sábado, 17 de março de 2018

Intervenção federal no Rio: "leilão do Estado e falta de investimento nos profissionais da segurança".


Intervenção federal no Rio:
Vereadora Ma­ri­elle Franco
17.03.2018 - Intervenção federal no Rio: "leilão do Estado e falta de investimento nos profissionais da segurança"
Ma­ri­elle Franco

Por Gabriel Brito, da Redação.
Entrevista  em 24/02/2018
Apesar das pro­pa­gandas do go­verno, a crise pros­segue ga­lo­pante e o te­cido so­cial bra­si­leiro con­tinua em cor­rosão. Talvez a ex­pressão mais vi­sível, o Rio de Ja­neiro abre ca­pí­tulo iné­dito na his­tória da Nova Re­pú­blica e re­cebe a in­ter­venção fe­deral na Se­gu­rança Pú­blica, que visa dispor do Exér­cito em áreas mais pau­pe­ri­zadas. Sobre isso, con­ver­samos com a ve­re­a­dora Ma­ri­elle Franco, criada no com­plexo de bairros da Maré, re­gião com vasto his­tó­rico de mi­li­ta­ri­zação e, por outro lado, or­ga­ni­zação so­cial e co­mu­ni­tária.

"Dis­cute-se com poucos ele­mentos. Mas tra­balho com dois pa­ra­lelos. A in­sen­si­bi­li­dade e o des­res­peito com o fa­ve­lado e também os pró­prios po­li­ciais. O Braga Neto (no­meado chefe da in­ter­venção fe­deral) es­tava de fé­rias. O mesmo grupo go­verna o Rio desde 2007, o ex-se­cre­tário Ro­berto Sá (exo­ne­rado nesta se­gunda, 19 de fe­ve­reiro) se­guia a linha do an­te­rior, Ma­riano Bel­trame, que tinha algum nível de pres­tígio, se po­demos dizer assim, pelo menos para quem via de fora. Temos au­to­ri­dades que ficam sa­bendo das coisas pela im­prensa. A in­sen­si­bi­li­dade e des­res­peito se di­rigem a todos os mo­ra­dores da ci­dade", cri­ticou.

Além de ar­gu­mentar o ca­ráter fa­la­cioso de mais essa in­ter­venção mi­litar, a en­tre­vista res­salta a in­sen­si­bi­li­dade de ór­gãos po­lí­ticos e mi­diá­ticos na abor­dagem no tema, muitas vezes fo­cados no de­bate téc­nico-ju­rí­dico e pouco ci­osos da noção de que, para quem mora em certas áreas, pouca di­fe­rença faz, dado que o Es­tado mi­li­ta­ri­zado e o pró­prio exér­cito em suas áreas é uma tra­dição.

"In­ter­venção mi­litar é farsa. E não é con­versa de hashtag. É farsa mesmo. Tem a ver com a imagem da cú­pula da se­gu­rança pú­blica, com a sal­vação do PMDB, tem re­lação com a in­dús­tria do ar­ma­men­tismo... Há uma série de fa­tores que me levam a essa con­vicção. Uma ação mi­diá­tica. Não à toa o Temer se reuniu com seu time de mar­que­teiros para ava­liar os im­pactos do anúncio da in­ter­venção, saiu nos jor­nais", atacou.

Ma­ri­elle também des­tacou a des­crença da ci­da­dania ca­rioca na me­dida, por mais que al­guns se­tores so­ciais con­ti­nuem a pres­ti­giar tal tipo de ação, talvez por mero de­ses­pero. De todo modo, rei­tera, como tantas vozes, que o aban­dono so­cial num es­tado que se en­tregou com­ple­ta­mente à mer­can­ti­li­zação da so­ci­e­dade, e agora está que­brado, é a grande ex­pli­cação do quadro.

"Mesmo sendo re­dun­dante, tem a ne­gação de di­reitos a esta po­pu­lação, claro. Meu exemplo con­creto, também sobre os mo­ra­dores da Maré: em 1997, 98, quando co­me­çaram os cur­si­nhos pré-ves­ti­bular, a pro­porção de alunos uni­ver­si­tá­rios no local era de 1% da po­pu­lação, igual o nú­mero de fun­ci­o­ná­rios do trá­fico. Hoje, temos cerca de 10% da po­pu­lação local na uni­ver­si­dade, mas graças a cur­si­nhos po­pu­lares e co­mu­ni­tá­rios pro­mo­vidos pela so­ci­e­dade civil, não por po­lí­ticas pú­blicas", re­sumiu.

A en­tre­vista com­pleta com Ma­ri­elle Franco pode ser lida a se­guir.


Cor­reio da Ci­da­dania: Em pri­meiro lugar, como ana­lisa a in­ter­venção do go­verno fe­deral na se­gu­rança pú­blica do Rio de Ja­neiro?

