domingo, 18 de setembro de 2011

A religião contra o Estado.

A religião é a política realizada em nome de Deus. O líder religioso, assim como qualquer líder político, pretende governar o maior número de pessoas possível. Um governo que se faz não por leis, mas por dogmas.

O monoteísmo é autoritário na sua essência. Nunca houve plebiscitos e nem mesmo reuniões com representantes eleitos pelo povo para criar os dogmas de uma religião. Eles são ditados de cima para baixo, por alguém que fala em nome do próprio Deus e, portanto, é incontestável, mesmo pela vontade da maioria.

Como os líderes religiosos não dispõem, nos dias de hoje, de um braço armado para fazer valer suas leis pela força, precisam convencer seus governados a se sujeitarem às suas normas pelo proselitismo. E mais: precisam convencer também aqueles que não se sujeitam àquelas normas, ao menos a respeitá-las.

A fé é a mais autoritária das ideologias políticas já inventadas. Um instrumento político quase perfeito que permite ditar normas unilateralmente, governar sem a necessidade de armas e, ainda por cima, blindar-se de críticas em nome da tolerância religiosa.

Como em toda ideologia, há aqueles que acreditam piamente nela e lutam para vê-la concretizada e há também aqueles que simplesmente a tomam como pretexto para satisfazer seus interesses pessoais. Creiam ou não em sua ideologia e em seus deuses, todos agem politicamente no sentido de agregar cada vez mais um número maior de seguidores e de acumular riquezas para sustentar a expansão de sua ideologia e de seu poder político.

E não há nada de errado, por si só, em tentar expandir uma religião ou uma ideologia, acumulando patrimônio e gente disposta a seguir seu código de condutas. É natural que as pessoas se unam em torno de convicções comuns e a partir daí surjam lideranças políticas. O problema surge quando estas lideranças reconhecidas dentro de um grupo resolvem expandir seu poder político para além do grupo, impondo suas normas de condutas não a quem resolveu por conta própria aderir a elas, mas a quem tem ideologias e deuses completamente diferentes. Neste ponto, não se trata mais de uma questão religiosa, mas de uma questão meramente política. A religião só é religião até ser imposta; depois disso é simplesmente política e pode ser exercida tanto pela força das armas como pelos votos de uma maioria fundamentalista. E o uso do nome de Deus para mascarar o exercício deste poder político é a ferramenta política mais hipócrita que já se inventou, mas tem funcionado muito bem ao longo da história.

O exemplo mais bem sucedido deste exercício de poder político em nome de Deus é o da Igreja Católica Apostólica Romana, que acumulou riquezas e impôs suas normas de condutas para populações espalhadas por todo o mundo em nome de seu Deus, durante vários séculos. A Inquisição e a catequização de índios não foram ações religiosas, mas políticas. E pouco importam as boas ou más intenções daqueles que as realizaram, o fato é que buscavam com elas impor normas de condutas a populações que não a aceitaram por livre e espontânea vontade.

O neopentecostalismo e a bancada teocrática

Na atualidade, o Vaticano perdeu grande parte de seu poder político na Europa e, mesmo no Brasil, onde sempre foi muito forte, tem perdido espaço para o neopentecostalismo que, nos últimos anos, vem acumulando grande poder político e econômico.

Se, por um lado, a ausência da uma liderança unificada dificulta o exercício do poder político por estas novas lideranças, por outro, sua ideologia espiritual favorece bastante a acumulação de riquezas pelos seus pastores. Enquanto a moral católica considera a temperança, a caridade e a humildade como virtudes, o neopentecostalismo está fundado na Teologia da Prosperidade e afirma que os verdadeiros fiéis devem desfrutar de uma excelente situação econômica. Há, é claro, um detalhe: para que Deus conceda ao fiel as benesses materiais, é preciso que este faça um pacto com Ele, oferecendo-Lhe toda sorte de oferendas materiais, dentre as quais se destaca o dízimo. É a chamada Doutrina da Reciprocidade, que viabilizou todas estas rápidas expansões de igrejas neopentecostais nos últimos anos.

