Moura Costa, Douglas Batista Pereira Ribeiro e Marinete Silva Oliveira. Já no dia 25 (domingo), será a vez dos escritores Saulo Barreto Lima Fernandes, Vanessa Gonsioroski e Marcos Linhares fazerem seus lançamentos.

Ainda há horários disponíveis para outros escritores participarem da programação da Casa do Escritor. Os interessados podem se inscrever na Func (Rua Isaac Martins, 144 – Centro, em frente à Fonte do Ribeirão), até o dia 21, no horário das 14h às 18h.

BOX

Confira a programação da Casa do Escritor para os dias 24 a 26/11

24/11 (sábado)

15h30 - Kelson Moura Costa/ Obra: As Cartas que escrevi      

17h - Douglas Batista Pereira Ribeiro/ Obra: Sombras da Lei

18h30 - Marinete Silva Oliveira/ Obra: Coleção Carrossel do Saber  

20h - Paulo Eduardo de Sousa Pereira/ Obra: O campanário da padroeira: subsídios para a História de Colinas     

25/11 (domingo)

17 h -        Saulo Barreto Lima Fernandes/ Obra: Coletâneas   

18h30 - Vanessa Gonsioroski/ Obra: Amor, Desamor e Renascimento

20h - Marcos Linhares/ Obra: Literatura e Verdade na Apuração Policial e no Jornalismo       

26/11 (segunda-feira)

15h30 - M.P. Haickel/ Obra: Falando de Leitura     

17h - Saulo Barreto Lima Fernandes/ Obra: Concursos Literários: Como participar?    

18h30 - Luis Lima/ Obra: Arrumador de Palavras   

20h - Adauto Silva França/ Obra: São Luís 400 anos.

Monstruosidade - Homem enciumado mata a própria esposa a facadas e corta a vagina da mulher.

O homem identificado como Elias da Conceição foi preso, espancado e amarrado em um tronco de arvore, por populares, no último final de semana no povoado Bom Principio, no município de Bacabal.
 
Elias da Conceição matou a esposa, identificada como Rosane, 21 anos, a pauladas e várias facadas.

De acordo com a policia, que ao chegar ao município encontrou o acusado amarrado, informou que Elias confessou o crime, e disse que o motivo foi uma suposta traição da esposa.

O crime revoltou a família e amigos da vitima, que era muito querida na região. Elias desconfiado e possesso de ciúmes teria cobrado da mulher explicações sobre a possibilidade dela está o traindo, após várias negativas de Rosane, e insistência de Elias, ela acabou dizendo que o traia.

Elias teria ficado enlouquecido, se armou com um pedaço de pau, e atingiu a companheira que caiu. Em seguida, com uma faca em punho desferiu várias facadas na mulher. 

Um dos golpes teria atingido a vagina da mulher, deixando-a completamente desfigurada.

Elias da Conceição, por muito pouco não foi morto pela população. Ele foi entregue a polícia amarrado e autuado pela Dra. Noemia Maia, da Delegacia Regional de Bacabal.

Alan Templeton: conceito de raça é cultural

Por jns

Do Boletim UFMG


Alan Templeton

Encontrar um índio brasileiro não miscigenado ou mesmo um alemão puro da raça ariana é tarefa quase impossível. É o que se conclui do trabalho coordenado pelo biólogo norte-americano Alan Templeton, da Washington Universityof Saint Louis, que promete pôr fim ao conceito de raça, em nome do qual foram cometidas algumas das maiores atrocidades da história da humanidade.

A pesquisa de Templeton comparou mais de oito mil pessoas de várias partes do mundo, entre elas índios ianomamis e xavantes do Brasil. "As diferenças genéticas entre grupos das mais distintas etnias são insignifi-cantes", afirma o pesquisador, que, apesar dos seus olhos azuis e cabelos louros, pode ter mais genes africanos do que o rei Pelé. Templeton, que esteve no ICB participando do IV Seminário de Ecologia Evolutiva, na semana passada, falou com exclusividade ao BOLETIM.

BOLETIM: Sua pesquisa parece cair como luva para quem quer entender o processo de miscigenação ocorrido no Brasil...

Templeton: Sim. Curiosamente, foi aqui no Brasil que, há mais de 20 anos eu senti - digo senti porque ainda não era algo científico, mas emocional mesmo - o quanto é arbitrária a divisão dos seres humanos em raças. Um professor da USP me contou que, numa viagem aos Estados Unidos, percebeu que lá, diferentemente do Brasil, as pessoas morenas ou pardas são consideradas negras. Foi aí que comecei a compreender que a classificação de pessoas em raças é feita a partir de uma vivência cultural. A definição de negro, para o brasileiro, é diferente daquela usada por quem mora no Alaska. O conceito de raça, ao contrário do que se acredita, não é biológico, mas cultural.

B: Se não existem raças, porque um negro norte-americano é tão diferente de um japonês ou de um índio maxacali?

T: Os genes, unidades que carregam todas as informações sobre o organismo de um ser humano, determinam as características físicas. Mas as partículas que definem a cor do cabelo ou o formato do rosto são tão poucas que perdem seu significado quando comparadas ao número total de genes. A cor da pele de uma pessoa pode representar uma adaptação biológica a certas condições geográficas ao longo de sua evolução. Na região de origem dos negros, por exemplo, o sol é bastante forte. Como o excesso de energia solar prejudica o organismo, a cor negra protege a pele contra os raios nocivos. Não importa se há diferenças na cor da pele, nas feições do rosto, na estatura ou origem geográfica. Geneticamente, somos todos iguais.