Ma­ri­elle Franco: Com re­ceio e pre­o­cu­pação. Já senti na prá­tica o que é dormir e acordar com ba­rulho de tanque, re­vistas e di­versas vi­o­la­ções de di­reitos, o que nos faz, fa­ve­lados e fa­ve­ladas, ter muita apre­ensão. Não só pela pers­pec­tiva do de­bate po­lí­tico e teó­rico. Na Maré, que é minha casa, meu lugar de vida, foram 14 meses de ocu­pação da Força Na­ci­onal na época das Olim­píadas. Des­pre­paro, vi­o­lação e vi­o­lência foram a ro­tina.

Além disso, tem a questão da des­con­ti­nui­dade da po­lí­tica, um ponto im­por­tante. Foram 14 meses, com avanço pra cima do va­rejo do trá­fico ar­mado e recuo da parte deles, mas a pos­te­riori não houve ne­nhum tipo de con­ti­nui­dade. O foco no va­rejo não re­solve.

A po­pu­lação da Maré mais uma vez se vê sob o jugo de muitos fuzis, seja das Forças Ar­madas, da PM ou do crime. É um ele­mento que vul­ne­ra­bi­liza quem mora lá. E a po­lí­tica pú­blica de se­gu­rança, ao invés de pensar numa pers­pec­tiva in­clu­siva, ci­dadã, com al­ter­na­tivas ao va­rejo da droga, in­fe­liz­mente chega com a mão forte do ge­neral. Por isso vejo tudo com muito re­ceio.

Cor­reio da Ci­da­dania: O que você viu com os pró­prios olhos nestes pri­meiros dias de in­ter­venção?

Ma­ri­elle Franco: Sei que a per­gunta não visa o as­pecto téc­nico por si só, mas 2018 é um ano elei­toral. Se con­si­de­rarmos as ocu­pa­ções do Com­plexo do Alemão ou da Maré, vemos que foram em anos elei­to­rais. O pri­meiro sen­ti­mento que po­demos tirar das ruas é o re­flexo pelo es­tado do Rio, em todos os as­pectos que pre­ci­samos dar conta: ser­vi­dores sem sa­lá­rios, um sis­tema de trans­porte que não fun­ciona, uma ci­dade e re­gião me­tro­po­li­tana que não têm con­di­ções de dar ga­ran­tias de di­reitos so­ciais a seus mo­ra­dores... Ti­vemos re­cen­te­mente duas ou três chuvas com ala­ga­mentos pela ci­dade. Enfim, existe uma pre­o­cu­pação em torno da grande po­lí­tica a res­peito de como lidar com todo esse con­texto.

No en­tanto, ob­je­ti­va­mente, já temos al­guns re­flexos. É cedo para uma ava­li­ação de­fi­ni­tiva, mas pre­ci­samos pensar na di­fe­rença entre o De­creto de Ga­rantia da Lei e da Ordem (GLO) e este pro­cesso de in­ter­venção fe­deral, num es­tado da di­mensão do Rio, en­quanto as ope­ra­ções ocorrem. Vi­vemos a ope­ração na fa­vela da Maré, mas também na Ci­dade de Deus, por meio de forças mi­li­tares que já atu­avam quando co­meçou a vi­gorar o GLO, que entra na dis­cussão do mo­mento.

Agora, tais ope­ra­ções pa­recem ter mais apelo e le­gi­ti­mi­dade pe­rante a so­ci­e­dade, mas não há uma mu­dança tão apa­rente em termos de cir­cu­lação na ci­dade. Não dá pra ver se as pes­soas estão cir­cu­lando mais ou menos, se sen­tindo me­lhores, se há ga­ran­tias de que os ín­dices de le­ta­li­dade vão di­mi­nuir. Até porque não é a partir daí que a in­ter­venção se dá.

De todo modo, o sen­ti­mento de in­se­gu­rança é ge­ne­ra­li­zado e nas fa­velas é ainda maior. E o que es­tamos vendo, nas áreas po­bres da ci­dade, é o abuso, as ações to­tal­mente inó­cuas no com­bate à vi­o­lência - aliás, são elas pró­prias vi­o­lentas e in­cons­ti­tu­ci­o­nais -, como re­vistar mo­chila das cri­anças e fo­to­grafar ci­da­dãos. Além de não coibir a cri­mi­na­li­dade, cri­mi­na­liza a po­breza. Armas e drogas não brotam nas fa­velas. Os que as fi­nan­ciam, e lu­cram com o mer­cado da cri­mi­na­li­dade, estão bem longe dali.

Cor­reio da Ci­da­dania: O que pensa das dis­cus­sões téc­nico-po­lí­ticas que tomam conta dos no­ti­ciá­rios prin­ci­pais? Para quem vive nos lo­cais ocu­pados pelo exér­cito tem muita di­fe­rença em re­lação a ou­tras in­cur­sões mi­li­tares, como as já men­ci­o­nadas, isto é, não chega a ser al­ta­mente in­sen­sível uma apre­ci­ação me­ra­mente téc­nica dos acon­te­ci­mentos?