Escudados na liberdade religiosa, pastores cobram impostos privados de seus fiéis – o famoso dízimo – e não precisam pagar qualquer imposto ao Estado, pois a Constituição da República garante em seu artigo 150, VI, b, a imunidade tributária a templos de qualquer culto. Verdadeiros impérios econômicos vêm sendo erguidos assim, tal como ocorreu no passado com a Igreja Católica. E, tal como ocorreu no passado também, esse dinheiro vem sendo usado para expandir o poder político dos líderes desta Igreja, seja por meio da aquisição de meios de comunicações (inclusive de redes de televisão), seja pelo financiamento de campanhas para cargos públicos destes líderes que cada vez mais vêm ocupando cargos, especialmente no Parlamento brasileiro.

Como sempre, os novos líderes espirituais afirmam que todos estes investimentos materiais têm como único e exclusivo objetivo a expansão da palavra do Deus deles e de seu código moral, que, como em toda boa religião monoteísta, deve ser universalizado para o “bem de todos”. Ainda que se admita, porém, que não haja interesses pessoais por trás da expansão destes impérios da fé, fato é que o seu principal objetivo declarado é a expansão de seu poder político, açambarcando a cada dia um número maior de fiéis e impondo seu código de condutas a um maior número de pessoas. Mesmo que para isso precise passar por cima do Estado Democrático de Direito que, ao contrário do monoteísmo, não impõe normas unilateralmente e pressupõe o respeito à pluralidade de opiniões.

Do ponto de vista exclusivamente político, o Estado Democrático de Direito é o maior entrave à expansão do império econômico e político das igrejas neopentescostais e de seus bispos. Não é à toa que cada vez mais eles têm buscado conquistar cadeiras do Parlamento. E a bancada teocrática tem se tornado a cada dia uma das principais forças políticas de nosso Congresso, restringindo os direitos fundamentais de quem não acredita em seu Deus em prol da expansão política e econômica de seu império.

A teocracia é incompatível com o Estado Democrático de Direito, dado o autoritarismo inerente ao monoteísmo. Não se realizam votações para saber se é da vontade de Deus receber dízimos ou condenar os homossexuais a passarem a eternidade no inferno. São seres humanos que afirmam isso e que impõem aos outros a palavra de Deus que eles próprios escreveram. E estas são ações políticas e como tais devem ser tratadas.

E é por isso que o Estado Democrático de Direito é, por sua própria natureza, laico. Porque é impossível ser democrático e monoteísta ao mesmo tempo. Assim como é impossível ser candidato a um cargo público e bispo, pastor ou padre ao mesmo tempo. Há um evidente conflito de interesses entre aquele que fala em nome de seu Deus e aquele que pretende falar em nome do povo em meio ao qual nem todos acreditam em seu Deus.

Para minimizar esta incompatibilidade é necessário, ao menos, que se exija que bispos, padres, pastores e outros clérigos se licenciem de suas atividades sacerdotais um ano antes de se candidatarem a cargos públicos. Restrição semelhante já é aplicada pela lei complementar 64/90 a magistrados, diretores de sindicatos e outros cargos públicos, tendo em vista a incompatibilidade de suas funções com uma campanha eleitoral, e poderia perfeitamente ser aplicada também aos sacerdotes de qualquer crença. Projeto de lei neste sentido foi apresentado pela deputada Denise Frossard (PSDB-RJ) na Câmara dos Deputados em 2004 (PLP 216/2004), mas foi arquivado em 2007, pois ainda se encontrava em tramitação no fim da 52ª legislatura e não houve pedido de desarquivamento na legislatura seguinte.

Uma outra iniciativa necessária é limitar a transmissão de programas religiosos em rádios e televisões para no máximo uma hora diária, tal como foi proposto em 1999 (PLS 299/99) pelo senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT). A Constituição da República é explícita em seu artigo 221, ao determinar que a programação das emissoras de rádio e televisão terá, por preferência, finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. É inconcebível que, no Estado laico, concessões públicas de rádio e TV sejam usadas, como são nos dias de hoje, em prol do proselitismo religioso que não raras vezes passa boa parte do tempo solicitando doações financeiras a seus fieis. Um autêntico merchandising da fé, patrocinado pelo Estado que, por definição constitucional, é laico.

Lamentavelmente, porém, há pouca vontade e coragem política dos parlamentares brasileiros de desafiar o poder político e econômico do novo e do velho clero. A esquerda tem sido bastante leniente com as violações do Estado laico e as poucas inciativas para amenizar o problema, como se viu, por mais paradoxal que seja, partiram do conservador PSDB.