B: Seria possível, então, encontrar mais genes africanos num alemão "puro" do que em num negro nascido na África?

T: Sem dúvida. Às vezes, as diferenças mais gritantes aparecem entre indiví-duos de um mesmo grupo étnico, como os asiáticos. Os resultados da minha pesquisa demonstraram que, quando há diferença significativa, 85% ocorrem entre pessoas possuidoras das mesmas características físicas. Afinal, os nossos genes vêm de todas as partes. Já as diferenças entre os negros africanos e os brancos europeus, que serviriam de base para raças bem distintas, são de apenas 15%.

B: Os resultados da sua pesquisa podem contribuir para o fim do preconceito racial?

T: O preconceito é uma questão que preocupa o mundo inteiro. Se não existem raças, porque há discriminação? Não faz sentido achar que os negros são melhores ou piores que os brancos se os seus genes são praticamente os mesmos.

B: No Brasil, o IBGE divide os indivíduos em negros, brancos, pardos, amarelos e indígenas. Como será a divisão se o conceito de raça for extinto?

T: Quando começarem a se ver de maneira diferente, os seres humanos passarão a ser tratados como indivíduos e não só como membros de uma categoria. É lamentável que essas instituições ainda agrupem as pessoas de forma estanque. Reconheço que produzem estatísticas válidas para a definição de determinadas políticas públicas, mas no futuro a forma de se categorizar as pessoas terá de sofrer mudanças. Se é que essas classificações serão tão importantes assim.

Newanalysis shows three human migrations out ofAfrica

Replacement theory ‘demolished’

Face Oculta do Racismo no Brasil:
Uma Análise Psicossociológica
http://www.fafich.ufmg.br/~psicopol/pdfv1r1/Leoncio.pdf


FONTE: chttp://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/alan-templeton-conceito-de-raca-e-culturalultural

Presidente Dilma "O humano é capital".

Brasil S.A
Autor(es): Juliana Borre 
Correio Braziliense - 19/11/2012

crescimento econômico também depende da esperança. Da crença de que uma realidade melhor é possível. Esse foi o tom empreendido pela presidente Dilma Rousseff, sábado, na 22ª Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado, em Cádiz, na Espanha. O país de Miguel de Cervantes, aliás, bem sabe o que é isso. Vive uma dura recessão. Depara-se com elevadas taxas de desemprego, com o medo constante da perda, com atos desesperados de suicídio.

Os gregos, por sua vez, tentam resistir ao arrocho. Revoltam-se, fazem greve, enfrentam a polícia, protestam contra os cortes rigorosos aos quais estão sendo submetidos para que a Grécia cumpra as metas estabelecidas pelos credores internacionais. Vinte e cinco por cento das pessoas estão ameaçadas pela pobreza. Diante desse cenário, a presidente não deixa de ter razão. Como fazer a economia voltar a crescer se socialmente não é possível ver uma luz no fim do túnel?


Em seus 15 minutos de discurso na cúpula, Dilma criticou as medidas de austeridade adotadas, sobretudo, nos países europeus que mais sofrem com a crise mundial. Disse ser equivocado achar que “a consolidação fiscal coletiva, simultânea e acelerada seja benéfica e resulte numa ação efetiva”. “Confiança não se constrói apenas com sacrifícios. É preciso que a estratégia mostre resultados, apresente um horizonte de esperança e não apenas a perspectiva de mais anos de sofrimento”, enfatizou.


E, para reiterar as críticas, vendeu o seu peixe ao dizer que o Brasil tem buscado um equilíbrio entre as medidas de estímulo ao desenvolvimento socioeconômico e a prudência fiscal. De fato, na última década, a população brasileira conquistou um considerável ganho social. E, mesmo tendo de lidar com a crise, ainda há um clima de otimismo pairando no ar. Ou seja, somos, no mínimo, um exemplo interessante, o exemplo da sexta maior economia do mundo.


Mas, para buscar inspiração, talvez não fosse necessário que os países europeus atravessassem o oceano. Um país de 312,7 mil km² e 38 milhões de habitantes pode ter a ensinar. E não só por estar resistindo aos encalços da crise e por conseguir crescer 4,3%, em 2011, diante do 1,6% da União Europeia (UE), bloco do qual faz parte. Mas também pelo fato de o momento atual ser consequência de um grande desejo de reestruturação iniciado após a queda do regime comunista, em 1989.


As pessoas, uma prioridade

A Polônia, o país em questão, tem indicadores que justificam a empolgação de seus líderes e de seus habitantes, mesmo que rodeados por ressalvas. Há 23 anos, investe em si. E, sobretudo, em seu capital humano, como gosta de frisar o governo. Quando iniciou a transição para o atual modelo político, amargava a antipenúltima posição no ranking europeu da população com nível superior. Hoje, um de cada 10 universitários da UE é polonês. Uma proporção grande se lembrarmos que fazem parte do bloco 27 Estados-membros.