Ma­ri­elle Franco: Acho que sim. Dis­cute-se com poucos ele­mentos. Mas tra­balho com dois pa­ra­lelos. A in­sen­si­bi­li­dade e o des­res­peito com o fa­ve­lado e também os pró­prios po­li­ciais. O Braga Neto (no­meado chefe da in­ter­venção fe­deral) es­tava de fé­rias. O mesmo grupo go­verna o Rio desde 2007, o ex-se­cre­tário Ro­berto Sá (exo­ne­rado nesta se­gunda, 19 de fe­ve­reiro) se­guia a linha do an­te­rior, Ma­riano Bel­trame, que tinha algum nível de pres­tígio, se po­demos dizer assim, pelo menos para quem via de fora. Temos au­to­ri­dades que ficam sa­bendo das coisas pela im­prensa. A in­sen­si­bi­li­dade e des­res­peito se di­rigem a todos os mo­ra­dores da ci­dade.

Foi feita uma en­quete com duas per­guntas, a pri­meira se a pessoa era contra ou a favor da in­ter­venção, a se­gunda sobre se acre­di­tava nos seus re­sul­tados. De um dia pra outro a apro­vação já tinha caído de 80% pra 60%.

Há des­res­peito e in­sen­si­bi­li­dade, sim, mas quem já viveu o con­fronto sabe que al­guns corpos da ci­dade são mais des­res­pei­tados. Por­tanto, o de­bate da sen­si­bi­li­dade não existe porque esses corpos não são vistos como pes­soas pas­sí­veis de res­pei­ta­bi­li­dade. A abor­dagem aqui co­lo­cada é boa, pois também diz res­peito ao pró­prio ofi­ci­a­lato, aos agentes da se­gu­rança pú­blica que também de­ve­riam ter di­reito a outra po­lí­tica pú­blica de se­gu­rança.

Cor­reio da Ci­da­dania: Que re­sul­tados você con­si­dera mais pro­vá­veis para esta me­dida?

Ma­ri­elle Franco: Eu pre­firo ir pelo oti­mismo: que con­si­gamos manter o pro­cesso de­mo­crá­tico de 2018 em curso e as forças de se­gu­rança en­tendam que não há so­lução sem diá­logo com pro­fis­si­o­nais da área, praças, po­li­ciais civis, mo­ra­dores de áreas ocu­padas, so­ci­e­dade civil or­ga­ni­zada.

Ao não se so­lu­ci­onar o pro­blema e a in­ter­venção se con­so­lidar como algo que não re­solve, só o diá­logo po­derá re­solver.

In­ter­venção mi­litar é farsa. E não é con­versa de hashtag. É farsa mesmo. Tem a ver com a imagem da cú­pula da se­gu­rança pú­blica, com a sal­vação do PMDB, tem re­lação com a in­dús­tria do ar­ma­men­tismo... Há uma série de fa­tores que me levam a essa con­vicção. Uma ação mi­diá­tica. Não à toa o Temer se reuniu com seu time de mar­que­teiros para ava­liar os im­pactos do anúncio da in­ter­venção, saiu nos jor­nais.

Nós da Maré, em toda sua ex­tensão, desde o Caju, na fun­dação Oswaldo Cruz, até o final, em Ramos, tí­nhamos dois ba­ta­lhões, o 24º BIP (Ba­ta­lhão de In­fan­taria Blin­dada, do Exér­cito), e o Ba­ta­lhão de Po­lícia Mi­litar, se­pa­rados por uma dis­tância de uns 500 me­tros, além do CPOR (Centro de Pre­pa­ração de Ofi­ciais da Re­serva).

Um deles é bem perto da Ave­nida Brasil, com o qual con­vivo desde que me en­tendo por gente. Já fui em for­ma­tura de amigos que de­pois de cum­prirem ser­viço mi­litar ti­veram ali suas ce­rimô­nias.

Assim, vi de perto como é o Exér­cito ou o ba­ta­lhão ocupar por tanto tempo esse es­paço. Além do mais, a con­vi­vência entre eles é apenas tá­cita e ter­ri­to­rial, sem in­te­ração. Por­tanto, a ocu­pação em si dos es­paços não deve re­solver a questão, como sempre vimos.

Cor­reio da Ci­da­dania: Como fica po­si­ci­o­nado o go­verno Pezão nesta si­tu­ação com traços iné­ditos, ao menos em termos for­mais po­lí­tico-ju­rí­dicos? 

Ma­ri­elle Franco: Olha, o Fora Pezão só perde para o Fora Temer. Am­pli­ando um pouco a visão, o pro­cesso de de­cretar ca­la­mi­dade não de­veria partir apenas da questão da se­gu­rança, de­veria abarcar vá­rios âm­bitos, como a Uni­ver­si­dade. O Rio está em fran­ga­lhos, sem re­cursos e go­ver­nado por quem não tem le­gi­ti­mi­dade.

Assim, Pezão dá uma car­tada, pois sabe como mexer as peças do ta­bu­leiro, no sen­tido de se apro­veitar do medo num mo­mento em que as pes­soas se res­guardam cada vez mais, pois da zona norte à zona sul es­tamos sempre na imi­nência de con­fronto e ti­ro­teios, dentro e fora das fa­velas. Es­tamos sempre sob ameaça da perda de bens, como carros e ce­lu­lares, pra não falar da pró­pria vida... Ele apro­veita tudo isso e dá uma ta­cada de mestre, por assim dizer, pois usa o medo das pes­soas, já que uma par­cela da so­ci­e­dade, in­fe­liz­mente, ainda acre­dita em tal tipo de so­lução.

