sábado, 14 de setembro de 2013

Luiz Gushiken - O PT e a Presidenta Dilma lamentam a sua morte.

 
Paulo Victor Chagas - Repórter da Agência Brasil.

Brasília - A presidenta Dilma Rousseff lamentou a morte de Luiz Gushiken, ocorrida na noite de ontem (13). Gushiken era tratado há doze anos de um câncer no estômago e morreu em decorrência de "falência de múltiplos órgãos, ocasionada por um sangramento e obstrução intestinal", segundo boletim médico do hospital. Por meio de nota, Dilma se referiu ao ex-ministro como um amigo.

“A morte de meu amigo Luiz Gushiken é um momento de dor e de reverência. Dor pela ausência que ele fará para todos os que tiveram a felicidade de conhecê-lo, que puderam compartilhar da sua sabedoria e capacidade de pensar como o Brasil poderia ser uma nação mais justa para todos. Reverência pela serenidade como viveu a vida e enfrentou a morte”, diz.

Dilma ainda comentou que foi colega de ministério de Gushiken no governo Lula, e diz que ele “partiu como viveu. Com coragem”. E acrescentou: “Aos familiares e amigos, deixo as minhas condolências e homenagens a este grande brasileiro”.

Nascido na cidade de Osvaldo Cruz (SP) no dia 8 de maio de 1950, Luiz Gushiken cursou administração pela Fundação Getúlio Vargas entre 1973 e 1979. Escriturário do antigo Banco do Estado de São Paulo (Banespa), onde chegou a assumir o cargo de diretor, Gushiken presidiu o Sindicado dos Bancários do estado entre 1985 e 1987.

Além de participar da criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Gushiken foi um dos fundadores do PT em 1980. Deputado federal constituinte por São Paulo, presidiu o partido no final da década de 1980. 

Durante a Assembleia Nacional Constituinte, foi membro titular de uma subcomissão na Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças. Atuou como deputado durante três mandatos consecutivos até 1999.

Após participar das campanhas presidenciais de Lula em 1989 e em 1998, Gushiken assumiu a chefia da Secretaria de Comunicação Social do primeiro mandato do então presidente. Deixou o cargo e o status de ministro em 2005, em meio a denúncias de tráfico de influências de contratos que supostamente beneficiaram a Globalprev, de sua propriedade.

Gushiken permaneceu no governo como chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência, até novembro de 2006, após a reeleição de Lula, quando pediu exoneração do cargo. Na época, vieram à tona as denúncias do mensalão.

Acusado pelo Ministério Público pelo crime de peculato no julgamento, Luiz Gushiken foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal. A alegação, na época, era que o ex-ministro tinha conhecimento do repasse irregular de R$ 73,8 milhões pelo Banco do Brasil à agência DNA Propaganda, de Marcos Valério. Em 2011, o então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a absolvição de Gushiken por falta de provas.

Durante o julgamento, o ministro do STF, Ricardo Lewandowski, disse que o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, que acusou Gushiken em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios em 2003, retirou a imputação quando ouvido em juízo durante o processo. Em maio deste ano, a absolvição de Gushiken foi oficializada pelo Supremo.

Luiz Gushiken é autor do livro Uma Nova Ordem Mundial, publicado em 1994.

Edição: Fábio Massalli

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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Pastor Marcos Pereira, da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias, é condenado a 15 anos de prisão por estupro no Rio de Janeiro.

O pastor Marcos Pereira da Silva em culto da igreja evangélica Assembléia de Deus dos Últimos Dias, no bairro de Édem
Foto: Uanderson Fernandes/Agência O Dia/Estadão - O pastor Marcos Pereira da Silva em culto da igreja evangélica Assembléia de Deus dos Últimos Dias, no bairro de Édem



O juízo da 2ª Vara Criminal da Comarca de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, condenou o pastor Marcos Pereira da Silva a 15 anos de prisão por estupro. 