Dezessete por cento das pessoas têm graduação — no Brasil, segundo o Censo de 2010, ainda são apenas 7,9%. E, no país europeu, as áreas com maior procura são as de engenharia e formação tecnológica. Há incentivo também para a formação de nível técnico, profissional imprescindível para o desenvolvimento do setor industrial. Dos recursos que recebe do bloco europeu (67 bilhões de euros entre 2007 e 2013, além dos 20 bilhões de euros que dá como contrapartida), 14,5% são investidos nesse capital humano. A aplicação é feita em projetos não só de educação, mas de redução da exclusão e das diferenças sociais, de integração do país, de desenvolvimento regional, de geração de emprego e de bem-estar.


A competitividade do zloty

Obviamente, os aspectos sociais não se sustentam sós. É preciso que a economia esteja alinhada a eles. E a resistência polonesa à crise tem pilares muito específicos. Além do recebimento dos fundos da UE, tem a sorte de ainda não ter aderido ao euro. Com a crise, a sua moeda, o zloty, tornou-se mais competitiva. Sem contar o respaldo que tem na economia alemã — um quarto das suas exportações vão para o país vizinho — e no seu forte mercado interno, característica fundamental também para o Brasil.

Ao somar tudo isso, é impossível não perceber que a Polônia está alguns passos à frente de grande parte da Europa, seja em relação aos membros da UE, seja frente aos países do Leste europeu. Mas, como 80% das suas exportações vão para o próprio continente, sabe agora que precisa diversificar mercados para não ficar refém do longo processo de superação da crise. E por isso quer uma aproximação com outras nações emergentes, entre as quais o próprio Brasil, a Turquia, o Cazaquistão, o Canadá e Argélia, além de outras latino-americanas.


Desejo de ser um Bric

Está muito claro também o interesse polonês por um maior diálogo com os demais Brics — Rússia, China e Índia. Talvez apenas para abrir portas, ou mesmo, em um futuro a médio prazo, por que não?, aliar-se a eles. Fato é que a Polônia parece querer ir mais adiante. Sabe dos seus pontos fracos e está determinada a contorná-los. Uma amostra disso é o resultado da última edição do relatório de doing business do Banco Mundial. A Polônia foi o que mais subiu posições no ranking que classifica a capacidade de fazer negócios em 185 países. Passou de 74º, na análise anterior, para 55º.

O segredo para tamanha evolução, diz o governo polonês, foi destrinchar cada aspecto analisado para o cálculo do índice e investir na melhoria dele. Mais um ponto positivo para a captação de investimento estrangeiro. E esse é apenas um exemplo da vontade dos poloneses de ir além. Difícil duvidar que eles consigam, ainda que estejam ameaçados pela crise. Desde que não deixem de lado o que sempre foi uma prioridade: o capital humano, foco dos tempos modernos poloneses surgidos a partir da articulação do Sindicato, depois Partido, Solidariedade. E, certamente, o recado da presidente Dilma, de partido igualmente fundado por sindicalistas, também serve para eles.


Fonte:http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/11/19/o-humano-e-capital 

domingo, 18 de novembro de 2012

O IMPÉRIO DO CONSUMO.

Segue um belo texto de Eduardo Galeano

A explosão do consumo no mundo atual faz mais barulho do que todas as guerras e mais algazarra do que todos os carnavais.
 
Como diz um velho provérbio turco, aquele que bebe a conta, fica bêbado em dobro. A gandaia aturde e anuvia o olhar; esta grande bebedeira universal parece não ter limites no tempo nem no espaço. 
 
Mas a cultura de consumo faz muito barulho, assim como o tambor, porque está vazia; e na hora da verdade, quando o estrondo cessa e acaba a festa, o bêbado acorda, sozinho, acompanhado pela sua sombra e pelos pratos quebrados que deve pagar. 
 
A expansão da demanda se choca com as fronteiras impostas pelo mesmo sistema que a gera. O sistema precisa de mercados cada vez mais abertos e mais amplos tanto quanto os pulmões precisam de ar e, ao mesmo tempo, requer que estejam no chão, como estão, os preços das matérias primas e da força de trabalho humana. 
 
O sistema fala em nome de todos, dirige a todos suas imperiosas ordens de consumo, entre todos espalha a febre compradora; mas não tem jeito: para quase todo o mundo esta aventura começa e termina na telinha da TV.
 
A maioria, que contrai dívidas para ter coisas, termina tendo apenas dívidas para pagar suas dívidas que geram novas dívidas, e acaba consumindo fantasias que, às vezes, materializa cometendo delitos. 
 
O direito ao desperdício, privilégio de poucos, afirma ser a liberdade de todos.Dize-me quanto consomes e te direi quanto vales. Esta civilização não deixa as flores dormirem, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores estão expostas à luz contínua, para fazer com que cresçam mais rapidamente. Nas fábricas de ovos, a noite também está proibida para as galinhas. E as pessoas estão condenadas à insônia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar. 
 
Este modo de vida não é muito bom para as pessoas, mas é muito bom para a indústria farmacêutica. Os EUA consomem metade dos calmantes, ansiolíticos e demais drogas químicas que são vendidas legalmente no mundo; e mais da metade das drogas proibidas que são vendidas ilegalmente, o que não é uma coisinha à-toa quando se leva em conta que os EUA contam com apenas cinco por cento da população mundial.«Gente infeliz, essa que vive se comparando», lamenta uma mulher no bairro de Buceo, em Montevidéu. 
 