O Brasil precisa urgentemente de uma bancada secular no Congresso Nacional para fazer frente à bancada teocrática (que prefere ser chamada de evangélica). Os valores democráticos da laicidade precisam ser reafirmados por parlamentares que não temam desafiar o crescente fundamentalismo religioso que a cada dia ganha espaço na política brasileira. Não se trata de um combate a qualquer religião, mas à política realizada em nome de Deus e que pretende impor seus códigos de condutas conservadores a toda uma população.

A luta pela efetivação do Estado laico é a luta pela democracia. Por leis que sejam ditadas não de cima para baixo por uma autoridade que fala em nome de Deus, mas construídas a partir do diálogo plural e com respeito aos direitos fundamentais. E isto, deus monoteísta nenhum poderá conceder, pois seus mandamentos são – por definição – mandamentos.
Monoteísmo e democracia são ideologias políticas antagônicas. É esta a grande cruzada da religião contra o Estado.

Texto de autoria de Tulio Viana.


http://tuliovianna.wordpress.com/2011/09/13/a-religiao-contra-o-estado/

Fundação Palmares anuncia projeto em terreiros e quilombos no Maranhão

Em fim boas noticias para os quilombolas maranhenses, no ultimo dia 15 de setembro de 2011, foi anunciado pela Fundação Palmares a implantação de projeto em terreiros e quilombos no Maranhão.

O Maranhão será o primeiro estado a receber o projeto Cultura, Esporte e Lazer em Terreiros e Quilombos (CELTQ), uma iniciativa da Fundação Cultural Palmares (FCP), em parceria com os Ministérios da Cultura e dos Esportes. 
 
O anúncio foi feito pelo diretor do Departamento de Promoção ao Patrimônio Afro-brasileiro da Fundação Palmares, Alexandro Reis, que esteve na Secretaria de Estado de Igualdade Racial (Seir) para apresentar os novos projetos da FCP com ações no Maranhão e articular as estratégias de mobilização juntos aos parceiros locais.

O projeto CELTQ vai promover atividades culturais articuladas com práticas esportivas e de lazer em comunidades tradicionais de terreiros e remanescentes de quilombos. Serão oferecidas atividades de futebol, xadrez, dama, capoeira, dança, teatro, música e contos literários, além de oficinas sobre Direitos e Cidadania. No período de dois anos, o projeto alcançará 1.350 comunidades quilombolas e de terreiros dos Estados da Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Pará.

Em reunião com a secretária de Igualdade Racial, Claudett Ribeiro, o diretor da Fundação Palmares garantiu o pioneirismo do Maranhão na realização das oficinas. Alexandre Reis acredita que em novembro as atividades sejam iniciadas no estado. Contudo, isso depende do levantamento da FCP sobre as comunidades e uma pesquisa qualitativa para elaborar as ações junto aos terreiros e quilombos.

“Estamos definindo recursos e metas, além de já termos iniciado as articulações para envolver as prefeituras nas ações. O progresso significativo da política de promoção da igualdade racial no Maranhão, hoje, é resultado das articulações que fazemos. Nesse sentido, a Seir é nossa grande parceira estratégica e principal articuladora da Fundação Palmares junto às comunidades negras rurais, gestões municipais e órgãos do estado.”, explicou Alexandro Reis.

Após a etapa de realização das oficinas, o projeto CELTQ vai realizar um encontro nacional com as comunidades que obtiveram os melhores desempenhos. O encontro será o momento oportuno de avaliar e revisar as ações do projeto e, assim, planejar as atividades de esporte, cultura e lazer para o ano de 2012 nos terreiros e quilombos do país.
 

sábado, 17 de setembro de 2011

Maranhão. Quilombolas sofrem ameaças de morte em Serrano.

As famílias quilombolas de Açude, município de Serrano do Maranhão estão vivendo dias de terror causados pelos latifundiários que se apresentam como “proprietários” do território ocupado há várias gerações por aquelas famílias.


A lista de violência praticada pela família Cadete é extensa: proibição de construir casas, derrubada de casa, de Igreja, proibição de fazer roças, matança de animais das famílias, várias vezes as famílias foram forçadas a entregar os frutos coletados como juçara, bacuri, pequi… invasão de suas casas, tudo isso somado ao fato de anualmente serem obrigados a entregar a metade da produção aos “proprietários” como pagamento pelo uso da terra.