Pre­ci­samos de res­pon­sa­bi­li­dade com o pro­cesso his­tó­rico, ou seja, ana­lisar as in­ter­ven­ções mi­li­tares e ocu­pa­ções em épocas elei­to­rais, quais as saídas e le­gi­ti­mi­dade de um go­verno que sofre pe­didos de im­pe­a­ch­ment e deve sa­lá­rios a ser­vi­dores. O dé­cimo ter­ceiro de 2017 não foi pago ainda. O or­ça­mento da se­gu­rança de 2017 tem zero reais em in­ves­ti­mentos de qua­li­fi­cação dos pro­fis­si­o­nais da se­gu­rança. E o su­jeito ainda de­cide por uma in­ter­venção.

Assim, Pezão usa o senso comum pra res­pirar um pouco. Bem de acordo com a his­tória do PMDB, faz um mo­vi­mento de cú­pula, que leva a ci­dade à fa­lência e de­pois joga a culpa no outro, como se Pezão não fosse vice do Ca­bral. Neste mo­vi­mento todo, ele con­segue res­pirar e ga­nhar tempo, avan­çando um pouco no pró­prio ima­gi­nário da po­pu­lação do Rio, in­fe­liz­mente.

Mas es­pero que não só na prá­tica como também com os ele­mentos como a cor­rupção, re­la­ções po­lí­ticas com Mo­reira Franco, Ca­bral, Edu­ardo Cunha, o es­tado do RJ com­pre­enda a jo­gada po­lí­tica e elei­to­reira. Serve para o PMDB res­pirar, mas vul­ne­ra­bi­liza toda a po­pu­lação.

Cor­reio da Ci­da­dania: No âm­bito po­lí­tico fe­deral, o que pensa da ideia de Mi­chel Temer de criar o Mi­nis­tério da Se­gu­rança Pú­blica, que ab­sor­veria al­gumas prer­ro­ga­tivas do Mi­nis­tério da Jus­tiça, ou no­mear um mi­nistro ex­tra­or­di­nário caso a nova pasta não se efe­tive?

Ma­ri­elle Franco: Segue a mesma linha da res­posta an­te­rior: apro­veitar o de­bate da se­gu­rança pra se salvar e apostar em algum Jung­mann da vida pra can­di­dato, ou ainda se salvar e re­verter sua imagem. Também se deve ao mo­mento de con­ser­va­do­rismo atroz que vi­vemos, que faz Bol­so­naro avançar nas pes­quisas.

A onda da po­lí­tica de di­reitos hu­manos, li­ber­dades, cons­truídas nos úl­timos anos, fa­lando de ra­cismo, igual­dade de gê­nero, avanço de coisas como o Pro­grama Na­ci­onal de Di­reitos Hu­manos, que sob o go­verno do PT, mesmo com todas as crí­ticas, avan­çaram, agora cede lugar ao con­ser­va­do­rismo que quer negar tudo como so­lução pra crise.

Não tem mais mi­nis­tério de Di­reitos Hu­manos ou das Mu­lheres, mas querem criar um Mi­nis­tério de Se­gu­rança que tra­ba­lharia apenas pela ló­gica ar­ma­men­tista. Em suma, é só mais uma jo­gada.

Cor­reio da Ci­da­dania: O que co­menta da en­tre­vista do ge­neral Edu­ardo Villas-Boas, a dizer "temos que agir com a ga­rantia de que não ha­verá outra Co­missão da Ver­dade"?

Ma­ri­elle Franco: Ele só pede li­cença pra vi­olar. O pró­prio in­forme do Exér­cito apre­senta a ideia de que as ins­ti­tui­ções de­mo­crá­ticas, se atu­arem com si­nergia e acom­pa­nha­mento, podem com­pro­meter sua atu­ação. É quase a linha Bel­trame, "pra fazer ome­lete tem de que­brar ovos", "po­demos ter perdas, mas são ne­ces­sá­rias pra manter a ordem".

Enfim, não po­demos aceitar nem o dis­curso puro da ordem e nem o da li­cença pra tudo. O ge­neral quer o que, li­cença pra tor­turar e de­sa­pa­recer? Pois as Co­mis­sões da Ver­dade tra­ba­lham também a questão do mo­ni­to­ra­mento de dados, da in­for­mação, coisas sobre as quais sempre se quis negar acesso.

Ele quer se de­so­brigar de prestar contas, quer se des­pre­o­cupar das re­la­ções so­ciais mais am­plas? É muito pre­o­cu­pante. O ge­neral quer li­cença pra vi­olar.

Cor­reio da Ci­da­dania: Con­si­de­rando a eu­foria econô­mica que o RJ viveu nos úl­timos anos, como lidar com este mo­mento? Como se chegou tão fundo na crise, com des­do­bra­mentos de vi­o­lência tão alar­mantes? 