A dor de já não ser, que outrora cantava o tango, deu lugar à vergonha de não ter. Um homem pobre é um pobre homem. «Quando não tens nada, pensas que não vales nada», diz um rapaz no bairro Villa Fiorito, em Buenos Aires. E outro confirma, na cidade dominicana de San Francisco de Macorís: «Meus irmãos trabalham para as marcas. Vivem comprando etiquetas, e vivem suando feito loucos para pagar as prestações».Invisível violência do mercado: a diversidade é inimiga da rentabilidade, e a uniformidade é que manda. 
 
A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todas partes suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora do que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.O consumidor exemplar é o homem quieto. 
 
Esta civilização, que confunde quantidade com qualidade, confunde gordura com boa alimentação. Segundo a revista científica The Lancet, na última década a «obesidade mórbida» aumentou quase 30% entre a população jovem dos países mais desenvolvidos. Entre as crianças norte-americanas, a obesidade aumentou 40% nos últimos dezesseis anos, segundo pesquisa recente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Colorado. O país que inventou as comidas e bebidas light, os diet food e os alimentos fat free, tem a maior quantidade de gordos do mundo. 
 
O consumidor exemplar desce do carro só para trabalhar e para assistir televisão. Sentado na frente da telinha, passa quatro horas por dia devorando comida plástica.Vence o lixo fantasiado de comida: essa indústria está conquistando os paladares do mundo e está demolindo as tradições da cozinha local. Os costumes do bom comer, que vêm de longe, contam, em alguns países, milhares de anos de refinamento e diversidade e constituem um patrimônio coletivo que, de algum modo, está nos fogões de todos e não apenas na mesa dos ricos. 
 
Essas tradições, esses sinais de identidade cultural, essas festas da vida, estão sendo esmagadas, de modo fulminante, pela imposição do saber químico e único: a globalização do hambúrguer, a ditadura do fast food. A plastificação da comida em escala mundial, obra do McDonald´s, do Burger King e de outras fábricas, viola com sucesso o direito à autodeterminação da cozinha: direito sagrado, porque na boca a alma tem uma das suas portas.
 
A Copa do Mundo de futebol de 1998 confirmou para nós, entre outras coisas, que o cartão MasterCard tonifica os músculos, que a Coca-Cola proporciona eterna juventude e que o cardápio do McDonald´s não pode faltar na barriga de um bom atleta. O imenso exército do McDonald´s dispara hambúrgueres nas bocas das crianças e dos adultos no planeta inteiro. O duplo arco dessa M serviu como estandarte, durante a recente conquista dos países do Leste Europeu. As filas na frente do McDonald´s de Moscou, inaugurado em 1990 com bandas e fanfarras, simbolizaram a vitória do Ocidente com tanta eloqüência quanto a queda do Muro de Berlim.
 
Um sinal dos tempos: essa empresa, que encarna as virtudes do mundo livre, nega aos seus empregados a liberdade de filiar-se a qualquer sindicato. O McDonald´s viola, assim, um direito legalmente consagrado nos muitos países onde opera. Em 1997, alguns trabalhadores, membros disso que a empresa chama de Macfamília, tentaram sindicalizar-se em um restaurante de Montreal, no Canadá: o restaurante fechou. Mas, em 98, outros empregados do McDonald´s, em uma pequena cidade próxima a Vancouver, conseguiram essa conquista, digna do Guinness.
 
As massas consumidoras recebem ordens em um idioma universal: a publicidade conseguiu aquilo que o esperanto quis e não pôde. Qualquer um entende, em qualquer lugar, as mensagens que a televisão transmite. No último quarto de século, os gastos em propaganda dobraram no mundo todo. Graças a isso, as crianças pobres bebem cada vez mais Coca-Cola e cada vez menos leite e o tempo de lazer vai se tornando tempo de consumo obrigatório. 
 
Tempo livre, tempo prisioneiro: as casas muito pobres não têm cama, mas têm televisão, e a televisão está com a palavra. Comprado em prestações, esse animalzinho é uma prova da vocação democrática do progresso: não escuta ninguém, mas fala para todos. Pobres e ricos conhecem, assim, as qualidades dos automóveis do último modelo, e pobres e ricos ficam sabendo das vantajosas taxas de juros que tal ou qual banco oferece. Os especialistas sabem transformar as mercadorias em mágicos conjuntos contra a solidão. 
 
As coisas possuem atributos humanos: acariciam, fazem companhia, compreendem, ajudam, o perfume te beija e o carro é o amigo que nunca falha. A cultura do consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados. Os buracos no peito são preenchidos enchendo-os de coisas, ou sonhando com fazer isso. E as coisas não só podem abraçar: elas também podem ser símbolos de ascensão social, salvo-condutos para atravessar as alfândegas da sociedade de classes, chaves que abrem as portas proibidas. 
 
Quanto mais exclusivas, melhor: as coisas escolhem você e salvam você do anonimato das multidões. A publicidade não informa sobre o produto que vende, ou faz isso muito raramente. Isso é o que menos importa. Sua função primordial consiste em compensar frustrações e alimentar fantasias. Comprando este creme de barbear, você quer se transformar em quem?O criminologista Anthony Platt observou que os delitos das ruas não são fruto somente da extrema pobreza. Também são fruto da ética individualista. 
 