Essa situação de negação total de Direitos já foi amplamente denunciada, mas nada foi feita até agora pelas autoridades competentes. Agora, como diz a letra da canção, os quilombolas estão decidindo na marra os seus destinos, uma vez que a lei deste estado de direito tem negado direitos fundamentais a eles . 

Por isso, há mais de um mês decidiram construir, contra a vontade dos “proprietários”, a casa de Francisco Neres Ramos, 78 anos de idade, nascido e criado naquele território e também decidiram não entregar mais um caroço de farinha apesar de os “proprietários” já terem fixados o prazo para a entrega forçada e feito a distribuição dos sacos para depósito da farinha.


Por conta dessa rebelião, no dia 26 de agosto, o sr. Ucijara Cadete e seus capangas foram até roça de um dos filhos de Francisco Neres Ramos e ameaçou que vai CORTAR O PESCOÇO DO MESMO PARA PÔR FIM À PALHAÇADA que as famílias estão querendo fazer com ele. 

Não satisfeito, o mesmo Ucijara voltou dia 13 de setembro à comunidade e ameaçou novamente Benedito Silva, 54 anos de idade, nascido e criado no território, e depois de uma tentativa frustrada de agressão física jurou que A PARTIR DO DIA 19 DE SETEMBRO VAI INVADIR ARMADO AS ROÇAS COM SEUS CAPANGAS E ARRANCAR TODA A MANDIOCA DAS FAMÍLIAS.


O clima na região é muito tenso. 

As famílias estão decididas a RESISTIREM até o fim, pois JÁ chega de tanto sofrer, já chega de tanto esperar… 

Com isso, se caso as autoridades deste estado não fizerem uma intervenção imediata para garantir o direito sagrado dessa comunidade à terra, haverá derramamento de sangue e o governo do estado será responsabilizado.


Por: CPT/MA

É hoje: Marcha do Estado Laico em Belo Horizonte e Curitiba

A indiferença (Bertolt Brecht)

Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.
Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afectou
Porque eu não sou operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
Mas eu não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
De alguns padres, mas como
Nunca fui religioso, também não liguei.
Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde.


Por que sair da minha casa para marchar hoje pelo Estado Laico? Manifestações de rua acabarão com a bancada teocrática do Congresso? O Judiciário tirará os crucifixos de suas paredes? Os governos deixarão de pedir bênçãos aos religiosos para governarem? Uma manifestação com apenas dezenas de pessoas pode mudar alguma coisa?!

É provável que a maioria dos políticos não mudará seus hábitos religiosos após a marcha de hoje. Não é esta a pretensão de uma marcha. O principal objetivo é dar visibilidade para a causa e só nas ruas se pode conseguir isso. O cara que estiver no ponto de ônibus vai ver os cartazes e refletir; a mulher na padaria, o motorista no ônibus, as crianças na praça; todos estes vão ver os cartazes e pensar: por que diabos este povo saiu de casa para se manifestar por esta causa? E a imprensa também divulgará, se ainda tiver o mínimo de hombridade. Se não divulgar, o Twitter divulgará e o Facebook divulgará.

O fato é que muitas pessoas que jamais se questionaram sobre os rumos que o fundamentalismo religioso tem dado ao nosso país perceberão que algo está errado. 

E se você for, seus amigos, colegas e familiares refletirão com maior seriedade, pois de uma forma ou de outra, seu pensamento é mais importante pra eles do que o de um desconhecido.

Se há uma pessoa caída em uma rua movimentada, muitas pessoas passarão por ela sem lhe prestar socorro, justificando para si mesmas que talvez ela estivesse bêbada ou simplesmente dormindo. 

Se, porém, alguém parar para lhe perguntar se há algum problema, logo outros pararão também, porque é difícil para o ser humano sair da inércia, mesmo quando a causa é nobre.



Hoje começa nas ruas a luta pela efetivação do Estado Laico. 

Sua presença hoje não acabará com a nefasta influência religiosa na política brasileira, mas trará visibilidade à causa e iniciará uma bola de neve. 

E é por isso que marcharemos!

Copiado de Msn de Tulio Viana: http://wp.me/pinQW-hS.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Eleições 2012. MPE: registro do PSD será negado sem entrega de documentos.