Ma­ri­elle Franco: Passa pela au­sência e leilão do Es­tado, passa pela com­pac­tu­ação com grupos cri­mi­nosos... Se pe­garmos o de­bate da vi­o­lência, passa pelo trá­fico, pela dis­puta de grupos pelo seu co­mando, passa também pelas mi­lí­cias, já que existe um de­bate moral a res­peito do que faz al­guns agentes da po­lícia en­trarem em fac­ções de mi­li­ci­anos. Há ainda a questão da re­gu­la­men­tação do bico do po­li­cial, o não aper­fei­ço­a­mento dos pro­fis­si­o­nais, o de­bate hi­e­rár­quico entre as po­lí­cias...

E, mesmo sendo re­dun­dante, tem a ne­gação de di­reitos a esta po­pu­lação, claro. Meu exemplo con­creto, também sobre os mo­ra­dores da Maré: em 1997, 98, quando co­me­çaram os cur­si­nhos pré-ves­ti­bular, a pro­porção de alunos uni­ver­si­tá­rios no local era de 1% da po­pu­lação, igual o nú­mero de fun­ci­o­ná­rios do trá­fico. Hoje, temos cerca de 10% da po­pu­lação local na uni­ver­si­dade, mas graças a cur­si­nhos po­pu­lares e co­mu­ni­tá­rios pro­mo­vidos pela so­ci­e­dade civil, não por po­lí­ticas pú­blicas.

Há 10, 15, 20 anos com­pre­en­demos que era im­por­tante a po­pu­lação am­pliar seu re­per­tório, avançar eco­no­mi­ca­mente, am­pliar seu es­pectro cul­tural... É aí que falo do leilão de um Es­tado au­sente nas áreas fa­ve­ladas e pe­ri­fé­ricas. A Maré tem ba­ta­lhão, Re­gião Ad­mi­nis­tra­tiva, De­tran, uma série de ór­gãos. O que jus­ti­fica ca­veirão, como vimos nesta quinta, e toda essa ope­ração onde se in­cide no va­rejo do trá­fico de drogas se o Es­tado está ali pre­sente? Aliás, pre­sente de que modo?

Essa crise passa pelo não in­ves­ti­mento e aper­fei­ço­a­mento da se­gu­rança pú­blica e seus pro­fis­si­o­nais, pela ne­gação do di­reito a uma po­lícia ci­dadã ou o que vi­esse a ser isso. A Maré não teve UPP, por exemplo. Porém, olhamos a Ro­cinha e vemos a des­mo­ra­li­zação através do caso Ama­rildo. Ou para o Caju, onde parte da qua­drilha que le­vava arma para o trá­fico era da pró­pria UPP local.

Enfim, tem a au­sência e leilão do Es­tado, e também sua de­sor­ga­ni­zação in­terna como ele­mentos que levam ao acir­ra­mento da crise.

Fora isso, existem ou­tros de­bates, da mo­der­ni­dade, do ter, do per­tencer, de qual corpo passa pela fa­vela e é o ele­mento sus­peito, ou quando e por que não é ele­mento sus­peito. Se você está no Ca­tete ou no Largo do Ma­chado, numa re­gião cen­tral ou sul da ci­dade, com uma par­cela da so­ci­e­dade a dispor de um nú­mero maior de vi­a­turas, ha­verá uma de­ter­mi­nada sen­sação de se­gu­rança. As mesmas vi­a­turas em certas áreas passam a sen­sação oposta, de in­se­gu­rança.

A au­sência do di­reito à ci­dade para tantos se­tores da po­pu­lação também faz parte do pro­cesso de acir­ra­mento da crise so­cial que nos levou ao ponto em que che­gamos.

quinta-feira, 15 de março de 2018

Rio de Janeiro. Vereadora Marielle, mártir da luta contra a desigualdade social.

Ninja
https://www.brasil247.com/pt/colunistas/chicovigilante/347019/Marielle-martir-da-luta
-contra-a-desigualdade-social.htm.


Texto de Chico Vigilante. Deputado distrital e presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Legislativa do DF.


Acompanho com muita tristeza, desde a noite de ontem, as notícias relacionadas ao assassinato da vereadora da cidade do Rio de Janeiro, Marielle Franco.
Uma vida inteira de lutas e sobrevivência de uma menina pobre, nascida em uma favela carioca, dedicada à libertação dos escravos, que ainda existem nas cidades brasileiras, negros e favelados, e que optou pela política como forma de denunciar as mazelas de uma sociedade injusta e desigual, em especial, os casos de extermínio e execuções na cidade carioca.
Ontem, aos 39 anos de idade, essa guerreira foi abatida com nove tiros disparados por assassinos covardes que não suportam a verdade. O assassinato de Marielle foi uma apunhalada no peito da sociedade brasileira. É preciso que todos nos indignemos e não aceitemos mais casos brutais como esse.
Também é a demonstração clara de que o crime organizado, que muitas vezes está incrustrado no aparelho do Estado, desafia a eleitoreira intervenção criada pelo governo Temer.
Como líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara Legislativa do Distrito Federal quero prestar minha solidariedade a Marielle Franco e a todas as mulheres e homens que lutam pela igualdade nesse país. É questão de reagir e não aceitar calados essa brutalidade.
Marielle deixa a vida como mártir da luta pela igualdade racial e social.

terça-feira, 13 de março de 2018

MATÕES DO NORTE - MPMA pede afastamento de prefeito devido a contratações irregulares.