A obsessão social pelo sucesso, diz Platt, incide decisivamente sobre a apropriação ilegal das coisas. Eu sempre ouvi dizer que o dinheiro não trás felicidade; mas qualquer pobre que assista televisão tem motivos de sobra para acreditar que o dinheiro trás algo tão parecido que a diferença é assunto para especialistas.Segundo o historiador Eric Hobsbawm, o século XX marcou o fim de sete mil anos de vida humana centrada na agricultura, desde que apareceram os primeiros cultivos, no final do paleolítico. 
 
A população mundial torna-se urbana, os camponeses tornam-se cidadãos. Na América Latina temos campos sem ninguém e enormes formigueiros urbanos: as maiores cidades do mundo, e as mais injustas. Expulsos pela agricultura moderna de exportação e pela erosão das suas terras, os camponeses invadem os subúrbios. Eles acreditam que Deus está em todas partes, mas por experiência própria sabem que atende nos grandes centros urbanos. 
 
As cidades prometem trabalho, prosperidade, um futuro para os filhos. Nos campos, os esperadores olham a vida passar, e morrem bocejando; nas cidades, a vida acontece e chama. Amontoados em cortiços, a primeira coisa que os recém chegados descobrem é que o trabalho falta e os braços sobram, que nada é de graça e que os artigos de luxo mais caros são o ar e o silêncio.  
 
Enquanto o século XIV nascia, o padre Giordano da Rivalto pronunciou, em Florença, um elogio das cidades. Disse que as cidades cresciam «porque as pessoas sentem gosto em juntar-se». Juntar-se, encontrar-se. Mas, quem encontra com quem? A esperança encontra-se com a realidade? O desejo, encontra-se com o mundo? E as pessoas, encontram-se com as pessoas? Se as relações humanas foram reduzidas a relações entre coisas, quanta gente encontra-se com as coisas? O mundo inteiro tende a transformar-se em uma grande tela de televisão, na qual as coisas se olham mas não se tocam. 
 
As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos. Os terminais de ônibus e as estações de trens, que até pouco tempo atrás eram espaços de encontro entre pessoas, estão se transformando, agora, em espaços de exibição comercial. O shopping center, o centro comercial, vitrine de todas as vitrines, impõe sua presença esmagadora. As multidões concorrem, em peregrinação, a esse templo maior das missas do consumo. A maioria dos devotos contempla, em êxtase, as coisas que seus bolsos não podem pagar, enquanto a minoria compradora é submetida ao bombardeio da oferta incessante e extenuante. 
 
A multidão, que sobe e desce pelas escadas mecânicas, viaja pelo mundo: os manequins vestem como em Milão ou Paris e as máquinas soam como em Chicago; e para ver e ouvir não é preciso pagar passagem. Os turistas vindos das cidades do interior, ou das cidades que ainda não mereceram estas benesses da felicidade moderna, posam para a foto, aos pés das marcas internacionais mais famosas, tal e como antes posavam aos pés da estátua do prócer na praça. Beatriz Solano observou que os habitantes dos bairros suburbanos vão ao center, ao shopping center, como antes iam até o centro.
 
O tradicional passeio do fim-de-semana até o centro da cidade tende a ser substituído pela excursão até esses centros urbanos. De banho tomado, arrumados e penteados, vestidos com suas melhores galas, os visitantes vêm para uma festa à qual não foram convidados, mas podem olhar tudo. Famílias inteiras empreendem a viagem na cápsula espacial que percorre o universo do consumo, onde a estética do mercado desenhou uma paisagem alucinante de modelos, marcas e etiquetas. A cultura do consumo, cultura do efêmero, condena tudo à descartabilidade midiática. 
 
Tudo muda no ritmo vertiginoso da moda, colocada à serviço da necessidade de vender. As coisas envelhecem num piscar de olhos, para serem substituídas por outras coisas de vida fugaz. Hoje, quando o único que permanece é a insegurança, as mercadorias, fabricadas para não durar, são tão voláteis quanto o capital que as financia e o trabalho que as gera. O dinheiro voa na velocidade da luz: ontem estava lá, hoje está aqui, amanhã quem sabe onde, e todo trabalhador é um desempregado em potencial. Paradoxalmente, os shoppings centers, reinos da fugacidade, oferecem a mais bem-sucedida ilusão de segurança. 
 
Eles resistem fora do tempo, sem idade e sem raiz, sem noite e sem dia e sem memória, e existem fora do espaço, além das turbulências da perigosa realidade do mundo. Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efêmera, que se esgota assim como se esgotam, pouco depois de nascer, as imagens disparadas pela metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem pausa, no mercado. 
 
Mas, para qual outro mundo vamos nos mudar? Estamos todos obrigados a acreditar na historinha de que Deus vendeu o planeta para umas poucas empresas porque, estando de mau humor, decidiu privatizar o universo? A sociedade de consumo é uma armadilha para pegar bobos. 
 
Aqueles que comandam o jogo fazem de conta que não sabem disso, mas qualquer um que tenha olhos na cara pode ver que a grande maioria das pessoas consome pouco, pouquinho e nada, necessariamente, para garantir a existência da pouca natureza que nos resta. 
 
A injustiça social não é um erro por corrigir, nem um defeito por superar: é uma necessidade essencial. Não existe natureza capaz de alimentar um shopping center do tamanho do planeta. 
 
Tradução: Verso Tradutores
 
Originalmente publicado no blog de Emir Sader, Carta Capital
 

Dilma pode se consolidar como antítese de Merkel.