Segundo os autos, o crime foi cometido no final de 2006 contra uma seguidora nas dependências da igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias. "As testemunhas ouvidas relatam com firmeza como o acusado é uma pessoa manipuladora, fria, só pensa em si, utilizando-se das pessoas para satisfazer seus instintos mais primitivos e de forma promíscua, utiliza da boa-fé das pessoas para enganá-las. Pelo exposto e por tudo que dos autos consta, julgo procedente a pretensão punitiva para condenar Marcos Pereira da Silva", diz a sentença, segundo o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio).

Marcelo Patrício, advogado do pastor Marcos Pereira, afirmou que vai recorrer da sentença. Segundo ele, a decisão é absurda. "É uma injustiça porque não tem nenhuma prova no processo. Parece que o direito penal foi rasgado para o caso dele", disse por telefone ao UOL

O advogado vai alegar que houve decadência do crime. "Pela nova lei, uma vítima teria seis meses para denunciar o estupro. Neste caso, o pastor Marcos não poderia ser processado porque o estupro teria acontecido em 2005. É uma questão já definida pelas cortes superiores."

Patrício também criticou a duração da pena. "O pastor é réu primário. Não existe pena de 15 anos para réu primário." O advogado prometeu recorrer até a cortes internacionais caso sua apelação à Justiça brasileira não seja acolhida. "Estou pensando até em ir para a Corte Internacional de Direitos Humanos. Para mim, o pastor Marcos Pereira é um preso político."

Prisão


Na semana passada, o MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) denunciou o pastor Marcos Pereira e Márcio Nepomuceno dos Santos, conhecido como "Marcinho VP", pelo crime de associação ao tráfico. O órgão solicitou ainda o pedido de prisão preventiva dos dois.

Segundo o promotor Alexandre Murilo Graça, a associação dos denunciados para o tráfico de drogas começou em 1993, época em que o religioso fazia trabalho de evangelização em presídios, delegacias e comunidades dominadas pelo tráfico. Já Marcinho VP começava a ascender na estrutura do "Comando Vermelho", organização da qual é um dos principais chefes.

O pastor, como aponta a denúncia, começou como "pombo correio", levando ordens de chefes do tráfico que estavam presos para as comunidades onde atuavam, aproveitando-se do fato de ter acesso aos presos. Nas comunidades cariocas --principalmente nos complexos do Alemão e da Penha-- outros religiosos eram ameaçados e impedidos de realizar seus cultos, o que fortalecia a igreja de Pereira.

Link desta matéria: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/09/12/pastor-marcos-pereira-e-condenado-a-15-anos-de-prisao-por-estupro-no-rio.htm#fotoNav=79

Cultura - Capacitação de gestores culturais, inscrições abertas.

Capacitação de gestores culturais - Estão abertas as inscrições para o Programa de Capacitação em Gestão de Projetos e Empreendimentos Criativos. O objetivo é oferecer a oportunidade de capacitação continuada e gratuita para os agentes culturais, sejam eles artistas, produtores, técnicos, gestores públicos ou administradores de empreendimentos na área da cultura.

O programa é uma iniciativa das secretarias de Fomento e Incentivo à Cultura (SEFIC) e da Economia Criativa (SEC) do Ministério da Cultura (MinC). Conta, ainda, com a participação da Diretoria de Direitos Intelectuais (DDI), da Secretaria Executiva do MinC.

O segundo ciclo de capacitação para agentes culturais é ministrado e certificado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC/DF.  A novidade em relação à primeira edição do programa, realizada entre 2009 e 2011, é que foram incluídos conteúdos sobre economia criativa e gestão de empreendimentos criativos.

Curto, médio e longo prazo - A proposta do novo formato do programa de capacitação é preparar o artista ou gestor cultural para que ele consiga desenvolver sua atividade não só como um projeto de curto prazo, mas também dar continuidade e desenvolver seu trabalho a médio e longo prazo de forma sustentável.

O programa foi dividido em quatro etapas, sendo que as duas primeiras serão ministradas na modalidade de ensino a distância. Já as oficinas presencias começam a partir da terceira etapa. O acesso à etapa seguinte é condicionado à aprovação na etapa anterior.