Mapa Matoes do Norte
Em Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa, proposta em 7 de março, a Promotoria de Justiça da Comarca de Cantanhede solicitou, como medida liminar, o afastamento do prefeito do município de Matões do Norte, Domingos Costa Correa. Motivaram o pedido contratações temporárias efetivadas pela administração municipal, mesmo existindo aprovados em concurso público, dentro do número de vagas oferecido no edital.

Assinou a manifestação ministerial o promotor de justiça Tiago Carvalho Rohrr, da Comarca de Cantanhede, da qual o município de Matões do Norte é termo judiciário.

Após apurar supostas irregularidades no concurso, o Ministério Público do Maranhão recomendou a nomeação dos aprovados. No entanto, foi constatado que a administração municipal mantém inúmeros funcionários com contratos temporários, inclusive ocupando vagas de aprovados, em desrespeito à Constituição Federal.

“Parece até que o município de Matões do Norte não é ente da República Federativa do Brasil, mas sim uma empresa privada, na qual o prefeito, seu proprietário, dá emprego a quem mais agrada seus interesses pessoais”, afirmou o promotor de justiça, na ação.

Em 22 de janeiro, o prefeito Domingos Costa Correa esteve presente numa reunião promovida pelo MPMA para discutir o impasse. No encontro, ele se comprometeu a apresentar um cronograma com as nomeações dos 84 aprovados, na forma do resultado divulgado pelo Termo de Homologação de 19 de maio de 2016. Mas ele não cumpriu o prometido e nem informou as razões do descumprimento. “Mais uma vez, o prefeito manteve-se inerte, demonstrando que é um assíduo descumpridor não apenas da Constituição Federal, mas dos próprios acordos que firma”, ressaltou Tiago Carvalho Rohrr.

Na ação, o promotor de justiça enfatizou que a admissão de servidores sem prévia aprovação em concurso público fora das exceções previstas pelas normas constitucionais, é tipificado como crime de responsabilidade previsto no Decreto Lei nº 201/1967 e caracteriza prática de ato de improbidade administrativa, conforme a Lei nº 8.429/92 (Lei da Improbidade Administrativa).

“É evidente que a conduta do prefeito caracteriza grave violação dos deveres funcionais e fere a garantia de isonomia e os princípios gerais da legalidade, probidade, moralidade e da impessoalidade”, completou o promotor.

IMPROBIDADE

Na ação, o MPMA solicitou também a condenação do prefeito de acordo com as sanções previstas no artigo 12, inciso III, da Lei nº 8.429/92, que são: ressarcimento integral do dano, se houver; perda da função pública; suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos; pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração recebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.

Redação: Eduardo Júlio (CCOM-MPMA).


segunda-feira, 12 de março de 2018

Após ação do MPF/MA, ex-prefeito do município de Santo Antônio dos Lopes é condenado.



Resultado de imagem para ex-prefeito Euzébio Napoleão Mendonça
Foto - Euzébio Napoleão Mendonça .
Euzébio Napoleão Mendonça deixou de prestar contas de recursos transferidos à prefeitura durante sua gestão.

A Justiça Federal condenou Euzébio Napoleão Mendonça, após ação civil pública por ato de improbidade administrativa proposta pelo Ministério Público Federal no Maranhão (MPF/MA). O ex-prefeito deixou de prestar contas de recursos transferidos à prefeitura por força de convênios firmados junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

De acordo com o MPF/MA, Euzébio Napoleão deixou de cumprir suas obrigações como gestor municipal, ou seja, não prestou contas de recursos repassados ao município por meio dos Convênios 93.373/98, 93.372/98, 42.637/98 e 91.478/98 celebrados com o FNDE. 

Segundo o juiz federal da 13º Vara, o ex-prefeito se omitiu da obrigação de comprovar a aplicação regular dos recursos públicos, motivo pelo qual foi notificado pelo Fundo Nacional para promover a devolução do valor. “Ante a ausência de resposta do acusado, foi instaurada a Tomada de Contas Especial, que culminou na sua condenação”, afirmou.

Diante disso, a Justiça Federal condenou Euzébio Napoleão Mendonça ao pagamento de multa civil equivalente a dez vezes o valor da última remuneração no cargo de prefeito. Além disso, pelo prazo de três anos, foi proibido de contratar o poder público, receber incentivos ou benefícios fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócia majoritária.

A Justiça também determinou a suspensão dos direitos políticos do ex-prefeito pelo prazo de três anos.

Número do processo para consulta Justiça Federal : 2009.37.00.000597-6

Assessoria de Comunicação - Procuradoria da República no Maranhão - Tel.: (98) 3213-7161 - E-mail: prma-ascom@mpf.mp.br - Twitter:@MPF_MA.