Edição 247/Reuters:
Presidente encontrou na Espanha uma janela de oportunidade para reforçar seu protagonismo (e também do Brasil) na cena internacional. No momento em que as políticas fiscais da chanceler alemã Angela Merkel mostram sinais de esgotamento em todo o Velho Continente, ela levou uma nova mensagem econômica, que pode transformá-la no contraponto necessário aos tempos atuais.

18 de Novembro de 2012 às 21:00
247 – Pergunte a qualquer cidadão europeu, seja na Espanha, na Grécia, em Portugal ou na Itália, quem é principal responsável pela crise econômica que devasta o Velho Continente e a resposta tenderá a ser a mesma: Angela Merkel. Símbolo da política de austeridade, Frau Merkel já foi alvo de protestos na Grécia, em Portugal, na Itália e na Espanha, país que vive sua maior recessão dos últimos 100 anos, com uma taxa de desemprego superior a 25%.

Neste domingo, numa entrevista de página inteira ao jornal El Pais (leia mais aqui), Dilma foi saudada como “la fuerte” e identificada como símbolo de uma outra economia possível – em que o crescimento vem em primeiro plano e as dívidas não são pagas com o sacrifício do povo. 

Dilma foi entrevistada pelo próprio presidente do grupo Prisa, Juan Cebrián, que edita o El Pais.  Coincidentemente, Cebrián também concedeu uma entrevista ao jornal O Globo, publicada hoje, em que definiu a política de Angela Merkel como “letal”. Um caminho para o suicídio.

Com uma nova mensagem econômica, Dilma pode se aproveitar de um vácuo na cena internacional. Na Europa, esperava-se que o papel de contraponto a Angela Merkel fosse ocupado pelo socialista François Hollande, eleito presidente da França, mas que, até agora, não teve coragem para mudar. 

Ao contrário, seguiu o mesmo receituário, elevou impostos e foi premiado, neste fim de semana, com uma capa da revista The Economist, apontando a França como a próxima bomba-relógio da Europa, continente preso à lógica perversa da recessão seguida de arrocho, que gera mais recessão e mais arrocho num ciclo vicioso sem fim.

A oportunidade que se abre para o Brasil é semelhante à de 2010, quando, numa reunião do G-20, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, saudou o ex-presidente Lula como “o cara”. De todas as 20 nações mais ricas do mundo, o Brasil foi a que mais rapidamente se recuperou da crise econômica de 2008, apostando em políticas anticíclicas, ou seja, em estímulos ao investimento e em cortes de impostos para o setor privado.

Dilma ainda não havia encontrado um espaço tão favorável na cena internacional como agora, nesta viagem à Espanha. No seu primeiro encontro com Angela Merkel, a química entre as duas não foi exatamente perfeita. A chanceler alemã reclamou de ter recebido conselhos, em sua própria casa, de uma líder de uma nação em desenvolvimento. O mesmo ocorreu no encontro mais recente entre Dilma e Obama.

A questão é que a mensagem de Dilma, mesmo que não seja a que os líderes mundiais querem ouvir, cada vez mais é a que os povos europeus buscam escutar. E uma avenida acaba de se abrir para Dilma – e também para o Brasil.

De assassinatos e hipocrisias: a versão ‘orwelliana’ de Israel sobre sua campanha em Gaza.

Imagem: http://www.deesillustration.com/

O atual brutal assalto israelense contra Gaza gera dúvidas acerca de se sua liderança política possui algum intersse em conseguir a paz duradoura com os palestinos que diz desejar. Têm esta campanha algum objetivo distinto que forme parte de uma estratégia tendente a ‘engenherizar’ um ataque posterior contra o Irã?

Provávelmente o caso da Palestina seja a história sem fim mais trágica do mundo moderno. Há quase 65 anos, Israel vêm bombardeando, ferindo e humilhando o povo palestino, destruindo suas caasas com tratores e colocando Gaza cercada, o que a transforma no maior campo de concentração do mundo.

Na mais recente violência ocorrida esta semana, ambos bandos acusam ao outro gritando: “Vocês começaram!”.

A esta altura dos acontecimentos, realmente importa quem começou esta nova onda de violência?

Na quarta-feira 14, um helicóptero israelense lançou um ataque sobre Gaza assassinando o líder da ala militar do Hamas, Ahmed Jabari, gerando uma reação violenta do Hamás que lançou pequenos foguetes sobre o sul de Israel o que, a sua vez, fez que Israel lançasse mais ataques aéreos matando a 19 pessoas, ferindo a 100 e deixando a 6 crianças mortas.

Dejá-vù: parece que estamos outra vez em janeiro de 2009, quando Israel lançou sua Operação Chumbo Fundido, onde lançou bombas de fósforo ardente sobre a população civíl. Esta vez chamam o seu ataque Operação Pilar de Defesa.

Claramente, os líderes da direita israelense não querem um acordo pacífico com os palestinos. Essa é a razão pela qual sistemáticamente vêm sabotando toda possibilidade de lançar uma solução que inclua a criação de um Estado soberano palestino.

O último israelense honesto que tratou de conseguir a paz foi o primeiro ministro Isaac Rabin, até que fosse assassinado nas ruas de Tel-Aviv em Novembro de 1995; não por um fanático islâmico; não por algum louco neonazi senão por um tal de Ygal Amir: jovem sionista fanático da ultradireita, relacionado tanto com o Movimento dos Colonos e com o serviço de segurança interna israelense, Shin-Beth.