Na primeira etapa serão abordados conceitos básicos de gestão cultural e a segunda desenvolve os módulos de gestão de projetos culturais e de planos de negócios para empreendimentos criativos.

As oficinas presenciais, na terceira etapa, trabalham a prática dos conteúdos ministrados na segunda etapa. As oficinas da quarta etapa são dirigidas aos alunos que desejarem desenvolver técnicas para o ensino das habilidades adquiridas durante a formação.

Primeira turma começa em setembro - As matrículas para a primeira etapa estão abertas e podem ser feitas diretamente no site do SENAC/DF. O aluno deverá escolher apenas um dos polos ao inscrever-se. Todo o curso é gratuito, mas se o aluno residir em outra localidade, as despesas de locomoção e hospedagem para as oficinas presencias são de sua responsabilidade.

Aqueles que se inscreverem até o dia 18 de setembro participam da primeira turma, que inicia as aulas em 23 de setembro. As inscrições feitas após essa data ficam para a segunda turma, no dia quatro de novembro. Também está programada uma terceira turma, que deverá começar em fevereiro de 2014.

Para saber como funciona o programa, leia o Regulamento

Para efetuar a matrícula, acesse aqui

Mais informações: Coordenação de Programa de Capacitação.

Telefones: (61) 2024-2087 e 2024-2132;

 
(Texto: Marcelo Leal , SEC/MinC)

(Publicado por Ascom/MinC)

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Polícia Federal - Operação Esopo: instituto privado já havia sido intimado pelo TCU a prestar contas de R$ 26 milhões.

Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil.

Foto PF - Carro apreendido na Operação Esopo.
Brasília – Principal alvo da Operação Esopo, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nessa segunda-feira (9), o Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania é suspeito de ter causado um prejuízo de quase R$ 26 milhões aos cofres públicos com irregularidades na execução do Programa ProJovem, do Ministério do Trabalho e Emprego, em Minas Gerais. A estimativa é do Tribunal de Contas da União (TCU), que abriu dois processos administrativos para apurar as suspeitas.

Com o processo 031.247/2011-3, de Tomada de Contas Especial, os responsáveis pela organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) foram intimados a se defender sobre os “indícios de fraudes” que o TCU identificou ao analisar “documentos que respaldaram a movimentação dos recursos públicos” destinados à implementação do ProJovem no estado.
Foto PF - Helicoptero apreendido na Operação Esopo.
Caso o TCU considere insatisfatórias as justificativas apresentadas, a Oscip terá que devolver ao Erário, em valores corrigidos, os R$ 25,915 milhões gastos sem a devida comprovação.

A equipe técnica responsável pelo processo chegou a sugerir que, cautelarmente, os bens dos responsáveis fossem declarados indisponíveis por um ano. A medida serviria para, se necessário, garantir o ressarcimento do dinheiro desviado. O relator do processo, ministro Marcos Bemquerer Costa não acatou a sugestão por considerar que, antes, é preciso analisar a defesa dos responsáveis pelo instituto.

“Deixo de adotar, neste momento a medida cautelar”, informa o ministro em seu voto. “No entanto, considerando a expressiva soma dos valores envolvidos, cabe determinar à unidade técnica que, cumpridos os prazos regimentais para citação na tomada de contas especial oriunda da conversão dos autos, dê prioridade na respectiva instrução processual”.
Foto PF - Dinheiro apreendido na Operação Esopo.
No processo 027.360/2012-1, também convertido em Tomada de Contas Especial, mas ainda sem acórdão, o tribunal também analisa supostos problemas na aplicação de recursos transferidos pelo Ministério do Trabalho ao estado de Minas Gerais e nos procedimentos adotados pela pasta para liberar recursos para o Programa ProJovem.

Embora os dois processos ainda não estejam concluídos, o TCU explicou que, constatadas irregularidades que mereçam ser investigadas no âmbito penal ou que indiquem a existência de improbidade administrativa, repassa as conclusões à PF ou ao Ministério Público, conforme o caso.

A Agência Brasil entrou em contato com o Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania, mas ninguém atendeu.