Pará. Assassinado líder que denunciava poluição da Hydro em Barcarena.

Paulo Sérgio Almeida Nascimento foi morto com quatro tiros na madrugada desta segunda-feira - Foto Divulgação.

Mais uma tragédia anunciada! Paulo Sérgio teve proteção negada pelo governo.

por Jornalistas Livres 12 março, 2018.

Paulo Sérgio Almeida Nascimento, de 47 anos, foi morto com quatro tiros por volta de 3h30 desta segunda-feira (12). Ele era um dos representantes da Associação dos Caboclos, indígenas e Quilombolas da Amazônia (CAINQUIAMA) que desde 2017 cobrava da prefeitura de Barcarena, no Pará, se a empresa norueguesa Hydro possuía autorização para construção das bacias de rejeito.
A execução, infelizmente, não surpreende. Em documento protocolado pelo 2° promotor de Justiça Militar, Armando Brasil Teixeira, em 19 de janeiro, foram pedidas “garantias de vida aos representantes da referida associação” diante das ameaças que estavam recebendo. Porém, em 6 de fevereiro o pedido foi negado por Jeannot Jansen, então Secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará. No documento, Jansen cita programas de apoio e proteção, como o Provita, PPCAM e Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, aparentemente sugerindo que algum deles teria que ser buscado para tentar garantir a segurança dos representantes da associação.
Dias antes, mais especificamente no dia 1°, outro representante da CAINQUIAMA, Bosco Oliveira Martins Júnior, com ajuda do advogado Ismael Moraes, também havia protocolado um pedido de proteção junto ao Governo de Jatene, o que também foi ignorado.
Apesar do documento listar ameaças feitas via mensagens de WhatsApp e também relato de casos pessoais, que citam inclusive um capitão da PM identificado como “Gama” e outro militar identificado como José, o parecer de Jeannot foi negativo, obrigando Bosco e sua família a saírem de Barcarena e se esconderem para sobreviver. Entre as ameaças há até mesmo uma recompensa no valor de R$ 40 mil por sua “captura”.
Na prática, os crimes contra Bosco seriam uma invenção para diminuir sua atuação na região. O mesmo ocorre no despacho de Jansen, em que são listados dez Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs) e Boletins de Ocorrências (BOs) principalmente sobre crimes ambientais e ameaças, que seriam, de acordo com o advogado Ismael Moraes, resultado da perseguição que o líder comunitário estaria recebendo e não ocorrências de fato.
Providências.
Após a execução de Paulo, o advogado Ismael Moraes informou que entrou em contato com a Procuradoria da República e irá solicitar que o caso seja investigado em esfera federal e não estadual, o que pode garantir uma investigação mais profunda e correta sobre o caso.
Novas evidências de que a Hydro de fato vinha cometendo crimes ambientais por conta de sua atuação em Barcarena devem ser anunciadas nesta semana. O Instituto Evandro Chagas (IEC) informou que lança sua segunda nota técnica nos próximos dias. Para a agência Reuters, o pesquisador Marcelo Lima, que participa das investigações, adiantou que o novo documento deve trazer informações sobre um novo duto que teria vazado efluentes no município.
A Hydro está sendo investigada por uma força-tarefa dos Ministérios Públicos Estadual e Federal que vai apurar os vazamentos de resíduos químicos nos igarapés e rios da região no mês passado, que provocaram fortes e graves danos ambientais às populações da região de Barcarena.
A poluição foi confirmada em fevereiro pelo Instituto Evandro Chagas (IEC) a partir de amostras de água coletadas em Barcarena, que apresentaram números elevados de diversas substâncias nocivas, como fósforo, alumínio, nitrato e sódio, além da elevação da alcalinidade da águas, atestando uma situação de dano ambiental ao ecossistema local.
Ainda de acordo com laudo, as populações das três principais comunidades afetadas – Bom Futuro, Vila Nova e Burajuba – possuem, em sua maioria, poços artesianos de baixa profundidade em casa, o que facilita a contaminação pelo resíduo. Uma estimativa prévia é de que pelo menos 300 pessoas tenham sido afetadas pelos vazamentos recentes. Entre os principais danos causados pela contaminação, estão problemas dermatológicos e gástricos, além de possíveis danos respiratórios.
Outro dado alarmante levantado pelo IEC é que há o “risco eminente de novos vazamentos”, já que o Pará ainda vive o período de chuvas, o que facilita o transbordo das bacias de rejeitos.
Há meses, o advogado Ismael Moraes informava que mais de 20 bacias teriam sido construídas na área para receberem rejeitos químicos estariam causando problemas ambientais. Com as chuvas dos últimos dias, as bacias ultrapassaram sua capacidade e não foram mais suficientes para conter as substâncias, em especial bauxita, podendo causar um grave quadro de contaminação na cidade.



domingo, 11 de março de 2018

Eleições 2018. PSOL confirma Boulos e Sônia Guajajara para disputar a Presidência da República.