Desde então, os partidários do Apartheid da extrema direita controlam Israel, e continuarão fazendo aunda mais agora que o partido Likud do primeiro ministro Benjamín Netanyahu acaba de se unir com o partido Yisrael Beitenu do vice-primeiro ministro Avigdor Lieberman. Talvez esta última ronda de surras aos palestinos seja a forma que possuem estes dirigentes israelenses de celebrar a criação de seu Novo Gross Partei.

Não se preocupem com os EUA
Ao ex-primeiro ministro israelense Ariel Sharon lhe é atribuída uma frase infame a seus colegas durante uma sessão do Knesset (Parlamento) Israelense em outubro de 2001, no sentido de que não tinham por que preocupar-se pelas reações dos EUA com a sua política de sistematicamente massacrar os palestinos dado que, “nós os judeus controlamos os EUA, e eles sabem muito bem disto!“.

Imagem: http://www.deesillustration.com/

Vendo a maneira como os políticos norteamericanos continuamente prestam contas e tributo perante poderosos lobbies pró-Israel e seus bancos de cérebros, como o AIPAC – Comitê Estadunidense-Israelense de Assuntos Públicos-, a ADL e outras entidades, em que todos parecem competir para ver quem dá o discurso mais apassionado e dramático em apoio a Israel, alguem se vê tentado em acreditar nas palavras cândidas do Sr. Sharon.

Imagem: http://www.deesillustration.com/

Durante a recente campanha presidencial, tanto Barack Obama como Mitt Romney trataram de dar seus discursos mais convincentes ao estilo “eu-sou-sionista” como disse o vice-presidente Joe Biden em 2007, não só para ganhar o voto e o vital dinheiro judeu nos EUA, mas também o voto ‘sionista não judeu’ representado por certas seitas protestantes.

De forma que quando a embaixadora norteamericana perante a ONU, Susan Rice – membro de organizações da elite de poder como a Comissão Trilateral e o Council on Foreign Relations – abertamente saisse em apoio à Israel condenando o contra-ataque do Hamás, ao que descreveu como “a violência que Hamás e outras organizações terroristas estão empregando contra o povo de Israel”, ninguém ficou surpreendido.

A rigor, pouco importa quem ocupe o Despacho Oval da Casa Branca. Seja demócrata ou republicano, EUA sempre apoia sem pensar e sem reservas a Israel cada vez que este país decide massacrar os palestinos.

Naturalmente, as mídias globais apoiam a Israel, tendo conseguido inusitadamente êxito em construir no imaginário coletivo global a conclusão de que o “terrorismo” sempre está ligado a “fundamentalistas islâmicos”.

Desta forma o Hamás é desqualificado como “ilegítimo”, ainda antes de começar a falar sobre uma solução que implique um Estado soberano palestino. 

Não importa que o Hamás tenha ganhado eleições democráticas realizadas na Palestina em 2006; não importa que Israel tenha sido fundada por grupos terroristas como Irgun Zvai Leumi, Stern e Hagganah, que logo se uniram para criar as tão democráticas Forças de Defesa Israelenses (as Forças Armadas de Israel).

Aqueles grupos de terroristas sionistas eram orientados pelos pais fundadores de Israel, alguns dos quais logo chegaram a ser primeiros ministros (inclusive premiados com o Prêmio Nobel da Paz!), como Menahem Beguin e Isaac Shamir.


Imagem: http://www.deesillustration.com/
 
Tradução do texto:
“Nossa raça é a raça superior. Nós judeus somos deuses divinos neste planeta. Somos tão diferentes das raças inferiores como eles são de insetos. 
De fato, comparado com a nossa raça, outras raças são bestas e animais, como o gado. Outras raças são consideradas como excremento humano. 
Nosso destino é governar as raças inferiores. Nosso reino terreno será governado por nosso líder como uma barra de ferro. As massas irão lamber nossos pés e serão nossos escravos.”
Declarado pelo Primeiro ministro israelense Menachem Begin(1977-1983) em discurso ao Knesset.

Por esses días, estes “lutadores pela libertade” se dedicavam a explodir grandes hotéis com seus ocupantes dentro, assassinar os enviados da ONU, realizar centenas de assassinatos contra líderes palestinos e impôr políticas de genocídio com as que assassinaram e feriram a centenas de milhares de palestinos, logo expulsando a milhões de homens, mulheres e crianças de suas casas e de suas terras, utilizando as piores técnicas de terrorismo.

A “lógica” israelense em relação à Palestina funciona mais ou menos assim: se Israel os rouba e destrói suas terras, casas e riquezas dos palestinos, estes não têm direito algum em se queixar; e se se atrevem a se defender, automáticamente se transformam em “terroristas”. Estados Unidos, o Reino Unido e a União Européia parecem estar de acordo com isto.

Está certo se eu o fizer; está errado se você o fizer.

Esta é a razão pelo que Hamás e Hezbollah ficaram desqualificadas como “organizações terroristas”.

O fundamental sentido comum político, porém, indica que as forças armadas de uma nação – se trate de Estados Unidos, Rússia, China, Brasil ou Israel – devem responder aos líderes civís de seus respectivos Estados Nacionais.