Edição: Fábio Massalli
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Sonda Voyager 1 é primeiro objeto a sair do Sistema Solar.

Da Agência Lusa
Washington – A sonda norte-americana Voyager 1, lançada em 1977, saiu do Sistema Solar, tornando-se assim o primeiro objeto enviado pelo homem a entrar no espaço interestelar (região do espaço que fica fora do Sistema Solar).

Segundo cálculos publicados pela revista Science e confirmados pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), a sonda abandonou o Sistema Solar há mais de um ano, em agosto de 2012. “Agora que temos estes novos dados essenciais, pensamos que a humanidade deu um passo histórico ao entrar no espaço interestelar”, congratulou-se Ed Stone, responsável científico da missão no Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Novas análises às densidades do plasma em torno da nave revelaram-se similares às densidades que se encontram na região interestelar previstas nos modelos, segundo os pesquisadores da Universidade de Iowa, que divulgaram o seu estudo no site da internet da revista norte-americana Science.

De acordo com os astrofísicos, a Voyager, que se encontra a mais de 18 bilhões de quilômetros do Sol, saiu da heliopausa, a zona fronteiriça do Sistema Solar, para entrar no espaço interestelar por volta do dia 25 de agosto de 2012.

“Saltamos das nossas cadeiras quando constatamos essas oscilações nos nossos dados, pois elas mostram que a nave se encontra em uma região totalmente nova, conforme com o que se pode esperar no espaço intersideral e completamente diferente da heliosfera, a bolha formada pelos raios solares”, explica o pesquisador da Universidade de Iowa, Don Gurnett. “Atravessamos claramente a heliopausa, a região fronteiriça entre o plasma solar e o plasma interestelar”.

O momento histórico ocorreu em maio a controvérsias nos últimos meses. Dois estudos publicados este ano - o último em agosto, baseado em outros dados – tinham concluído que a sonda saiu do Sistema Solar no ano passado, mas a Nasa considerou as investigações inconclusivas. Elas sustentavam-se em uma forte e súbita diminuição das partículas emanadas do Sistema Solar e em um crescimento da irradiação galáctica indicada pelos instrumentos da nave espacial.

A duração de vida das duas sondas Voyager, lançadas em 1977 com um mês de intervalo e que avançam a uma velocidade de 55 mil quilômetros por hora, não devia ultrapassar os cinco anos, mas elas ainda estão em bom estado de funcionamento. As câmaras das sondas foram apagadas para economizar a bateria de plutônio, que deverá se esgotar por volta de 2020.

O programa de exploração Voyager tinha por objetivo o estudo dos planetas do sistema solar. As Voyager 1 e 2 sobrevoaram Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e 48 das suas luas. As informações recolhidas pelos nove instrumentos de bordo de cada uma das sondas fizeram delas a missão de exploração do Sistema Solar mais bem sucedida cientificamente de toda a história espacial.
 
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Missão da Nasa vai estudar a órbita lunar
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Link desta matéria: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-09-12/sonda-voyager-1-e-primeiro-objeto-sair-do-sistema-solar

Um novo Pinheirinho? Alckmin leiloa terrenos onde vivem 400 pessoas; e sequer comunica as famílias.



Crédito : Danilo Ramos/RBA
  
Por Rodrigo Gomes – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), colocou à venda 60 terrenos onde vivem cerca de 400 famílias na região da avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul da capital paulista. Os moradores afirmam que ficaram sabendo dos leilões por terceiros e que o governo não os procurou para dar qualquer informação. As áreas pertencem ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER), se estendem da avenida Washington Luís à Marginal Pinheiros e já têm data marcada para os leilões. Os primeiros seis imóveis serão leiloados na próxima sexta-feira (13). 
Segundo a assistente administrativa Elisete Lopes dos Santos, de 50 anos, que está reunindo os documentos para comprovar o tempo de residência dos moradores, o governo de São Paulo não os contatou.

“Não fomos procurados, nem pessoalmente, nem por carta, nem telefonema. Aliás, vivo aqui há 27 anos e nunca fomos incomodados”, afirmou.