Em parecer enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a vice-procuradora geral eleitoral, Sandra Cureau, afirmou optar pela rejeição do registro do PSD - partido articulado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab - caso a legenda deixe de anexar alguns documentos aos autos. A informação foi divulgada nesta quinta-feira, mesmo dia em que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou acreditar no parecer negativo no desenrolar do processo que corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

O PSD teria violado a exigência de entregar certidões expedidas pelos Tribunais Regionais Eleitorais que comprovem que o partido político em formação obteve, nos respectivos Estados, o apoio mínimo de eleitores que pede a legislação. 

As atuais legendas em formação precisam cumprir uma série de exigências legais para garantir o reconhecimento pela Justiça Eleitoral. Além de um requerimento de registro com pelo menos 101 fundadores espalhados por nove Estados do País, cada potencial agremiação tem de apresentar atualmente, também em nove Estados, cerca de 490 mil assinaturas de apoio de eleitores - quantidade que equivale à regra prevista pela Justiça de 0,5% dos votos válidos dados na última eleição para a Câmara dos Deputados. 

No caso do PSD, só teriam sido apresentadas, segundo certidões relativas aos Estados de Santa Catarina, Tocantins e Rondônia. Sobre a alegação de que determinados Tribunais Regionais Eleitorais teriam se negado a expedir tais documentos, Sandra Cureau defende que o partido deveria ter adotado as medidas jurídicas adequadas para resguardar e fazer valer seus direitos. 

Em seu parecer, Sandra disse ainda que, em nome de uma maior celeridade, o PSD protocolou pedido de registro sem estarem satisfeitas todas as exigências legais. "E o fez sob sua própria conta e risco, ao arrepio da legislação em vigor". 

Por fim, ela afirma que, "como o partido instruiu o pedido de registro de forma deficiente e, durante o período de tramitação, atravessou petições de juntada de extenso volume de documento, os autos do processo tornaram-se absolutamente volumosos e de difícil compreensão". Por isso, não há como deferir-se o registro do PSD sem a realização de diligências. Com informações da Agência Brasil

http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5352541-EI5030,00-MPE+registro+do+PSD+sera+negado+sem+entrega+de+documentos.html

Internet assusta os poderosos

À medida em que um número maior de pessoas vai tendo acesso à internet, fica cada vez mais difícil para os meios tradicionais de comunicação realizar desvios na produção de notícias. Estão sendo levantados os véus de interesses que recobrem o noticiário divulgado por grandes meios de comunicação, não só no Brasil mas em várias outras partes do mundo.

 
Numa noite de sábado o Jornal Nacional surpreendeu os telespectadores. Depois de um intervalo comercial, os apresentadores titulares do programa (que geralmente não trabalham aos sábados) passaram a ler o princípios editoriais das Organizações Globo. Muita gente ficou intrigada. Porque aquilo naquela hora? Não havia mais nenhuma notícia importante no mundo a ser dada? E porque só agora, depois de 86 anos de existência, a empresa resolveu divulgar na TV suas normas de trabalho?

Milhões de telespectadores em todo o Brasil ficaram sem respostas. Só quem tem acesso à internet soube do que se tratava. A explicação para o inusitado texto lido no Jornal Nacional estava no blogue “O Escrevinhador”, de Rodrigo Vianna. Nele eram reproduzidas informações de um jornalista da Globo sobre como a emissora pretendia cobrir a indicação do embaixador Celso Amorim para o Ministério da Defesa.

Durante os oito anos do governo Lula em que esteve à frente do Ministério das Relações Exteriores, Amorim sempre foi visto com desagrado pelas Organizações Globo. A empresa não engolia as posições do ministro em defesa da soberania nacional, principalmente quando elas não coincidiam com os interesses dos Estados Unidos.

A volta de Amorim ao primeiro escalão do governo foi uma afronta para a Globo. Segundo o jornalista mencionado no blogue a orientação da empresa era clara: “os pauteiros devem buscar entrevistados para o Jornal Nacional, Jornal da Globo e Bom dia Brasil que comprovem a tese de que a escolha de Celso Amorim vai gerar ‘turbulência’ no meio militar. Os repórteres já recebem a pauta assim, direcionada: o texto final das reportagens deve seguir essa linha. Não há escolha”.

Pena que só internautas atentos ficaram sabendo disso. Jornais e revistas não repercutiram o assunto e muita gente acabou achando que, finalmente, a Globo havia tomado a iniciativa magnânima de expor à sociedade seus princípios editoriais partindo de vontade própria.