Chapa pessolista une liderança nacional do Movimento dos Trabalhadores sem Teto e dos direitos indígenas. Foto: Nunah Alle/PSOL.
Da RBA
Em conferência eleitoral realizada ontem (10), o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) confirmou chapa formada por Guilherme Boulos e Sônia Guajajara para disputar a Presidência da República na eleição deste ano. Segundo nota oficial, a chapa fecha um longo processo de conversas internas na construção de uma sólida aliança com diversos movimentos sociais do país, que ofereceu os nomes ao partido na Conferência Cidadã, no último dia 3. Boulos, que teve quase 71% dos votos da conferência, concorreu à indicação, no partido, com Plínio de Arruda Sampaio Júnior, Hamilton Assis e Nildo Ouriques.
No informe, a legenda destacou ainda o simbolismo da chapa, com o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) ao lado de uma das maiores representantes dos povos indígenas brasileiros.
“Não nos encontramos agora. Esse encontro acontece há anos, lutando por direitos, contra o golpe, pela democracia e por outro projeto de Brasil. Ela expressa uma unidade na luta concreta”, disse Boulos.
Na conferência, o agora pré-candidato oficial também falou da importância da plataforma Vamos!, construída no âmbito da frente Povo Sem Medo, que realizou dezenas de debates em todo o país e acumulou mais de 150 mil interações online, em um processo de construção de uma alternativa programática para o país.
“Nós queremos disputar o projeto de país. Não teremos uma candidatura apenas para demarcar espaço dentro da esquerda brasileira. Vamos apresentar uma alternativa real de projeto para o Brasil”.
“O momento é grave e urgente. É de transformação. Para nós, povos indígenas, estar participando desta conferência é estar inserido no processo de transformação do Brasil”, disse Sônia.
Ela afirmou, ainda, que os povos indígenas, que sempre estiveram na linha de frente da resistência, agora querem ocupar os espaços de decisão do país. “Nós resistimos ao mais brutal processo de expulsão de nossos povos. Sempre fizemos a luta contra o agronegócio, o capitalismo, as grandes pecuárias, a especulação imobiliária. E hoje ainda nos chamam de ‘invasores’”.

Racha. 

O longo processo que chegou ao nome de Boulos, conforme a legenda, não é visto bem dessa maneira por muitos integrantes do PSOL, para quem trata-se de um enxerto do nome da liderança do MTST, com as bênçãos de Lula, que pode levar à descaracterização do partido nascido de uma dissidência no PT.
Em reportagem do The Intercept Brasil, Rogério Daflon mostra os argumentos de pessolistas contrários ao nome de Boulos, considerado alinhado com Lula, e que negam ter havido prévias. Entre eles, Plínio de Arruda Sampaio Junior, Renato Cinco e Honório Oliveira.
Para Plínio Junior, “Boulos é tão alinhado ao Lulismo que leva o PSOL a se confundir justamente com o PT, partido com o qual temos profundas diferenças programáticas e que, nos anos em que governou o país, não fez qualquer mudança estrutural”.

Concurso da PM: solicitação de Wellington do Curso será atendida.



por Jorge Aragão.
No início da semana, o deputado estadual Wellington do Curso (PP), um dos parlamentares que mais denunciou as inúmeras atrocidades no concurso da Polícia Militar do Maranhão, realizado pelo Governo Flávio Dino, reivindicou, acertadamente, a descentralização do Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar.
O curso está sendo realizado sempre apenas em São Luís, mas o parlamentar, após inúmeros pedidos dos aprovados no certame conturbado, resolveu solicitar oficialmente que o curso fosse levado também para a cidade de Imperatriz.
“O concurso da Polícia Militar teve inúmeras irregularidades. O correto é que fosse anulado. Esse seria o posicionamento legal. No entanto, já que o certame segue, objetivando atender a solicitação de candidatos aprovados no concurso da PM, solicitamos aqui ao Governador que, por meio das secretarias, aprecie a possibilidade de realizar o Curso de Formação de Soldados em Imperatriz. Além dos gastos, por exemplo, com transporte, alimentação, saúde e lazer, muitos deles saem de outras localidades para realizarem o sonho de servir às corporações. Antes do concurso, solicitamos a descentralização da realização das provas, algo que foi atendido. Agora, esperamos que o Governo descentralize também a realização do Curso de Formação e beneficie os aprovados da Região Tocantina, especificamente, da segunda maior cidade do Maranhão”, afirmou o deputado Wellington.
Neste fim de semana, o governador Flávio Dino (PCdoB), anunciou, através das redes sociais, que Imperatriz receberá o curso, mas preferiu não citar o deputado Wellington, que era quem efetivamente estava lutando pela descentralização e quem oficialmente fez a solicitação, apenas por ser um deputado da Oposição.
Apesar da tolice do comunista, os aprovados de Imperatriz sabem quem efetivamente lutou pela descentralização.
Além disso, o governador também precisa resolver a injustiça feita com os PCD (Pessoas Com Deficiência) aprovados no concurso, que foram todos excluídos, mas isso é assunto para uma outra postagem.