Elisete contou que soube dos leilões por uma outra moradora, que buscava informações sobre a remoção das favelas do Comando e do Buraco Quente, que ficavam na esquina da avenida Washington Luís com a Jornalista Roberto Marinho e foram removidas por causa da construção da Linha 17 – Ouro do Metrô paulista, que vai do aeroporto de Congonhas ao bairro do Morumbi.

Ela explicou que comprou a casa 8, do número 675 da rua Tibiriça, em 25 de agosto de 1987, de outra família que já vivia há alguns anos no local. No mesmo terreno vivem mais 17 famílias, todas em casas de alvenaria. É dela a estimativa de 400 famílias, já que o governo estadual não informou se possui esse dado.

Os imóveis estão sendo ofertados ao leilão através do site da Secretaria Estadual do Planejamento e Desenvolvimento Regional e da página do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), que apresentam o valor do lance mínimo, fotos das fachadas de algumas casas e destacam o fato de estarem localizadas em “região valorizada”.

Algumas unidades têm lance mínimo acima de R$ 1 milhão, como é o caso das casas da rua Sônia Ribeiro. Embora pareçam ser uma só unidade habitacional, muitos portões vistos nas fotos dos anúncios são entradas para dezenas de casas.

Estes imóveis são parte dos quase 700 que tiveram sua venda permitida pela Lei 15.088, aprovada em 16 de julho deste ano, para injetar dinheiro na Companhia Paulista de Parcerias, empresa do governo de São Paulo que articula as Parcerias Público-Privadas (PPP). As PPPs são projetos em que empresas privadas constroem e operam equipamentos ou serviços públicos, recebendo concessão destes por até 35 anos.

A operadora de call center Neide Santos Costa, de 38 anos, se revoltou ao saber que as casas estão sendo oferecidas na internet. “Expulsar da moradia não é justo de jeito nenhum. Tirar isso é tirar tudo o que a gente tem: emprego, escola dos filhos, amigos. Além disso, se tiver que pagar aluguel para continuar vivendo aqui eu não sei como vou fazer”, afirma.

De acordo com o edital dos leilões, o governo Alckmin reconhece que as áreas estão ocupadas e determina que a remoção dos moradores será responsabilidade dos compradores dos terrenos - o que isentaria a gestão de qualquer responsabilidade sobre indenizações ou realocação.

A secretaria informou, em nota, que os “imóveis desapropriados sem uso público serão primeiro oferecidos aos antigos proprietários, como mandam os artigos 516 e 519 do Código Civil”.

O problema é determinar quem são "antigos proprietários". Podem ser os donos dos terrenos antes da desapropriação pelo DER, nos anos 70. Podem ser os que venderam as casas aos que hoje estão lá. E podem ser os atuais moradores. No entanto, estes últimos não possuem documentos de propriedade dos terrenos. Mas pagam água, esgoto e energia elétrica.

Alguns, como o entregador José Gomes Barbosa, de 60 anos, 30 deles vivendo em uma das 33 casas localizadas no número 679 da rua Sônia Ribeiro, têm documentos que comprovam muitos anos de residência.

“Aqui está minha conta de luz do mês de agosto de 1993. Só aqui são 20 anos. Mas esse é o tempo que a Eletropaulo percebeu que estávamos neste local”, conta Barbosa, que criou ali, com a esposa Maria de Fátima Santos Barbosa, de 56 anos, os três filhos. E hoje cuidam de duas netas, de 3 e 5 anos. No local, havia ontem (9) 18 crianças.

O trabalhador autônomo Jaílton Lima de Souza, de 39 anos, sente-se discriminado pela ação do governo estadual.

“Não entendo por quê. Aqui não é área de risco, não estamos atrapalhando ninguém. Está tirando o povo mais simples em beneficio dos mais ricos, porque o bairro está melhorando, com Metrô e tudo!?”, questiona, fazendo referência à Linha 17 – Ouro do Metrô, que está em construção e percorre boa parte da avenida Roberto Marinho.