Mas o que acontece quando um povo como o palestino não lhe é permitido ter um Estado Nacional soberano? Como deverão defender-se os palestinos contra as agressões terroristas sistemáticas praticadas por Israel, se não podem ter um Estado Nacional e, portanto, não podem ter forças armadas próprias para defender-se? Esta e não outra é a razão pela qual surgiram Hamás e Hezbollah: para que os palestinos pudessem ter alguma possibilidade de autodefesa.

Imagem: http://www.deesillustration.com/

É claro que é muito fácil desqualificá-las como “organizações terroristas” mas, utilizando esse mesmo critério, estariam hoje dispostas as potências ocidentais a requalificar a Resistência Francesa durante a Segunda Guerra Mundial como uma “organização terrorista”, simplesmente porque se recusou a aceitar passivamente a invasão militar alemã da França? Deveria a Resistência Francesa ter se rendido para evitar que o Oberkommando em Berlim a qualificara como “organização terrorista”?

E o que dizer dos grupos de terroristas que assassinaram o líder líbio Muammar Gaddafi no ano passado ao vivo pela televisão? Ou sobre os terroristas que hoje afundam a Síria numa sangrenta guerra civíl? “Lutadores pela Liberdade”, suponho? E isto é apenas porque se opuseram violentamente a regimes que não simpatizam com os EUA e seus aliados e conseguem assim o apoio do Ocidente?

As potências ocidentais devem compreender que não podem ter o melhor dos dois mundos: ou a Resistência Francesa, Irgun e Stern, Hamás e Hezbollah e as guerrilhas sírias e líbias devem todos qualificar-se como “lutadores pela liberdade” ou senão, devem todos ficar desqualificados e fora da lei como “organizações terroristas”.

Todas as opções estão sobre a mesa.

Usando uma das frases favoritas de George W. Bush quando entrava em “modo busca pleitos”, recentemente um porta-voz do Exército Israelense ameaçou não só os palestinos, senõ a todo o mundo, ao dizer que para Israel “todas as opções estão sobre a mesa”.

Palavras muito fortes vindo da única nação no Oriente Médio que possui arsenal de armas nucleares e uma deplorável trajetória de comportamento que lhe presta total credibilidade a sua predisposição para utilizá-las.

Sendo assim, os palestinos devem se preparar para crescentes cotas de violência nos dias e semanas por vir.

Utilizará Israel esta crescente violência como pretexto para atacar novamente o sul do Líbano, onde Hezbollah possui seus quartéis mais poderosos (e onde Israel foi derrotado quando invadiu o sul do Líbano pela enésima vez a mediados de 2006)?

Estamos vendo um ‘crescendo’ de violência que terá de conduzir num ataque armado contra a Síria conjuntamente com Turquía/OTAN e com o Exército Livre Sírio (também conhecido como Al-Qaeda, CIA, Mossad, MI6)?

Será tudo isto parte da estratégia israelense de “assegurar seu reino”, o que leva a um ataque militar unilateral contra o Irã como seu verdadeiro e posterior objetivo?

Maiores cotas de violência em todo Oriente Medio ajudariam a convencer a Obama (e aos militares estadunidenses) de que devem deixar de demorar em atacar o Irã, e que devem voltar com renovada força a Oriente Médio.

Israel batizou este último ataque de choque e terror Operação Pilar de Defesa: um eloquente eufemismo ‘orwelliano’ para “apliquemos outra surra aos palestinos!”.

Imagem: http://www.deesillustration.com/

Se Israel decidiu desatar um novo inferno sobre o Oriente Médio para assim preparar o cenário para um ataque contra o Irã, então parece que esse processo de violência deve começar (outra vez!) pela martirizada Palestina.

Mas devemos entender o seguinte: Israel pretende iniciar uma nova guerra no Oriente Médio começando pela Palestina, mas onde deverá terminar?

Adrian Salbuchi para RT

­Adrian Salbuchi é analista político, autor, conferencista e comentador de rádio e televisão na Argentina. 

http://www.proyectosegundarepublica.com
http://www.asabuchi.com.ar
Artigos relacionados:
Israel enviará 2.300 palestinos para um aterro sanitário em Jerusalém
Militares israelenses destroem árvores e parque infantil usado pelos palestinos em Jerusalém
Israelense incendeia o Facebook tachando de “animais” os imigrantes
Israel – Livros didáticos para desumanizar um povo (2012)
O racismo nazi-sionista de Israel
Israel ameaça destruir o planeta com um Armagedón Nuclear
A Casa Israelense do Terror
Os assassinatos de Israel
Protestos em Washington contra a omnipresença do lobby israelense AIPAC no Congresso
O lobby judeu de Washington pressiona Obama: “Ataque o Irã ou deixe que Israel o faça”
Veterano do Corpo de Marines dos Estados Unidos: “A verdade por trás do 9/11 aniquilaría Israel“
Noam Chomsky: “Israel é a ameaça mais importante para a segurança mundial”
Dez perguntas-chave aos sionistas israelenses
Israel exige que Obama manifeste sua disposição para bombardear o Irã antes de 25 de setembro
Califórnia aprova resolução que define as críticas à Israel como anti-semitismo
EUA admite que Israel está armando e treinando terroristas para criar terrorismo
As relações militares entre Brasil e Israel
Nova Ordem Mundial, Sionismo, Redução Populacional e Nova Medicina Germânica
Lobista israelense quer um novo “Pearl Harbor” para forçar os EUA irem à guerra contra o Irã

Fonte: http://caminhoalternativo.wordpress.com/