Mas mesmo atingindo um público relativamente muito menor do que o da televisão, a internet prestou um bom serviço à sociedade. Inibiu um pouco a ação nefasta armada contra o novo ministro e mostrou que a poderosa organização não consegue mais fingir que denúncias e criticas não a atingem. A Globo sentiu o golpe e tentou responder recorrendo a princípios por ela violados várias vezes ao longo de sua história.

Esperava-se uma mudança de conduta a partir daquele momento. Não foi o que ocorreu. Na mesma edição a apresentadora do Jornal Nacional disse o seguinte: “está foragida a merendeira que pôs veneno de rato na comida de crianças e professores numa escola pública de Porto Alegre”, mostrando uma foto da moça de 23 anos.

Poderia até ser verdade, mas o Jornal Nacional baseava-se apenas numa versão da policia, negada pela acusada. Seu advogado havia divulgado a palavra dela, através da Rádio Guaíba, oito horas antes do JN ir ao ar. Mas para não perder uma notícia espetacular – envenenamento de crianças – nada disso foi levado em conta. Nem os tais princípios editoriais.

Se não fosse outra vez a internet, fatos como esse não estariam sendo contados aqui em detalhes. Foi o blogue do Mello que registrou a violação dos princípios editorais da Globo, na mesma edição em que eles foram divulgados, acompanhados da gravação do desmentido da merendeira feito através do rádio.

Dessa forma vão sendo levantados os véus de interesses que recobrem o noticiário divulgado por grandes meios de comunicação, não só no Brasil mas em várias outras partes do mundo. Parece ser um caminho sem volta.

À medida em que um número maior de pessoas vai tendo acesso à internet, fica cada vez mais difícil para os meios tradicionais de comunicação realizar desvios desse tipo.

Materia copiada de : http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/laurindo-lalo-leal-internet-assusta-os-poderosos.html

O “agá” das montadoras

Materia copiada do Blog Tijolaco.com

Cuidado, pessoal. A conversa mole das montadoras de que não estão suportando a situação e que vão demitir é, acima de tudo, pressão para que a redução de impostos anunciada pelo Governo venha sem as contrapartidas de agregação de conteúdo nacional à indústria e aos investimentos em inovação e eficiência energética.

Em primeiro lugar, um setor em crise não aumenta, em sete meses, em 22% suas remessas de lucros e dividendos às matrizes no exterior, não é? Pois foi exatamente isso que as indústrias automobilísticas fizeram este ano.

Depois, a concorrência dos importados – realmente um caso sério – está sendo resolvida naturalmente pela recuperação de um valor mais realista para o dólar. O preço dos carros importados, em dólar, subiu 11%, o que não é pouco, desde o final do mês passado.

Terceiro, porque foram as próprias montadoras, através de seus bancos corporativos, quem reduziu a concessão de financiamentos para a compra de veículos novos.

Estes temas são analisados no artigo que escrevi hoje no Projeto Nacional, onde também está essa reportagem de Heloisa Villela, da TV Record, reproduzida em vídeo, acima.

Mas é muito interessante ver que, dois meses atrás, o jornalista Ricardo Meier, do IG, já chamava a atenção para como as “contas” das montadoras não batiam, a partir de um estudo, divulgado pelos fabricantes de veículos, onde salário do trabalhador (claro, né?) e impostos eram os vilões do preço alto dos veículos.

Leia só:
“(…)a Toyota vende na Argentina o Corolla XLi produzido no interior de São Paulo por aproximadamente R$ 36.100 contra R$ 63.500 cobrados dos clientes aqui.

Tanto o México quanto a Argentina têm isenção de impostos com o Brasil, ou seja, basicamente trata-se da diferença de impostos cobrados em cada país e mais o custo do frete, sobretudo para o primeiro.

Segundo outro estudo feito pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário) e divulgado por um artigo publicado na revista Autoesporte, a carga tributária do automóvel brasileiro equivale a cerca de 30% do preço. A grosso modo, o Corolla citado acima teria um custo de produção em torno de R$ 40.000, ou seja, acima do preço cobrado na Argentina. Se a lógica da Anfavea fizesse sentido, os veículos produzidos no Brasil não poderiam ser exportados porque custam mais para produzir do que o preço cobrado no exterior. Ou se trata de filantropia ou há algo de muito errado nessas contas.”

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=qdL8KEpg17M