Liminar - A defensora do Núcleo Especializado de Habitação e Urbanismo da Defensoria Pública do Estado de São Paulo Sabrina Nasser de Carvalho, afirmou que ingressará com pedido de liminar de suspensão dos leilões ainda hoje (10), pois considera que o direito das famílias foi desrespeitado.

“As famílias afirmam que sequer foram notificados do leilão de seus próprios imóveis. Nós entendemos que esse processo é nulo, porque fere as garantias dos moradores”, explica.

Segundo a defensora, as famílias têm direito a Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia. “É um direito que garante à população carente, que não tem outro imóvel, a permanência na terra pública onde mora há mais de cinco anos”, afirma. A concessão teria efeito semelhante ao do usucapião, que não pode ser requisitado em áreas públicas.

Sabrina disse que buscou o procurador-geral do estado, Elival da Silva Ramos, para tentar uma conciliação sobre o caso. No entanto, ele teria afirmado que a única forma possível de regularização seria os moradores comprarem os terrenos no leilão.

Elitização - Para Sabrina, a retirada dos moradores da área completa o processo de elitização da região.

“Ali foram vários processos de exclusão. Cada avenida, cada construção, cada operação urbanística realizada foi um ponto para remoção da população mais vulnerável, que foi afastada para as periferias. Esse seria o último ponto, talvez os únicos que restem naquela região mais nobre”, afirma.

As famílias terão uma reunião com a Secretaria Estadual do Planejamento e Desenvolvimento Regional amanhã (11). Caso não tenham sucesso na negociação e na ação da Defensoria, os moradores prometem protestar em frente à secretaria durante o leilão da próxima sexta-feira.

No fim da tarde de ontem (9) os 400 moradores realizaram uma passeata na avenida Jornalista Roberto Marinho. Portando faixas e cartazes, caminharam da avenida Washington Luís até a Santo Amaro, onde pararam o trânsito por alguns minutos.

Segundo a Secretaria, “todos os imóveis que serão objeto de concorrência pública têm autorização legislativa para venda desde 2004 e não são utilizados com fins públicos. Todas as notificações e publicações legais foram feitas. Os recursos auferidos serão revertidos para investimentos em diversas áreas como Saúde, Educação, Transporte e Habitação para toda a população”.

Da Rede Brasil Atual.
Link desta matéria: 

Corrupção - CGU demite servidores públicos envolvidos na Máfia das Ambulâncias.

Carolina Sarres - Repórter da Agência Brasil.
 
Brasília – A Controladoria-Geral da União (CGU) determinou hoje (11) a demissão, por improbidade administrativa, de três servidores federais envolvidos na chamada Máfia das Ambulâncias, esquema descoberto na Operação Sanguessuga, conduzida pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público em 2006.

A demissão dos funcionários foi publicada no Diário Oficial da União de hoje.

O processo administrativo disciplinar conduzido pela CGU comprovou que Zenon de Oliveira Moura, Marcos Aurélio de Brito Duarte e Roberto Arruda de Miranda receberam propina para direcionar licitações na compra de ambulâncias superfaturadas. Na época da compra, os três eram servidores efetivos de órgãos do Executivo e estavam cedidos a gabinetes de deputados e senadores.

De acordo com o processo administrativo da CGU, as contas bancárias dos três funcionários foram usadas por outros membros da quadrilha para recebimento de propina.

Outro servidor investigado, Paulo Roberto de Oliveira Correa, foi absolvido por insuficiência de provas. Os autos da CGU serão encaminhados à AGU, ao Ministério Público e ao Tribunal Superior Eleitoral para possíveis ações civis, criminais ou de inelegibilidade.

A máfia das ambulâncias foi um esquema criminoso desarticulado pela Polícia Federal em que se descobriu o desvio de recursos públicos repassados a prefeituras por meio de emendas parlamentares para a compra desses veículos. Os ilícitos ocorreram em vários municípios, principalmente de São Paulo, Minas Gerais e Rondônia, do Paraná, de Mato Grosso e da Bahia.

Edição: Nádia Franco//O título e o primeiro parágrafo do texto foram alterados às 17h30 para dar mais clareza à informação. 


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